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sábado, 12 de abril de 2014

Presença da universidade no desenvolvimento brasileiro: uma perspectiva histórica - Paulo Roberto de Almeida

Um antigo texto meu, sobre a universidade, acaba de ser publicado num blog devotado especificamente aos problemas da universidade brasileira. Transcrevo aqui, um dia antes que ele tenha sido postado, mas isso é devido às diferenças de horário:

sábado, 12 de abril de 2014


A Perspectiva do Diplomata Paulo Roberto de Almeida Sobre a Universidade no Brasil


Já publicamos neste blog artigos ou depoimentos de várias pessoas, desde estudantes de graduação até profissionais renomados em suas respectivas áreas de atuação. Pois bem, estamos finalmente retomando tais contribuições.

O texto abaixo foi escrito pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida, doutor em ciências sociais pela Université Libre de Bruxelles que exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Atualmente trabalhando no Consulado Geral do Brasil em Hartford, Estados Unidos, de Almeida mantém o blog diplomatizzando, no qual são discutidas predominantemente questões sobre políticas externas de nosso país.

Convidei de Almeida a colaborar com uma postagem para este blog. Ele então enviou o texto abaixo, que é uma síntese de um seminário apresentado na Universidade de São Paulo anos atrás. 

Espero que o leitor aproveite.
__________________

Presença da universidade no desenvolvimento brasileiro: uma perspectiva histórica



Introdução: 

Ao apresentar algumas reflexões sobre o papel da universidade no desenvolvimento nacional, quero deixar claro que estou aqui falando essencialmente da universidade pública. 

Os principais problemas da educação e do desenvolvimento nacional estão bem mais fora do que dentro da universidade pública, que funciona razoavelmente bem para os padrões falhos dos países em desenvolvimento. Mas, ela funciona cada vez mais mal para os padrões exigentes do estilo de desenvolvimento interdependente que temos hoje no âmbito do capitalismo global. Ela é autista, avessa à reforma, à competição e aos critérios de eficiência e se julga no direito de usufruir de recursos públicos sem prestar a devida conta à sociedade. Caminha para a decadência, ainda que a passos lentos, aliás, como o Brasil, em seu conjunto; pior, ela não está atenta a isso.

Tenho nítida consciência de que meus comentários, julgamentos e avaliações, tanto quanto minhas propostas e sugestões, serão recebidos com ceticismo, quando não com desconforto, pois que situando-se em posição crítica, ou possuindo espírito controverso, ao que normalmente se espera de um membro da academia, o que eu não sou, possuindo, portanto, alguma independência de opinião em relação aos assuntosinterna corporis. Por fim, alerto, preliminarmente, que a maior parte de minhas críticas e sugestões se dirigem a objetivos fora da universidade – mas aos quais ela não pode ficar alheia –, uma vez que estamos falando da contribuição da universidade para o desenvolvimento nacional, não para o seu próprio desenvolvimento. 

1. Consulta às origens: a universidade como formadora de mestres

O papel primordial da universidade sempre foi o da formação de mestres e pesquisadores, algo que no Brasil teve início tardiamente pela formação de quadros de elite para o Estado, sem que tivessem sido desenvolvidas as atividades formadoras básicas nos dois ciclos precedentes. Quando a universidade se instalou, ela o fez de forma superestrutural, cuidando basicamente do terceiro ciclo, sem olhar para os dois ciclos anteriores. Creio que o descomprometimento com os dois ciclos iniciais de estudo ainda continua a marcar a atitude geral da academia em relação ao problema educacional brasileiro, em que pese a atuação de alguns dos seus mestres renomados e atuantes nos diversos processos de reforma do ensino básico. A universidade brasileira deveria, a meu aviso, voltar bem mais os olhos para a realidade educacional brasileira como um todo.

