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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 5 de maio de 2017

O Homem que Pensou o Brasil: agradecimentos aos que foram ao lançamento dia 17 de abril

Sem poder fazê-lo pessoalmente, gostaria de agradecer por esta via a todos os velhos e novos amigos, aos curiosos intelectuais, interessados no personagem, tutti quanti compareceram à Livraria Argumento na noite do dia 17 de abril, no exato centenário do nascimento de Roberto Campos, para receber (aliás contra pagamento, mas neste caso vale a máxima de Milton Friedman) o livro O Homem que Pensou o Brasil (convite reproduzido abaixo).

Transcrevo, in fine, os nomes, tal como registrados nas papeletas de compra, de cada um que acolhi pessoalmente na mesa do lançamento, e desde já me desculpo por alguma omissão ou deslize de notação, involuntários, assim como me desculpo pelas palavras rápidas, necessariamente repetivas, nas várias dezenas de dedicaces que tive de fazer naquela noite. Ainda tive de fazer várias outras (embora não registradas), no dia seguinte, no seminário do Palácio do Itamaraty, um evento descontraído (ok, um ou outro entrevero conceitual), que serviu sobretudo de ambiente para um divertissement intelectual, com a presença de tão distinguidos palestrantes e participantes na ocasião. Desculpo-me por qualquer defeito na organização dos trabalhos, apenas a mim atribuível, mas agradeço, uma vez mais o carinho do reconhecimento e a gentileza do comparecimento, a um ou outro evento, ambos podendo ser considerados um sucesso total, pelo personagem, pela presença de muitos amigos, pelos que trabalharam na montagem do seminário.

AUTORES: don't panikiert! Eu tenho livros para encaminhar a cada um de vocês, mas estava esperando a redação de uma carta bem cuidada, explicando todo o processo de elaboração, confecção editorial, revisão e as escolhas que tive de fazer ao longo de um processo trabalhoso (mas plenamente satisfatório no plano intelectual) e, sobretudo, expedito, dada a pressa para a impressão a tempo do centenário. Vai chegar, prometo, antes do Papai Noel...
Muito grato pela compreensão, e pelo dispêndio adicional de um exemplar antecipado.
O abraço a todos, do
Paulo Roberto de Almeida

PS.: A lista dos "ratos de livraria", mesmo num dia chuvoso, como foi o 17 de abril: 


Arminio Fraga
Nelson Paes Leme
Guilherme Parreiras Aorta
Gustavo Farias
Pedro Correa do Lago
Renato Fragelli
Lauro Cotta
Ernane Galveas (representado)
Vinicius Figueiredo
João Dionísio Amoedo
Adriano Pires
Roberto Abdenur
Marcílio Marques Moreira
Hugo Pacheco
Rodrigo Maia
Bernardo Bruno Marque, Samuel, Helena, Nicolas
Claudia Campos
Araken Hipolito da Costa
Thomas and Cintia
Sandra Rios
Carlos Arthur Ortenblad Jr.
Mac Margolis
Guilherme Fiuza
Mônica e Theo
Paulo Herivan
Victor Hugo Ribeiro dos Santos
Ricardo Cançado
Adriana de Queiroz
Israel Beloch
Embaixador Eduardo dos Santos
Virginia e Pedro
Milton Cabral
Rubem de Freitas Novaes
Regina
Daniel Sá-Earp
Gustavo Franco
Valderez Fraga
Ricardo Velez Rodriguez
Roberto Macedo
Paulo Rabello de Castro
Luís Chaves
Ricardo Pereira
Rodrigo Sias
Haroldo Bezerra
Ilan Cuperstein
Alexandre Moreli
Roberto Castello Blanco
Francisco Villela
Tulio Arvelo Duran
Bernardo Cabral
Stelio Amarante
Marcos Travassos
Ricardo Cabral
Luis Alberto Machado

Até a próxima...
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 30 de abril de 2017

Atualizando Lattes: numeros e titulos da producao (seletivamente) - Paulo Roberto de Almeida

Passei parte do dia atualizando o CV Lattes, o que ainda não havia feito este ano, registrando os trabalhos do primeiro quadrimestre de 2017, e aproveitando para ver onde andava o velocímetro, ou o contador dos diversos trabalhos publicados.
Transcrevo aqui alguns dos resultados (mas apenas os mais recentes e os primeiros): 


Artigos completos publicados em periódicos
1. RBPI: itinerário de uma revista essencial. Mundorama (25/04/2017; link: <http://www.mundorama.net/?p=23514>)
2. O que esperar de 2017: economia e política internacional?.  Mundorama (21/03/2017; link: http://www.mundorama.net/?p=23347).

