O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

1006) Forum Social Mundial: comentarios adicionais...

Fórum Social Mundial: bom para o turismo de massa
(Addendum em 28.01.02: Breves comentários sobre o Fórum Social Mundial, no seguimento de meu artigo publicado no dia 26.01.2002, objeto do post anterior.)

O FSM constitui, sem dúvida alguma, um enorme sucesso do ponto de vista mediático, uma vez que conseguiu reunir número expressivo de participantes de vários continentes e de vários espectros ideológicos, geralmente identificados com a esquerda anti-globalizadora. Esse sucesso, paradoxalmente, deve ser creditado inteiramente à globalização, em especial às novas formas de comunicação pela Internet e de disseminação de notícias por boletins eletrônicos. Torna-se irônico constatar, assim, que os anti-globalizadores revoltam-se, ingenuamente, contra as próprias condições que tornaram esse movimento não apenas possível e viável, como bem sucedido em termos de organização e de propaganda.
Trata-se, igualmente, de um grande sucesso para os governos respectivos da cidade de Porto Alegre e do estado do Rio Grande do Sul, ambos dominados pelo Partido dos Trabalhadores, plenamente identificado com a causa da anti-globalização. Esse sucesso não deveria manifestar-se em qualquer tipo de apoio politico à atual campanha eleitoral em que o PT se encontra engajado (uma vez que o Foro é, em princípio, a-partidário), mas em um grande retorno turístico para a capital gaúcha, numa época em que seus habitants desertam a cidade em troca das praias do litoral, escapando ao forte verão urbano e à própria morosidade da época de férias. Os comerciantes e hoteleiros – assim como as autoridades locais de coleta de impostos – devem estar plenamente satisfeitos com as receitas auferidas pelo convescote de alguns milhares de visitants estrangeiros.
Em termos substantivos, porém, não se pode acreditar que os resultados do FSM tenham feito avançar um milímetro sequer a resolução de alguns problemas graves que afetam a humanidade como um todo – desigualdades persistentes entre países pobres e ricos e, nacionalmente, entre estratos sociais, deterioração das condições de vida e de meio ambiente em determinados países e regiões, perigos decorrentes do armamentismo, da criminalidade organizada, da corrupção política, discriminação com base em critérios raciais, religiosos ou étnicos – ou mesmo problemas conjunturais que afetam alguns países em desenvolvimento, particularmente (crises financeiras, falta de acesso a mercado para algumas produções primárias, falta de oportunidades educacionais).
Os anti-globalizadores partem da idéia falsa de que a globalização produz miséria e desigualdade, quando são precisamente os países mais inseridos nesse processo que lograram escapar de níveis mais preocupantes de pobreza. Eles também preconizam o apoio a políticas comerciais protecionistas e a políticas agrícolas subvencionistas, quando se trata de dois fatores que têm impedido os países em desenvolvimento de usufruir de melhores condições de acesso aos mercados internacionais, a tecnologias modernas e a níveis mais altos de produtividade (e portanto de maior bem estar).
Suas recomendações são ou paliativos sem qualquer efeito sistêmico de maior impacto (perdão da dívida dos países pobres altamente endividados, defesa do meio ambiente), ou são claramente negativos do ponto de vista da disseminação tecnológica e da inserção produtiva dos países pobres na economia mundial. Desse ponto de vista, Porto Alegre não representou grandes avanços conceituais ou práticos.
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Este pequeno pos-script foi escrito em janeiro de 2002, pouco depois do piquenique de Porto Alegre, então uma capital alternativa...

1005) Forum Social Mundial: antecipando as conclusoes

Em previsão da próxima edição anual do jamboree antiglobalizador, andei dando uma olhada no que, exatamente, eu havia escrito em antecipação de outros eventos do gênero. Encontrei uma peça escrita antes do segundo encontro em Porto Alegre, em janeiro de 2002. Nela eu antecipava as conclusões que eu imaginava seriam aprovadas naquele encontro. Engano meu, pelo menos quanto a conclusões, mas eu estava certo quanto ao conteúdo das "idéias" que estariam sendo ali veiculadas.
Não creio que, sete anos depois, as (poucas) idéias (se ouso usar este conceito inteligente para tão pobres assertivas) dos antiglobalizadores tenha mudado muito: ao contrário, elas permanecem rigorosamente as mesmas.
Por prova, e antecipando-me ao próximo encontro do Fórum Social Mundial de Belém, a realizar-se mais no final deste mês de janeiro de 2009, em Belém, transcrevo aqui meu artigo publicado pouco antes do encontro de Porto Alegre.