2. O alheamento da universidade brasileira de sua função básica

Quer seja no que se refere à formação de quadros para os ciclos precedentes, quer seja no retorno à sociedade de suas atividades de pesquisa, financiadas com recursos da sociedade, a universidade brasileira tem deixado a desejar ao longo de sua existência consolidada. Embora a maior parte dos cursos “científicos” e “tecnológicos” isolados – que depois vieram a integrar a universidade – tenha se constituído, tendo em vista o provimento de soluções e respostas práticas aos problemas colocados pelo mundo da agricultura e da indústria, a atenção prioritária da universidade esteve mais concentrada na própria universidade, não necessariamente numa agenda percebida de problemas nacionais básicos. 

Pode-se argumentar que formação de professores nunca foi pensada como sendo a função básica da universidade brasileira, mas caberia aí reconhecer um desvio de origem, não um plano de trabalho que possua legitimidade social. O viés superestrutural fica mais uma vez evidente. Quanto à pesquisa, parece evidente, igualmente, seu alheamento do setor produtivo, ao lado de outros comportamentos ainda mais nefastos, como uma persistente cultura antipatentária e uma renitente, embora decrescente, postura antimercado. 

3. Nem só de big science vive a universidade e nem sempre é disso que precisa o país

Se pensarmos em três nomes que parecem caracterizar a consciência aguda dos problemas brasileiros, José Bonifácio, Joaquim Nabuco e Monteiro Lobato, veremos que suas agendas respectivas de transformação do país – elevação dos padrões da mão-de-obra, via cessação do tráfico e da escravidão, promoção de uma colonização comprometida com a qualificação técnica da agricultura e da indústria e melhoria dos padrões educacionais e de saneamento da maioria da população –  foram superficialmente integradas à agenda de trabalho das universidades. Mesmo intelectuais obcecados com a superação do atraso nacional, como Caio Prado Jr., por exemplo, tiveram em certa medida de exercer suas atividades à margem ou no alheamento da universidade. 

Todos eles, de certa forma, não estavam pensando em converter o Brasil num êmulo dos principais países desenvolvidos em suas épocas respectivas, mas apenas em estabelecer as condições de base pelas quais esses países se tornaram desenvolvidos em mérito próprio. 

4. Back to basics: para evitar o afundamento completo da educação brasileira

A educação brasileira vem sendo “afundada” devido a uma combinação involuntária de fatores perversos que ultrapassam a capacidade da universidade de corrigi-los, mas aos quais ela não deveria estar alheia, uma vez que a degradação do ensino básico vem se refletindo cada vez mais na mediocrização da graduação universitária, com possível contaminação dos cursos de pós.

Quando a universidade não se posiciona claramente contra deformações evidentes dos ciclos anteriores, ela contribui para essa deterioração geral dos padrões de ensino e pesquisa. Ao não reagir claramente contra regimes de cotas, contra a politização demagógica do primeiro ciclo  e a corporativização do segundo – como refletidos, por exemplo, no ensino obrigatório de estudos afrobrasileiros e de espanhol e na reserva de mercado abusiva que se pretende dar a sociólogos desempregados e a filósofos em disponibilidade –, a universidade sanciona a tendência declinante da educação pré-graduada e com isso compromete a qualidade dos seus próprios cursos. 

5. Uma “cadeia de montagem” de professores de português, matemáticas e ciências básicas

Se por milagre de uma combinação de políticas macroeconômicas virtuosas e de políticas setoriais focadas em externalidades positivas o Brasil despertasse para um ciclo de crescimento sustentado, o setor produtivo não poderia contar com quadros competentes na tarefa de elevar os padrões de produtividade a níveis de excelência. A carência educacional naquelas áreas que deveriam constituir o núcleo básico do ensino fundamental e médio é de tal forma gritante que seria impossível não pedir que a universidade se interesse pelo assunto. 

O futuro do Brasil está sendo comprometido pelo “afundamento” dos fundamentos. Seria relevante que a universidade se interessasse por isto também: língua pátria, raciocínio matemático e conhecimentos científicos elementares fazem parte do funil vergonhoso que hoje restringe a população universitária a uma fração mínima da população total. 

