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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Malvinas-Falklands: uma solucao pratica (e simples...)

Abaixo, uma notícia preocupante: "intelectuais baratos", como os classificou um ultranacionalista (e provavelmente intolerante com os que não pensam como ele), correm o risco de serem simplesmente assassinados, como acontece com casos similares em países progressistas como Afeganistão, Paquistão e outras maravilhas do gênero.
Até um think tank argentino que eu julgava respeitável, se deixou levar pela paixão, iniciando uma campanha, que eles chamam de "Pueblos por Malvinas", na qual pretendem liderar uma "Cruzada de los Pueblos por Malvinas", o que nos remete a exemplos históricos fundamentalistas, intolerantes, dotados de instintos vingativos.
E, no entanto, existe uma solução simples para esse problema das Malvinas, ou das Falklands, como queiram.
Basta a Argentina se tornar um país tão maravilhosamente acolhedor, rico, avançado, atraente, simpático, de excelente qualidade de vida, total liberdade de expressão e de opinião, que os kelpers vão provavelmente escolher se tornarem argentinos...
Nada como atrair gente, como acontece nos EUA e na Europa. A Argentina também poderia fazer isso, e os kelpers comerem um excelente churrasco em Buenos Aires, de volta à pátria grande.
Será que daria certo?
Em qual século?
Paulo Roberto de Almeida

DISPUTA INTERNACIONAL

Intelectuais argentinos questionam reivindicação das Malvinas

Grupo formado por escritores e jornalistas afirma que Argentina não tem direito algum sobre as ilhas britânicas e desperta a ira do governo de Cristina Kirchner

24/02/2012 | Enviar | Imprimir | Comentários: 1 | A A A
Um grupo de 17 importantes intelectuais argentinos recebeu críticas pesadas do governo da presidente Cristina Kirchner, e seus membros foram considerados traidores por defender o direito dos habitantes das Ilhas Malvinas ou Falklands, como preferem os ingleses, à autodeterminação.
“Não vejo como nosso país pode impor um governo, uma soberania e uma cidadania a um grupo de 3 mil pessoas, cujos ancestrais chegaram aqui há 180 anos, e que não querem nada do que temos a oferecer”, declarou Fernando Iglesias, um antigo deputado de oposição e um dos nomes por trás de um documento que oferece um ponto de vista alternativo para o problema das ilhas no sul do Atlântico. O documento contraria a posição defendida pelo governo argentino de que os habitantes das Malvinas são uma população transplantada pelos britânicos sem qualquer direito sobre as ilhas. O senador peronista Anibal Fernández se referiu àqueles que assinaram o documento – uma reunião de importantes pensadores, jornalistas e escritores argentinos – como “intelectuais baratos”.
Numa coluna no diário pró-governo, Tiempo Argentino, Cristina Kirchner reafirmou a posição oficial de que a Argentina herdou as ilhas da Espanha quando conquistou sua independência em 1816, classificando como “usurpadores” os britânicos que comandaram as ilhas desde 1833.
“Eles estão apresentando um documento perverso, infestado de erros e desvios, em total oposição aos desejos e sentimentos da maioria do povo argentino”, disse o braço-direito da presidente. Apesar do furor, o conteúdo do documento ainda não foi publicado, e o grupo está repensando sua publicação devido ao acidente ferroviário que fez pelo menos 50 vítimas na manhã da última quarta-feira, 22, em Buenos Aires.
Crónica, um jornal populista de alta circulação publicou fotos de membros do grupo sobre um fundo vermelho e com a manchete “Em favor dos piratas”, acusando-os de aceitar a posição britânica.
Rixa antiga
A reivindicação argentina das Ilhas Malvinas foi ressuscitada e colocada no centro da política nacional pela presidente às vésperas do 30° aniversário da Guerra das Malvinas entre o Reino Unido e a Argentina no dia 2 de abril. Adotando uma política mais dura, Kirchner bloqueou a entrada nos portos argentinos de navios carregando a bandeira das Malvinas, e conseguiu o apoio de seus vizinhos sul-americanos, que fizeram o mesmo.
Partidários da presidente rapidamente inundaram o Twitter com mensagens contra Iglesias, usando ahashtag “Fernando Iglesias está morto”. “Alguém que lutou bravamente a favor do imperialismo acaba de falecer”, escreveu um kirchnerista. “Margaret Thatcher enviou suas condolências”, escreveu outro.
Iglesias diz que a Argentina tem questões muito mais urgentes do que a disputa com o Reino Unido. “O acidente ferroviário é um exemplo. Os sistema ferroviário do país está caindo aos pedaços e esse era um acidente que estava esperando para acontecer”, diz o ex-deputado, que ficou particularmente indignado com a afirmação do ministro das Relações Exteriores, Hector Timerman de que os habitantes das Malvinas são uma população transplantada sem direito sobre as ilhas. “Os meus avós só chegaram da Espanha nos anos 1930, enquanto nas Malvinas há famílias que estão nas ilhas desde a década de 1840”.
O famoso escritor e jornalista Pepe Eliashev está preocupado com a fúria popular em relação ao grupo. “Essas reações exageradas dos ultranacionalistas, e o uso das Malvinas como uma cortina de fumaça do governo não criam boas expectativas para o futuro”, diz ele. Iglesias afirma que, apesar de acreditar que a Argentina tem direitos sobre as ilhas, “o que destacamos é o direito à autodeterminação, e não podemos impor cidadania ou soberania sobre aqueles que não as querem”.
Outro membro do grupo, o historiador Vicente Palermo, foi mais longe, questionando até mesmo a base das reivindicações argentinas. “Não haverá solução argentina para a questão das Malvinas até que os habitantes das ilhas queiram se tornar argentinos”, escreveu ele numa recente coluna no La Nacion. Outro membro do grupo, Jorge Lanata, talvez o jornalista mais popular da Argentina, abriu seu programa de rádio na última quarta-feira se apresentando como “Morgan, o pirata”, numa resposta à avalanche de críticas que recebeu. “Estive nas Malvinas. Eles nos odeiam lá. Para eles, nós invadimos sua casa, e falamos das Malvinas como se ninguém morasse lá”.
“Estamos cientes do risco de sermos considerados traidores, mas esse é um risco que estamos dispostos a correr, se acreditarmos no direito democrático de expressar nossos pontos de vista”, afirmou Iglesias.