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sábado, 10 de agosto de 2013

Rothschilds and Brazil: An Introduction to Sources in The Rothschild Archive - Caroline Shaw (LARR)

RESEARCH REPORTS AND NOTES
ROTHSCHILDS AND BRAZIL: An Introduction to Sources in The Rothschild Archive
Caroline Shaw
The Rothschild Archive, London
Latin American Research Review, Vol. 40, No. 1, February 2005
© 2005 by the University of Texas Press, P.O. Box 7819, Austin, TX 78713-7819

Abstract: N. M. Rothschild & Sons (NMR), the banking house which the Frankfurt-born Nathan Mayer Rothschild (1777–1836) began operating from New Court in London in 1809 and which is continued to this day by his descendants, has a long history of involvement in Brazil. Extensive documentation of this history is preserved in The Rothschild Archive in London, where material up to 1930 is available for consultation. The firm’s initial business with Brazil was in merchant banking activities and bullion dealing, but in 1855 it became the Brazilian government’s financial agent in London and went on to handle the government’s borrowing in the London capital markets and to be closely concerned with the country’s fiscal, commercial, and exchange rate policy. With the bank at the heart of the development of Brazilian public finance, The Rothschild Archive is an important resource for an understanding of this aspect of Brazilian economic and political history, as well as the history of British informal imperialism and emerging patterns of globalization.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O Brasil e o perdao de dividas de paises africanos: bilateralismo emultilateralismo

Brasil ajuda cleptocracia africana
Editorial O Globo, 06/08/2013

Ao chegar ao poder em 2003, o lulopetismo teve a sensatez de manter linhas gerais da política econômica da Era FH, pelo menos durante a maior parte do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, em contrapartida, cedeu à sua base ideológica a política externa.
A chamada "diplomacia companheira", inspirada no terceiro-mundismo do pós-guerra, significou - e significa - sério recuo numa política externa que já foi considerada das mais profissionais e coerentes.
Um dos resultados desta mudança foi mostrado nas edições de domingo e ontem do GLOBO: depois de se aproximar de algumas das mais obscuras ditaduras do planeta, o Brasil, no governo Dilma, tem anistiado dívidas de conhecidas cleptocracias africanas. Na prática, cessão de dinheiro do contribuinte brasileiro para o patrimônio de déspotas, donos, no sentido literal da palavra, de países em que o povo sobrevive na miséria enquanto seus ditadores ostentam poder e riqueza em Paris, Mônaco e outras cidades preferidas do "jet-set" internacional.
Congo-Brazzaville, Sudão, Gabão e Guiné Equatorial respondem, somados, pela maior parte de uma dívida de R$ 1,9 bilhão com o Brasil, proveniente da compra de mercadorias e serviços não pagos por uma dúzia de países africanos.Dilma tem conseguido que o Congresso perdoe cerca de 80% deste débito.
Alega-se que isto manterá mercados com portas abertas a exportadores e empreiteiras nacionais. Balela, pois quem aceita um calote receberá vários outros.
Por trás de tudo existe uma geleia geral ideológica curtida nos ares de um pensamento das décadas de 60 e 70 - pulverizado pelo avanço da globalização -, pelo qual o mundo estaria dividido entre os hemisférios Norte (rico) e Sul (pobre). A diplomacia companheira entrou na máquina do tempo e levou o Itamaraty a fazer a opção por liderar o "bloco" dos pobres, contra o "imperialismo" do Norte.
Uma tragédia para os próprios interesses nacionais concretos, muitos deles expressos na projeção comercial do país no mundo. Deriva deste terceiro-mundismo fora de moda que o país, atolado num Mercosul encharcado de ideologia populista, fechado a novos e amplos acordos com grandes mercados, volta depois de muito tempo a acumular déficits na balança comercial e mantém uma participação irrisória, pouco mais de 1%, no total das transações mundiais.
Senadores da oposição e independentes conseguiram adiar a votação do pedido de perdão de dívidas para a Tanzânia, Costa do Marfim e República Democrática do Congo. Agem tardiamente. Deveriam ter demonstrado o mesmo zelo com os cleptocratas da primeira rodada de benemerências a ditadores com dinheiro do Tesouro Nacional.