3.  The Great Destruction in Brazil: How to Downgrade an Entire Country in Less Than Four Years, Mundorama (n. 102, 1/02/2016, ISSN: 2175-2052; link: http://www.mundorama.net/2016/02/01/the-great-destruction-in-brazil-how-to-downgrade-an-entire-country-in-less-than-four-years-by-paulo-roberto-de-almeida/).
(...)
338. O Momento Político Brasileiro: Notas sobre a conjuntura política atual. Plural, São Paulo, v. 1, n.2, p. 89-95, 1978.
339. Soljenitzyn nas pegadas de Lênin. Opinião, São Paulo, v. 181, n.23 abril, p. 23-24, 1976.
340. La Fable du Miracle Économique: le développement de l?économie mondiale capitaliste au Brésil. America Presse, Paris, v. 14, n.Avril-Mai, p. 4-5, 1974.
341. L'Etat Brésilien. La Revue Nouvelle, Bruxelles, n.11, p. 426-432, 1973.

342. Le Brésil: un miracle aux pieds d'argile. L'Entreprise et l'Homme, Bruxelles, v. 9, Novembre, p. 466-472, 1973.

Livros publicados/organizados ou edições
1. (org./autor) O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos. 1. ed. Curitiba: Appris, 2017. v. 1. 373p .

2. Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht: Essays über die Auslandsbeziehungen und Außenpolitik Brasiliens. 1. ed. Sarrebrucke: Akademiker Verlag, 2015, 206p .

3. Révolutions Bourgeoises et Modernisation Capitaliste: Démocratie et autoritarisme au Brésil. 1. ed. Sarrebruck, Alemanha: Éditions Universitaires Européennes, 2015. 390p .

4. Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais. 1. ed. Curitiba: Appris, 2014, 289p .
(...)
28. Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização. 1. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998, 360p .

29. Mercosul: Fundamentos e Perspectivas. 1. ed. São Paulo: LTr, 1998, 160p .
(...)

33. O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras. 1. ed. São Paulo: Editora Aduaneiras, 1993, 204p .

Capítulos de livros publicados
1. Roberto Campos: o homem que pensou o Brasil. In: Paulo Roberto de Almeida (org.). O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos. 1ed. Curitiba: Appris, 2017, p. 19-33.

2. Roberto Campos: uma trajetória intelectual no século XX. In: Paulo Roberto de Almeida (org.). O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos. 1ed. Curitiba: Appris, 2017, p. 203-256.

3. Bretton Woods: o aprendizado da economia na prática. In: Ives Gandra da Silva Martins; Paulo Rabello de Castro (orgs.). Lanterna na Proa: Roberto Campos ano 100. 1ed. São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, p. 52-56.

4. Fundando um banco de desenvolvimento: o BNDE. In: Ives Gandra da Silva Martins; Paulo Rabello de Castro (orgs.). Lanterna na Proa: Roberto Campos ano 100. 1ed. São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, p. 71-74.

5. Roberto Campos: receita para desenvolver um país. In: Ives Gandra da Silva Martins; Paulo Rabello de Castro (orgs.). Lanterna na Proa: Roberto Campos ano 100. 1ed. São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, p. 245-248.

6. Oswaldo Aranha: in the continuity of Rio Branco?s Statesmenship. In: José Vicente Pimentel (org.). Brazilian Diplomatic Thought: policymakers and agents of Foreign Policy (1750-1964). 1ed. Brasilia: Funag, 2017, v. 3, p. 685-730 (available: http://funag.gov.br/boletim-editorial/PDB-EN/livros/PDB-Ingles-VOL-3.pdf).

