Statement of fact
Paulo Roberto de Almeida
Não combato pessoas, luto por ideias, contra ou a favor. Não ideias em geral, abstratas, conceitos vagos, mas ideias, afirmações, opiniões sobre fatos concretos, como por exemplo o desenvolvimento do Brasil e o bem-estar de seus habitantes, em primeiro lugar os mais pobres, desvalidos ou não educados, e por isso mesmo pobres ou remediados.
Na história, o Brasil tem sido um país dominado por oligarquias, não por cidadãos livres, conscientes e educados, e esta é a razão de porque somos, em grande maioria, pobres, deseducados e desvalidos.
Trata-se não de um projeto consciente de malvados oligarcas, mas o resultado de um tipo de estrutura social impessoal, que vai moldando formas de organização social, política e econômica que podem ser mais ou menos conducentes à evolução de uma sociedade para uma melhor condição geral de bem-estar geral.
No caso do Brasil ainda não conseguimos evoluir para um grau de desenvolvimento social capaz de reduzir o número dos menos qualificados pelo nascimento ou pela condição de origem.
A origem colonial por um Estado precocemente unificado, mas também oligárquico e centralizado dificultou a modernização. As oligarquias escravistas e latifundistas bloquearam aquilo que se classificou como sendo uma “revolução burguesa”, ou seja, a ascensão de camadas médias ao poder político e econômico, o que não quer dizer que todas as camadas médias (os imigrantes, por exemplo) estivessem em condição de suplantar o poder das oligarquias.
Durante minha formação, busquei as vias intelectuais para escapar do subdesenvolvimento, com base no estudo e na observação da realidade ambiente, no próprio Brasil ou no exterior. Nem sempre fui exitoso no empreendimento, por limitações pessoais ou do meio ambiente. Creio ter contribuído modestamente para a difusão de um conhecimento mais preciso sobre nossos impedimentos ao pleno desenvolvimento material e cultural de nossa nação, com resultados também limitados pelo pouco alcance de minhas ideias.
Daí uma preocupação persistente com os escritos — livros e artigos publicados — que são os que perduram acima das palavras que se perdem na confusão natural das sociedades.
Não tenho maiores instrumentos para difundir o conhecimento adquirido ao longo de uma vida de estudos e de atenta observação das realidades que me cercam ou das quais sou consciente pelos meios disponíveis de informação e de comunicação.
Persistência em certas ideias e disposição para revisá-las em face de novas evidências científicas parecem ser as chaves para algum êxito nesse tipo de empreendimento.
Por que o faço? Simplesmente, ou conscientemente, porque provenho dessas tais classes desprivilegiadas em face das oligarquias dominantes, sempre as elites. Nunca pertenci às elites, sequer às intelectuais, mas sempre me esforcei para, no mínimo, me integrar a essa tribo diáfana e pouco influente em face dos oligarcas poderosos.
Infelizmente, o Brasil vai demorar muito para deixar de ser um país de oligarcas para se tornar uma nação de cidadãos conscientes. O processo é longo e demorado e segue caminhos sempre únicos e originais.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6/07/2025