O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Com voces, e no NYTimes, o dialetico novo ministro da C&T (da C&T???; talvez da mandioca)

Há muito anos atrás, eu já o havia identificado como um dos homens das jabuticabas brasileiras (vejam aqui e aqui), e de uma particularmente pouco saborosa, a exemplo do malfadado projeto de interdição de tecnologias poupadoras de mão-de-obra no serviço público. Mas ele conseguiu emplacar duas outras proibições, válidas para toda a economia: catracas eletrônicas e bombas de gasolina self-service, o que faz dele um dos nossos melhores ludditas...
Pois é esse o novo ministro da C&T, que tem outras ainda melhores, como a adição obrigatória da mandioca ao pão francês. Essa eu não sei se está em vigor, mas o dia do Saci, em substituição ao dia das bruxas parece que não pegou...
Uma parada o novo ministro...
Paulo Roberto de Almeida



Brazil’s Former Sports Minister is Moved to Science Post Despite Rejection of Global Warming Science



The Facebook page of Aldo Rebelo, Brazil's former minister of sports, who was appointed minister of science, technology and innovation despite his rejection of the science pointing to human-caused climate change.Credit
For the president in any democracy, compromises are often necessary in assembling a cabinet that satisfies a range of constituencies. But even with that in mind, it’s really hard to understand how President Dilma Rousseff of Brazil, who has repeatedly pressed for strong global action to curb climate change, could possibly justify her choice of Aldo Rebelo as her new minister of science, technology and innovation.
It’s unfortunate that Rebelo has no scientific background and probably didn’t absorb many relevant insights in the position he held since 2011 — minister of sports. But that’s a minor issue compared to his attacks on even the most basic, established aspects of science pointing to human-driven global warming.
To get a feel for his views, which put the longtime Communist Party legislator in line with Tea Party talking points, start with the blistering critique of the appointment by Steve Schwartzman of the Environmental Defense Fund, who’s been immersed in Brazilian environmental and forest science and politics for decades. 
Schwartzman begins with Rebelo’s lead role in drafting controversial revisions to the country’s Forest Code, then focuses on this excerpt from an open letter Rebelo sent last July to Márcio Santilli, an environmentalist and former congressman, responding to Santilli’s criticisms (the translation is by Schwartzman):
The positivist scientism that you call natural science and contrast with my devotion to dialectical materialism is not magical enough to convert me to the article of faith that is the theory of global warming, which is incompatible with current knowledge.
Science is not an oracle. In fact, there is no scientific proof of the projections of global warming, much less that it is occurring because of human action and not because of natural phenomena. It is a construct based on computer simulations.
In fact, my tradition links me to a line of scientific thought that prioritizes doubt over certainty and does not silence a question at the first response. Parallel to the extraordinary advances and conquests that Science has bequeathed to the progress of Humanity, come innumerable errors, frauds or manipulations always spun in the service of countries that finance certain research projects or projections.
I am curious to know whether those who today accept the theory of global warming and its alleged anthropogenic causes as unshakeable dogma, are the same ones who some years ago announced, with identical divine certainty, global cooling.
Please read the rest here. The translation is by Schwartzman but you can check it against the original.
Just to top things off, Rousseff made another cabinet choice that bodes poorly for the Amazon rain forest and its indigenous inhabitants. Here’s Schwartzman’s summary:
The new Minister of Agriculture, Katia Abreu, was the president of the National Confederation of Agriculture (the national association of large and middle-size landowners and ranchers). As senator, she led the Congress’s powerful anti-environmental, anti-indigenous “bancada ruralista”, or large landowners’, caucus and earned the title among environmentalists of “chainsaw queen.”
At Bloomberg View, Mac Margolis, who was previously a Latin America correspondent for Newsweek and wrote a fine book on the Amazon frontier 22 years ago, seconded Schwartzman’s concerns and added this about his stance on his other new portfolio — technology:
Denying climate change is not Rebelo’s only contribution to policy obscurantism. As a lawmaker in 1994, just as Brazil was beginning to modernize public service, he demanded that government forsake “labor-saving innovative technology,” such as computers and automatic elevators. The proposal was quietly shelved in committee, on fear that it would create, among other monstrosities, “a frightening bureaucracy.” He had more success in later stopping self-service fuel pumps at Brazilian filling stations, so sparing an underpaid army in overalls.
Then, in 2001, he sought to prohibit the use of English-language terms from public parlance, so banishing “imperialist” terms like “drive-in” and “software.”
Undaunted, Rebelo is back, exotic as ever, this time with a fancy job upgrade. How he fits Rousseff’s mission to make Brazil a modern and environmentally-sound nation is an open question. But she could start with cabinet change. [Read the rest.]
It’ll be interesting to see whether Rebelo accompanies Rousseff to the next big round of climate treaty talks in Paris in December.
For another view of the appointments and these criticisms, read Thomas Lifson at the American Thinker: “Warmists apoplectic as Brazil president names climate skeptic as science minister.”

A Constituicao brasileira: um caso especial de esquizofrenia economica - Paulo Roberto de Almeida

Parece que a origem dos nossos problemas, de parte deles, pelo menos, está numa Constituição esquizofrênica, que pretende trazer a felicidades a todos e a cada um, acreditando que a letra da lei é capaz de criar realidades econômicas. Enquanto não se restabelecer o primado das realidades econômicas, o Brasil vai continuar vivendo essa grande ilusão de acreditar que legisladores (o que inclui os executivos também) conseguem distribuir felicidade impunemente, e gratuitamente.
A série abaixo foi publicada no site do Instituto Millenium, e creio que eu não havia ainda refletido essa publicação.
A ficha do trabalho está aqui:
2505. “A Constituição brasileira contra o Brasil: uma interpretação econômica da esquizofrenia constitucional”, Hartford, 8 Agosto 2013, 39 p. Ensaio interpretativo sobre os mais importantes dispositivos econômicos da Constituição de 1988, e dos que regulam direitos sociais com impacto na economia do país, enfatizando seu caráter distributivo, o que inviabiliza uma taxa de crescimento mais vigorosa para o país. Resumo em 20 p. em 08/08/2013, sob o título “A Constituição brasileira aos 25 anos: um caso especial de esquizofrenia econômica”, para a revista Digesto Econômico (Julho-Agosto 2013, p. 64-74). Divulgação desta versão dividida em sete blocos, no site do Instituto Millenium (abaixo); disponível no link: https://www.academia.edu/attachments/32626808/download_file. Publicado in: René Marc da Costa Silva (org.): 25 Anos da Constituição Federal de 1988: uma comemoração crítica (Brasília: Uniceub, 2013, 240; ISBN: 978-85-61990-17-6; p. 55-81; disponível: https://www.academia.edu/attachments/32627080/download_file). Relação de Publicados n. 1105 e 1112.
Paulo Roberto de Almeida