7. O pensamento estratégico de Varnhagen: contexto e atualidade. In: Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.). Varnhagen (1816-1878): diplomacia e pensamento estratégico. 1ed.Brasília: Funag, 2016, p. 125-197 (disponível: link: http://funag.gov.br/loja/download/1156-varnhagen-1816-1878.pdf).
(...)
117. Os Anos 80: da nova Guerra Fria ao fim da bipolaridade. In: Flávio Sombra Saraiva (org.); Amado Luiz Cervo; Wolfgang Döpke; Paulo Roberto de Almeida. Relações internacionais Contemporâneas: da construção do mundo liberal à globalização, 1815 a nossos dias. Brasília: Paralelo 15, 1997, p. 303-353.

118. Mercosur y Unión Europea: de la cooperación a la asociación. In: Georges Couffignal e Germán A. de la Reza (orgs.). Los Procesos de Integración en América Latina: enfoques y perspectivas. Estocolmo: Institute of Latin American Studies, University of Stockholm, 1996, p. 113-130.

119. The ?New? Intellectual Property Regime and its Economic Impact of Developing Countries: a preliminary overview. In: Giorgio Sacerdoti.(org.). Liberalization of Services and Intellectual Property in the Uruguay Round of GATT. 1ed. Friburgo: University Press of Firbourg, 1990, p. 74-86.

120. A Diplomacia do Liberalismo Econômico: As relações econômicas internacionais do Brasil durante a Presidência Dutra. In: José Augusto Guilhon de Albuquerque (org.). Sessenta Anos de Política Externa Brasileira. São Paulo: Cultura Editores associados, 1990, v. 1, p. 173-210.

121. O Paradigma Perdido: a Revolução Burguesa de Florestan Fernandes. In: Maria Angela d?Incao (org.). O Saber Militante: Ensaios sobre Florestan Fernandes. 1ed. São Paulo - Rio de Janeiro: UNESP - Paz e Terra, 1987, p. 209-229.

Textos em jornais de notícias/revistas
1.  Roberto Campos, 100 anos: atualidade de suas ideias, Mundorama (21/04/2017; link: http://www.mundorama.net/?p=23501).

2.  Roberto Campos, 100 anos: sempre atual, O Estado de S. Paulo (15/04/2016; link: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,roberto-campos-100-anos-e-sempre-atual,70001738944).
(...)
77. Roberto Campos: dois anos sem bons combates de idéias, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 06 out. 2003.

78. O Brasil e o Consenso de Washington, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 04 set. 2003.

79. Robert Levine: um gigante do brasilianismo acadêmico, Jornal da Ciência, Rio de Janeiro, SBPC, v. 2253, 04 abr. 2003.
80. O Brasil e o FMI: meio século de idas e vindas, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 jan. 2003.

81. Ricos e Arrogantes (Entrevista concedida à revista Veja: Páginas Amarelas). Veja, São Paulo, n. 723, p. 11-15, 24 out. 2001.

Apresentações de Trabalho
1. Roberto Campos, 100 anos: atualidade de suas ideias. 2017.

2. Da velha guerra fria geopolítica à nova guerra fria econômica: cenários prospectivos das relações internacionais. 2017.

3. A política externa e a diplomacia brasileira no século XXI. 2017.

4. Velhos e novos movimentos políticos na crise brasileira recente. 2016. 

5. Da democracia na América do Sul: o que Tocqueville diria das atuais mudanças políticas e econômicas no continente?. 2016.
(...)
40. O impacto da economia nas relações internacionais contemporâneas. 2012.

41. Pensamento brasileiro em Relações Internacionais. 2012.

42. A política externa das relações Sul-Sul: um novo determinismo geográfico?. 2012.

43. Brazil as a regional player and as an emerging global power: Foreign policy strategies and the impact on the new international order. 2007.

Outras produções bibliográficas
1. Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial. Hartford, CT, EUA: Autor, 2014 (livro digital).

2. Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia. Hartford, CT, EUA: Autor, 2014 (livro digital).

3. Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros. São Paulo: Autor, 2014 (livro digital).

4. Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas. São Paulo: Autor, 2014 (livro digital).


Participação em eventos, congressos, exposições e feiras
1. O que esperar de 2017? Política, economia e relações internacionais. 2017. (Seminário).

2.Latin American Studies Association. Presidential leadership and economic regimes in Brazil: structural transformations, institutional building up. 2014. (Congresso).

3. Economic & Business History Society. Brazilian Economic Historiography: an essay on bibliographical synthesis. 2013. (Congresso).

