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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O mito (e a chatice) do tal de marco teorico: um aluno escreve...

Tenho por hábito (um dos, que reputo saudável) derrubar vacas sagradas de seus pedestais.
Outro hábito (menos saudável para os true believers) é derrubar besteirol acadêmico.
Venho fazendo isso numa série apropriadamente intitulada (alguns alunos me escrevem "entitulada", mais passons) "Falácias Acadêmicas", que parece ter feito algum sucesso por aí pelas beiradas universitárias.
Ainda vou reuni-las num livro, mas a lista dos pendentes, dos próximos da fila é enorme, e não tenho encontrado tempo para me dedicar a esse esporte iconoclasta que é desmantelar bobagens acadêmicas que passam por verdades incontestáveis (eu contesto).
Fico com dó dos alunos, entregues à sanha alienada de professores idem...
Um dos que fizeram mais sucesso foi logo o terceiro da minha série, dedicado a desmantelar o tal de marco teórico. Atenção, devo dizer que não sou contra todos os marcos teóricos, só contra 95% deles.
Explico-me: 95% dos marcos teóricos são feitos apenas para cumprir exigência de algum professor carente de baboseiras teóricas, com síndrome de Foucault deslocado, algum ataque repentino de Bourdieu mal digerido, enfim, pura encheção de linguiça como gostam de dizer os alunos (e alguns professores).
Os professores têm o seu modelito prêt-a-porter de dissertação, tese, TCC ou seja lá o que for, e simplesmente dizem para os alunos: "Olha, você NÃO PODE fazer o trabalho sem um marco teórico, isso é impossível".
E o pobre do aluninho, desesperado, pergunta ao mestre: "Mas professor, o meu trabalho é sobre a estrutura estética dos anelídios marrons, não preciso de marco teórico, aliás nem sei onde vou encontrar um que se encaixe no espírito, no conteúdo e na forma do meu trabalho...".
O professor nem deixa o pobre do aluno terminar e já vai logo enfiando: "Ah não! Sem marco teórico não pode. Dá uma olhada no Foucault, no Bourdieu, no Habermas e tente encaixar alguma coisa...".
Outros, mais motivados, indicam o velho Marx, alguns mesmo o zumbi do Althusser...
Enfim, eu estou aí para isso mesmo, para chutar todo esse pessoal para a lata de lixo da salas universitárias, e libertar os alunos do terrorismo do marco teórico...


Vejam o que me escreveu um desses alunos aliviados com a minha metralhadora antibesteirol acadêmico: 



From: Leandro Xxxxx <xxxxxxx@hotmail.com>
Date: 27 de setembro de 2011 14h45min15s BRT
To: <eu mesmo>


Gostei tanto do artigo intitulado "Falácias Acadêmicas 2: O mito do marco teórico" que resolvi citar sua resposta enviada àquele aluno de relações internacionais (com nome devidamente ocultado) em sala de aula. Muitos gostaram, mas evidentemente uma parte da turma ("petrificada", por assim dizer, pela camisa de força teórica) não deu a devida atenção ao trecho do artigo. Realmente é lamentável o nível de "idiotização" ao qual os cursos de ciências sociais vêm padecendo ao longo dos anos.
Obviamente que eu não poderia deixar passar em branco a oportunidade e resolvi fazer um trabalho de conclusão da disciplina a partir do do capítulo supracitado. Não sou partidário de jogar todos os "discursos teóricos" na lata do lixo - sei, sobretudo, que você não pensa assim -, entretanto, não os coloco num pedestal de ouro do intelecto humano como se toda a realidade fosse abarcada por eles.
Mais uma vez, obrigado por tudo.
[Leandro...]

O artigo citado está aqui: 

Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teóricoBuenos Aires-Brasília, 30 setembro 2008, 6 p.
Da série programada, com algumas criticas a filósofos famosos.
Espaço Acadêmico (n. 89, outubro 2008; arquivo em pdf); Originais: 1931

Para os outros arquivos da série, ver aqui.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A "tortura" do marco teorico - alguns textos PRAlmeida

Teor de mensagem que encaminhei a alguns alunos meus. Acredito que possa interessar a vários outros alunos, que não são "meus", mas podem passar por...