A Constituição brasileira: Um caso especial de esquizofrenia econômica (I)
O contexto que presidiu à elaboração da Constituição de 1988 foi o da crise dos regimes socialistas na Europa oriental, mas os processos não tinham sido consumados no momento dos debates constituintes. O Brasil não dispunha, à época, de partidos conservadores, ou de um que fosse realmente liberal, no...
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A Constituição brasileira aos 25 anos: Um caso especial de esquizofrenia econômica (IV)

A Constituição “parlamentar”: muitos privilégios, baixa produtividade Os maiores problemas econômicos do processo legislativo não são decorrentes, explicitamente, de disposições constitucionais, mas de certas interpretações especiosas, quando não fantasiosas, quanto ao sentido que se deve dar às medidas executivas aprovadas pelo Congresso, em primeiro lugar, o orçamento, a peça...
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A Constituição brasileira aos 25 anos: Um caso especial de esquizofrenia econômica (VI)

A Constituição dos “direitos sociais”: sem qualquer análise dos custos O Título VIII (Da Ordem Social), encerra, como se sabe, a visão generosa, e totalmente antieconômica, dos constituintes, ao determinar a prestação universal, não discriminatória, de diversos serviços públicos coletivos, sem que jamais tenha sido efetuada alguma avaliação sobre...
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A Constituição brasileira aos 25 anos: Um caso especial de esquizofrenia econômica (VII)

Uma Constituição economicamente esquizofrênica Não cabe estender ainda mais as demonstrações de irracionalidade econômica contidas na maior parte dos dispositivos constitucionais que pretendem assegurar a todos os brasileiros sua cota de felicidade terrena, se possível assessorados, assistidos, ajudados e financiados por um Estado generoso, concebido pelos constituintes como sendo...
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Perspectivas economicas (e morais) para 2015 - Ubiratan Iorio (recomendo leitura atenta)

Meus cumprimentos, enfáticos, ao Ubiratan Iorio, e uma confissão: tenho inveja de sua capacidade analítica, de sua capacidade de síntese, de sua força moral, de sua simplicidade expositiva, enfim da clareza, da justeza, da objetividade de seus argumentos. Gostaria de escrever como ele, mas para isso, eu teria de ter primeiro as mesmas virtudes analíticas que uma vida de estudos, de pesquisa, de reflexões sensatas sobre a realidade trazem a espíritos clarividentes como o dele.
Meus parabéns, e minhas recomendações, a todos os que frequentam este espaço, para que leiam atentamente cada linha que ele escreveu.
Retirado do boletim do Instituto Millenium.
Paulo Roberto de Almeida

