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sexta-feira, 29 de julho de 2022

Eleições 2022: discurso da candidata do MDB, senadora Simone Tebet, na convenção do partido

Não recebi discursos dos demais candidatos, ou não tive acesso a seus pronunciamentos, sobretudo dos dois líderes da campanha. Publicarei indistintamente os discursos dos principais candidatos, sempre quando disponíveis, mas também posso buscar nos sites dos partidos.

Paulo Roberto de Almeida


Íntegra do discurso de Simone Tebet na convenção do MDB que oficializou a sua candidatura à Presidência da República

Brasília, 27.07.2022

Eu não poderia iniciar a minha fala sem antes dizer que eu recebo hoje, sem dúvida nenhuma, a mais árdua, mas mais importante missão da minha vida. Não imaginei, nunca, que uma filha do interior do interior do Brasil, apaixonada por política desde sempre, que carregava bandeiras, mexia no som, que estimulava mulheres a fazer política, que dentro de sala de aulas explicava pra juventude a importância de amar o seu país, de servir ao seu povo, de dar o seu melhor, pudesse, um dia, estar nesse momento, naquele que é o maior, o mais democrático partido do Brasil, ser alçada, pela primeira vez, uma mulher candidata a presidência da República. 

Quero dizer, Baleia, que você não tem noção da importância para nós, mulheres, neste momento e do quanto você se iguala aos grandes homens públicos que passaram pelo nosso partido. E faço uma referência especial a Ulysses Guimarães, a Teotônio, a Tancredo, a Covas, vamos colocar todos, a Montoro, a Itamar. Para não deixar, aqui, de citar duas grandes lendas vivas da nossa história, Fernando Henrique Cardoso e Pedro Simon. Você se iguala pela ética, você se iguala pela coragem, você se iguala porque não aceitou pressão, não aceitou conchavos, não aceitou, como disse Roberto Freire, negociatas. Muitos acreditaram que nós não iríamos até o fim. Eu quero começar e terminar com a mesma frase: hoje eu sou candidata à presidência da República pelo MDB, pelo PSDB e pelo Cidadania; pelo campo democrático. Estou candidata a presidente da República e como candidata eu coloco neste momento a minha vida, a minha vida, a favor do Brasil, da democracia e do povo brasileiro. (palmas)

    A minha responsabilidade é imensa. De saber que um partido da grandeza do PSDB, que tradicionalmente sempre lançou candidato à presidência da República, abre mão pra se somar conosco, tendo pela jovialidade e competência de Bruno Araújo, a perspicácia e a concepção de que unidos que podemos ganhar essa disputa. A você e a todos os, agora, meus amigos, companheiros e filiados do meu partido, PSDB, muito obrigada! 

Estar ao lado de Roberto Freire, que, repito, com essa energia, com essa sabedoria, com essa experiência, tendo visto de “tudo e mais um pouco” do Brasil, tendo visto uma redemocratização, 30 anos avanços. Agora, olhar para os índices sociais: O Brasil retrocedeu aos patamares dos anos 90. Continuar olhando para você, Roberto, que consigue continuar a acreditar no Brasil como otimista que é, isso me dá a certeza de que o Brasil tem jeito e que nós vamos transformar este Brasil.  E vamos transformar o Brasil com amor e com coragem. Com coragem e com amor, nós vamos reconstruir o Brasil. 

Eu quero fazer um agradecimento especial a todos os que acreditaram nessa caminhada. Aqui, os núcleos foram os primeiros a dizer que chegou a hora, tinha chegado a hora, do partido voltar a ter uma candidatura à presidência da República. E eu quero aqui agradecer os núcleos, na pessoa da Kátia Lobo, quero agradecer os núcleos na pessoa do Nestor, na pessoa do Maradona, na pessoa da Janaína, na pessoa do Assis, e todos os números que aqui estão, fazendo referência, também, aos núcleos do PSDB e do Cidadania. Agradecer os meus companheiros. Regina, querida, muito obrigada! Os deputados federais, em nome do Nilton Rocha. O Marun, em nome de todos os meus conterrâneos de Mato Grosso do Sul, Ministro Marun. Filipelli, muito obrigada! Obrigada a vocês, que são tantos, e eu posso aqui só dizer a vocês, muito obrigada, em nome da pessoa que para mim é mais importante hoje aqui neste dia, que é em nome do meu marido, Eduardo Rocha. 

