O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.
Mostrando postagens com marcador embaixador Marcos Azambuja. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador embaixador Marcos Azambuja. Mostrar todas as postagens

domingo, 14 de dezembro de 2025

'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia - Elio Gaspari (FSP)

 Itamaraty

 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia

Embaixador foi um grande contador de histórias, engraçado, irreverente e até picante

Azambuja fala mais de suas ideias e das ideias dos outros

Elio Gaspari, Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada"

Folha de S. Paulo. 14/12/2025

O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) acaba de publicar "Memórias", do embaixador Marcos Azambuja (1935-2025). São 368 páginas de longas entrevistas dadas a Gelson Fonseca Jr., Monica Hirst e Alexandra de Mello e Silva.

É uma aula de diplomacia e serviço público, na voz de um diplomata, ex-secretário-geral do Itamaraty, embaixador em Buenos Aires e Paris. Quando os diplomatas rememoram, falam mais de si. Azambuja fala mais de suas ideias e das ideias dos outros. Faz isso com uma certa desembargadorização (palavra que ele usava).

O embaixador Marcos Azambuja durante palestra no Cebri, no Rio de Janeiro - Tomaz Silva - 18.jul.24/Agência Brasil

Azambuja foi um grande contador de histórias, engraçado, irreverente e até picante. Nas entrevistas fez poucas concessões à leveza. Tratando de Lula, disse:

"Eu acho que um dia o Lula, como se fosse um rei francês, deverá ser numerado: Lula 1º, Lula 2º, Lula 3º, Lula 4º. O Lula que chegou ao poder é o Lula 5º ou o Lula VI".

Falando do general João Baptista Figueiredo:

"O fim do governo Figueiredo é um dos momentos mais melancólicos da história do Brasil. Aquele homem fisicamente deteriorado, cercado de pessoas que o manipulam em certa parte. É um Brasil diminuído."

Sua irreverência impediu que fosse definido como um diplomata de vitrine. Suas memórias revelam o pensador que havia naquele personagem divertido.

Estranho às modas da Casa, via o Brasil à sua maneira:

"Vou tentar resumir tudo o que eu tenho pensado em política externa. Eu acredito que o Brasil tem poder suficiente para participar dos jogos exclusivos de desenho do mundo, mas não tem a capacidade de resistir a essas tendências. Em outras palavras, eu não creio que o Brasil tenha poder suficiente para criar um obstáculo a nada que vá nascer. O que ele tem é capacidade de influência de alguns aspectos daquilo que está nascendo. Portanto, não é de fora, se juntando a um coro que será inócuo, mas sim de dentro, influenciando num bom sentido."

Em 1982, o governo de Ronald Reagan queria invadir o Suriname.

O Brasil condenou a ideia, se ofereceu para acalmar o ditador local e avisou:

"O Brasil não gosta de tropas na sua fronteira".

Falando do prazer que teve na embaixada em Paris, matou a pau:

"Na França, quase todo brasileiro vai expressamente para não fazer nada".

 

·                https://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2025/12/memorias-do-embaixador-marcos-azambuja-e-uma-aula-de-diplomacia.shtml

 

Comentários

Marcos BenassiHá 7 horas

Que diferença, hein, sêo Elio? Hoje, o Brasil põe algum limite no "soft Power" (que de mole, tem nada não) gringo, contendo suas biguitéquis e dá exemplo, falando "pra fora", à Austrália. Diplomacia é treco misteriosíssimo!

 

Maria LopesHá 9 horas

O embaixador Azambuja escreveu vários artigos para a Revista Piauí. Ótimos. As Memórias vão para a lista .