O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador eleições 2022. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eleições 2022. Mostrar todas as postagens

domingo, 30 de outubro de 2022

Pequena reflexão sociológica sobre o Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Pequena reflexão sociológica sobre o Brasil

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Nota sobre a escolha eleitoral que deveremos fazer nesta data.

 

 

Segundo Ludwig von Mises, o capitalismo é uma espécie de ditadura do consumidor: gostou do produto, pela qualidade-preço, continua comprando, do contrário simplesmente o rejeita.

Na democracia, é o eleitor que é o ditador circunstancial e momentâneo, e toma a mesma atitude do consumidor: aprova ou rejeita o “produto” oferecido. 

Temos essa oportunidade hoje, de exercer esse poder temporário.

O Brasil me parece ser um país ainda capitalista, mas há controvérsias. Eu, na verdade, o prefiro bem mais capitalista, ou seja, com ampla liberdade para escolher o que vou consumir.

Você está contente com o que lhe foi oferecido nos últimos quatro anos?

Acho que foi bom, está bem, pretende continuar assim? Acredita que o Brasil melhorou, ficou mais alegre e confiante?

Pretende renovar sua confiança no atual produto ou quer experimentar outra coisa?

Este é o seu dia consumidor-eleitor: pense, compare, exerça o se fugaz direito de ser um pequeno ditador de sua própria vida e do destino do país em que vive.

Eu já pensei, segui o itinerário do país nestes quatro anos e conclui que o “capitalista” de plantão é um total inepto, nada do que fez melhorou minha vida ou a do país: democracia, bem-estar, meio ambiente, civilidade, atenção aos mais pobres, respeito pela vida humana.

Olhando objetivamente constato que ficamos menos solidários, destruimos o meio ambiente, deixamos crianças passar fome, a educação se deteriorou, a civilidade diminuiu, a dignidade da vida humana deixou de ser respeitada.

O Brasil ficou mais dividido do que jamais o foi, e não creio que se possa construir uma nação com base em fraturas de tal magnitude.

Dotado desse poder que me é conferido momentaneamente pelo nosso ainda frágil capitalismo-democrático, pretendo trocar de produto e o faço conscientemente.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4261: 31 outubro 2022, 1 p.


 

 

sábado, 29 de outubro de 2022

Retomando nossa triste história “republicana” - Paulo Roberto de Almeida

Retomando nossa triste história “republicana”

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Nota sobre o domínio oligárquico das eleições no Brasil.

 

 

(Mas que não se pense que eu sou monarquista; apenas indiretamente, por ser parlamentarista racional, ou seja, sem qualquer ilusão.)

Este sábado, véspera do 2o. turno mais decisivo dos últimos 130 anos, promete ser o mais desagradável desta campanha, de todas as campanhas da República, talvez desde 1910, quando Rui Barbosa teve de enfrentar a mula fardada do Marechal Hermes da Fonseca. 

A Comissão de Verificação, que era quem decidia as eleições na República velha, já tinha resolvido a questão: Rui não podia ganhar, não podia ser eleito! 

Aliás, nem em 1919 ele foi “autorizado” a ganhar, enfrentando um “adversário” escolhido a dedo pelas oligarquias, que sequer fez campanha e nem no Brasil se encontrava: Epitácio Pessoa foi escolhido pelas oligarquias na morte (por gripe “espanhola”) do presidente eleito quando já estava a caminho das negociações de paz de Paris, nem programa apresentou, enquanto Rui, repetindo 1910, fazia campanha no estilo tradicional, expondo suas ideias ao grande público. Nada disso adiantou: as “elites” já tinham escolhido o seu candidato.

No Brasil atual, as “elites” econômicas também parecem ter escolhido o seu.

As elites intelectuais também fizeram a sua escolha, muito por exclusão da antidemocracia e da desumanidade.

Vamos ver se o Brasil vai voltar para a República velha, ou olhar para a frente.