Muitos de vocês estão se preparando neste momento, ou terão de se preparar em algum momento futuro, com o famoso trabalho de final de curso, monografia, ou dissertação de Mestrado, ou mesmo simples artigo de pesquisa.
Tenho feito e avaliado muitos desses trabalhos e artigos acadêmicos ao longo dos anos, e creio poder colaborar em algo, com base em alguns trabalhos escritos de minha parte.
Tenho dois textos a propósito das monografias e dissertações, guias bem humorados para a confecção desses trabalhos acadêmicos pelos alunos; eles estão em minha página, na seção Academia, respectivamente estes aqui:

Pequeno Guia para se fazer uma monografia academica:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1892GuiaMonografia.pdf

O que se espera de uma dissertacao de Mestrado?:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1606DissertacaoMestrado.pdf

Com base em consultas passadas de estudantes -- muitos angustiados -- resolvi escrever um artigo despretensioso, tentando libertar os pobres dos alunos da obsessao do "marco teórico", uma imposição de grande parte dos professores e à qual en pessoalmente não atribuo muita importância:

Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teórico
(Buenos Aires-Brasília, 30 setembro 2008, 6 p. Da série programada, com algumas criticas a filósofos famosos)
Espaço Acadêmico (n. 89, outubro 2008; arquivo em pdf:
http://www.espacoacademico.com.br/088/88pra.pdf

Muitos outros trabalhos meus, animados desse mesmo espírito crítico, figuram numa série a que dei o nome geral de "Falácias Acadêmicas", todos publicados na revista Espaço Acadêmico, mas que podem ser consultados neste link do meu site:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/FalaciasSerie.html

O primeiro foi sobre o mito do neoliberalismo, o segundo sobre o mito do Consenso de Washington), e terceiro, justamente, sobre o Mito do Marco Teorico.
Tem muito mais, mas isso vocês podem explorar por si mesmos...

Transcrevo aqui meu argumento quanto à ética que estimo deva presidir à elaboração de todo e qualquer trabalho acadêmico:

Acredito que uma das maiores, senão a maior responsabilidade do cientista social é a honestidade intelectual, o que implica na consideração de todos os elementos em jogo, não apenas aqueles que respondem às suas preferências políticas ou filosóficas. Considero este critério o mais relevante no trabalho científico, aliás o único relevante no campo das ciências humanas ou sociais, e é em torno dele que eu gostaria de desenvolver minha obra de leitor, de pensador, de sistematizador de argumentos e de expositor de fatos históricos. Não me preocupo tanto, ou talvez nada, com a teoria, pois não creio que ela seja indispensável no desenvolvimento desse tipo de trabalho. Claro, todos nós “partimos” de algum teoria, mesmo de forma inconsciente, mas isso não tem nada a ver com a “necessidade” de expor sua teoria previamente ao trabalho com os fatos. Prefiro deixar que os fatos falem por si, e se alguém quiser depois aplicar alguma teoria a eles, que o faça por sua própria conta e risco, mas eu não vou me preocupar em desenvolver nenhuma nova teoria para tentar encaixar, ou amoldar, os fatos dentro dessa nova camisa de força conceitual.
Essa é uma das razões pelas quais eu praticamente passo por cima dos capítulos teóricos nas muitas dissertações e teses para cuja avaliação eu sou convidado. Acho que os professores “torturam” os seus alunos, obrigando-os a encontrar o famoso “quadro teórico” da sua pesquisa, quando os pobres alunos mal dão conta do emaranhado de fatos brutos que devem processar. Mas isso é uma outra discussão que farei em outra oportunidade.


Voilà...
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 30 de abril de 2010

2109) Indulging myself with some narcisism...

Mensagem recebida de uma leitora:

On May 1, 2010, at 1:41 AM, Exxxx Xxxxxx wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Exxxx Xxxxxx
Cidade: Xxxxxxxx
Estado: MG
Email: xxxxxxx@uol.com.br
Assunto: Opiniao

Mensagem: Professor,
fiquei feliz por \"passear e percorrer\" pelo seu site. Senti-me menos inadequada e incompetente.
Sua visão do mundo acadêmico é tudo que penso a respeito dele. Um mundo engessado, compressor que limita e impede a criatividade e o livre pensar por nós mesmos. A sensação é que o nosso olhar, o nosso observar o mundo em volta conta pouco na hora de produzir o tal \"artigo científico\" exigido pra formar. Pouco ou quase nada se aproveita da contribuição daqueles alunos que como eu, não aceitam \"uma camisa de força\".
Obrigada por existir e principalmente ter conseguido sair desse \"casulo\" como um doutor que de fato merece assim ser chamado.
Atenciosamente,
Exxxxx Xxxxxx

Minha resposta:

Muito grato por sua mensagem, Exxxx, suponho que em conexao com "minha" Falácia sobre o "Marco Teórico". Ela foi pensada justamente em defesa dos alunos, e contra professores incompetentes para pensar com sua propria cabeça, dependendo sempre de algum guru qualquer para organizar a sua falta de ideias e de argumentos racionais.
Cordialmente, desde Shanghai,
------------------------------
Paulo Roberto Almeida

PS: O trabalho referido é este aqui:
3) Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teórico
Buenos Aires-Brasília, 30 setembro 2008, 6 p. Da série programada, com algumas criticas a filósofos famosos.
Espaço Acadêmico (n. 89, outubro 2008; arquivo em pdf). Relação de Originais n. 1931

A série toda pode ser lida neste link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/FalaciasSerie.html