Conjecturas de um economista

O que esperar de nossa amada Terra Brasilis em 2015? Como se comportará nossa debilitada economia? O que acontecerá nas imperscrutáveis sendas de nossa política? Quantos escândalos ainda se somarão à corrupção oficial, que já se tornou endêmica? Como reagirá o povo diante dos desagradáveis acontecimentos políticos e econômicos que podem ser prenunciados?
A Escola Austríaca de Economia, por uma questão fundamentalmente de metodologia, não crê em previsões quantitativas e, portanto, se alguém me perguntar a quanto andará a taxa Selic, ou a inflação de preços, ou a taxa de crescimento da economia, ou a taxa de desemprego em dezembro de 2015, responderei com um sonoro “não sei”! Um “não sei” científico, faço questão de frisar. E ao qual poderei acrescentar um “e ninguém pode saber”.
Mas é possível fazer algumas previsões qualitativas, considerando como base a boa teoria econômica da Escola de Viena e, como contraponto negativo, as ações e cacoetes de nossos mandatários políticos e da equipe econômica do velho-novo governo.
Economia e política, no mundo real, não podem ser dissociadas, especialmente no dito plano macroeconômico, ao contrário do que entende a maioria dos economistas, todos eles seres inteligentes e estudiosos, mas educados e treinados na corrente principal. Ambas andam lado a lado e se amparam no sistema ético-moral, seja este sistema virtuoso ou pecaminoso, lealdoso ou torpe, correto ou depravado.
Comecemos pelo mais importante dos três sistemas, que é certamente o ético-moral-cultural. Quando está putrefato, contamina inevitavelmente os outros dois, a saber, o político e o econômico. E será que podemos esperar que em 2015 a ética e os verdadeiros valores morais e culturais passarão da água ao vinho? Será que, depois de “mensalões”, “petrolões”, compra de votos com dinheiro e com cargos públicos e tantos outros episódios lamentáveis que os brasileiros, há anos, acompanham, perplexos e estupefatos, não aparecerão novos escândalos, sempre celeremente abafados pelo governo com o apoio de quase toda a mídia? Será que uma presidente da República – apenas para ficarmos com um mísero exemplo – que reluta em demitir a presidente e o conselho de administração da Petrobras, depois de tantos escândalos e de tantos prejuízos causados ao país, e ainda lhes dá apoio, passará a ser um modelo de respeito à ética e à boa gestão, apenas porque começará um novo mandato? Será que um governo que mentiu despudoradamente durante a campanha eleitoral de 2014, tentando mostrar um Brasil que só existia nas cabeças de sua equipe de marqueteiros e de seus militantes – que mais se assemelham a torcidas organizadas de clubes de futebol, tamanho o seu fanatismo -, passará a respeitar a verdade? Será, enfim, que os brasileiros poderão confiar em uma equipe de ministros que, antes de ser escolhida, foi alvo de investigações por parte do próprio governo para ver se alguns estariam ligados a casos de corrupção?
Meus leitores são inteligentes. Por isso, convido-os a responderem.
No que se refere à economia, é consensual que 2015 será um ano difícil, muito difícil, de aperto de cintos em zona de grande turbulência
No que se refere à economia, é consensual que 2015 será um ano difícil, muito difícil, de aperto de cintos em zona de grande turbulência. Quem semeia vento colhe tempestade e quem planta mentira recebe na testa o bumerangue da verdade. Esse velho ensinamento da vida se aplica com bastante propriedade à economia, não temos a menor dúvida quanto a isso. É impossível comer demais sem ter indigestão e o governo, entre 2008 e 2014, nada mais fez do que comer, comer e comer. Um apetite titânico, provocado pelo apego ao poder, pela demagogia e pelo desconhecimento da boa teoria econômica. A indigestão veio no início de 2014, mas pouco mais do que a metade do povo, enganado pela esmola do programa bolsa família e pela propaganda debochadamente mentirosa do governo, não a percebeu. Inflação de preços, desemprego, contas externas em estado lamentável, crescimento zero. Tripé macroeconômico arrasado. Um desastre completo. Atualmente, o número dos que percebem essa deterioração é maior, porque o processo de mercado é o melhor detector de mentiras que existe.
Um dos efeitos mais danosos provocados pela desastrosa política econômica levada a cabo a partir de 2010 – na verdade, a partir de 2008, ainda sob o comando de Lula – é que voltamos a ter o que os economistas chamam de dominância fiscal, uma situação em que o déficit nas contas do governo é que determina os rumos e os efeitos dos regimes monetário e cambial.
Há, teoricamente, dois casos possíveis em que essa dominância fiscal pode ocorrer. No primeiro, quando as autoridades fiscais dominam (a expressão advém da Teoria dos Jogos) as autoridades monetárias, que conduz a uma situação em que uma política monetária apertada agora pode significar inflação no futuro. Não há paradoxo nenhum nisso, porque, nesse caso, se as necessidades de financiamento do setor público (ou déficit nominal) são cobertas pela emissão de dívida interna, a maior taxa de juros que resultará cedo ou tarde realimentará o déficit e isso acontecerá até o ponto em que o governo será forçado a emitir mais moeda e, portanto, a alimentar a inflação futura.
No segundo, que acontece quando existe expectativa de forte inflação, a dominância fiscal pode fazer com que uma política monetária apertada agora aumente a inflação imediatamente. E também não há contradição aí. Isso pode acontecer porque o aumento provocado na taxa de juros causa o surgimento ou o recrudescimento das expectativas de inflação e, dada a racionalidade dos agentes econômicos, se todos acham que a inflação vai ser maior no futuro, por que não aumentar os preços imediatamente, em busca de ganhos imediatos? É pura ação humana em ambiente de incerteza e tentando valer-se da variável tempo para alcançar estados mais satisfatórios.
Essas observações, embora não sejam essencialmente “austríacas” – na verdade, remontam a Bob Lucas, Thomas Sargent, Neil Wallace e outros “novos clássicos” –, não só não contradizem, como até respaldam a Teoria Austríaca da Moeda e do Capital e a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos. É verdade que, rigor, para a Escola Austríaca não há motivos plausíveis para a existência de “regimes” ou “políticas” fiscais, monetárias e cambiais, mas, já que elas existem, o second best é que não exista dominância de nenhuma delas sobre as demais. Já que estão aí – e continuarão a estar até que a terra dê muitas voltas – que sejam independentes uma das outras.
Ao expandir o crédito sem que a poupança tivesse aumentado, o governo provocou um “alongamento” artificial na base da estrutura de capital (ou triângulo de Hayek, como é do conhecimento dos meus leitores mais assíduos). Investimentos inviáveis, então, passaram a ser erroneamente interpretados, induzidos pela política monetária errada, como, potencialmente, viáveis. Além disso, o governo estimulou abertamente o consumo, o que contribuiu decisivamente para agravar os inevitáveis ajustamentos inerentes ao processo de mercado e que aconteceriam de qualquer forma. As taxas de juros, que tenderiam a subir por conta da disputa pelo crédito, foram mantidas baixas por muitos meses, na vã tentativa de “estimular o crescimento”. Como sempre acontece quando a expansão monetária não é lastreada em aumento na poupança genuína e como o crédito dos bancos oficiais passou a crescer cada vez mais, esses ajustamentos, que já podiam ser detectados em 2013, explodiram em 2014. Aqueles investimentos que pareciam rentáveis, como sempre acontece, passaram a ser inviáveis. A base da estrutura de capital, que se alargara de maneira não natural, então, encolheu, com a eclosão do conhecido efeito concertina. E a economia, literalmente, parou. Esse quadro de recessão com inflação foi ainda agravado pelo abandono irresponsável do princípio da responsabilidade fiscal. Nenhuma “contabilidade criativa” pode ser capaz de alterar as respostas da economia a políticas erradas!