Por acaso lembro agora da frase de Gilberto Amado: “Na Velha República, as eleições eram falsas, mas a representação era verdadeira.”

Se vivo fosse, hoje, talvez preferisse dizer: “Na Nova República, as eleições são perfeitamente verdadeiras, mas a representação é infelizmente falsa.”

Se a falsidade vencer, abandono a atualidade e retornarei a cuidar dos meus “clássicos revisitados”, de um passado já distante. Sugestões não faltam: Erasmo, Thomas Morus, Montaigne, Swift, Campanella, o patriota Niccolò, Tocqueville e muitos outros…

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4259: 29 outubro 2022, 2 p.


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Eleições 2022: Lula y la política exterior de Brasil - Patricio Carmody (La Nacion)

 La Nación, Buenos Aires – 7.10.2022

Lula y la política exterior de Brasil

Patricio Carmody

 

La política exterior de Brasil nunca ha sido de importancia secundaria en la vida pública de ese país. Tampoco ha tenido nunca un sentido meramente ornamental, sino, en general, un carácter funcional y utilitario. Ha estado regularmente orientada hacia los asuntos comerciales y al servicio del desarrollo nacional. Así lo atestiguan la “diplomacia del café” de principios del siglo XX, como también la ambición del presidente Luiz Inacio Lula da Silva de “cambiar el mapa del comercio internacional” a principios del siglo XXI. Para ello, se han seguido dos grandes estrategias, en apariencia opuestas, pero complementarias en el tiempo: el alineamiento con los Estados Unidos y la “política exterior independiente”.

El alineamiento con EE.UU. fue la doctrina del fundador de la diplomacia brasileña, José Paranhos, el barón de Rio Branco. Asumió como canciller en 1902, y estableció las bases de la política externa de Brasil, que se mantuvieron prácticamente hasta los años sesenta. Preocupado por las tendencias imperialistas europeas con respecto a la Amazonia, implementó una estrategia de estrecha alianza informal con los EE.UU. Paranhos aspiraba a que Brasil ejerciera un rol estabilizador y hegemónico en América del Sur, similar al que desempeñaba EE.UU. en el norte, pero en forma pacífica y sin intervenciones militares. Más tarde, Osvaldo Aranha, canciller de Getulio Vargas durante los años 1938 y 1944, afirmaría que esa doctrina consistía en el constante apoyo de Brasil a EE.UU. en las cuestiones mundiales, que en contrapartida, resultaría en el respaldo de EE.UU. al desarrollo de la economía y de los intereses brasileños en América del Sur.

La “política exterior independiente” fue diseñada por otros eximios diplomáticos brasileños: Alfonso Arinhos y San Tiago Dantas (1961-1964), y fue precursora de la adoptada por Antonio Azeredo da Silveira: el “pragmatismo responsable” (1974-1979). La primera estaría, por definición, opuesta al “alineamiento automático” con EE.UU. y procuraría diversificar las relaciones diplomáticas para ampliar los espacios de autonomía. Para ello, se trabajó en aproximarse a los países africanos y asiáticos, en pleno proceso de descolonización, y se restablecieron las relaciones diplomáticas con la Unión Soviética. Por su parte, Azeredo da Silveira implementó también una política externa más universal, de tipo autonomista, y sin temer confrontar con EE.UU. si los intereses nacionales estaban en juego. Así, se adoptó una posición más balanceada frente al conflicto este-oeste y se buscó un mayor acercamiento a Asia, África y América Latina.

Más recientemente, Jair Bolsonaro (2019-2022) optó por una alianza con EE.UU., aunque con componentes ideológicos demasiado similares a los del gobierno Trump, que luego dificultaron la relación con el gobierno demócrata de Joe BidenA nivel global, al oponerse a la lucha contra el cambio climático y permitir una más agresiva deforestación, Brasilia perdió el liderazgo ejercido en esta campo, con el que había evitado cualquier proyecto de internacionalización de la Amazonia. A nivel birregional, su conducta en lo ambiental, más los roces personales con el presidente francés, Emmanuel Macron, llevaron a crear excelentes excusas para que la Unión Europea (UE) –y en particular Francia– no ratificara/consolidara el acuerdo Mercosur-UE.