Ajuda brasileira a ditadores africanos
Ponto Final / Coluna
Gabriel de Sales
Brasil Econômico, 06/08/2013

Pega de surpresa, assim como todos os brasileiros, com a grande adesão aos protestos iniciados em meados de junho, a primeira reação da presidente Dilma Rousseff foi voar até São Paulo para se aconselhar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também surpreendidas, lideranças oposicionistas não se entenderam num primeiro momento e chegaram a emitir opiniões contraditórias, como no caso do senador tucano mineiro Aécio Neves, candidato presidencial em 2014, para quem os protestos eram dirigidos ao governo petista. Foi contestado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que os classificou como um movimento social, acima dos partidos.
Talvez ainda preocupados em afinar o discurso, os oposicionistas não chegaram a usar o encontro da presidente e seu antecessor, revelador, no mínimo, da insegurança da chefe do governo diante da delicadeza do momento. Semanas depois, ao afirmar que “Lula não vai voltar por que nunca saiu”, Dilma voltou a fornecer munição para os adversários, que, dessa vez, não economizaram nas críticas. “Há quem entenda que a comandante do governo é tutelada pelo ex-presidente e atua simplesmente como uma marionete a serviço do tutor”, atacou, pesadamente, o deputado federal Roberto Freire, em artigo publicado neste jornal.
Por isso, não dá para entender como o governo, em queda nas pesquisas de opinião e enfrentando incertezas de todo tipo na economia, deixa suas lideranças parlamentares colocarem em pauta a aprovação do perdão de dívidas da Tanzânia, Costa do Marfim, República Democrática do Congo e Zâmbia que juntamente com os débitos do Gabão, Sudão e República do Congo, cujo perdão já foi aprovado pelos senadores, somam US$ 787 milhões, conforme noticiado neste fim de semana pelo jornal “O Globo”. Mais difícil de aceitar é a justificativa de se tratar de uma anistia para que empresas brasileiras voltem, financiadas pelo BNDES, a fazer negócios com esses governos comandados, em sua maioria, por ditadores.
A oposição sem condições de evitar a aprovação do perdão capitaliza o fato de se tratar de medida que vai beneficiar corruptos, alguns alvo de processos em tribunais internacionais, acusados, inclusive, de genocídio. A repercussão externa da notícia também foi rápida, com grande destaque, por exemplo, no site do diário espanhol El País. “A sociedade brasileira se tornou mais exigente em matéria de corrupção política e não vê com bons olhos que ditadores sejam favorecidos à custa dos contribuintes”, opina e ressalta: “os políticos brasileiros estão sendo especialmente vigiados por uma sociedade que por ter crescido tanto econômica como educacionalmente,parece também mais sensível aos valores éticos”. Não bastassem os corruptos internos, agora o governo brasileiro adiciona os externos à sua extensa lista de problemas.
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Nota nº 8 de esclarecimento, 06/08/2013

Perdão da dívida de países africanos

Com o objetivo de esclarecer erros factuais e omissões presentes em matérias recentes sobre a concessão de perdão da dívida de países africanos, o Governo brasileiro salienta que, ao contrário do extensivamente reportado, o Governo da Guiné Equatorial não tem dívida em atraso com o Brasil, não tendo recebido, portanto, qualquer perdão de dívida do governo brasileiro.

Sobre a política de recuperação de créditos, o que inclui a reestruturação da dívida, esclarece-se que a análise e o acompanhamento de cada caso são realizados pelo Comitê de Avaliação de Créditos no Exterior, no qual têm assento diversos órgãos e Ministérios do Governo Federal. 

As decisões de elevar casos ao Senado Federal são tomadas por esse Comitê com base na Lei 9.665/98 e em parâmetros definidos pela legislação e em negociações bilaterais e em linha com o Clube de Paris, em particular os critérios da iniciativa para beneficiar países pobres e altamente endividados. Trata-se de iniciativa promovida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), implementada por etapas, e destinada a aliviar o peso da dívida de países de baixa renda, da qual participam os grandes credores internacionais. No contexto dessa iniciativa são aprovados planos para assegurar que os recursos liberados sejam aplicados no combate à pobreza. A cláusula de comparabilidade de tratamento obriga o país devedor a não pagar a nenhum credor percentual maior do que acordou com os seus credores internacionais reunidos pelo Clube de Paris, sob pena de ver revertida a redução lá obtida ou demais condicionantes do alívio. Não se trata, assim, de voluntarismo brasileiro, mas de prática concertada internacionalmente, com objetivos claros de permitir que o peso da dívida não se transforme em impedimento do crescimento econômico e da superação da pobreza. 
Ações do d

sábado, 20 de julho de 2013

Divida externa, periferia, dependencia, etc: falacias academicas - Paulo Roberto de Almeida

