O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.
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domingo, 6 de julho de 2025

Statement of fact - Paulo Roberto de Almeida

Statement of fact

Paulo Roberto de Almeida 

        Não combato pessoas, luto por ideias, contra ou a favor. Não ideias em geral, abstratas, conceitos vagos, mas ideias, afirmações, opiniões sobre fatos concretos, como por exemplo o desenvolvimento do Brasil e o bem-estar de seus habitantes, em primeiro lugar os mais pobres, desvalidos ou não educados, e por isso mesmo pobres ou remediados. 

        Na história, o Brasil tem sido um país dominado por oligarquias, não por cidadãos livres, conscientes e educados, e esta é a razão de porque somos, em grande maioria, pobres, deseducados e desvalidos.

        Trata-se não de um projeto consciente de malvados oligarcas, mas o resultado de um tipo de estrutura social impessoal, que vai moldando formas de organização social, política e econômica que podem ser mais ou menos conducentes à evolução de uma sociedade para uma melhor condição geral de bem-estar geral.

        No caso do Brasil ainda não conseguimos evoluir para um grau de desenvolvimento social capaz de reduzir o número dos menos qualificados pelo nascimento ou pela condição de origem.

        A origem colonial por um Estado precocemente unificado, mas também oligárquico e centralizado dificultou a modernização. As oligarquias escravistas e latifundistas bloquearam aquilo que se classificou como sendo uma “revolução burguesa”, ou seja, a ascensão de camadas médias ao poder político e econômico, o que não quer dizer que todas as camadas médias (os imigrantes, por exemplo) estivessem em condição de suplantar o poder das oligarquias. 

        Durante minha formação, busquei as vias intelectuais para escapar do subdesenvolvimento, com base no estudo e na observação da realidade ambiente, no próprio Brasil ou no exterior. Nem sempre fui exitoso no empreendimento, por limitações pessoais ou do meio ambiente. Creio ter contribuído modestamente para a difusão de um conhecimento mais preciso sobre nossos impedimentos ao pleno desenvolvimento material e cultural de nossa nação, com resultados também limitados pelo pouco alcance de minhas ideias.

        Daí uma preocupação persistente com os escritos — livros e artigos publicados — que são os que perduram acima das palavras que se perdem na confusão natural das sociedades.

        Não tenho maiores instrumentos para difundir o conhecimento adquirido ao longo de uma vida de estudos e de atenta observação das realidades que me cercam ou das quais sou consciente pelos meios disponíveis de informação e de comunicação.

        Persistência em certas ideias e disposição para revisá-las em face de novas evidências científicas parecem ser as chaves para algum êxito nesse tipo de empreendimento.

        Por que o faço? Simplesmente, ou conscientemente, porque provenho dessas tais classes desprivilegiadas em face das oligarquias dominantes, sempre as elites. Nunca pertenci às elites, sequer às intelectuais, mas sempre me esforcei para, no mínimo, me integrar a essa tribo diáfana e pouco influente em face dos oligarcas poderosos.      

        Infelizmente, o Brasil vai demorar muito para deixar de ser um país de oligarcas para se tornar uma nação de cidadãos conscientes. O processo é longo e demorado e segue caminhos sempre únicos e originais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 6/07/2025


sábado, 19 de junho de 2021

Pequena declaração de princípios - Paulo Roberto de Almeida

 Pequena declaração de princípios para que fique bastante claro meu repúdio total ao que está acontecendo atualmente no Brasil

Paulo Roberto de Almeida


Não tenho nenhuma hesitação em classificar o presidente como um ignorante desequilibrado perverso, com traços de psicopata, o que converge com muitos dos seus apoiadores voluntários, pessoas que saem às ruas para defendê-lo ou que expressam esse apoio nas redes sociais, mas que não tiram nenhuma vantagem pessoal desse apoio, até fanático em diversos casos. 

Já aqueles que contribuem diretamente, no serviço público ou em torno dele (funcionários, contratados, contratantes ou fornecedores), para sua ação triplamente nefasta em detrimento do bem-estar material e da sanidade mental da coletividade, estes se distribuem em diversas categorias: primeiramente, existem aqueles, militares ou civis, que por interesse ou convicção, partilham da mesma visão rudimentar, tosca e autoritária do mundo; depois existem aqueles oportunistas safados que tiram vantagens materiais dessas atitudes e posturas que extraem recursos públicos da máquina estatal em seu favor; finalmente, existem também aqueles que, não necessariamente concordam com as insanidades perversas do capitão, mas que são suficientemente covardes ou incompetentes, para não se oporem, por passividade ou submissão, aos atos caracteristicamente nefastos à vida pública ou à simples moralidade no convívio social.

 

Contemplo com certa tristeza o que ocorre atualmente no Brasil, e me oponho de forma veemente a tudo isso, mas nem por isso me junto a outro bando de militantes de um outro populista mentiroso que convergem no apoio igualmente acrítico a esse outro “salvador da pátria” que se apresenta como tal, possuindo certos traços negativos de personalidade, que também condeno absolutamente.

No fundo, tudo é uma questão de caráter e de formação intelectual, além de uma postura digna, de forma consciente ou não: esperava que a esta altura de nosso itinerário como nação independente nossas elites supostamente educadas já teriam tido tempo de assumir uma postura de estadistas na condução do país. Constato que não é o caso e que muitos setores dessas elites são medíocres, ignorantes e despreparadas para o que legitimamente deveríamos esperar delas. 

 

O Brasil ainda é um país educacionalmente muito atrasado, o que resulta nessas elites medíocres e oportunistas.

Vai demorar mais um pouco, bem mais do que os pobres, ou todos aqueles que não vivem em segurança econômica, poderiam esperar. É a diferença, em muitos casos, entre a vida e a morte dos mais humildes, entre a esperança e a desesperança dos desprovidos de meios. 

Mas contemplando o conjunto da humanidade, constamos que não somos melhores ou piores do que certos povos: estamos na segunda metade dos níveis de bem-estar, não no terço final, mas muito atrás do que poderíamos estar, depois de 200 anos de completa autonomia nacional, se nossas elites não fossem tão medíocres.

 

Dito isto, considero que o mínimo que se esperaria de elites mesmo medíocres seria uma ação decisiva para afastar o monstro perverso que infelicita ainda mais a vida dos brasileiros. Trata-se de uma urgente necessidade profilática para a diminuição do sofrimento da nação, com mortes se acumulando sem razão de ocorrerem. A manutenção do psicopata no comando da nação apenas acrescenta ao atraso e à degradação da vida no Brasil.

 

Pela declaração meridianamente clara.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 19/06/2021