Con una potencial vuelta de Lula a la presidencia, podríamos esperar una política exterior de carácter independiente, con elementos de sus gobiernos anteriores (2003-2011), pero atenta a la confrontación entre EE.UU. y China. Se ha expresado la voluntad de no confrontar y colaborar con el resto del planeta. Que Brasil “no tendrá ninguna clase de disputa con otras naciones, y no las vamos a crear”. En cuanto a EE.UU., Lula ha dicho: “Es un socio muy importante para nosotros, pero queremos pedir que nos respete”. No se lo trataría de forma secundaria y se procuraría renovar la relación política, científica, empresarial e incluso militar. A partir de esta relación, se determinaría la naturaleza de los lazos con China, con quien es socio en los Brics. A nivel regional, Lula ha expresado que quiere cerrar el acuerdo Mercosur-UE en 6 meses, pero teniendo en cuenta la necesidad de Brasil de volver a industrializarse. A su vez, reconoce que el Mercosur debería adicionar cláusulas sobre la protección ambiental, ya que este acuerdo está trabado en Europa por temor a la destrucción del Amazonas. 


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Eleições 2022: contribuição para uma campanha antifascista - Marcos Rolim (Sul 21)

 

Sul 21

Opinião
|
5 de outubro de 2022
|
20:54

Contribuição para uma campanha antifascista (por Marcos Rolim) 

Marcos Rolim (*)

Após os resultados eleitorais do 1º turno, as pessoas com um mínimo de noção perceberam que havia algo muito assustador ali. Não porque a possível vitória de Lula no 1º turno não veio, mas porque os votos alcançados pela extrema-direita sinalizaram que teremos uma disputa acirradíssima pela frente e que os riscos são enormes. Diante dessa realidade, houve rapidamente a produção de conteúdos com a tese do “copo cheio”. Passou-se a repetir que, sim, a extrema-direita demonstrou força, mas a votação de Lula foi extraordinária, há uma vantagem de 6 milhões de votos e a esquerda cresceu no Parlamento, elegendo também bancadas mais diversas etc. O sentido da percepção do “copo cheio” é inequívoco: apesar dos pesares, estamos no caminho certo e a vitória virá, com certeza, algo que situa o 2º turno como uma “prorrogação”, para usar a expressão de Lula, o que é o mantra para não mudar os rumos da campanha. No mesmo sentido, muitas das lideranças da esquerda passaram a repetir discursos na base do “vamo-que-vamo”, parecendo mais torcedores do que dirigentes. Essa condução tende a se manter na medida em que as pesquisas indiquem vantagem para Lula, mas penso que esse caminho é o que agrega os maiores riscos e que, pelo contrário, a frente democrática precisa fazer uma campanha muito diferente no 2º turno, porque estamos diante de uma ofensiva bolsonarista que poderá, inclusive, virar votos dados a Lula pela ativação do antipetismo. 

Uma mudança a ser assegurada é a necessidade de politizar a disputa com propostas de reformas, que tenham o efeito de demarcação e que permitam que Lula passe à ofensiva. Um dos problemas até agora é que a campanha de Lula não foi centrada em propostas. Tudo se passa como se ele, Lula, fosse a proposta. Cada um pode lembrar de um compromisso ou outro mencionado, mas não há propostas centrais para repetir todo o tempo e para que todos saibam do que se trata. Isso não foi construído, porque Lula deu atenção prioritária aos acordos políticos e à busca de alianças, de uma forma tal que a campanha foi sendo construída “por cima”, por dentro das instituições tradicionais, sem uma estratégia de mobilização por reformas. 