Em suma, o grande desafio para 2015 deveria ser o de eliminar essa nefanda dominância fiscal, um presente de grego legado por Dilma, Mantega & Cia. Uma demonstração incrível de incompetência teórica alimentada por uma crença absurda nos poderes de Grayskull, em que o Estado se traveste de He-Man e acredita que pode conduzir a vida econômica dos indivíduos. Ressalte-se que foram necessários muitos anos de esforços e de exigências penosas para que a dominância fiscal fosse anulada, mas que Dilma, Mantega e seus auxiliares conseguiram mandar para as calendas todo esse sacrifício em apenas quatro anos.
Quem acredita em milagres pode pensar que o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, poderá resolver esses problemas com sua varinha mágica de bom defensor do erário e que, em cerca de um ano, o desempenho da economia voltará a ser satisfatório. Ledo engano! Primeiro, porque muito dificilmente ele terá autonomia para fazer o que deve ser feito, que é cortar fortemente as despesas públicas, podar ministérios, acabar com a casa-da-mãe-joana em que o aparelhamento partidário transformou o Estado, reduzir a brutal carga tributária, desburocratizar, desregulamentar, privatizar, abrir os mercados à competição interna e externa, adotar uma política externa conforme aos interesses do país e muitas, dezenas e centenas, de medidas liberalizantes.
Segundo, porque Joaquim, consequentemente, será compelido a considerar o atual descalabro, provocado pela mistura macabra de intervencionismo aliado com o projeto de poder do PT, como um dado e a partir disso ajustar sua coleção de foices fiscais para tentar melhorar o deplorável estado das contas públicas.
E – não tenham dúvidas quanto a isso! – ao fim e ao cabo, suas tesouras vão cortar mesmo, afiadas, os fundos de nossos bolsos e desconjuntar, certeiras, nossas algibeiras. Aumentar tributos, para os políticos, é sempre muito mais fácil do que cortar despesas. Já se fala na volta da execrável CPMF, da CIDES, em alíquotas mais altas para o IRPF e, até, no abominável imposto sobre grandes fortunas, velho sonho dos petistas e esquerdistas que creem pia e estupidamente que a causa da pobreza é a riqueza…
Terceiro, porque, por seu histórico como secretário do Tesouro de Lula e secretário de Fazenda do governador Cabral no Rio, Levy, embora mostrando “competência” para melhorar as contas públicas, o fez muito mais aumentando receitas do que reduzindo despesas. Fazer “ajustes fiscais” ele sabe fazer, mas a qualidade desses acertos é que é o problema. Aumentar alíquotas de impostos, criar e recriar taxas e contribuições – e toda e qualquer alma com um mínimo de percepção econômica deveria estar farta de saber isso – equivale a dar um tiro no pé, porque o consequente empobrecimento do setor privado e o desestímulo à produção e à livre iniciativa sufoca o estímulo a trabalhar, asfixia a economia, estrangula o emprego, afoga o empreendedorismo e tolhe a atividade empresarial. Em suma, o novo ministro, embora tenha estudado na excelente EPGE e em Chicago, até aqui se mostrou distante de poder ser considerado um liberal. Adicionalmente, posso quase afirmar que não conhece os bons ensinamentos da Escola Austríaca e muito menos que eles funcionam no mundo real. É um economista sério, mas para quem cortar gastos ou aumentar receitas parece não fazer muita diferença, pois o que importa é a diferença entre gastos e receitas.
É evidente que mais esse assalto esperado aos pagadores de tributos amplifica seus efeitos perniciosos quando aliado ao transtorno do Leviatã, ao manicômio da burocracia, ao hospício da regulamentação e ao sanatório dos controles do Estado sobre nossas vidas.
Receio que todo o esforço poderá resultar em vão porque a essência de nossos problemas, ao invés de ser enfraquecida, continuará intacta
Com toda a sinceridade, portanto, pelas razões expostas, não compartilho com os mercados financeiros o otimismo demonstrado quando da indicação de Levy para comandante da economia, até porque tenho convicção de que nenhuma economia precisa de um “comandante”. Teremos um ano muito duro pela frente, como tem mesmo que ser, mas receio que todo o esforço poderá resultar em vão porque a essência de nossos problemas – o agigantamento do Estado e sua crescente intromissão nas vidas de pessoas e empresas – ao invés de ser enfraquecida, continuará intacta, sendo tratada a pão de ló, como um rei gordo e pachorrento. Isso nos conduz ao terceiro problema, que é o político.
Nenhum povo, como disse Churchill, pode ser enganado indefinidamente e as eleições de outubro passado já deram sinal disso. Praticamente a metade dos votantes manifestou claramente que não está satisfeita com os que estão encastelados no poder desde 2003. A oposição saiu fortalecida e parece que vai, enfim, depois de doze anos de letargia, cumprir o seu papel constitucional, que é exatamente o de fazer oposição. Em ano de aperto econômico, de aumento da carga tributária e com a muito provável demora da inflação de preços em cair e do emprego em subir, mais eventuais novos escândalos que poderão explodir (como as tais “operações secretas” do BNDES), essa insatisfação poderá aumentar e, consequentemente, as pressões sobre o governo também. Por muito menos do que os episódios de ruptura ética e moral protagonizados pelo governo petista, Collor foi posto para fora do Planalto a pontapés. Se Lula resistiu ao “mensalão” em 2005 e a atual presidente ao “petrolão”, foi porque a popularidade de ambos estava alta. Mas popularidade é como um sopro de fumaça, que vem e passa. Um eventual movimento pelo impeachment da presidente poderá, em um ano econômica e politicamente difícil, ganhar força e poderemos ter problemas até de governabilidade. Não estou querendo dizer que desejo que essa situação aconteça, mas apenas que não é maluquice cogitar que pode acontecer.
O fiel da balança, como vem acontecendo desde os anos oitenta, é o velho e viciado PMDB, partido que, com raras exceções, é dado ao péssimo hábito de trocar votos por apoios a quem quer que esteja no poder. Infeliz é o país que tem um fiel da balança assim! Porém, se a pressão popular contra os desmandos, as mentiras, a corrupção generalizada, a inflação, o desemprego e outras coisas mais forem fortes, os peemedebistas – para “honrarem” sua história – poderão muito bem trocar de lado e mudar-se para a oposição. Não comem feijão com arroz, alimentam-se de votos; não bebem água, bebericam urnas…
São, enfim, conjecturas para o novo ano, que escrevo com tristeza, ressaltando que nunca fui, sou ou serei membro de qualquer partido político, porque sempre prezei e continuarei zelando por minha independência para dizer e escrever o que penso.
Se vocês quiserem concordar com essas conjecturas, tudo bem, porque não me sentirei só. Mas, se não creem que sejam plausíveis, podem me cobrar daqui a um ano, certo?
E, a rigor, querem saber de um segredo? Eis: espero que eu esteja errado… Afinal, vivo no Brasil.
Minhas palavras finais são, contudo, de alento. Creio que nunca houve condições de crescimento do movimento liberal que fossem tão promissoras como agora, nem mesmo no início dos anos noventa, no período posterior à queda do muro de Berlim e à implosão da URSS. Nossa tarefa, neste momento, é a de espalhar a verdade histórica de que sem liberdade não é possível construir-se uma grande nação. Quanto a isso, podem contar comigo, como sempre. E, logicamente, com o IMB, o ILIN e todos os institutos e grupos de estudos cuja tarefa é semear os valores da liberdade e dos valores morais.
Desejo, mesmo em meio a esta barafunda, um feliz ano de 2015 a todos vocês no plano pessoal. Saúde vale mais do que inflação; paz de espírito do que corrupção; amor do que ódio; luta do que acomodação; consciência tranquila mais do que medo de ser preso; patrimônio individual mais do que PIB; e convicção na liberdade muito mais do que servidão aos poderosos de plantão!
Fonte: Blog do Ubiratan Iorio