Preciso retomar a minha série das Falácias Acadêmicas (veja aqui), para explicar alguns processos reais, ou seja, da economia e das relações internacionais, cuja compreensão é embotada por todo um jargão vazio, disseminado nas academias brasileiras por professores incompetentes ou simplesmente ignorantes.
Vejamos o que acabo de receber como comentário, de um leitor deste blog:

Anônimo disse...
Almeida,
mas que argumentos sustentam sua opinião que a dívida não é mais um problema? O fato de termos reservas suficientes para pagá-la? As economias periféricas são altamente dependentes do mercado de ações para financiarem suas dívidas, grande parte do orçamento que poderia ser usado para reduzir as diferenças sociais (que eu não acredito que seja discriminar classe alguma) vão para fora do Brasil pagar algo que desconhecemos.
Acredito igualmente que a SOLUÇÃO para TODOS os problemas brasileiros devem ser MADE IN BRAZIL, mas como entender esses problemas sem inserir o país em um contexto histórico e econômico de dependência externa?
Cxxxx
Comento:

1) Dívida externa: Não se trata apenas do fato de ter acumulado reservas internacionais em volume suficiente para a liquidação de todas as obrigações externas do Brasil. Isso pode contar para minimizar o peso da dívida no conjunto dos passivos brasileiros.
Trata-se, basicamente, do fato de que o volume da dívida representa atualmente uma proporção mínima do valor agregado anualmente como riquezas pelo país, ou seja, tanto a relação dívida/PIB, que caiu bastante nos últimos dez anos, como a relação serviço da dívida/exportações brasileiras, ou seja, a quantidade de dólares suficientes para cobrir os juros da dívida em relação aos ganhos exteriores das vendas brasileiras em divisas. Trata-se de pura matemática elementar portanto.
Tem mais: a parte da dívida do governo no total da dívida externa é muito limitada, já que a maior parte é dívida comercial, ou seja, bancos e empresas que captam recursos lá fora e a quem cabe pagar. Ora, é sabido que as empresas do setor captam a juros extremamente reduzidos e "vendem" esse dinheiro no mercado interno a juros extremamente elevados. Cada vez que você compra a "dez vezes sem juros", você está dando um lucro extraordinário a esses gigolôs nacionais, que acumulam dinheiro de sobra para pagar os créditos externos.

2) Dependência: Esse é um conceito vazio, que só existe na boca de professores ignorantes, que não conseguem visualizar a realidade das relações econômicas internacionais. Economias "periféricas" (outra bobagem conceitual) não precisam ser dependentes de ações ou investimentos externos para financiarem suas "dívidas"; ninguém as obriga a se endividarem no exterior. É certo que países emergentes, não integrados na economia internacional, e insuficientemente capitalistas (como é o caso do Brasil), não produzem poupança suficiente para os investimentos produtivos. Mas isso não significa que necessitem se endividar externamente para realizar investimentos, se forem abertos e aceitarem investimentos diretos estrangeiros.
É apenas o nacionalismo econômico, essa doença nefasta (junto com o patriotismo ingênuo), que impede os países de se abrirem aos investimentos externos. Países esquizofrênicos, como o Brasil, amam o capital estrangeiro e detestam o capitalista estrangeiro: em consequência, em lugar de aceitarem investimentos externos, se endividam inutilmente.
Só existe dependência externa quando se é incapaz de resolver os problemas nacionais de maneira autônoma. O conceito, em si, é uma bobagem, mas governos irresponsáveis o transformam em realidade, ao fazer apelo ao dinheiro fácil do exterior, em lugar de criar as condições internas para aumentar a poupança e os investimentos nacionais, deixando, em primeiro lugar, de gastar no próprio Estado, para investir em saúde e educação.

3) Orçamento para redução das diferenças sociais: outro sinal de deficiência econômico. As desigualdades sociais devem ser reduzidas preferencialmente por ações de mercado -- ou seja, crescimento econômico, com transformação produtiva, que gera empregos mais bem remunerados -- e complementarmente por investimentos estatais em educação de base (primário, secundário, escolas técnicas, ponto), não com base em distributivismo político inconsequente, que só consegue criar uma nação de assistidos, como é o caso do curral eleitoral a que se dá o nome de Bolsa Família.