4.Brazilian Studies at London's King's College. Emerging Brazil: the past, the present, and the future. 2012. (Oficina).

5. Dépasser les dichotomies: (comment) penser autrement les Amériques?.La grande marche en arrière de l'Amérique Latine. 2012. (Seminário).

6. La politique extérieure du Brésil: du passé lointain au futur proche. 2012. (Oficina).
(...)
119.V° Corso sulla cooperazione e lo svluppo internazionali: Città e campagna nei processi di sviluppo.Modernisation et Urbanisation au Brésil: 1940-1990. 1990. (Simpósio).

120. V Encuentro Regional de História (Montevideu).Internacionalismo Proletário no Cone Sul: a experiência internacional do sindicalismo brasileiro no começo do século. 1990. (Simpósio).

121.Conferência comemorativa do 20° aniversário do Instituto Universitario di Bergamo.The New Intellectual Property Regime and its Economic Impact on Developing Countries. 1989. (Simpósio).

122. Europa e Brasil no limiar do Ano 2000. Retorno ao Futuro: a ordem internacional em direção do horizonte 2000. 1988. (Simpósio).

123. Seminário sobre a obra de Florestan Fernandes. O Paradigma Perdido: a Revolução Burguesa de Florestan Fernandes. 1986. (Seminário).

124. Conferência sobre os Partidos Políticos e a Política Externa no Brasil. Partidos Políticos e a Política Externa no Brasil. 1985. (Simpósio).

(Seleção dos títulos iniciais e finais de algumas séries selecionadas)

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Roberto Campos: materia no Jornal do Senado (18/04/2017)

Eis a ficha do trabalho e de sua repercussão:


3102. “Sessão especial no Senado em homenagem a Roberto Campos”, Brasília, 10 abril 2017, 3 p. Texto lido na sessão especial do dia 17/04/2017. Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (16/04/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/roberto-campos-sessao-especial-no.html), e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1493626460700799). Vídeo da sessão disponível no YouTube (26/04/2017; link: https://youtu.be/XobuvjMuy7k). Notas no Jornal do Senado (ano XXIII, n. 4680, 18/04/2017, p. 1, 6-7). Relação de Publicados n. 1255.