Partido totalitario nao desiste: quer controlar a imprensa - Carlos Brickmann

Fronteiras em tempos de web
Carlos Brickmann
Especial - Observatório da Imprensa - Circo da Notícia, 6 de janeiro de 2014

Não foi preciso esperar nem um dia. Já no primeiro horário como ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini - aquele que se notabilizou como algoz de pessoas idosas quando esteve na Previdência - já disse a que veio: sua tarefa é controlar a imprensa. O "controle social da mídia", ou "regulação econômica da mídia", nome de fantasia adotado por Sua Excelência para a censura, será amplamente debatido no Congresso, por iniciativa do Governo. Já se entende, portanto, a montagem do Ministério: valeu tudo para conseguir maioria, fosse ao custo que fosse, e silenciar os críticos do Governo.

Berzoini diz que o debate começará sobre as concessões públicas - TV e rádio, portanto. Diz também que não há intenção de regulamentar o conteúdo - mas deixa claro, "inicialmente". Mais tarde, talvez.

A história de que não se pretende "inicialmente" cuidar da regulação do conteúdo vai até a página 2. Aí já começa a "regionalização de conteúdos". Ótimo: nada melhor do que estimular a produção radiofônica e televisiva em todo o país. Só que a grande produção exige grandes estruturas, que existem nos grandes centros. Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça é uma frase belíssima. Mas implementá-la é outra coisa.

Depois vem a proibição de monopólios e oligopólios na comunicação. Que coisa mais liberal!

Mas avancemos: os empresários regionais do setor querem afiliar-se à Globo, Bandeirantes, SBT e Record porque gostam de transmitir coisas dos outros, ou porque é vantajoso?

Retransmitir o Fantástico dá X de audiência. Qual programa produzido localmente terá essa força? Este colunista cresceu tendo, em sua cidade, uma das emissoras mais antigas do país: a pioneira Rádio Clube Hertz, de Franca. Mas a grande audiência da cidade ia para a Rádio Nacional do Rio, que transmitia programação mais ampla e variada (e isso mesmo tendo de ouvi-la em ondas curtas, com som pior que o de sertanejos universitários).

E,finalmente, os limites geográficos de atuação. É engraçado, em tempos de Internet, falar em limites geográficos. Nos Estados Unidos, há algum tempo havia limites geográficos (talvez continuem existindo). Mas qual o limite geográfico de uma emissora retransmitida via Internet e que chega, com som e imagem locais, à Austrália, Patagônia e Polo Norte?

É difícil que essas restrições funcionem sem uma ditadura feroz, que ninguém no momento tem condições de implantar. Mas o simples fato de se pensar nisso mostra que o Governo gostaria mesmo é de não ter de enfrentar as malditas notícias em que nem sempre aparece bem.

Terrorismo islamico: governo brasileiro condena atentado a Charlie Hebdo

Uma nota emitida pelo Palácio do Planalto. Faltou dizer, talvez, que o atentado terrorista foi feito em nome de uma crença, de uma religião, de um tipo específico de fundamentalismo, que tornou-se, desde alguns anos, a principal fonte de atentados contra as liberdades democráticas, de maneira geral, contra a tolerância religiosa em particular.
Existem atentados terroristas em outros lugares do mundo, por razões diversas, mas não se pode negar este fato de que o grosso dos atentados mais bárbaros cometidos nos últimos anos teve como motivação a suposta defesa da religião islâmica contra ameaças de ímpios e apóstatas, geralmente em países ocidentais e contra alvos cristãos. Ou seja, existe uma lógica nisso tudo.
Paulo Roberto de Almeida

Nota à imprensa sobre atentado em Paris

por Portal Planalto — publicado 07/01/2015 00h00, última modificação07/01/2015 12h31

Foi com profundo pesar e indignação que tomei conhecimento do sangrento e intolerável atentado terrorista ocorrido nesta quarta-feira, 7 de janeiro, contra a sede da revista “Charlie Hebdo”, em Paris. Esse ato de barbárie, além das lastimáveis perdas humanas, é um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa.

Nesse momento de dor e sofrimento, desejo estender aos familiares das vítimas minhas condolências. Quero expressar, igualmente ao Presidente Hollande e ao povo francês a solidariedade de meu governo e da nação brasileira.

 Dilma Rousseff

Presidenta da República Federativa do Brasil


RBPI 2-2014: Nota Editorial - Antonio Carlos Lessa e Paulo Roberto de Almeida


Editorial – RBPI 2/2014 – Os sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais
Antonio Carlos Lessa e Paulo Roberto de Almeida
Talvez – e aqui vai um pouco de imaginação – o punhado de intelectuais, de acadêmicos, de burocratas de alto coturno (entre eles vários diplomatas e magistrados), de vários outros mandarins públicos e privados da República de 1946, que se reuniu no velho Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, no final do mês de janeiro de 1954, para fundar o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI), talvez esse pequeno grupo de desbravadores de um terreno ainda inexplorado no Brasil estivesse pensando no modelo do Council on Foreign Relations, dos Estados Unidos, como uma fonte de inspiração para a fundação, o estabelecimento oficial e o funcionamento prático da nova instituição que então surgia de forma inédita no país, no governo constitucional de Getúlio Vargas.
Pode ser. É legítimo supor que aquelas personalidades bem informadas, todas elas cosmopolitas, abertas aos ares do mundo, conhecessem o trabalho do Conselho de Nova York, provavelmente pela existência de seu principal instrumento de análise, de reflexões e de prescrições sobre a política internacional e para a diplomacia americana, a Foreign Affairs, sobretudo porque a revista havia completado seu primeiro quarto de século pouco tempo antes, e seu editor havia feito um Reader comemorativo na ocasião. Ela já era intensamente lida nesses meios conectados às realidades da política mundial na era da Guerra Fria, e o volume especial, reunindo os textos mais significativos dos 25 anos anteriores, tinha sido publicado justamente quando certo Mr. X, o diplomata George Kennan, ainda baseado em Moscou, havia publicado um artigo intrigante sobre as fontes do poder soviético, que constituiria não só a base conceitual, mas também a legitimação política para a doutrina do containment, que seria rigorosa e religiosamente aplicada pelos EUA no meio século seguinte, até praticamente a derrocada da União Soviética.
Talvez. Não sabemos, de fato, qual era o pensamento dominante entre aqueles visionários, que queriam colocar o Brasil no mapa da análise, da reflexão, e da ação em temas de política internacional, conceito que acabou sendo impresso no título da revista que surgiria pouco mais de quatro anos depois, período extremamente movimentado sob qualquer critério que se examine no contexto de nossa história republicana: suicídio do presidente incumbente – do qual, aliás, vários dos fundadores do IBRI eram assessores diretos –, seguido da sucessão tumultuada de três outros presidentes, de golpes e contragolpes, com a participação de militares, de uma campanha eleitoral e da posse de um presidente contestada como inconstitucional pelo principal líder da oposição – e que depois seria um dos mentores do golpe de 1964 –, de todo um clima de efervescência geral no país, de otimismo pela promessa dos “cinquenta anos em cinco”, mas também um período permeado por mais tentativas de sublevações militares, marcado por um rebrote preocupante da inflação, bastante empurrada pela construção de Brasília e pelas primeiras diatribes contra o FMI, então demonizado politicamente como um “obstrutor” do desenvolvimento brasileiro. Foi nesse ambiente febril que surgiu a Revista Brasileira de Política Internacional, que em breve também comemorará os seus 60 anos.
O Reader da Foreign Affairs, volume especial publicado pelo Council em 1947, já estava integrado à Biblioteca do Itamaraty, e seu artigo inaugural [de 1922] tinha sido assinado pelo então decano da diplomacia americana, Elihu Root, que tinha estado no Rio de Janeiro em 1906, para uma das conferências das repúblicas americanas, acolhida por Rio Branco, sob recomendação de Joaquim Nabuco, mas cujas posições pró-império já eram contestadas por um competidor de ambos, o historiador Oliveira Lima. Pode ser, ainda assim, que os “pais fundadores” do IBRI se inspirassem no modelo do Council, e da Foreign Affairs, e tomassem inspiração nas figuras de Rio Branco e de Elihu Root para impulsionar um projeto que não só sobreviveu às intempéries políticas que soem se abater sobre um país em estado de recriação permanente como é o Brasil. Mas é um fato que esse empreendimento desafiador foi mantido por mais de duas gerações, em duas capitais da República, por cosmopolitas dedicados, que têm a intenção de fazê-lo chegar ao seu primeiro centenário, da mesma forma como o fará, dentro de pouco mais de sete anos, o Council e a própria Foreign Affairs.
É certo que o IBRI não se converteu, nem poderia, num êmulo do Council, que pôde dispor, desde sua origem, dos enormes recursos da aristocracia endinheirada da costa leste dos Estados Unidos, do prestígio associado ao establishment acadêmico da região atlântica e do próprio cadinho cultural e cosmopolita de Nova York, a mais internacionalizada das metrópoles daquele país, até mesmo mais do que Washington, uma vez que a ONU, os bancos de Wall Street, os milhões de turistas estrangeiros e de imigrantes, antigos e recentes, fazem daquela cidade uma aglomeração multinacional por excelência. O IBRI, na verdade, sequer dispunha de locais apropriados, abrigado de favor aqui e ali, até se instalar, nos últimos anos, na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, de onde foram trasladados alguns poucos arquivos quando de sua transferência, na verdade a sua recriação em Brasília, em 1993. Ele nunca dispôs de uma conta em banco que fosse minimamente capaz, como fazia o Council, de manter staff próprio, pesquisadores contratados, bolsistas convidados, e empreender projetos de certa magnitude. Os livros de sua pequena biblioteca – cedida para a FGV quando da despedida do Rio – foram obtidos em doações de seus associados, em intercâmbio com instituições estrangeiras e nacionais, ou adquiridos com os recursos de seus próprios membros.
A figura de Cleantho de Paiva Leite, depois do presidente inaugural do IBRI, Oswaldo Trigueiro, do diplomata Henrique Valle e do historiador José Honório Rodrigues, na RBPI, merece aqui uma menção especial, e uma reverência obrigatória, pois foi ele o animador principal, o editor “eterno” e o financiador pessoal do Instituto e de sua revista, que permanece como a realização principal, quase única, do IBRI. Escrevendo, no volume 35, n. 139-140 (julho-dezembro de 1992), ainda sob o impacto da morte de Cleantho, o Embaixador Sérgio Bath, um dos recriadores do IBRI e da RBPI em Brasília, disse que em todas as atividades em que ele se engajou,