Infelizmente, o "debate" público sobre essas questões não deixa de refletir o estado de indigência intelectual a que se reduziu, hoje, boa parte dos cursos de humanidades nas faculdades brasileiras.
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Solidariedade "socialista" foi para o espaco? E o internacionalismo proletario?

Pois é, parece que não ficou nada da antiga chama, da união dos povos na mesma causa socialista, agora só atuam pela vil moeda capitalista, sem qualquer respeito pelas antigas tradições de irmandade da boa causa.
Cuba, que viveu de "mensalão" dos irmãos socialistas durante praticamente toda a existência da ditadura dos irmãos Castro, agora precisa pagar, com juros, o dinheiro recebido...
Triste sina, tristes tempos...
Paulo Roberto de Almeida

Cuba debe 1,200 mdd al Estado rumano, según Bucarest
Bucarest – EFE
El Universal, 27/11/2012

Cuba adeuda unos 1,200 millones de dólares a Rumanía por los créditos concedidos a los “países amigos” durante el régimen comunista de Nicolae Ceausescu, informó hoy el diario local Adevarul con datos del Ministerio de Finanzas.

Según la administración pública, la deuda del país caribeño asciende a 1.300 millones de rublos soviéticos, utilizados hasta 1991, y que con la conversión de las autoridades rumanas supondrían unos 1.200 millones de dólares actuales.

La recuperación del dinero choca con el “absoluto rechazo de las autoridades cubanas, que acaparan el 100 % de la deuda rumana en rublos, a aceptar el inicio de las negociaciones para convenir el coeficiente de la conversión del rublo al dólar y establecer una modalidad de reembolso”, precisa el Ministerio de Finanzas.

En total, Rumanía aún tiene que recuperar unos 2.355 millones de dólares de las deudas contraídas durante el pasado régimen comunista, y además de Cuba, los mayores deudores son Irak y Sudán, según las fuentes del Ministerio de Finanzas.

A finales de los años 70 y a lo largo de la década de los 80, todos los productos de calidad rumanos (madera, cristal, alimentos) se exportaron para eliminar la deuda externa, lo que provocó malestar social entre la población.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Eu troco a sua nota de dolar por 50 centavos: que tal?

É o que está dizendo a Grécia aos seus queridos credores, europeus e outros: você me dá o seu dólar -- claro, tem de ter dinheiro novo nessa jogada, do contrário qual a graça? -- e eu lhe dou duas moedinhas de 25 centávos de dólares, que tal?
Eu acho que a Grécia poderia ir inclusive um pouco mais longe e fazer como a Argentina, que deu apenas 30 centavos de dólares para cada dólar detido por seus credores.
Me parece uma troca mais justa e apropriada ao momento.
Never mind que depois a Argentina ficou por dez anos fora dos mercados financeiros, só tendo o consolo de ver seu amigo Hugo Chávez comprar cinco ou dez bilhões de dólares de seus novos títulos da dívida (mas tendo de pagar 14% de juros por isso).
Não é problema. O essencial é dar uma de macho e aplicar um calote merecido nesses credores ingênuos que pensaram que iriam lucrar muito com os nossos global bonds e que agora vão ter de acordar para a realidade.
Nada como um calote depois do outro...
Paulo Roberto de Almeida


Grécia admite calote e sugere desconto de 50% na dívida

De acordo com o jornal local, ministro de Finanças apresentou aos parlamentares do Partido Socialista três cenários possíveis para a Grécia