Enquanto isso, Bolsonaro trabalha “por baixo” amalgamando sua militância em torno de uma pauta simples e manipulatória, via redes sociais e aplicativos, mas muito eficiente. A síntese é a tríade criada pelo Integralismo brasileiro “Deus, Pátria e Família” que se dissemina em um magma de significados onde a esquerda é acusada de “não ser cristã”, “não ser patriota” e querer “o fim da família”. Não há qualquer efeito em assinalar que o lema é fascista e desprezar ou xingar eleitores de Bolsonaro só cristaliza suas posições.

O fato é que, com a estrutura imagética criada, o fascismo foi ampliando seus espaços e ganhando o apoio de eleitores que não são, em sua ampla maioria, fascistas, mas que compartilham valores conservadores e autoritários e que foram radicalizados por um discurso de ódio que tem anos de acúmulo e que tem se valido dos recursos mais avançados da tecnologia de informação manipulada pela far-right mundial. Bolsonaro é tosco, mas o bolsonarismo é uma estratégia sofisticadíssima de guerra cultural. 

Em síntese, o bolsonarismo conquistou uma hegemonia, no sentido gramsciano, sobre a direita, o que levou ao quase desaparecimento do centro democrático no Brasil. É preciso compreender que esse resultado foi facilitado pela ausência de uma plataforma de valores contraposta pela esquerda e por ambiguidades e silêncios persistentes em torno dos seus próprios erros.

Uma parte expressiva da votação de Lula no 1º turno sequer se deu em torno de expectativas programáticas sobre seu governo, sendo expressão do compreensível e legítimo pavor diante da hipótese da reeleição de Bolsonaro, o que se traduz também por um baixo engajamento militante e por uma “paixão fria”. Não é por acaso, aliás, que Bolsonaro tenha realizado mobilizações muito mais amplas que a esquerda nos últimos anos e tampouco se pode explicar o fenômeno pela presença de incentivos como o financiamento de grandes empresários. Há um engajamento político-ideológico nas mobilizações de rua do bolsonarismo que traduz uma adesão mais profunda. 

Nesse quadro, adesões de personalidades e apoios de entidades e grupos a Lula têm o seu papel, mas não produzirão o ambiente necessário para a derrota do fascismo. Aqui, o tema mais complicado é como enfrentar as acusações de corrupção e as peças de campanha da extrema-direita que com fakes news, montagens e outros artifícios, tentam identificar Lula com o crime.  Primeiro, é preciso romper a ambiguidade sobre o tema e ressaltar que todos os governos, nos diversos países, mesmo os mais evoluídos, apresentam casos de corrupção, mas, no Brasil, há uma corrupção endêmica e estrutural e uma forte noção de impunidade disseminada socialmente. Essa bandeira segue nas mãos da extrema-direita, o que é também resultado da opção equivocada de não tratar o tema ou mesmo considerá-lo um “falso problema”, expressão de manipulação midiática. Em verdade, a corrupção é uma praga e enfrentá-la é um dos maiores desafios civilizatórios no Brasil. 

Ato contínuo, Lula deveria apresentar propostas claras anticorrupção, promovendo um fato de alto poder simbólico que poderia ser, por exemplo, o anúncio de alguém com a estatura de Joaquim Barbosa como futuro ministro da Justiça. Barbosa foi duro nos processos do mensalão que condenaram lideranças do PT. Sua indicação para um posto destacado no governo Lula caracterizaria a proposta de um governo de salvação nacional – porque é disso que se trata, expressão de uma frente democrática e não de um “governo do PT”. 