quinta-feira, 20 de abril de 2017

Seminario Roberto Campos no Itamaraty do Rio, 18/04/2017

Itamaraty vive dia inteiro de homenagens ao diplomata liberal Roberto Campos

Seminário reuniu acadêmicos, ex-embaixadores e economistas para prestar tributo ao centenário liberal mato-grossense; o Boletim estava lá e conta como foi
(Foto: Reprodução: Instituto Millenium)
(Foto: Reprodução: Instituto Millenium)
O tradicional Salão Nobre do Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, viveu nesta terça-feira (18/04) uma manhã-tarde histórica. Das nove da manhã até pouco depois das seis horas da noite, o espaço foi frequentado por figuras de relevo do universo da diplomacia e da Economia que vieram prestar seu tributo a uma das mais expressivas personalidades brasileiras: o liberal Roberto Campos, que completaria 100 anos no dia anterior.
O seminário Roberto Campos: o homem que pensou o Brasil foi organizado pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida e pela Fundação Alexandre de Gusmão, com parceiros como o Instituto Millenium. Bem ao lado da entrada do salão, havia um estande com vários livros disponíveis para compra. Além de alguns clássicos de Campos, como o próprio A Lanterna na Popa, duas obras em homenagem ao seu centenário: O Homem que pensou o Brasil: Trajetória intelectual de Roberto Campos, organizado pelo próprio Paulo Roberto com outros onze intelectuais e lançado pela Appris Editora, e Lanterna na Proa: Roberto Campos Ano 100, editado pela Livraria Resistência Cultural e organizado por Ives Gandra Martins e Paulo Rabello de Castro, com textos de 62 autores.
(Foto: Divulgação / Funag)
(Foto: Divulgação / Funag)
O seminário, de muitas maneiras, foi do jeito que Roberto Campos gostaria: repleto de piadas, referências divertidas às suas críticas mordazes à esquerda e até alguns princípios de discussão mais inflamada, ao estilo dos seus debates acalorados. O Boletim esteve presente e conta o que aconteceu em cada mesa do evento.
Mesa 1: O intelectual
Antes de os palestrantes se sentarem à mesa, aconteceu uma breve série de discursos de abertura. O destaque ficou para o próprio Paulo Roberto de Almeida, que contou uma divertida história. Durante a elaboração do livro que organizou, sua esposa lhe teria dito para escolher entre ela e Campos, tamanha a dedicação que estava investindo no projeto. “Felizmente, tudo se resolveu”, disse, entre risos. Almeida também disse que a intenção era que todos os palestrantes se “divertissem”, evocando o espírito bem humorado do próprio personagem homenageado.
Em seguida, teve início a mesa que tinha por tema sugerido a discussão sobre as concepções intelectuais de Roberto Campos. O primeiro a falar foi Ernesto Lozardo, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Ele contou como recuperou a famosa dissertação de mestrado de Campos em 1947 na universidade George Washington, uma raridade que o próprio economista havia perdido. Lozardo disse que Campos foi generoso com ele ao protege-lo do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social do regime militar) e salientou que acreditava na época em uma espécie de “socialismo cristão”, mas descobriu que o liberal mato-grossense é que tinha “a solução para o Brasil”. Anunciou ainda que está produzindo um livro sobre o pensamento econômico de Campos.
Ney Prado, presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, ocupou quase todo o seu discurso lendo as duras críticas de Roberto Campos à Constituição de 1988, arrancando risos dos presentes. Em seguida, o professor Ricardo Vélez Rodríguez, docente da Faculdade Arthur Thomas, de Londrina, e autor de obras lançadas pelo Instituto Liberal, pesquisador do patrimonialismo brasileiro, comparou Campos aos liberais doutrinários franceses, com “coragem de chutar o pau da barraca” e um crítico radical das instituições, ao mesmo tempo em que crente nelas e na possibilidade de melhorá-las.
Reginaldo Perez, cientista político e professor na UFSM do Rio Grande do Sul, defendeu uma tese acadêmica sobre o pensamento político de Campos, e discursou sobre seu perfil de modernizador. Definiu-o como um dos maiores, “se não o maior”, pensadores brasileiros do século XX, e frisou: “ele era brasileiro e pensou o Brasil. O nome deste senhor não é Bob Fields, é Roberto Campos”. A mesa terminou com Eduardo Viola, professor da UnB, que ressaltou a evolução de Campos para um pensamento cada vez mais liberal e fez observações com um tom crítico à sua defesa da ideia de que o regime militar apresentava um “autoritarismo consentido”, o que, a seu ver, o afastaria da dimensão política do liberalismo, mas frisou que, em todas as suas fases, Campos defendeu com afinco o alinhamento do Brasil “à ordem liberal ocidental, dirigida pelos Estados Unidos”.
Mesa 2: O parlamentar
Como político, Roberto Campos foi senador e deputado federal. O jornalista Merval Pereira, membro da Academia Brasileira de Letras, definiu sua atuação no Congresso como Campos mesmo a sintetizava: “uma sucessão de derrotas”. Contou algumas curiosidades daquele tempo e ressaltou o pragmatismo do mato-grossense, que “respeitava intelectualmente Fernando Henrique Cardoso” e elogiou o líder chinês Deng Xiaoping pelas reformas mais pró-mercado que realizava, ainda que sob comando de um Partido Comunista.
O professor da UnB e consultor legislativo Antônio José Barbosa foi bastante aplaudido em um longo comentário em que abordou a missão do historiador, que comparou à de um detetive, e descreveu os grandes discursos de Campos como momentos memoráveis que nenhum parlamentar queria perder. No primeiro deles, “fez um inventário de sua vida e pediu para não ser interrompido, o que era anti-regimental. Mesmo assim, todos obedeceram”. Já o também professor da UnB e assessor legislativo, Paulo Kramer, fez uma comparação entre Campos e o francês Raymond Aron, e definiu Roberto como um pensador “dionisíaco” pelo seu espírito divertido. O clima esquentou quando um diplomata na plateia defendeu medidas do governo lulopetista na área da Educação e Kramer elevou a voz para contradizê-lo.
Mesa 4 (Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo)
Mesa 3 (Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo)
Mesa 3: O estadista e modernizador
Nesta mesa, após um intervalo para o almoço, grandes nomes da Economia se reuniram para destacar a importância de Campos em suas formações. A mesa foi logo aberta pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, conhecido pela sua importância no Plano Real. Franco fez uma crítica velada ao governo Dilma e disse que as críticas de Roberto Campos a Fernando Henrique ajudaram a ala mais liberal do ministério, da qual ele fazia parte, a tornar o Plano Real um sucesso.
Roberto Castello Branco, diretor da FGV-RJ e ex-diretor do Banco Central, afirmou que “o momento atual evidencia a atualidade e correção das ideias que Campos defendia”. Em discurso bastante focado na atualidade, ele atacou o Estado intervencionista e sua associação com os “capitalistas contra o capitalismo”, e se pôs a um interessante exercício: refutar todos os ataques sutis a Campos que encontrou em textos jornalísticos na semana.