6. Competência, competição, administração técnica, avaliação independente e objetiva

A despeito de certos progressos, a universidade pública continua resistindo à meritocracia, à competição e à eficiência. Ela concede estabilidade no ponto de entrada, não como retribuição por serviços prestados ao longo do tempo, aferidos de modo objetivo. Ela premia a dedicação exclusiva, como se ela fosse o critério definidor da excelência na pesquisa, ou como se ela fosse de fato exclusiva. Ela tende a coibir a “osmose” com o setor privado, mas parece fechar os olhos à promiscuidade com grupos político-partidários ou com movimentos ditos sociais. Ela pretende à autonomia operacional, mas gostaria de dispor de orçamentos elásticos, cujo aprovisionamento fosse assegurado de maneira automática pelos poderes públicos. Ela aspira à eficiência na gestão, mas insiste em escolher os seus próprios dirigentes, numa espécie de conluio democratista que conspira contra a própria ideia de eficiência e de administração por resultados. Ela diz privilegiar o mérito e a competência individual, mas acaba deslizando para um socialismo de guilda, quando não resvalando num corporativismo exacerbado. 

Com todos os desvios acumulados ao longo dos anos, a universidade pública tornou-se parte do problema do desenvolvimento nacional, sem necessariamente apresentar-se como parte da solução desse problema. O problema básico do país não se situa na universidade pública, e sim no ciclo universal de ensino, mas a universidade não tem feito o suficiente para diagnosticar o problema e encaminhá-lo de forma satisfatória. Ela poderia dizer, por exemplo, que o sistema nacional de ensino requer um pouco menos de pedagogos no MEC e mais administradores nas escolas, sensatos, dotados de ideias simples como boa gestão e fixação de metas para os resultados escolares. 

7. O estatismo está estrangulando a economia, with a little help from the university... 

Independentemente do fomento à pesquisa, dos fundos setoriais e de todas as demandas por financiamento público às suas atividades, a universidade possui entranhado em seu DNA um estatismo secular e renitente, o que seria compreensível em vista do papel cumprido no passado em favor do desenvolvimento nacional pelo Estado brasileiro, se essa característica não tivesse, hoje, efeitos nefastos sobre o crescimento econômico. 

Vários estudos empíricos já demonstraram a existência de uma correlação negativa entre os níveis de gastos governamentais e a taxa de crescimento econômico. As evidências são tão óbvias que o tema não merece maiores desenvolvimentos a não ser a remissão à bibliografia pertinente. Bastaria agregar que a universidade, com as poucas exceções de alguns departamentos de economia, também tem falhado em demonstrar que o Estado brasileiro converteu-se de antigo promotor em atual obstrutor, de fato, do processo de desenvolvimento, aspecto geralmente negligenciado na maior parte dos estudos acadêmicos.

Das quatro condições gerais que podem facilitar, estimular ou permitir a manutenção de um ritmo de crescimento sustentado, base inquestionável de um processo de desenvolvimento econômico e social, com transformação tecnológica e redistribuição social de seus benefícios – que são, respectivamente, (a) uma macroeconomia estável; (b) uma microeconomia competitiva; (c) alta qualidade dos recursos humanos e (d) abertura ao comércio exterior e aos investimentos diretos estrangeiros –, a universidade pode atuar diretamente no bom desempenho das tarefas de formação e aperfeiçoamento dos recursos humanos, e secundariamente em todos os demais fatores. Não me parece que ela o venha fazendo de modo consistente, pelo menos não no ritmo e com a intensidade desejados. 

Nunca é tarde para que a universidade retifique algumas tendências ao autismo acadêmico e participe de modo mais afirmado dos diagnósticos e soluções aos mais graves problemas brasileiros de desenvolvimento. Ela já o fez no passado, pelo menos de modo parcial, e pode certamente voltar a dar sua contribuição na presente fase de impasses e de lento estrangulamento do processo de crescimento econômico. Esperemos que ela o faça, para o seu próprio bem...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

UFRJ: dando trotes no Portugueis de araque...