Caros amigos e caras amigas, além dos agradecimentos sinceros que faço a todos vocês, permitam me dirigir agora neste momento ao Brasil. Esta é uma caminhada cívica, é uma caminhada cívica que se inspira nos grandes homens públicos que abriram caminhos para que nós pudéssemos chegar nesse momento. Em todos os momentos mais difíceis da nossa história, o MDB se fez presente. O MDB gritou: presente! Tomamos as rédeas a favor da anistia ampla, plena e irrestrita. Fomos nós a lutar por democracia, pela Constituição Cidadã. Fomos nós a erguer a Constituição Brasileira. Fomos nós, no Congresso Nacional, a implantar as políticas de direitos fundamentais e sociais. Fomos nós, ao lado do PSDB e do PPS, a garantir a estabilidade da moeda, da economia, com a implantação do plano real. Nós somos os gigantes que estávamos adormecidos, mas como todos os gigantes, nos momentos difíceis, nós somos capazes de nos erguer e defender aquilo em que acreditamos. A história novamente nos chama. O Brasil precisa novamente de nós, porque nós não aceitamos  retrocessos. Estamos aqui pelo Brasil, sim, mas estamos aqui para falar pela defesa intransigente da democracia e dos valores democráticos. Somos nós, este é o campo democrático, que há 35 anos abriu as portas para que nós, ainda jovens, pudéssemos ter liberdade. Porque democracia, é preciso explicar para juventude, é isso: é o direito de liberdade de expressão, de estarmos reunidos num partido político, sem termos preocupação com que estamos dizendo, sem ter preocupação de sair por essa porta e ter alguém aqui da censura nos levando, buscar no privado.(palmas)

Democracia significa o meu, o seu, o nosso direito de ir e vir. De garantir soberania popular através do voto. É isso que significa democracia. Todo mundo fala, e fala bonito, e nós esquecemos do que significa. Significa o governo do povo pelo povo, mas um governo servo da lei, da Constituição.Não é um governo que um homem acha que pode ditar para outros poderes o que se pode e o que não se pode fazer. Democracia significa nós podemos ir às urnas, escolher a cada quatro anos quem vai dirigir os nossos destinos. E significa, acima de tudo, nós declararmos e aceitarmos o resultado das urnas seja ele qual for. É por isso que nós estamos aqui. 

Houve um tempo em que essas bandeiras – que são nossas - foram ocupadas por outros. Agora nós estamos de volta. Estamos de volta porque o Brasil da fome, da miséria, da desigualdade social, das desigualdades, das maiores desigualdades sociais, raciais e regionais do planeta, neste Brasil não cabe omissão.

Não cabe omissão, quando no chamado celeiro do mundo, onde 33 milhões de brasileiros estão passando fome; 11 milhões de brasileiros estão as filas intermináveis a busca de uma única vaga de emprego; e cinco milhões já desistiram, desalentados que estão, porque não aguentam mais caminhar pelas ruas vazias e não encontrar nenhuma oportunidade. Não cabe omissão quando as nossas crianças e jovens estão fora da sala de aula e quando estão dentro, estão tendo ensino público de má quantidade. Não cabe omissão quando o SUS, que deveria ser universal, deveria ser público para todos, mata os nossos cidadãos pelo tempo de espera na fila pelos exames, por médicos e por cirurgias. Não cabe omissão quando apenas no ano passado 47 mil brasileiros foram mortos, assassinados, no País mais violento por seu próprio povo, que é o Brasil. Fomos líderes mundiais de assassinatos no ano passado. Não cabe omissão quando um país tão rico não cresce nem 1% na última década, e muito menos, cabe omissão porque estamos diante de uma inflação de dois dígitos que come o salário do trabalhador brasileiro. Aliás, ele está deixando metade do seu salário para comprar comida. 

As turbulências, é verdade, não começaram agora. Elas vieram do governo do PT, elas vieram com a recessão, com o mau governo, com a corrupção, com descaminhos do mensalão, do petrolão, é verdade, mas elas se multiplicaram com essa gestão. A fome, a miséria, a desigualdade social se multiplicaram. Mas ainda é mais grave. Soma-se a isso a insensibilidade social do governo; a devastação ambiental; a irresponsabilidade fiscal; o descrédito internacional. Imaginem, 30 anos de retrocesso. Um coquetel molotov que tomou na pandemia proporções devastadoras, quando aqui, no Brasil, quase 700 mil pessoas morreram de Covid-19, porque temos hoje um presidente que não acredita na ciência, não acreditou nas vacinas e atrasou 45 dias a compra delas. Mais grave do que isso, um governo que tem hoje sobre a sua hoste uma mancha que um dia a história vai revelar: um grave esquema de corrupção na compra dessas vacinas, como se a vida pudesse valer um dólar. 

