A crer no registro de "assinantes" deste blog, em 31/12/2011, sou acompanhado por exatamente 480 "leitores", o que não quer dizer que sou lido por todos eles regularmente. Alguns entram, outros saem, outros apenas me "marcaram", mas não têm tempo de ler todos os 6 mil posts acumulados neste blog desde seu início (em substituição ou paralelamente a vários outros, gerais ou especializados). Certos passantes são ocasionais, havendo os que gostam de meus posts (e até escrevem para agradecer o trabalho de compilação, penosamente conduzido em detrimento de minhas outras atividades) e tem os que acham apenas curioso, bizarro, ou interessante; mas também tem os que detestam francamente minhas posições e a seleção de materiais aqui apresentada (e escrevem comentários raivosos geralmente contra este articulista, menos contra meus argumentos, já que esses têm pouco a dizer, a não ser exibir a intolerância dos true believers).
Este é o mundo dos blogs, um dos poucos free lunchs fornecidos pelo capitalismo tão detestado -- embora não seja exatamente free, já que a publicidade se encarrega de cobrir os custos do empreendimento capitalista -- e um espaço ideal para coletar materiais interessantes de leitura.
Mas, por que eu, um homem já normalmente superocupado com leituras, pesquisas e escritos, ainda "perco tempo" com um divertimento como este, em lugar de ficar no meu canto, dedicado a minhas atividades habituais, alimentando de vez em quando um site bem mais didático e sério do que este "gabinete de curiosidades virtuais"? Sim, qual a razão?
Deve ser por exibicionismo, pensarão alguns, embora minha primeira motivação tenha sido superar os procedimentos mais lentos, custosos e complicados de um site, para organizar materiais de estudos e de referência num ambiente simples, enxuto e gratuito (já que o site necessita pagamento de provedor e de domínio). De fato, depois de alguma resistência inicial, rendi-me aos blogs pela facilidade de manipulação, pelos recursos oferecidos, pela rapidez e flexibilidade oferecidos para coletar material e deixar à disposição -- minha e de quem quer que seja -- para quando se necessita de algum texto ou referência documental. Enfim, uma espécie de repositório, de depósito, de biblioteca e de ficheiro, no qual se pode enfiar tudo, sem cuidar de ordem ou arrumação, e depois se pode recuperar de qualquer lugar, quando se necessitar, tudo o que por acaso entrou aqui, de bom, de mau e de feio (e como tem coisa ruim no mundo, my God, no Brasil em especial, com toda essa corrupção inaceitável, ocupando espaços até distinguidos numa república vagamente mafiosa).
Mas estou me desviando do objetivo geral deste post, que se destinava apenas a agradecer a todos os meus leitores, aos comentaristas (mesmo aqueles raivosos, pois eles sempre têm algo a me ensinar, ainda que seja como pensam certos indivíduos amigos e tolerantes com coisas que detesto), enfim, render homenagem ao todos os passantes, visitantes ocasionais, navegantes em busca de alguma informação útil ou simples leitura agradável.
Os leitores são, obviamente, a razão de ser de escritores, de todos os escritores, mesmo aqueles, como eu, que escrevem coisas complicadas, nem sempre consensuais, mas sempre sinceras e de certo modo profundas, refletindo uma vida de leituras, pesquisas e reflexões.
Sem leitores, ou sem alunos, no caso de professores como eu, nenhum desses trabalhos, nenhuma dessas atividades e esforços conduzidos em horas incertas e menos certas, teria sentido ou encontraria "consumidores".
Como alguns desses leitores talvez não tenham maiores informações sobre este blogueiro, este professor, este diplomata, este escritor, enfim, todas essas coisas juntas, aproveito um texto preparado para uma apresentação biobliográfica para satisfazer a curiosidade eventual dos que por aqui passarem.
Como dito ao final, maiores informações sobre minha produção intelectual podem ser encontradas em meu site: www.pralmeida.org.
Bom ano de 2012 a todos. Não estarei aqui presente de maneira muito frequente pois vou dedicar-me a cursos em Paris (ver no site, cursos ocasionais: IHEAL-Paris 2012). Como ninguém é de ferro, sobretudo estando na Europa, pretendo viajar bastante e dedicar-me a prazeres não facilmente disponíveis neste cerrado central onde estou atualmente.
Felicidades, e boas leituras em 2012.