Esse movimento permitiria que a campanha abordasse com mais propriedade temas como a indicação para a Procuradoria Geral da República (PGR). Quando perguntado a respeito, na entrevista ao Jornal Nacional, Lula preferiu não se comprometer sequer com a escolha via lista tríplice. Deveria anunciar que seu governo elaborará uma PEC para que a indicação à PGR seja, necessariamente, feita a partir de lista tríplice, critério respeitado por ele e por Dilma e ignorado por Bolsonaro. Lula deveria se comprometer com a ideia de que decisões pelo arquivamento de denúncias feitas pela PGR fossem examinadas por instância revisora, a exemplo das Procuradorias de Justiça nos Estados. Poderia anunciar que enviará projeto de lei ao Congresso proibindo a compra de bens acima de um determinado valor com dinheiro em espécie e anunciar a constituição de um “Conselho Nacional de Promoção da Integridade” formado por figuras sem filiação partidária, reconhecida idoneidade moral e notável conhecimento, encarregado de formular uma política para a promoção de condutas éticas no serviço público. Sem propostas contra a corrupção – esse é o ponto, Lula seguirá na defensiva, explicando que é inocente e relatando o que seus governos fizeram, o que não exigirá deslocamento no discurso de Bolsonaro.  

Ao mesmo tempo, a campanha deve definir como sua maior prioridade a qualificação do Ensino fundamental no Brasil ao invés de se referir apenas às universidades. Nesse tema, o Governo Federal pode atuar em auxílio aos gestores estaduais e municipais, fixando parâmetros de avaliação, viabilizando uma revolução tecnológica nas escolas e enfrentando o déficit educacional agravado por dois anos de pandemia que compromete o futuro de uma geração. 

É preciso também propostas para se comunicar com públicos específicos. Por exemplo, as polícias brasileiras, onde a adesão a Bolsonaro é muito ampla. O que, de fato, Bolsonaro está assegurando aos policiais? A resposta é: nada desde uma perspectiva material, mas muito em termos simbólicos. Ele é quem, afinal, aparece como um “defensor dos policiais” diante de uma tradição da esquerda de estranhamento diante das polícias e de denúncias das arbitrariedades e abusos cometidos por elas. Bem, o que Lula poderia assegurar aos policiais em uma perspectiva republicana? Muitas coisas, a começar pelo compromisso em favor da mudança no modelo de polícia, sustentando, entre outros pontos, a introdução da carreira única em cada instituição. Ou seja, fazer com que valha no Brasil a regra de todas as polícias do mundo: uma só porta de entrada em cada polícia (e não duas, como temos hoje, uma para os que devem mandar, outra para os que devem obedecer), o que asseguraria aos policiais uma carreira de verdade em que todos os chefes de polícia e comandantes gerais um dia tenham sido agentes ou patrulheiros. As cúpulas policiais não apoiam essa proposta, mas a base das polícias apoia e teria nela uma reforma capaz de mudar suas vidas. Um detalhe, Bolsonaro não tem a menor condição de propor algo do tipo. Com essa proposta, se teria algo muito concreto para fazer campanha nas corporações onde cada voto conquistado vale dois. O mesmo raciocínio vale para muitas outras áreas onde se necessita, urgentemente, de um discurso propositivo.   

A radicalização da disputa integra a estratégia de ruptura com a democracia desejada por Bolsonaro. Sem uma plataforma de reformas pelas quais se deva lutar, a disputa eleitoral tende a ser mais agressiva e pessoalizada e os espaços de racionalidade se tornarão cada vez mais rarefeitos. A saída diante do fascismo exige, em síntese, criação política para a mobilização nacional. 

(*) Marcos Rolim é Doutor e mestre em Sociologia e jornalista. Autor, entre outros, de “A Formação de Jovens Violentos: estudo sobre a etiologia da violência extrema” (Appris, 2016).

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

Eleições 2022: comportamento do brasileiro - E se for isto?! - Ivann Lago

 E se for isto?!

Ivann Lago

Professor e Doutor em Sociologia Política

“O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro. Capitão do Exército expulso da corporação por organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.

Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.

Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.

Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.

No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência... em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.

Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.

O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.

O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.

Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais.

Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. (...)

Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.

Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.

Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.

Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.

O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional. É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.

Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.

O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício. 

Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo?”

sábado, 1 de outubro de 2022

Sobre o verdadeiro sentido (involuntário) das próximas eleições - Paulo Roberto de Almeida

Sobre o verdadeiro sentido (involuntário) das próximas eleições

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Nota sobre o voto negativo – dos dois lados – que os eleitores serão obrigados a escolher um deles contra o outro.