Nós vamos fazer diferente. Acredite, é possível. Vamos, porque só nós, do campo democrático, temos condições de pacificar Brasil. Unir o nosso povo e a nossa gente, garantir a estabilidade, a segurança jurídica tão necessária para fazer o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e renda pra nossa população. A nossa receita? Experiência e trabalho, é verdade. Experiência e trabalho aliado à solidariedade e afeto. Vamos trocar esses improvisos pela experiência; o ódio pela união. 

Coragem nunca me faltou. O que me trouxe até aqui é a mesma coisa que me fez entrar na política. Entrei na política por amor ao Brasil e continua nela por coragem, porque não é fácil fazer política como mulher. Hoje o que me traz até aqui, apesar de todos os percalços, é o mesmo amor e a mesma coragem. Nós estamos prontos para mudar o Brasil. Com amor e com coragem nós vamos reconstruir a história do Brasil. Temos experiência, sabemos como fazer maioria Congresso Nacional, estou lá há oito anos. Presidi diversas comissões, entre elas, a mais importante da Casa, que é a de Constituição e Justiça, quando votamos as reformas. Tenho experiência como gestora,  prefeita que fui duas vezes e vice-governadora. Tenho experiência como professora de Direito Público. Mas, mais do que a experiência que eu tenho como mãe, como mulher e como professora, o sentimento da indicação de ver um país tão rico, com um povo tão pobre. Por isso, faço aqui o primeiro compromisso: como presidente da República, a minha principal e absoluta missão será acabar com a fome no Brasil. Erradicar a miséria, diminuir a pobreza e faço um juramento como mãe, como mãe de duas Marias, Presidente da República, nenhuma criança vai dormir mais com fome no Brasil (palmas). Nenhuma criança vai dormir mais com fome num País que exporta e alimenta 800 milhões de pessoas no planeta.  

Temos a melhor e maior transferência de renda do universo, do planeta, iniciada com Fernando Henrique Cardoso. Não se trata de uma política de governo mais uma política de estado. É um direito do cidadão, vamos melhorá-lo. Vamos garantir a todos que precisam o Bolsa Família, mas ensinando a pescar. Fazendo com que o jovem, o trabalhador e a mulher possam estar inseridos no mercado de trabalho, com curso profissionalizante. Como professora, não posso deixar de falar que a lado disso a nossa prioridade absoluta: educação. A educação será prioridade nacional pela primeira vez na história. A União irá coordenar com os estados e municípios uma ampla frente para ajudar na qualidade de ensino básico e médio. 

Nosso tripé, muito simples, agenda social, economia verde e um governo afetivo, parceiro da sociedade e da iniciativa privada. Dinheiro, não falta. Sabemos e saberemos fazer. Orçamento transparente, equilibrado, com regras claras para gastar bem e para gastar melhor. Gastar onde mais precisa, com olhar diferenciado pro Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde nós temos os piores índices de desenvolvimento social. 

Na saúde, vamos reforçar o financiamento do SUS. Vamos estar lá, porque sou municipalista por essência, ao lado dos prefeitos na prevenção, na atenção básica; e ao lado dos governadores, na média e alta complexidade, nas cirurgias, nos exames, utilizando o governo digital e a telemedicina. Nosso governo representará aquilo que que o Brasil mais precisa: criatividade, responsabilidade, previsibilidade e segurança jurídica. Estamos prontos para pacificar o Brasil. Estamos prontos para unir o Brasil.  

O Brasil depende da indústria, pouco se tem falado nisso. Estamos com o nosso programa de governo pronto com uma agenda de competitividade, que garanta, através de um sistema de logística em parceria com a iniciativa privada, com concessões, com PPPs, que possamos transformar esse país num canteiros obras com ferrovias, rodovias duplicadas, com cabotagem. Isso não é papel do Estado. Estado tem que cuidar da saúde, da educação, da segurança pública. Esse dinheiro tem que vir de investimentos, um fundos de investimentos estrangeiros e nacionais. Vamos flexibilizar as regras porque sabemos o quanto a construção civil é fundamental para gerar os empregos e renda que a população tanto precisa.

