O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Tomates assassinos? ou Tomate na cabeca? ou Tomates Verdes Fritos? Escolha o cenario...

Daria para fazer uma daquelas macarronadas de alimentar todo um quarteirão, como se costuma fazer nas grandes comemorações do Brás...

Augusto Nunes, 27/06/2013

O Banco Central anunciou que a inflação anual será de 6%. O índice ─ bem maior que o previsto por Guido Mantega e muito menor que a taxa real ─ subiria à estratosfera se os cálculos incluíssem a gastança com o visual de Dilma Rousseff em dia de pronunciamento na TV. Desde dezembro, cada aparição passou a custar exatamente R$ 3.125 ─ um salto de 681% em relação aos R$ 400 investidos até então em cuidados com cabelo e maquiagem.
O preço novo, revelado nesta terça-feira pela Folha, elevou espetacularmente o a conta das três discurseiras de Dilma entre o fim de 2012 e março deste ano. Beneficiário do aumento, o cabeleireiro Celso Kamura acha pouco. “Minha diária costuma ser de R$ 10 mil”, disse na entrevista a VEJA São Paulo. “A única coisa que ela banca é a passagem aérea”. Caso encomendasse o serviço a um salão de Brasília, a ilustre cliente pagaria menos de R$ 500.
Os R$ 9.375 desembolsados nas três aparições equivalem a
133 Bolsas Família mensais;
13,5 salários mínimos;
3.125 passes de ônibus em São Paulo;
32 cestas básicas;
3.522 quilos de arroz tipo 1;
1.482 quilos de feijão carioca.

Ou 2.343 quilos de tomate. Mais de duas toneladas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A incrivel historia do tomate viajante, ou porque o Brasil segue quase parado...

(The+Drunkeynesian)

terça-feira, 9 de abril de 2013

O último post sobre tomate (ou: uma anedota do Brasil que não dá certo)

Imagino que, como eu, o leitor não aguenta mais ouvir falar do preço de tomate. Já me desculpo antecipadamente por voltar ao tema, prometo, pela última vez.

O infográfico abaixo está na capa da Folha de hoje, mostrando a viagem de 65 dias que o tomate faz do interior da China até às fábricas que o processam em ketchup e molho, em Goiás:


A história pode ser lida como um imenso jogo de erros, da taxa de câmbio à ridícula ineficiência do produtor e da logística brasileira - de tudo isso já sabemos. Só queria chamar atenção para um detalhe, a cereja do bolo recheado de absurdos: eu já tinha ouvido falar de Urumqi enquanto alimentava minha pequena obsessão por curiosidades geográficas. Da Wikipedia:

Ürümqi has earned a place in the Guinness Book of Records as the most remote city from any sea in the world. It is about 2,500 kilometres (1,600 mi) from the nearest coastline as Ürümqi is the closest major city to the Eurasian pole of inaccessibility.

Em Português claro: o país com a maior área de terras aráveis do mundo está importando tomates cultivados no lugar do mundo mais longe de uma saída para o mar. Para o comprador brasileiro, aparentemente faz mais sentido financeiramente esperar a viagem de 65 dias de Urumqi até Goiás do que confiar em um produtor nacional. Alguém poderia argumentar que o problema é pontual e vai desaparecer quando o preço do tomate no mercado local ceder, mas ninguém monta uma rede de comércio intercontinental pensando apenas na semana que vem. O tomate de Urumqi é o atestado definitivo (se é que faltavam algum) da enorme incapacidade do país em criar vantagens comparativas. Muito deprimente, mas se há algum lado bom é que o espaço para melhoras é imenso - resta saber o que nos tirará da inércia.

P.S. Notem também que o tempo de transporte de Urumqi até Tianjin é menor do que o tempo de desembaraço em Paranaguá.