23 de setembro de 2011 | 5h 03
Gustavo Nicoletta e Hélio Barboza, da Agência Estado
ATENAS - O ministro de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, disse a parlamentares do seu partido que o país enfrenta o risco de um default desordenado, segundo a edição desta sexta-feira de um jornal grego. A publicação acrescenta que o ministro sugeriu um possível desconto de 50% na dívida do país. De acordo com o jornal Ta Nea, Venizelos apresentou aos parlamentares do Partido Socialista três cenários possíveis para a Grécia.
No primeiro cenário, a Europa seguiria adiante com os compromissos assumidos em uma reunião de cúpula de 21 de julho, estendendo um novo pacote de ajuda aos gregos, no valor de € 109 bilhões, mas incluindo o oferecimento aos credores do país de um programa voluntário de troca da dívida.
No segundo cenário, a Grécia não conseguiria chegar a um acordo com seus credores internacionais nos próximos dias, o que levaria o governo grego a ficar sem dinheiro no meio de outubro e o obrigaria a um default desordenado.
Sem citar fontes, o Ta Nea relata que Venizelos também indicou uma terceira opção para o país, que incluiria uma reestruturação ordenada da dívida grega, mas com os credores enfrentando uma perda de 50%. Tal cenário seria acordado com os credores e permitiria a permanência da Grécia na zona do euro, diz o jornal. O Ta Nea acrescenta que esse cenário parece estar ganhando terreno no restante da Europa.
BCE em alerta
O calote da Grécia não pode ser descartado enquanto o país mediterrâneo lutar para escorar suas finanças, disse Klaas Knot, novo representante da Holanda no conselho da presidência do Banco Central Europeu (BCE), em uma entrevista ao jornal Financieele Dagblad. Knot, que também é presidente do Banco Central Holandês, disse que o default "é um dos cenários".
"Eu não estou dizendo que a Grécia vai entrar em default", afirmou. "Eu já havia sido convencido há muito tempo que um default não era necessário, mas as notícias que chegam de Atenas não são encorajadoras", declarou. "Todos os esforços são destinados a impedir isso, mas eu agora tenho menos certeza do que tinha há alguns meses para descartar um default", disse Knot, em sua primeira entrevista desde que tomou posse no Banco Central Holandês, em julho.
Knot é uma das primeiras autoridades do BCE a admitir publicamente um possível calote da Grécia. O banco sempre insistiu que o default seria evitado a todo custo porque poderia desestabilizar a zona do euro. Mas os mercados estão cada vez mais se antecipando a este cenário, enquanto a Grécia luta para reunir condições que lhe assegurem ajuda financeira. Sem essa ajuda, o país ficará sem dinheiro em meados de outubro.
Na entrevista, Knot questionou "se os gregos percebem a seriedade da situação" e disse que "há dúvidas quanto à qualidade do governo grego e se os políticos têm um controle firme do país".
Nas próximas semanas, inspetores internacionais do BCE, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia - a chamada "troica" - vão revisar os esforços do país para amparar suas finanças. "Será tenso", declarou Knor ao jornal. "(A troica) terá de chegar à conclusão positiva de que a Grécia está fazendo o que prometeu."
Um eventual calote da Grécia poderia deflagrar o contágio para outros países da zona do euro, como Itália e Espanha. Repetindo o que havia afirmado seu predecessor Nout Wellink, Knot disse que tal cenário pode ser impedido pela ampliação substancial do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. 
Reunião
A agenda de eventos dos EUA desta sexta-feira traz como destaque o início da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. Paralelamente a esse evento, também acontecerá o encontro dos ministros de Finanças e representantes de bancos centrais do G-20. O grupo deve conceder uma entrevista coletiva por volta das 21h30 (de Brasília). As informações são do site do FMI.
As informações são da Dow Jones.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Haiti: "dívida" da independencia deveria ser devolvida pela Franca

Caso interessante. O Brasil também pagou pela sua independência, no que se constituiu o início de nossa dívida externa, que durante quase 200 anos representou um problema para o Brasil. O Haiti já se libertou há muito tempo dessa dívida, e não é apenas por isso que continuou subdesenvolvido. Mas, caberia uma investigação a respeito do caso.

Un appel pour que la France rembourse à Haïti la dette de son indépendance
Le Monde avec AFP, 16.08.2010

Dans une lettre ouverte au président Nicolas Sarkozy, publiée lundi 16 août dans le quotidien Libération, un groupe d'intellectuels et de responsables politiques appelle la France à rembourser à Haïti 17 milliards d'euros, une estimation des sommes qui furent exigées par Paris en échange de l'indépendance, obtenue en 1804, de son ancienne colonie. Cet appel est notamment signé par le linguiste américain Noam Chomsky, le philosophe français Etienne Balibar, ou encore les eurodéputés écologistes Daniel Cohn-Bendit et Eva Joly.

"Considérant les besoins financiers criants de ce pays dévasté par le terrible séisme du 12 janvier, nous vous pressons donc, monsieur le président, de restituer à Haïti, la première république noire de l'histoire, la dette historique de son indépendance", écrivent les signataires.

"UNE DETTE ILLÉGITIME"
Ils rappellent qu'après l'indépendance d'Haïti, le roi Charles X (1824-1830) imposa aux Haïtiens de payer à la France 90 millions de francs or, sous la menace d'une invasion militaire et d'une restauration de l'esclavage. "Cette indemnité a fait ployer des générations de Haïtiens sous le poids d'une dette illégitime, dette que la nation haïtienne n'a fini de payer qu'en 1947", ajoutent-ils.