Cleantho marcou sua presença pelo otimismo, a disposição para o trabalho, o espirito criativo; a seriedade de propósitos temperada por perene bom humor. Em toda parte, em muitos países fez numerosos amigos; no Itamaraty, no DASP, no BID, no BNDE, era uma figura carinhosamente respeitada. Conheceu bem a sua geração, e quando falava sobre o passado reconstruía com riqueza de pormenores e acentos pessoais a trama de muitas vidas, comentando-as com sorriso ameno, a percepção aguda de humor e empatia. Realista, compreendia e aceitava os defeitos alheios, que coloria com benevolência; mantinha-se conciliado com o mundo, acentuando sempre o melhor, em todos e em tudo. Cultivava intensa dedicação aos amigos, que fazia questão de servir. Nada o agradava mais do que receber a encomenda de um livro recém-publicado, dar um conselho, uma indicação útil. A amizade era para ele uma arte, que praticava com prazer.

O IBRI, em sua fase de Brasília, empreendeu diversos convênios, realizou muitos seminários – vários deles internacionais, em cooperação com universidades e instituições congêneres do exterior – e editou muitos livros, que hoje integram qualquer lista de referência na literatura especializada na área que é a sua, desde a origem. A RBPI constitui, sem qualquer sombra de dúvida, o mais belo fruto deste instituto, que nunca foi um impávido colosso, como seu êmulo de Nova York, mas que não deixa de ser a moldura institucional indispensável para que o projeto inaugurado em 1954 possa evoluir para etapas ainda mais brilhantes de um itinerário modestamente exemplar.
A RBPI, decana das revistas especializadas em Relações Internacionais no Brasil, e uma das mais tradicionais da América Latina, realmente desponta como o projeto mais constante do IBRI. A transferência para Brasília, juntamente com o IBRI em 1993, foi o mais importante passo da já longa trajetória da Revista, porque lhe permitiu a confirmação da sua identidade científica, a partir de então mantida e velada consistentemente por professores de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
O IBRI agora se prepara para celebrar também, em 2017, o sexagésimo aniversário da publicação do primeiro volume da Revista. Ao longo da sua história brasiliense, o IBRI e os professores e diplomatas que animam a instituição, não pouparam energias e recursos para manter a Revista como o seu grande empreendimento intelectual, que a essas alturas, já é um patrimônio de toda a comunidade brasileira de Relações Internacionais.

Referências bibliográficas
BATH, Sérgio. Cleantho de Paiva Leite (1921-1992). Revista Brasileira de Política Internacional, Vol. 35, No. 139-140, 1992.

Antônio Carlos Lessa, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, é editor-geral da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI;
Paulo Roberto de Almeida , diplomata de carreira, é editor-adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI;



Inedito: governador corrupto condenado a cadeia firme! Nunca antes em 226 anos de historia!