  

Um fato simplório a ser registrado, neste domingo 2/10/2022: as eleitoras e eleitores brasileiros NÃO estarão votando, desta vez, num programa propositivo para o futuro do país, pois que passamos longe de debates apresentando propostas pertinentes sobre o que desejamos na vida da nação e para nós próprios.

A verdade é que estaremos, em grande medida, apenas rejeitando a má escolha que fizemos no passado recente. 

Mas, o fato é que nem em 2018 o fizemos, pois que também estávamos rejeitando erros anteriores que ameaçavam se repetir.

Quando é que começaremos a deixar de rejeitar nossos próprios erros, para adentrar num esforço sério de escolha de programas alternativos baseados em propostas objetivas de políticas públicas?

A verdade, mais uma vez, é que isso é quase impossível, pois que somos reféns de caciques oportunistas de um estamento político predatório que já detém as rédeas do poder e do dinheiro, e que domina os mecanismos de auto-reprodução e de eternização nas altas instâncias do Estado, com um ou outro aventureiro — geralmente populista e demagogo — se apossando eventualmente dos cargos abertos à competição eleitoral.

A razão de sermos reincidentes nas más escolhas eleitorais é a mesma de ainda continuarmos a ser um país insuficientemente desenvolvido, com muitas desigualdades sociais, e de mantermos ainda milhões de pobres e de miseráveis, 200 anos depois de termos assumido o comando da antiga colônia de exploração: um país de elites em geral medíocres e egoístas, que descuraram completamente o principal componente de uma nação desenvolvida: um povo minimamente educado, capaz de aumentar a participação do capital humano no aproveitamento dos fabulosos recursos naturais que herdamos pelos acasos da história e da geografia. 

Enquanto não tivermos um povo educado continuaremos a ser vítimas desses aventureiros e oportunistas políticos, tentando regularmente nos desfazer das más escolhas nos escrutínios eleitorais. 

Tentei refletir sobre alguns dos projetos de construção da nação formulados por duas dezenas de estadistas do pensamento no meu mais recente livro publicado. 

Uma conclusão possível, aliás repetida diversas vezes por um dos construtores frustrados da nação, que foi Roberto Campos: “O Brasil é um país que não perde oportunidades de perder oportunidades”.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4246: 1 outubro 2022, 2 p.


 

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O Wilson Center se pronuncia sobre as eleições no Brasil - Anya Prusa (Wilson Center)

WILSON CENTER weekly report: 

 


quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O voto presidencial e a escolha do menos ruim - Marcelo Sarsur (Twitter)

 Uma linha interessante no Twitter: 

Marcelo Sarsur 

@msarsur

 

O VOTO PRESIDENCIAL E A ESCOLHA DO MENOS RUIM 

Nassim Taleb, um dos maiores pensadores da atualidade, demonstra como os intolerantes, e não os tolerantes, tendem a vencer as disputas em que participam. Ele ilustra esse fato com uma alegoria instrutiva. 1/

Translate Tweet

12:04 PM · Sep 28, 2022·Twitter for Android

 

Se 4 pessoas querem sair para jantar, mas uma delas é alérgica a camarões e outra é vegetariana, pode saber que o restaurante escolhido será vegetariano - e que os pratos não terão frutos do mar. Os que têm gostos mais restritivos, de fato, impõem sua escolha aos demais. 2/


Isso explica muito da escolha dos candidatos presidenciais, e de como chegamos na situação dessa semana. 2 grupos de eleitores são intolerantes: um quer o seu painho, e nele não veem defeitos; o outro quer o seu Mito, e também fazem força para ignorar o que ele tem de errado. 3/


Só que, aqui, os seguidores de São Luís Inácio saem em vantagem, porque pelo menos 52% dos brasileiros já não aguentam mais Bolsonaro e sua combinação tóxica de machismo, homofobia, incompetência, corrupção, apadrinhamento, apropriação sobre a coisa pública e covardia. 4/