Les signataires se présentent comme un "groupe de soutien au comité pour le remboursement immédiat des milliards envolés" d'Haïti. Ce comité est à l'origine de la mise en ligne, le 14 juillet dernier, d'une parodie du site Internet du ministère des affaires étrangères français, sur laquelle était faussement annoncé un remboursement de ces sommes. Le site a également mis en ligne lundi le texte de la pétition ainsi que la liste de la centaine de signataires.

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Lettre ouverte au président français Nicolas Sarkozy
Open letter to Nicolas Sarkozy (English version)
Le 16 août, 2010

Dans une lettre ouverte publiée aujourd'hui dans le quotidien français Libération, plus de 90 écrivains, universitaires de renom et autres personnalités mondialement connues demandent publiquement au gouvernement français de restituer les 90 millions de francs or extorqués par la France à Haitï à la suite de son indépendance.

Parmi les signataires, on retrouve le linguiste du MIT Noam Chomsky, la journaliste Naomi Klein, les écrivains Eduardo Galeano et Ariel Dorfman, le professeur de l'Université de Princeton Cornel West, les philosophes français Alain Badiou, Étienne Balibar et Jacques Rancière, ainsi que plusieurs membres du Parlement européen, incluant le militant altermondialiste José Bové. Des membres de l'Assemblée nationale de France et du Québec, de même que Walden Bello, écrivain et membre élu de la Chambre des représentants des Philippines, ont également signé la lettre.

* * *

Le gouvernement français a indiqué qu’il envisageait de poursuivre en justice le Comité pour le Remboursement Immédiat des Milliards Envolés d’Haïti (CRIME) pour le canular inspiré des Yes Men dans lequel la France promettait, le 14 juillet dernier, la restitution de la dette historique d’Haïti.

Nous croyons que l’idéal d’égalité, de fraternité et de liberté cher à la France serait beaucoup mieux servi si, au lieu de dilapider les fonds publics dans des poursuites contre les auteurs du canular, le gouvernement français commençait à rembourser à Haïti les 90 millions de francs or qui lui furent extorqués suite à son indépendance.

Cette “dette de l’indépendance”, aujourd’hui évaluée à bien plus que les 17 milliards d’euros promis dans la fausse annonce du 14 juillet dernier, a forcé de manière illégitime un peuple s’étant libéré de l’esclavage par son indépendance à payer doublement pour sa liberté. Imposée sous menace d’invasion militaire et de la restauration de l’esclavage par le roi français Charles X afin de dédommager les anciens colons propriétaires d’esclaves pour perte “de propriété”, cette indemnité a fait ployer des générations d’Haïtiens sous le poids d’une dette illégitime, dette que la nation haïtienne n’a fini de payer qu’en 1947.

La France n’est pas le seul pays qui a une dette envers Haïti. Après 1947, Haïti a contracté des dettes auprès des banques commerciales et des institutions financières internationales sous la dictature de Duvalier, lequel a ainsi puisé des milliards dans les fonds publics. Les besoins vitaux et les aspirations au développement de générations entières d’Haïtiens ont par le fait même été sacrifiés pour rembourser ces dettes. Inclure Haïti dans les Pays Pauvres Très Endettés (PPTE) et annuler une partie de sa dette actuelle ne réparent pas les dommages financiers encourus par ses dettes récentes.

De plus, en 2000, des prêts de la Banque interaméricaine de développement (BID) s’élevant à 150 millions de dollars et devant servir à payer des infrastructures de base ont été bloqués illégalement par le gouvernement américain en guise de pression politique. Cela aussi fit des dommages économiques et humains considérables. Voilà pourquoi ces institutions et gouvernements devraient être tenus responsables pour les méfaits commis envers l’économie et la société haïtienne.

En 2003, quand le gouvernement haïtien demanda le remboursement de l’argent extorqué à Haïti, le gouvernement français a participé a son renversement. Aujourd’hui, le gouvernement français répond à la même demande du CRIME en le menaçant de poursuites judiciaires. Il s’agit à n’en pas douter de réponses inadéquates à une demande qui est moralement, économiquement, et légalement inattaquable. Considérant les besoins financiers criants de ce pays dévasté par le terrible séisme du 12 janvier dernier, nous vous pressons donc, monsieur le Président, de restituer à Haïti, la première république noire de l’histoire, la dette historique de son indépendance.

(signatures)