O GLOBO (EMAIL·TWITTER)
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Atualizado:

O comunicado oficial da UFRJ enviado por e-mail aos alunos tem erros como ‘sugeitos’ e ‘indígnos’
Foto: Reprodução
O comunicado oficial da UFRJ enviado por e-mail aos alunos tem erros como ‘sugeitos’ e ‘indígnos’ Reprodução
RIO — Um comunicado oficial emitido pela UFRJ na tarde desta terça-feira (18) virou motivo de chacota entre estudantes nas redes sociais. Isso porque, no texto enviado por e-mail aos alunos, há erros graves de grafia e acentuação, como “sugeitos” e “indígno”, além de desvios de concordância verbal e nominal nos trechos “aquele que a promovem” e “às penalidade”, como antecipou o blog da coluna Gente Boa.
O texto é assinado pela “SUPERAR - Sperintendência (sic) de Acesso e Registro - PR-1/UFRJ” e informa sobre a proibição de trotes vexatórios e humilhantes. O comunicado virou alvo de comentários irônicos no grupo de Facebook formado por alunos do Centro de Tecnologia da UFRJ. Um estudante chegou a duvidar da autenticidade do aviso: “Isso não pode ser sério. Tem muito erro”, postou ele. Outra aluna escreveu a palavra “sugeitos” acompanhada da foto de um menino com a mão no coração e a frase “Ai meu corassaum”.
Em outra foto postada, o professor de língua portuguesa Paquale Cipro Neto aparece com uma cara de reprovação. Um universitário fez um trocadilho com a sigla da Superintendência de Acesso e Registro, escrevendo que “dessa vez eles se SUPERARAM”. Horas depois de o e-mail original ter sido recebido, já na madrugada desta quarta a UFRJ enviou um novo comunicado, com o texto corrigido.
Procurada pelo GLOBO para comentar o caso, a UFRJ informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o e-mail foi disparado por engano, antes de o servidor responsável conferir a redação do texto. Segundo a nota enviada, "logo depois do disparo, o informe foi disparado com as devidas correções".
Ainda de acordo com a nota, a UFRJ aproveita para reforçar o compromisso da reitoria em alertar para a prática dos trotes vexatórios na universidade. Os estudantes que se sentirem intimidados a participar de alguma prática podem entrar em contato com a ouvidoria, no site www.ouvidoria.ufrj.br.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/comunicado-da-ufrj-com-erros-como-sugeitos-vira-piada-na-web-11651585#ixzz2tqUwZ5AK 
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quinta-feira, 23 de maio de 2013

A (des)universidade brasileira afunda no anacronismo e na mediocridade

Se eu fosse o Nelson Rodrigues -- um escritor que não tinha medo de chocar e de ser politicamente incorreto -- eu diria que essa questão foi feita por uma militante feminista, mal amada e com desejos de vingança sobre os homens, sobre todos os homens.
Como eu não sou, apenas direi que os formuladores dessa questão não são historiadores, e sim seres patéticos, anacrônicos, absolutamente ridículos nessa transposição de conceitos e temáticas contemporâneas para a Idade Média.
Depois da raiva, ou da estupefação, segundo os casos, vem a confurmação de que, realmente, a universidade brasileira vai afundar no pântano da vastíssima ignorância e da estupidez deliberada, desejada, buscada (e conseguida) de grande parte de seus "profeççoris" de desumanidades.
É para rir ou para chorar?
Paulo Roberto de Almeida

Comentário recebido:

"Olá, Paulo.
O comentário (meio longo) que farei abaixo está fora do tópico. Caso queira, descarte.

Depois de me aposentar no TRE-Xxxxxx e vir morar em [bonita capital do Sul maravilha], decidi prestar concurso para professor de História/História Antiga e Medieval, na UFXX.

Minha formação correspondia aos pre-requisitos exigidos para o certame, é claro. Mas o surpreendente - no sentido negativo do termo - foi o tema de um dos dois tópicos sorteados para a prova escrita. Era ele: "Vida doméstica, relações de gênero e sexualidade no mundo antigo".

