Pequena reflexão sociológica sobre o Brasil
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Nota sobre a escolha eleitoral que deveremos fazer nesta data.
Segundo Ludwig von Mises, o capitalismo é uma espécie de ditadura do consumidor: gostou do produto, pela qualidade-preço, continua comprando, do contrário simplesmente o rejeita.
Na democracia, é o eleitor que é o ditador circunstancial e momentâneo, e toma a mesma atitude do consumidor: aprova ou rejeita o “produto” oferecido.
Temos essa oportunidade hoje, de exercer esse poder temporário.
O Brasil me parece ser um país ainda capitalista, mas há controvérsias. Eu, na verdade, o prefiro bem mais capitalista, ou seja, com ampla liberdade para escolher o que vou consumir.
Você está contente com o que lhe foi oferecido nos últimos quatro anos?
Acho que foi bom, está bem, pretende continuar assim? Acredita que o Brasil melhorou, ficou mais alegre e confiante?
Pretende renovar sua confiança no atual produto ou quer experimentar outra coisa?
Este é o seu dia consumidor-eleitor: pense, compare, exerça o se fugaz direito de ser um pequeno ditador de sua própria vida e do destino do país em que vive.
Eu já pensei, segui o itinerário do país nestes quatro anos e conclui que o “capitalista” de plantão é um total inepto, nada do que fez melhorou minha vida ou a do país: democracia, bem-estar, meio ambiente, civilidade, atenção aos mais pobres, respeito pela vida humana.
Olhando objetivamente constato que ficamos menos solidários, destruimos o meio ambiente, deixamos crianças passar fome, a educação se deteriorou, a civilidade diminuiu, a dignidade da vida humana deixou de ser respeitada.
O Brasil ficou mais dividido do que jamais o foi, e não creio que se possa construir uma nação com base em fraturas de tal magnitude.
Dotado desse poder que me é conferido momentaneamente pelo nosso ainda frágil capitalismo-democrático, pretendo trocar de produto e o faço conscientemente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4261: 31 outubro 2022, 1 p.