Bem, não era bem no Brasil. Os nossos políticos corruptos devem estar dando risada: imaginem, pretender condenar alguém a 6 anos e meio de cadeia só por ter recebido uns presentes de alguns milhares de dólares. Esses americanos devem ser uns babacas moralistas. Por esses caraminguás a gente aqui não teria nem processo. A gente aqui não se deixa levar por esses costumes protestantes...
Paulo Roberto de Almeida

Robert F. McDonnell sentenced to two years in prison
By Matt Zapotosky, Rosalind S. Helderman and Rachel Weiner 
The Washington Post, Tuesday, January 6, 2015

View Photo Gallery: Robert F. McDonnell sentenced: McDonnell was sentenced to two years prison and two years probation in his corruption case.
RICHMOND — A federal judge sentenced former Virginia governor Robert F. McDonnell to two years in prison Tuesday — an unexpectedly lenient punishment for a man who was convicted of selling the influence of his office to a wealthy benefactor for sweetheart loans, luxury vacations and even a Rolex watch.
Unless his case is overturned on appeal, McDonnell (R), who once was mentioned as a presidential contender, will become the first Virginia governor to go to prison.
Prosecutors had sought a 61/2-year prison term, and sentencing guidelines called for as many as eight years and one month. But U.S. District Judge James R. Spencer’s decision ensured that McDonnell will be free before his 63rd birthday. Defense attorneys had asked for a sentence of 6,000 hours of community service.
“Unlike Pontius Pilate, I can’t wash my hands of it all,” Spencer said, after musing at length on the tragedy of the case. “A meaningful sentence must be imposed.”
He ordered McDonnell to report to prison by Feb. 9.
The sentence brings to a close a stunning narrative of politics, greed and family drama that reached a climax in September when McDonnell and his wife, Maureen, were convicted of public corruption. A jury found unanimously that the couple used the governor’s office to help Jonnie R. Williams Sr., a wealthy dietary supplement company executive, advance his business interests and that, in exchange, Williams gave the McDonnells $177,000 in loans and gifts. Maureen McDonnell is scheduled to be sentenced Feb. 20.
Tuesday’s emotional, hours-long hearing began with a last-minute appearance from Maureen McDonnell and ended with an impassioned plea for mercy from the former governor. As the sentence was read, McDonnell’s family members cried softly, and Robert McDonnell stood with no visible reaction — a stark contrast to four months ago, when he collapsed sobbing upon hearing that he had been convicted.
Afterward, McDonnell — who has been living apart from his wife — gave Maureen McDonnell a peck on the cheek; she remained in the courtroom crying after her husband and his legal team left. Outside the courthouse, McDonnell clasped the hands of two of his daughters and vowed to appeal the case — saying he “never, ever betrayed my sacred oath of office” and that his “ultimate vindication” would come from Jesus Christ.
“I am a fallen human being,” he said. “I’ve made mistakes in my life.”
The arguments about McDonnell’s punishment ranged from the technical to the intangible, contrasting the former governor’s character with the crimes of which he was convicted. In his statement, McDonnell asked the judge that “whatever mercy you might have, you grant it first to my wife, Maureen.” That was a notable sentiment because some McDonnell supporters — and even, to a degree, his defense — blamed the former first lady for getting the family involved with Williams.
Spencer spoke for nearly 15 minutes, addressing the fairness of the trial, the history of U.S. sentencing laws and the sadness of the case. He tipped early on that he disagreed with federal sentencing guidelines — which, by his calculation, called for a term between 61/2 years and eight years and one month — calling the punishment the guidelines recommended “ridiculous, under these facts.” But he was also critical of McDonnell’s conduct and that of some of his supporters.
Spencer twice mentioned the governor’s wife. At one point, he called those who claimed she roped the governor into the case “dangerously delusional.” Later, he said, “While Mrs. McDonnell may have allowed the serpent into the mansion, the governor knowingly let him into his personal and business affairs.”
U.S. Attorney Dana J. Boente said after the hearing that Spencer “gave a good explanation” for his thinking. He said in a statement that he hoped the “investigation, prosecution and sentence will help restore and maintain the high integrity of the governor’s office, while affirming our commitment to prosecuting public officials who commit crimes.”
Adam Lee, the FBI special agent in charge of the Richmond field office, said that “any prison time for an elected official is punishment.”
Spencer gave defense attorneys wide latitude to make their case that McDonnell’s long history of public service and good character had earned him a measure of leniency. They put 11 witnesses on the stand who said McDonnell was a compassionate and empathetic official who cared little for material goods, rather than the greedy, entitled politician prosecutors had claimed him to be. A few offered specific community-service work assignments that they said would be preferable to McDonnell’s spending time in prison.
Virginia House Speaker William J. Howell (R-Stafford), a longtime friend, said McDonnell’s predicament had already served as a deterrent to other state lawmakers. McDonnell’s sister Nancy McDonnell Naisawald said her brother had trouble eating after his conviction and lost weight.
“It’s been an absolutely devastating experience for our family,” she said.
The highlight came as former Virginia governor L. Douglas Wilder (D) took the stand and insisted that McDonnell could have been on the shortlist for president of the United States if not for the case. He sparred with Assistant U.S. Attorney Michael Dry, drawing applause from a courtroom packed with McDonnell supporters when he noted the “progenitor of the bribe” — Williams — “walks away clear.” Prosecutors had given Williams broad immunity in exchange for his testimony against McDonnell.
In his own pitch, Dry — who had initially asked for a sentence of more than 10 years but adjusted his request downward after legal arguments Tuesday — asserted that McDonnell had shown no remorse and continued to blame others, including his wife. He noted that “nobody elected Jonnie Williams to anything” and said that people like the businessman “are a dime a dozen.”
“Corrupt governors are not, thankfully,” he said.
Dry spoke about the public’s general distrust of politicians and said McDonnell’s malfeasance stood in a category all its own.
“These crimes are unprecedented in Virginia’s 226-year history,” Dry said.
Defense attorney Henry Asbill argued that McDonnell was a unique defendant — a man of such high moral fiber that hundreds of people had written letters on his behalf. Asbill read excerpts from many of the letters, choking up as he pleaded for a lenient sentence for his client. McDonnell himself asked to be spared prison.
“I stand before you a heartbroken and humbled man,” McDonnell told Spencer. “I’m now 60 years old. All of the additional days that the Lord allows me . . .  I dedicate them to the service of others.”
Spencer said he was moved particularly by McDonnell’s service in the Army and that he struggled to understand — in all cases — why good people ended up as defendants. He noted McDonnell’s many supporters, asking rhetorically, “Why would you take these kinds of chances?” In the end, he said he could not ignore the fact that a jury had convicted the former governor.
“The jury by its verdict found an intent to defraud,” Spencer said. “This is a serious offense that all the grace and mercy that I can muster, it cannot cover it all.”
It was the chef at Virginia’s executive mansion who first brought McDonnell’s relationship with Williams to the attention of authorities. In the spring of 2012, Todd Schneider was accused of stealing food from the mansion’s kitchen. In response, he turned over documents revealing that Williams had paid $15,000 for the food at the wedding of McDonnell’s daughter — an event the chef had catered.
State authorities began looking into whether McDonnell had properly disclosed Williams’s gifts and loans, while federal investigators began exploring whether Williams had committed security violations. In 2013, those investigations merged, as Williams turned on McDonnell and told federal prosecutors that he had been bribing the governor to obtain help with his company’s fledgling dietary supplement.
Williams had taken the first lady on a shopping spree in New York City for clothes worth more than $20,000 and bought a $6,500 Rolex watch for the governor, at her request. He took the couple on a pricey Cape Cod vacation and let the McDonnell family stay at his vacation lake home. Most significant, he gave $120,000 in undocumented loans to Maureen McDonnell and a small real estate company owned by Robert McDonnell and his sister.
In exchange, the jury found, McDonnell helped Williams as he attempted to get his supplement, Anatabloc, studied at state universities, setting up meetings for the businessman, allowing him to launch the product with a party at the governor’s mansion and letting him shape the guest list for a party of important health-care leaders.
McDonnell was in the final year of his four-year term when news broke of his financial entanglements with Williams in 2013. At the time, he had just ushered a bipartisan plan to improve state roads through the Virginia General Assembly, the state’s economy was brightening and his public approval numbers were sky-high.
But much of the last months of his tenure was consumed with dealing with the scandal. He apologized for his actions in July 2013 but maintained that he had committed no crime.
McDonnell and his wife were indicted jointly in January 2014, 10 days after he left office and Gov. Terry McAuliffe (D) was sworn in as his successor. McAuliffe said in a statement that the sentencing “brings an end to one of the most difficult periods in the history of Virginia state government.
“Like many Virginians, I am saddened by the effect this trial has had on our Commonwealth’s reputation for clean, effective government,” McAuliffe said. “As we put this period behind us, I look forward to working with Virginia leaders on both sides of the aisle to restore public trust in our government.”
Sen. Timothy M. Kaine (D-Va.) on Tuesday called again on Virginia’s General Assembly to tackle “significant ethics reform” and said McDonnell’s sentencing “seems to be the end of the chapter in some ways.”
McDonnell’s attorneys requested that he be assigned to a federal prison in Petersburg, which is just south of Richmond; prison officials will pick a spot for him in the coming weeks. The former governor has also asked that he be allowed to remain free while his appeals are adjudicated — although Spencer had yet to rule on that matter Tuesday.
“Sometimes in a case like this, justice is a marathon,” said Asbill, McDonnell’s defense attorney. “We will never give up in this case.”
Ed O’Keefe and Laura Vozzella contributed to this report.
Read more:  Tuesday’s sentencing liveblog  The gifts McDonnell received from Jonnie Williams  Timeline: The McDonnell corruption trial  He said, he said: Bob McDonnell vs. Jonnie Williams

