Brics: o asset que virou uma liability
Paulo Roberto de Almeida
Vivendo e não aprendendo: o singular caso de um exercício apelativo para o mercado de investimento que acabou virando uma caixa de surpresas diplomática, e que acabou atraindo muita transpiração de acadêmicos e outros incautos.
Considero o Bric-Brics, não apenas um grande erro diplomático, mas também um golpe oportunista do Amorim com o Lavrov, esses dois espertalhões a serviço de causas obscuras; China e Índia foram trazidos de arrasto, mas a China sempre soube manipular mais um grupo (como a organização de Xangai e alguns bancos) para os seus próprios interesses, começando pela África do Sul.
Surpreendente é como a corporação diplomática, supostamente tão sabida e integrada por barões experientes, se deixa arrastar por uma nova miragem de pote de ouro no final do arco-íris. Na verdade, se tratou apenas de submissão à palavra do chefete e de aceitação não refletida da megalomania do Grande Chefe. O que impede pessoas supostamente preparadas de refletir mais um pouco e de pensar em todos os efeitos de jogadas incertas? Faltaram exercícios de análise de custo-benefício nas aulinhas da corporação? Ou foi o tal besteirol da hierarquia-disciplina para soldadinhos de pelotão?
Sem dúvida, foi um dos grandes passos em falso de nossa diplomacia supostamente esclarecida. Teremos novas aventuras desse tipo com o retorno do Jedi. Afinal, todo mundo adora castelos no ar, incluindo alguns terrenos na lua.
Agora é a tal de moeda latina e a grande missão de “abrasileirar” os preços de combustíveis, retirando a grande vaca petrolífera da destruição a que ela estaria sendo submetida atualmente.
Até quando vamos continuar sendo seduzidos e enganados por novos flautistas de Hamelin? Até quando vamos aceitar gororoba como novidade gastronômica? A ilusão nunca termina?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9/05/2022