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 31/12/2011)
Paulo Roberto de Almeida
Minibiobibliografia pessoal
Nascido na
cidade de São Paulo (19/11/1949), iniciei meus estudos de Ciências Sociais na
Universidade de São Paulo (1969-1970), curso abandonado no segundo ano, em
função do ambiente de repressão política reinante na fase mais dura do regime
militar no Brasil. Retomei estudos na mesma área, frequentando o curso da
Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Bruxelas, onde me licenciei em
1975, com uma dissertação de sociologia política, fortemente embasada na
história, intitulada Idéologie et
Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964.
Continuando estudos
pós-graduados, desta vez na área da economia do desenvolvimento, obtive, em
1976, o título de Mestre em Planejamento Econômico pelo Colégio dos Países em
Desenvolvimento da Universidade do Estado de Antuérpia, com a tese Problèmes Actuels du Commerce Extérieur
Brésilien: une évaluation de la période 1968-1975. Iniciei logo em seguida
o doutoramento, com um projeto sobre a “revolução burguesa”, mas retornei ao
Brasil em 1977, interrompendo a preparação da tese.
Antes de
tornar-me diplomata, exerci-me como professor de Economia Brasileira e de
Economia Internacional na Faculdade Campos Salles e de Introdução à Sociologia
no curso de Direito das Faculdades Metropolitanas Unidas (São Paulo, 1977).
Também desempenhei-me como consultor de cursos de formação de funcionários
públicos, em projetos coordenados pela Universidade de Campinas junto a alguns
estados (Mato Grosso do Sul, Acre), tendo desenvolvido módulos vinculados à
sociologia urbana.
Em outubro
desse mesmo ano, prestei concurso direto para a carreira de diplomata, obtendo
o segundo lugar nos exames de ingresso. Passei a morar em Brasília em dezembro
daquele ano, casando-me, um ano depois, com Carmen Lícia, economista,
trabalhando então no Itamaraty. Na Secretaria de Estado em Brasília, trabalhei
inicialmente na divisão da Europa Oriental (1977-1979), coordenando um grupo de
economistas em pesquisas sobre o comércio do Brasil com os países socialistas
daquela região. Em ocasiões ulteriores, trabalhei, sobretudo, em áreas da
diplomacia econômica.
Retomei a
preparação da tese já como diplomata, quando estava servindo em meus dois
primeiros postos, nas embaixadas do Brasil em Berna e em Belgrado
(respectivamente de 1979 a 1982 e de 1982 a 1985). Tornei-me Doutor em Ciências
Sociais pela Universidade de Bruxelas, tendo defendido com “Grande Distinção”,
em junho de 1984, tese sobre a interação entre o poder político e as classes
sociais nos processos de modernização: Classes
Sociales et Pouvoir Politique au Brésil: une étude sur les fondements
méthodologiques et empiriques de la Révolution Bourgeoise.
De retorno
ao Brasil, exerci-me como professor de Sociologia Política no curso de Mestrado
em Sociologia da Universidade de Brasília (1985-1986) e no Curso de Preparação
à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações
Exteriores (1986). Passei a lecionar a convite em instituições de ensino
superior de Brasília (UnB, FGV, Uniceub e outras faculdades) em matérias de
minha especialidade (direito econômico internacional, comércio exterior,
integração regional, economia internacional, etc.). Desde então, tenho sido
regularmente convidado a dar aulas regulares, cursos específicos, palestras,
bem como a participar de seminários e de bancas de pós-graduação, em
universidades do Brasil e do exterior.
No plano
profissional, numa primeira etapa no exterior, fui chefe dos setores Econômico
e de Promoção Comercial nas Embaixadas em Berna (1979-1982) e em Belgrado
(1982-1984), retornando então ao Brasil, onde trabalhei na Secretaria de Relações
com o Congresso (1985) e no gabinete do Subsecretário Geral de Assuntos
Políticos Multilaterais (1986). Em nova designação para trabalhar no exterior,
servi como encarregado de negócios na Delegação para o Desarmamento e os
Direitos Humanos em Genebra (1987) e como chefe do Setor de Ciência e
Tecnologia na Delegação Permanente em Genebra (1987-1990), onde ocupei-me de
assuntos de desenvolvimento, tecnológicos e de propriedade intelectual (Unctad,
Ompi, Gatt). Depois, exerci-me como representante alterno do Brasil junto à
Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), em Montevidéu (1990-1992).
