Espionagem
Obama responde a Dilma, mas não explica 'anything'
Presidente havia pedido a Estados Unidos 'tudo, everything', mas Casa Branca entregou ao Brasil um evasivo 'vamos trabalhar juntos em uma agenda comum'
Veja.com, 12/09/2013
A presidente Dilma Rousseff disse ter pedido ao presidente Barack Obama "tudinho, em inglês 'everything'" sobre a espionagem dos americanos no Brasil. No encontro entre eles na Rússia, em 6 de setembro, ela exigiu saber dos Estados Unidos muito mais do que está sendo publicado na imprensa. E a presidente não queria um pedido de desculpas, mas uma solução rápida para o caso.
Nesta quarta-feira, a Casa Branca entregou a Dilma uma resposta evasiva, praticamente sem explicação nenhuma, algo como um "anything". Segundo Susan Rice, conselheira de segurança nacional dos EUA, disse que os americanos vão trabalhar com o Brasil para lidar com as
preocupações causadas pelo vazamento de informações de que o país
espionou Dilma e
invadiu a rede de computadores da Petrobras.
Susan esteve reunida com o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, para discutir questões envolvendo o Brasil nos documentos vazados pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden. Figueiredo
viajou aos EUA especialmente para tratar da denúncia de espionagem com o governo americano.
"Vamos continuar a trabalhar juntos em uma agenda comum de iniciativas bilaterais, regionais e globais", informa a nota da Casa Branca. Segundo o governo americano, Rice expressou a Figueiredo que os EUA entendem que algumas reportagens recentes sobre o caso "distorceram nossas atividades", mas que algumas delas levantam "questões legítimas para nossos amigos e aliados sobre como essas atividades são aplicadas".
Promessa - O comunicado da Casa Branca foi emitido dentro do prazo de cinco dias
prometido por Obama a Dilma em encontro durante reunião do G20, em São Petersburgo, na Rússia, na última sexta-feira. "Obama assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem", disse a presidente.
Na ocasião, Dilma voltou a dizer que pretende acionar a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a espionagem internacional: "Irei à ONU propor uma nova governança contra invasão de privacidade". Ela havia cogitado procurar respaldo da ONU quando documentos secretos da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) vazados pelo ex-agente
Edward Snowden revelaram a espionagem sobre
e-mails e telefonemas em geral no país e a existência de uma base da agência em Brasília - negada pela embaixada dos EUA.