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Dilma vs Lincoln = Brasil vs EUA? Dificil dizer - Maldade do Mauricio David

Meu amigo Mauricio David, sempre atento a coisas bizarras e pouco usuais, me envia esta imagem, sem qualquer comentário.
Acho que vou ficar sem comentários também.
Je suis bouche bée, como diriam os franceses, e não é nenhuma surpresa: eu já tinha lido, ouvido, visto, essa mesma frase dezenas de vezes, e acho que remonta a dois ou três anos atrás, o que em nada diminui seu impacto, como diríamos, surpreendente!
Quanto à frase de Lincoln, provavelmente é falsa, dessas frases inventadas por gente maldosa, só para colocar em maus lençois outros personagens históricos risíveis.
Em todo caso, cada um tire a conclusão que quiser. Eu já tinha tirado as minhas desde o início dos anos 2000, quando ouvi falar pela primeira vez do personagem...
O Lincoln, eu ouço falar desde muitos anos, e acho que ele é assim mesmo: surpreendente...
Paulo Roberto de Almeida


Revista Brasileira de Economia, mais um numero disponivel

Criada em 1947, junto com a Conjuntura Econômica, sua "irmã" do IBRE-FGV-Rio, é simolesmente a mais antiga e tradicional revista de economia do Brasil.

Uma nova edição foi publicada.

Link: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe/issue/current
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Revista Brasileira de Economia
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe

v. 68, n. 4 (2014)

Pronto: para nao dizer que nao falei da posse...

Este blog é implacável: registra, como é sua vocação, tudo o que é importante em termos de políticas públicas, e por vezes até o que é desimportante, mas que reflete, como diríamos, o Zeitgeist, o espírito do tempo.
Eu não havia falado em posse porque não estava em posse de todas as minhas faculdades: estava de recesso, viajando e fazendo coisas melhores (lendo Isaiah Berlin, por exemplo) do que acompanhando acontecimentos prosaicos.
Mas, para não dizer que não acompanhei tão importante acontecimento na agenda nacional e internacional deste nosso país, vai aqui uma simples colagem, deste novo instrumento temerário e não temeroso da imprensa online, O Antagonista, cujo nome já me agradou, ainda que eu preferisse O Contrarianista. A postagem é do próprio dia 1/01/2015, e é muito maldosa, como parece que vai ser esse pasquim contrarianista/antagonista.
Mas é o que encontrei como resumo:

O mundo segundo Dilma: de Guiné-Bissau a Guiné Equatorial.

A imprensa estrangeira, até agora, ignorou a posse de Dilma Rousseff. New York Times, Washington Post, La Repubblica, Corriere della Sera, Le Monde, The Guardian, Financial Times: silêncio constrangedor. Os únicos chefes de Estado que vieram a Brasília para prestigiar a presidente, excluindo os latino-americanos, foram os de Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Gana. O Brasil sempre contou pouco, agora conta menos ainda.
@GabrielMorenoTT Das emissoras latino-americanas, apenas a TV estatal venezuelana está cobrindo a posse da madame https://twitter.com/VTVcanal8/status/5507037317473...
Thales Guiné Bissau é considerado um "estado falido" e a Guiné Equatorial é uma das piores ditaduras da África.
Hélcia Freire O New York Times noticiou, sim, a posse. Foi generoso: descreveu a economia brasileira como "moribunda".

Acrescento (PRA): no dia 2/01/2015, The Wall Street Journal, esse legítimo representante dos especuladores da rua do mesmo nome, dos loiros de olhos azuis que andam fazendo tsunami só para acabar com a pujança da economia brasileira, dava esta manchete:
Brazil Leader Starts Term on Shaky Ground
(matéria assinada de Brasília por Paulo Trevisani e Jeffrey T. Lewis)
Confesso que não tive paciência de ler pois já conheço os shaky grounds da economia brasileira muito bem, e sei que os jornalistas mal conhecem toda a história de roubalheiras que caracteriza o quadro atual do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida