Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Cabe lembrar aqui que ainda recentemente o MDIC entendeu que são secretos todos os documentos relativos aos financiamentos brasileiros a Cuba e a Angola.
Mas por que secretos? E por que apenas estes dois países e nenhum outros mais?
Alguma coisa a esconder?
Certamente no caso das viagens e visitas presidenciais, como registrado na matéria abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Governo impõe sigilo sobre gastos de Dilma no exterior
Itamaraty orienta classificar todos os documentos relativos às viagens como 'reservados' enquanto presidente estiver no cargo; chancelaria afirma que medida está dentro da lei
Vitor Sorano- iG São Paulo| - Atualizada às
O governo colocou sob sigilo todas as informações relativas às viagens que a presidente Dilma Rousseff ou seu vice, Michel Temer, já fizeram ou vierem a fazer ao exterior. Os dados só poderão ser divulgados depois que ela deixar o Palácio do Planalto, em 31 de dezembro de 2014. Ou, se reeleita, de 2018.
A decisão ocorre num momento em que o governo está sendo questionado sobre o tamanho das comitivas presidenciais – e dos gastos – no exterior. Além disso, ela impedirá que esses dados venham à luz durante a campanha eleitoral de 2014.
Extratos de uma comunicação classificada do Itamaraty, a que o iG teve acesso, determina a reclassificação de todos os expedientes e documentos relacionados às visitas ao exterior de Dilma ou do vice, feitas desde que ela tomou posse, em 1º de janeiro de 2011. A regra se aplica também às viagens que forem feitas "futuramente".
No mínimo, esses materiais deverão receber o carimbo de “reservados”, categoria que prevê sigilo de cinco anos desde a sua produção. Mas podem ser reclassificados como secretos, o que os deixará 15 anos na sombra, ou como ultrassecretos – 25 anos.
Quando Dilma deixar o poder, o sigilo poderá será levantado, segundo o documento. A justificativa legal para classificar os documentos será a da segurança. A Lei de Acesso à Informação (12.527/2011), a LAI, permite colocar sob sigilo, até que o presidente da República e o vice deixem os cargos, dados que possam pô-los em risco. A proteção se aplica aos cônjuges e filhos de ambos.
‘Estrito cumprimento da lei’
O Itamaraty não confirmou o exato teor do documento. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, “as medidas de reclassificação são feitas em estrito cumprimento à Lei de Acesso à Informação".
Procurada na tarde desta quinta-feira (30), a chancelaria não disponibilizou um porta-voz para explicar de onde partiu a ordem e por que ela foi emitida no atual momento.
Dilma foi a presidente que sancionou LAI em 2011. Em 3 de julho de 2012, ressaltou que o texto determina "que o acesso agora é a regra e o sigilo passou a ser a exceção.”
Na prática, entretanto, a comunicação tornou regra que qualquer informação sobre viagens da presidente ao exterior ficará de fora do alcance da LAI até o fim da era Dilma.
'Totalmente desarrazoado'
A ordem de reclassificar os documentos foi distribuída a funcionários do Itamaraty no Brasil e a toda a rede consular do País no exterior nos últimos dias, segundo duas fontes da pasta ouvidas pela reportagem. Outras duas fontes, da mesma pasta, confirmaram a existência do documento e o seu teor, mas não o texto exato. Todas pediram anonimato.
Uma das fontes afirma que definir de forma indiscriminada o sigilo de informações sobre viagens presidenciais para frente e desde o início do mandato é algo inédito nos anais do governo brasileiro. Reconhecendo que, normalmente, algumas informações das viagens presidenciais já são tratadas de forma confidencial, esta fonte ressalta que dados corriqueiros não precisam ser tratados de forma secreta.
Segundo outra fonte, a comunicação deixa bem claro que, embora o sigilo tenha sido determinado para qualquer informação, há preocupação singular com os gastos. O texto fala em “faturas” e “boletos”.
De acordo com essa fonte, em teste a determinação de sigilo se aplica a qualquer informação relativa à viagem. Mas quando se fala em faturas, está claro que há uma referência específica às despesas, avalia ela. Impor o sigilo a dados de viagens passadas por motivo de segurança seria totalmente desarrazoado, pois a divulgação ocorreria quando a pessoa já voltou para o Brasil e está sã e salva.
Para essa fonte, o sigilo se aplicará também aos gastos de todos os membros das comitivas, e não só da presidente. Em março, a BBC revelou que Dilma gastou R$ 11,6 milhões em 35 viagens feitas entre 2011 e 2012. Desses, R$ 433 mil foram dispendidos em escalas feitas em países nos quais a presidente não tinha nenhum compromisso oficial. Os dados foram obtidos por meio da LAI.
No mesmo mês, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), fez um requerimento via mesa do Senado para que o governo detalhasse os gastos realizados durante a viagem de Dilma a Roma para a missa inaugural do Papa Francisco. A visita custou ao menos R$ 324 mil. À reportagem, o parlamantar disse ainda não ter recebido resposta.
OiGsolicitou no dia 28 de maio informações sobre os gastos da presidente à Etiópia. A LAI prevê que a informação seja divulgada imediatamente, se estiver disponível, ou num prazo máximo de 30 dias. Os dados não foram repassados até a conclusão desta reportagem.
“Quando se analisa a Lei de Acesso à Informação, para preservar a segurança da autoridade máxima, era necessário elevar o grau de sigilo”.
Tovar Nunes, porta-voz do Itamaraty, ao explicar por que os documentos sobre as visitas de Dilma Rousseff ao exterior passaram a ser classificados como “reservados” – e, portanto, sigilosos –, sem esclarecer se a decisão foi tomada antes ou depois do embarque da comitiva formada por mais de 50 pessoas.
PRA: Perguntar não ofende:
Mas segurança máxima mesmo DEPOIS que a viagem foi feita?
Ou seja, depois que todos já estão no Brasil, tranquilos e seguros, é preciso preservar a confidencialidade de TODOS os papéis, ou apenas aqueles que incomodam?: despesas, pessoas, etc?
No Brasil do regime militar, existia, também, o expediente dos decretos secretos, cuja publicação se fazia simplesmente pelo número e pela data no Diário Oficial, valendo, pois, como lei, sem que a cidadania ficasse sabendo do que exatamente se tratava. Chavez vai um pouco além, pois além de coisas que não se publicam, ele agora criou um órgão inteiro para esconder a informação.
CHÁVEZ CRIA MAIS UM ÓRGÃO PARA CONTROLAR A IMPRENSA!
(Clarín, 04) El presidente Hugo Chávez acaba de firmar el decreto para la creación de un nuevo organismo: el Centro de Estudio Situacional de la Nación. Según la gaceta oficial, el CESNA tendrá la facultad de declarar de carácter reservado cualquier información, sea tanto del Estado como de la comunidad, por lo que las críticas surgieron inmediatamente: con este organismo se viola el derecho a la información y tanto un caso de corrupción o un crimen podrían ser ocultados por orden estatal. El CESNA –según establece la directiva del Poder Ejecutivo– será un órgano desconcentrado del Ministerio de Relaciones Interiores y Justicia y su función central será declarar el carácter reservado, clasificado o de divulgación limitada de cualquier información, hecho o circunstancia . Su director será nombrado directamente por el titular del Poder Ejecutivo, es decir, Hugo Chávez.