De volta à
Secretaria de Estado, em 1992, trabalhei como coordenador executivo na
Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio
Exterior (1992-1993), tendo sido criador e editor do Boletim de Integração Latino-Americana e editor do Boletim de Diplomacia Econômica.
Novamente removido para o exterior, servi, entre 1993 e 1995, como Conselheiro
na Embaixada em Paris, na chefia do Setor Econômico, onde me ocupei de temas
como Clube de Paris, OCDE e informação econômica em geral. Aproveitei o período
para participar de seminários acadêmicos e proferir palestras em diversas
instituições de ensino superior: universidades de Paris I, III e IV, Institut
d’Études Politiques (Sciences Po) e
Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine (IHEAL). Em função desses
contatos, fui convidado para dar aulas, como professor convidado, no IHEAL, no
primeiro semestre de 2012, oferecendo dois cursos em nível de pós-graduação: um
comparando as políticas externas respectivas de FHC e Lula, outro sobre as
relações econômicas internacionais e a inserção do Brasil na globalização
contemporânea.
De volta a
Brasília, em 1996, passei a chefiar a Divisão de Política Financeira e de
Desenvolvimento do Departamento Econômico do Itamaraty, tendo desempenhado, até
1999, diversas funções de coordenação em processos negociadores, geralmente
vinculados aos temas dos investimentos estrangeiros (acordos bilaterais,
negociações do MAI-OCDE e processo hemisférico da Alca). Nessa fase, realizei o
Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, tendo preparado uma tese sobre
o Brasil e a OCDE (1996) e uma ampla pesquisa histórica que depois resultaria
na obra Formação da Diplomacia Econômica
no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (1997),
publicada, em versão ampliada, como livro pela Senac-SP (duas edições: 2001 e
2005)
Entre 1999 e
2003 desempenhei-me como ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em
Washington, onde coordenei as áreas financeira, cultural e de cooperação
acadêmica. Aproveitei para desenvolver diversas atividades acadêmicas ligadas à
comunidade dos brasilianistas e para fazer pesquisas na Biblioteca do
Congresso, nos Arquivos Nacionais americanos e na Biblioteca Oliveira Lima. Sou
regularmente convidado, desde então, a participar dos encontros da Brazilian
Studies Association, de cujo comitê executivo participei como membro
(2008-2012). Organizei o livro O Brasil
dos Brasilianistas (2001), com edição americana publicada em 2005: Envisioning Brazil: Brazilian Studies in the
USA, 1945-2000.
Minha
produção de trabalhos acadêmicos cobre diversas áreas, mais geralmente ensaios
sobre problemas sociais e políticos brasileiros ou estudos sobre questões
estratégicas, de integração e de relações internacionais, que são usualmente
publicados em livros, jornais e revistas do Brasil e do exterior. Tenho também
pronunciado palestras e conferências em universidades brasileiras e
estrangeiras, bem como participado de seminários nas minhas áreas de atuação
acadêmica. Colaborei na transferência para Brasília do Instituto Brasileiro de
Relações Internacionais (fundado no velho Palácio do Itamaraty do Rio de
Janeiro em 1954), do qual fui diretor geral, e também sou editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional,
a mais antiga publicação nessa área no Brasil, estabelecida no Rio de Janeiro
em 1958 e editada em Brasília a partir de 1993, em nova série.
Desde 2004
sou professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado do
Uniceub (Brasília), mas também participo de atividades no Instituto Rio Branco.
Estou atualmente preparando o segundo volume de meu estudo histórico sobre a
diplomacia econômica do Brasil (no período 1889-1945), além de diversos outros
trabalhos nas áreas de relações internacionais e de política externa do Brasil.
Mantenho, ademais, colaborações regulares em revistas de ciências sociais e em
boletins eletrônicos, para os quais sou chamado a contribuir. Tenho projetos de
pesquisas e de livros para os próximos dez anos, pelo menos, quando espero
completar uma obra analítica sobre as relações econômicas internacionais do
Brasil nos últimos 200 anos, o que representa um período de tempo bem maior do
que a própria existência política de grande parte dos Estados contemporâneos.
Seleção de
livros publicados:
Livros
editados:
Para conhecer outros trabalhos do autor e uma relação
completa dos trabalhos produzidos e publicados ver o site: www.pralmeida.org