O momento atual evidencia a atualidade e correção das ideias que Campos defendia

O economista e professor Luiz Alberto Machado afirmou que a fase intervencionista de Roberto Campos sempre foi marcada pelo esforço por redesenhar rumos e estruturas, nunca tornar o Estado empresário, e disse que o fio condutor da sua atuação sempre foi a meritocracia. Finalmente, o economista Rubens Novaes, que já escreveu artigos para o Instituto Liberal, disse que Campos e Milton Friedman foram seus dois gurus, e que o mato-grossense foi “o melhor dos nossos frasistas”, pondo-se a recitar algumas sentenças do homenageado.
A mesa terminou com algumas trocas interessantes de comentários. Em clima fraterno, Castello Branco e Gustavo Franco divergiram sobre a comparação entre o PAEG (plano econômico de Roberto Campos no primeiro governo militar) e o Plano Real. Franco disse que o Plano Real foi superior, ainda que talvez por certa “razão paternal”, e afirmou que pensadores como Roberto Campos deixaram o caminho aberto para as reformas que ele e seus colegas implementaram. O organizador Paulo Roberto de Almeida aproveitou para citar artigo que publicou no site Spotniks, Dez grandes derrotados da nossa história, em que apontou Gustavo Franco como herdeiro intelectual de Campos.
Mesa 4: O diplomata
A última mesa do dia abordou a atuação diplomática de Roberto Campos. Primeiro falaram dois embaixadores que trabalharam com ele: Vitoria Alice Cleaver, presidente da ADB, e Marcilio Marques Moreira, ex-ministro da Fazenda no governo Collor. A embaixadora ressaltou a difícil relação entre Campos e o presidente Geisel, e definiu-o como “tímido, discreto, mas ativo, erudito e arguto”. Já o embaixador preferiu fazer menção honrosa à equipe que cercou Campos em suas tarefas, apontando-o como um competente “aliciador de talentos, inclusive sem discriminação ideológica”.
Em seguida, a palavra ficou com Rogério de Souza Farias, gestor público do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que fez uma apresentação em Power Point com dados numéricos da atividade de Campos como diplomata em comparação com outras personalidades que ocuparam as mesmas funções desde a proclamação da República. O último palestrante foi José Mario Pereira, editor da Topbooks que publicou A Lanterna na Popa. José Mario leu um depoimento sobre sua convivência com o “doutor Roberto”, revelando gratidão por ter sido escolhido entre várias outras editoras e trazendo relatos engraçados.
O seminário terminou com um autêntico “puxão de orelha”. É que o embaixador Jerônimo Moscardo, convidado por Paulo Roberto de Almeida para dizer ao seu lado as palavras finais, foi entusiasticamente aplaudido ao dizer que, quando se fala em PAEG e Plano Real, os nomes dos ex-presidentes Castelo Branco e Itamar Franco precisam ser mencionados, porque foram as autoridades que permitiram a realização desses planos, e eles não tinham sido mencionados em destaque nenhuma vez durante todo o dia.
Errata (atualizado em 20/04, às 12h20): o embaixador que fez o discurso de encerramento ao lado de Paulo Roberto de Almeida foi Jerônimo Moscardo, vice-presidente da Funag, e não Sérgio Moreira Lima, o presidente, que esteve viajando.
Além de alguns clássicos de Campos, como "A Lanterna na Popa" (Topbooks), duas obras em homenagem ao seu centenário estiveram disponíveis no seminário: "O Homem que pensou o Brasil: Trajetória intelectual de Roberto Campos", organizado por Paulo Roberto com outros onze intelectuais e lançado pela Appris Editora, e "Lanterna na Proa: Roberto Campos Ano 100", editado pela Livraria Resistência Cultural e organizado por Ives Gandra Martins e Paulo Rabello de Castro, com textos de 62 autores.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Roberto Campos: introducao a livro organizado por Paulo Roberto de Almeida