Vai aqui mais um compromisso. O DNA das reformas está na minha veia. Sem reformas o Brasil não volta a crescer, a economia não é aquecida, os empregos não aparecem. Assumimos um compromisso, isso estará no nosso plano de governo. Faremos a reforma tributária nos seis primeiros meses da nossa gestão. Os gastos, como disse, serão direcionados a quem mais precisa. 

Mas aqui eu preciso falar de uma coisa. Nós vamos desmistificar para a juventude, para o Brasil e para todos, que agenda de sustentabilidade é incompatível com o agronegócio brasileiro. A agenda de sustentabilidade vai estar no coração de todas as políticas públicas da nossa gestão – todas - sem exceção, por uma única razão: sem preservação do meio ambiente não há vida, sem a vida não há futuro. Nós, infelizmente, nunca destruímos tanto o meio ambiente com agora. Basta! Mas nós vamos estar mostrando que não é “meio ambiente ou agronegócio”; é “meio ambiente e agronegócio”, porque o nosso agronegócio é sustentável. O agricultor, o pecuarista, a agricultura familiar, são o nosso apoio. Com financiamento, com logística, com juros subsidiados, porque sem isso não tem comida barata na mesa da população brasileira. Mas não se engane. Seremos intransigentes com invasores de áreas públicas. Serão intransigentes com quem desmata, com o desmatamento ilegal, estaremos protegendo Amazônia os biomas brasileiros. Os órgãos de fiscalização e controle serão reativados. Nós vamos cumprir o acordo de Paris. 

Indo para as minhas palavras finais, deixei mais importante para o final. O nosso governo será o governo voltado para quem precisa. Um governo que olhe para essa sociedade que é diversa e daí a nossa beleza, a nossa riqueza. A nossa maior vergonha é a nossa desigualdade social, racial e regional. A nossa maior riqueza é a nossa diversidade. Diante disso, o nosso compromisso é com uma sociedade justa, inclusiva, uma sociedade plural e tolerante. 

Seremos também intransigentes no combate a todo tipo de preconceito. Estaremos ao lado, sim, protegendo o direito das minorias. Combateremos o racismo estrutural e institucional no Brasil, porque a cara do povo brasileiro, o que corre no nosso sangue. Nós somos um povo negro na sua maioria. Mas, infelizmente, são aqueles que menos recebem salários, os primeiros a serem mandados embora, os que são mais encarcerados. Nós estaremos combatendo o racismo estrutural com políticas e ações afirmativas.

Como disse, deixei pro final o mais importante. Espero ter podido agradecer a todos. Gostaria de dirigir uma palavra especial às mulheres brasileiras. Somos a maioria da população brasileira. Somos a maioria do eleitorado, mas somos minoria em absolutamente tudo na vida. Essa conta não fecha. Ela precisa fechar. Quero aqui conclamar as mulheres do Brasil, que elas se somem conosco por Mais Mulheres na Política. Nós vamos eleger o maior número possível de deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores da nossa coligação. Mas a nossa coligação tem que ser também a campeã na eleição de parlamentares mulheres por Congresso Nacional e para as Assembleias Legislativas (palmas).

Às mulheres brasileiras: fomos sempre eco, chegou a hora de sermos voz. Fomos sempre coadjuvantes, chegou a hora de sermos protagonistas da nossa própria história, ao lado dos homens. Nem menor, nem maior. Ao lado, de forma diferente, porque é o diferente que se somar a grandeza e por isso eu encerro definitivamente dizendo que a política se faz com competência, com experiência e com trabalho, mas com solidariedade, com amor e com afeto. É disso que o Brasil precisa e é por isso que o Brasil precisa de Mais Mulheres na Política. 

O Brasil precisa de união, o Brasil precisa de paz, o Brasil precisa de amor. O caminho, a verdade e a vida de milhões de brasileiros depende de nós e nós estamos prontos.  Baleia, eu estou pronta; Bruno, eu estou pronta; Roberto, eu estou pronta. Sou do interior do interior do Brasil, mas sou professora, sou advogada, sou política, vamos abrir esses caminhos e vamos  transformar efetivamente a vida das pessoas. Terminarei da mesma forma que comecei. Eu disse e repito aqui para vocês, com todo o amor de uma mãe para com o Brasil, como candidata à presidência da República, pelo MDB, pelo PSDB e pelo Cidadania, como candidata a presidente eu agora coloco a minha vida a favor do Brasil, da Democracia e do povo brasileiro. Muito obrigada e vamos à vitória!