A matemática é implacável. Se 52% rejeitam Bolsonaro e nesses 30 a 33% só aceitam Lula, isso quer dizer que os 20% que rejeitam Bolsonaro só chegam a uma maioria se estiverem com os fanáticos da seita petista. Além disso, os 20% não chegam a um nome único para representá-los. 5/


A seita bolsonarista também tem 33% do eleitorado. O suficiente para rivalizar com os petistas e interditar outro nome contra o PT, mas muito longe do suficiente para ganhar a eleição. Podem tumultuar, podem tentar uma ruptura institucional, mas não irão longe com isso. 6/


Se os bolsonaristas querem achar culpado para sua situação, podem procurar o espelho mais próximo. Ou olhar para o falso messias que cultuam. Em situações normais, um Presidente que triplicasse a renda mínima ou que tivesse uma política sã durante a pandemia seria aclamado. 7/


Bolsonaro, no entanto, é Bolsonaro. E por sua personalidade tóxica, pela corrupção de baixo clero dele e dos filhos, pelas crenças delirantes e pelos apoiadores violentos, vai conseguir tripla façanha: ser o primeiro Presidente a não se reeleger; perder ainda no 1º turno; e 8/


Ressuscitar a carreira política do Lula, que já havia sido encerrada com a prisão. Será o segundo militar mais importante para a trajetória política do Lula, perdendo só para o Golbery, que inventou de elevar o sindicalista de São Bernardo a figura nacional, contra o Brizola. 9/


Tamanha é a nossa desgraça, causada pela eleição desse miserável em 2018 e por nossa falha coletiva em tirá-lo do cargo em 2020 ou 2021, que teremos que suportar a volta do petismo ao poder, mesmo sem saber o que isso implica de fato. E de modo desonesto. 10/


A campanha petista promete não um candidato, mas uma volta da prosperidade e da bonança. Algo que eles não podem prometer, mas apenas esperar. Um voto em Lula não é um voto no boom das commodities de 2003-2008. É um voto em outro alguém que não seja o Bolsonaro. 11/

 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Eleições 2022: Política externa: o que dizem os planos de governo dos candidatos à Presidência

Muito vago e sem tocar no essencial do momento: a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

 

Política externa: o que dizem os planos de governo dos candidatos à Presidência

Textos divulgados pelas campanhas dos quatro presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas mostram diferenças de abordagem nas relações internacionais; compare.

Por G1

25/09/2022

 


Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet — Foto: Carla Carniel/Reuters, Evaristo Sa/AFP e Andre Penner/AP

Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet — Foto: Carla Carniel/Reuters, Evaristo Sa/AFP e Andre Penner/AP 

A relação do Brasil com os outros países é um dos temas presentes nos planos de governo dos candidatos à presidência nas eleições de 2022. Confira o que cada um deles pretende fazer: 

 

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Em seu plano de governo, o candidato do PT diz pretender recuperar a soberania do Brasil, o que, segundo ele, exige uma política externa ativa e nobre. "O Brasil era um país soberano, respeitado no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, contribuía para o desenvolvimento dos países pobres, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia", afirma o documento. 

Lula acredita na integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe como formas de manter a segurança regional e de promover o desenvolvimento da região por conta das possíveis complementariedades produtivas das nações. 

"É [preciso] trabalhar pela construção de uma nova ordem global comprometida com o multilateralismo, o respeito à soberania das nações, a paz, a inclusão social e a sustentabilidade ambiental, que contemple as necessidades e os interesses dos países em desenvolvimento, com novas diretrizes para o comércio exterior, a integração comercial e as parcerias internacionais", diz o plano de governo. 