Um rebelde com causa
"Felizmente, Campos foi poupado do desgosto de assistir à enorme destruição de riqueza causada pela política econômica do governo que ascendeu ao poder em 2003"
Paulo Roberto de Almeida*
16 Abril 2017 | 05h00
Foto: Reprodução
Capa do livro O homem que pensou o Brasil


“Se formos reler, hoje, o Roberto Campos dos ensaios econômicos mais elaborados dos anos 1950, o publicista dos artigos semanais nos grandes jornais do Rio e de São Paulo nas décadas seguintes e até o final do século, constataremos que tudo o que ele escreveu, tudo o que ele proclamou, tudo pelo que ele se bateu, insistiu e até conseguiu implementar, pelo menos parcialmente, retornou como um pesadelo a frequentar o cérebro das gerações presentes das formas mais inesperadas e em uma rapidez surpreendente.
Ele foi, “felizmente”, poupado do desgosto de assistir à enorme destruição de riqueza(...) causada pela política econômica irresponsável dos companheiros que ascenderam ao poder em 2003, por haver falecido dois anos antes. Em face dos cenários de terra arrasada, ele teria de reescrever, com poucas mudanças substantivas, seus artigos de décadas passadas, quando alertava continuamente para o perigo do “meio sucesso” ou do “meio fracasso” – uma situação na qual o país não conhece o pleno sucesso da estabilização, que induziria reformas suplementares e criaria o clima de confiança necessário para alimentar um processo de crescimento sustentado, nem a ruína do fracasso completo, que comandaria, sem hesitação, a realização de reformas estruturais radicais.
Roberto Campos é provavelmente único, por suas características pessoais e por suas posições independentes, no seio de um grupo bastante reduzido de intelectuais públicos no Brasil: o dos livres-pensadores. Mais ainda: dentro dessa pequena família, ele se filia a uma espécie ainda mais escassa, a dos rebeldes com causa, a dos que não se prendem a qualquer escola oficial, a dos que se recusam a deixar de exibir pensamento próprio apenas porque são servidores do Estado, a dos que pensam fora dos dogmas oficiais, das verdades estabelecidas e dos lugares comuns.
Roberto Campos nunca se esquivou de denunciar as falácias da demagogia política e do populismo econômico, assim como da repartição de benesses sem apoio no realismo econômico. Não hesitou em renunciar a posições oficiais (a presidência do BNDE e a chefia da embaixada em Washington) quando achou que não podia sustentar posturas irresponsáveis. Ele também foi único, em sendo diplomata, em não hesitar em criticar – até de forma irônica – as tomadas de posição equivocadas do Itamaraty e dos governos militares no plano externo.
Ele foi aquele que viu antes, mais e melhor do que qualquer outro de sua geração ou mesmo das gerações atuais, um intelectual que pensou o Brasil de forma tão completa, tão dedicada e tão racional que ele ainda está presente, integralmente, nas soluções que nossa geração precisa encontrar para os problemas atuais, com base nas mesmas recomendações que ele teve o cuidado de formular décadas atrás.
Ele foi um “profeta responsável”, como se denominou ao final de seu livro de memórias, um empreendimento inigualado na literatura brasileira e que deveria ser leitura quase compulsória para todos os candidatos a integrar a tecnocracia nacional Aos cem anos, Roberto Campos ainda vive.”
SERVIÇO:
Obra: O homem que pensou o Brasil
Autor: Paulo Roberto de Almeida (organizador)
Editora: Appris
Preço: R$ 65 (edição impressa) e R$ 18 (edição digital
*PAULO ROBERTO DE ALMEIDA, ORGANIZADOR DO LIVRO “O HOMEM QUE PENSOU O BRASIL”, É DIRETOR DO INSTITUTO DE PESQUISA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS (IPRI)

Os trechos acima foram retirados de uma seção de meu capítulo introdutório ao livro que organizei em homenagem ao Roberto Campos.
 Paulo Roberto de Almeida