É claro que quando vi esse tópico na lista dos 17 listados, eu achei ridículo. Mas quando ele foi sorteado, eu não me contive e abri a minha prova escrita com o seguinte comentário: já imaginaram Sócrates, ou um alto funcionário do Egito Antigo ou mesmo um centurião romano discutindo a relação com sua querida companheira helênica, egípcia ou romana?

É inacreditável: aplicam-se conceitos do séc. XIX (sexualidade é um conceito freudiano, como todo mundo civilizado sabe) ou do ideológico e literário século XX (relações de gênero) numa prova para professores de História Antiga e Medieval.

E, aliás, apesar de se tratar de professor de História Antiga e Medieval, todos os 17 tópicos versaram sobre História Antiga (ou, como você pode comprovar, sobre um arremedo medonho e pós-moderno de História Antiga).

Esta é a universidade federal brasileira, na modalidade "Ciências Humanas" que se vê hoje.

O resultado da prova escrita sai amanhã. Seja ele qual for, eu me considero uma lamentável perdedora.

O Brasil é um país de miercoles."

Minha solidariedade, e o registro aqui, que serve como protesto e denúncia. Os, ou as, energúmen@s que prepararam a prova saberão que é deles, ou delas mesmo que estou falando.
Posso até apostar que, sob o anacronismo gritante da questão, se esconde uma combinação das mais fraudulentas para atribuir a vaga para alguém previamente escolhid@.
Essa patifaria é hoje a universidade brasileira no que antes se chamava Humanidades, e que se converteu hoje numa ação entre boçais da mesma tribo ideológica.
Paulo Roberto de Almeida

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COMPLEMENTO: 


Paulo,

fiquei muito feliz com suas palavras. Sem querer ser piegas - mas já sendo - creio que um diplomata de verdade tem, entre outras funções de muita dignidade - defender os cidadãos brasileiros que estejam em situação de ameaça e risco. Talvez eu esteja atribuindo valores muito românticos e glamourosos à vocação a que você ouviu o chamado.

De qualquer maneira, Paulo, eu me senti defendida e acolhida com a sua corajosa solidariedade.

Quem tem o reconhecimento e o apreço de uma pessoa especial como você, é claro que não precisa ser aprovada em nenhum certame, principalmente do tipo destes incertos no quesito lisura.

Só mais um detalhe: é claro que não consegui os 70 pontos necessários na prova escrita. Sabe que no atual contexto universitário brasileiro eu estou me sentindo honrada com a reprovação?

Copiei do edital da UFXX para todas as áreas do "conhecimento" o trecho do edital para professor de História Antiga e Medieval. Veja os tópicos 5 e 7, por favor. Observe que o de número 5 (o outro tópico que foi sorteado) eles escreveram "circulação" e tascaram um ponto final. Circulação de quê, caras pálidas? Circulação de ar? Se for, isto prova que eles são, na melhor das hipóteses, uns cabeças de vento. Isto se não forem cabeças de camarão.

14.1.9.4 – Departamento de História

14.1.9.4.1 – Área/Subárea de Conhecimento: História/História Antiga e Medieval: 1) História Antiga: conceito e periodização; 2) Mito e ritual no mundo Antigo; 3) Artes e pensamento no mundo Antigo; 4) Trocas culturais no mundo Antigo; 5) Trocas econômicas e circulação na Antiguidade; 6) Crenças e vida religiosa no mundo antigo; 7) Vida doméstica, relações de gênero e sexualidade na Antiguidade; 8) Trabalho e produção no mundo antigo; 9) Poder e Lei na Antiguidade; 10) Formas de Organização Política no mundo antigo; 11) Metodologias de pesquisa e produção do conhecimento na Antiguidade; 12) Historiografia e modelos interpretativos sobre a Antiguidade; 13) Fontes e documentos para o estudo da História Antiga; 14) "Ocidente" e "Oriente" nos estudos sobre o mundo antigo; 15) O mundo antigo no ensino de história; 16) Conceitos de tempo e história no mundo antigo; 17) Cultura material: pesquisa e interpretação.