Entre as propostas de Lula, estão: 

  • Reconstruir a cooperação internacional Sul-Sul 18 com América Latina e África;
  • Defender a ampliação da participação do Brasil nos assentos dos organismos multilaterais;
  • Fortalecer novamente o Mercosul, a Unasul, a Celac e os Brics;
  • Retomar e ampliar as políticas públicas para a população brasileira no exterior e seus direitos de cidadania a partir de acordos bilaterais, em condições de reciprocidade, para reconhecimento de direitos e uma vida melhor para as populações migrantes;
  • Estabelecer livremente as parcerias que forem as melhores para o país, "sem submissão a quem quer que seja".

 

Jair Bolsonaro (PL)

Bolsonaro afirma, em seu plano de governo, que a nação buscará interações ainda maiores com países que tenham valores compatíveis com os do Brasil. Entre esses princípios, estão, segundo o candidato: ambiente democrático, como eleições livres e transparentes; liberdade de associação; de opinião e de imprensa; segurança jurídica; igualdade e respeito aos poderes constituídos e sua independência constitucional. 

O documento destaca o papel da capacidade das Forças Armadas, principalmente de Defesa, nas relações internacionais. "Além de alinhada com a política externa, deve servir de indutora para assuntos como domínio de tecnologia de ponta por meio de projetos estratégicos", afirma o plano de governo. 

Entre as propostas de Bolsonaro, estão: 

  • Participar de acordos e operações internacionais, notadamente aqueles que busquem a paz, como as missões patrocinadas pela ONU;
  • Ampliar e aperfeiçoar as parcerias econômicas, bilaterais ou multilaterais e viabilizar outras ainda mais ambiciosas;
  • Criar condições para atrair investimentos internacionais que auxiliem no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e no bem-estar social;
  • Buscar parcerias comerciais e tecnológicas com aquelas nações que ofereçam respostas às necessidades do país;
  • Ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Entrar na OCDE, segundo o candidato, trará uma série de benefício econômicos para o Brasil. "Essa adesão facilitará negócios porque ela é vista como selo de boas práticas políticas, econômicas e diplomáticas, garantindo segurança e estabilidade nas relações comerciais com outros países", diz o documento. 

Dentre as vantagens do ingresso na OCDE, está a possibilidade de estreitar acordos econômicos com nações que são mais desenvolvidas, além de integrar os acordos internacionais. Essa adesão facilitará negócios porque ela é vista como selo de boas práticas políticas, econômicas e diplomáticas, garantindo segurança e estabilidade nas relações comerciais com outros países. 

 

Ciro Gomes (PDT)

O plano de governo do candidato Ciro Gomes não menciona propostas referentes à diplomacia brasileiro ou às relações internacionais. O documento afirma apenas que "as negociações comerciais e diplomáticas seguirão dois princípios essenciais: a defesa dos interesses nacionais e a soberania do país". 

 

Simone Tebet (MDB)

Quando o assunto são as relações internacionais, o plano de governo da candidata do MDB à presidência tem como um dos principais intuitos melhorar a imagem do Brasil perante as outras nações. 

"Recuperar o prestígio da diplomacia brasileira nos diversos foros internacionais, intensificando a participação do país nos trabalhos das Nações Unidas, particularmente nos que se destinam a: (1) mitigar as mudanças climáticas; (2) promover o desenvolvimento sustentável; (3) garantir a paz e a segurança internacionais; (4) combater o tráfico de armas e de drogas, a corrupção, o terrorismo e a guerra cibernética, entre outras questões globais; e (5) reformar a Carta da ONU e ampliar seu Conselho de Segurança", afirma o documento. 

Entre as propostas de Tebet, estão: 

  • Revigorar a atuação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC);
  • Facilitar os fluxos bilaterais de pessoas, bens, serviços, investimentos e tecnologia;
  • Implementar redução gradual de tarifas aduaneiras;
  • Ampliar o grau de abertura comercial e de internacionalização da economia brasileira;
  • Promover a integração física e os investimentos em infraestrutura na América do Sul;
  • Consolidar e aprofundar o Mercosul;
  • Avançar no processo de acesso à OCDE.