A esquerda jurássica marca encontro em Porto Alegre
Paulo Roberto de Almeida
O Estado de São Paulo, 26 janeiro 2002

Num momento em que até os socialistas franceses, bem conhecidos pelos infantilismos com que ainda alimentam seu proverbial anti-imperialismo (doublé de um anti-americanismo primário), arejam suas idéias e publicam livros que ousam constestar algumas das idées reçues (falsos conceitos) de um credo vetusto, num momento em que o bom senso econômico parece enfim ter penetrado o cérebro embotado de alguns anti-capitalistas arcaicos, num momento, emfim, em que até no Brasil o debate político-eleitoral parece encaminhar-se para um pouco de racionalidade, soam estranhos alguns dos slogans que vêm sendo agitados em preparação ao Foro de Porto Alegre.
Pomposamente designado como “Foro Social Mundial” (como se o tradicional foro econômico de Davos fosse infenso ao debate das questões sociais), o jamboree alternativo de Porto Alegre promete muito frisson e pouca sensatez, num mundo já sacudido por impulsos fundamentalistas e ataques simplistas ao neoliberalismo. Até os socialistas franceses que prometem desembarcar en masse, já não dispõem das antigas certezas e não contam mais com a unanimidade do pensamento único socialista.
Recentemente, três (ex-?)esquerdistas franceses, da ala moderna da tecnocracia socialista, publicaram livros que ousam nadar contra a corrente da qual emergiram. Com efeito, Pascal Lamy (atual comissário europeu para questões comerciais) e Jean Pisani-Ferry, com L’Europe de nos volontés (A Europa que nós queremos) e Dominique Strauss-Kahn (ex-ministro socialista da economia), com La flamme et la cendre (A chama e a cinza), acabam de revelar sua discordância (discreta, é verdade) em relação a alguns dos tabus mais entranhados nessa mesma esquerda: o papel do Estado, a extensão do setor público, a defesa da (famigerada, para nós) Política Agrícola Européia e, quelle horreur!, a chamada “exceção cultural”, também conhecida na indústria do audio-visual como exception française. Em seus respectivos livros, eles reconhecem a dificuldade especificamente francesa de aceitar a revisão de algumas idéias bem entranhadas na ideologia estatizante que caracterizou desde sempre o socialismo francês. O francês típico, até mais do que o socialista, tem realmente um bloqueio mental em relação aos chamados droits acquis, também conhecidos entre nós como “direitos adquiridos” (lembram-se perene arenga com que os nossos socialistas e estatocratas agitam a defesa de solenes “princípios constitucionais”?).
Posso estar errado, mas creio que esses três tecnocratas modernistas da esquerda francesa não acompanharão a meia dúzia de seus outros colegas de ministério e dezenas de outros expoentes da gauche française no périplo deste final de mês em Porto Alegre, que promete converter-se temporariamente numa filial da Rive Gauche. Mas o que exatamente eles poderiam vir fazer na capital do socialismo moreno?: veicular suas teses contestadoras das velhas idées reçues da maior parte dos participantes naquele convescote? Que ousadia!. Eles seriam tremendamente vaiados e praticamente escorraçados pelos anti-globalizadores de todos os matizes que estarão reunidos em Porto Alegre, não para lançar as sementes de uma nova reflexão crítica sobre a globalização e eventuais políticas reformistas de cunho social, mas sim para confirmar a aceitação acrítica das mesmas banalidades de sempre.
Estarei exagerando na crítica premonitória? Não creio. Em todo caso, anotemos desde já algumas das “conclusões” e rsoluções que resultarão do piquenique de Porto Alegre e marquemos encontro em fevereiro para conferir a lista efetiva das meias verdades que dali emergirão. Em Porto Alegre, a vanguarda do atraso aprovará, aclamará, confirmará as seguintes contribuições geniais para a análise dos tempos modernos (atenção, a lista não é exaustiva):
1) A globalização produz inevitavelmente crises, desigualdades e retrocesso social, como “demonstrado” pelas turbulências financeiras dos anos 90, pela divergência cada vez maior entre países pobres e ricos e pelo aumento da concentração de renda em todos eles.
2) A estagnação e o colapso de países outrora ricos (como a Argentina) foram provocados pela adesão às regras do “consenso de Washington”, isto é, pela adesão acrítica e incondicional às políticas neoliberais, a começar pela fixação do câmbio, recomendada e sustentadas pelo FMI; essas mesmas políticas também estão causando recessão e retrocessos sociais em outros países da América Latina, a começar pelo próprio Brasil.
3) A soberania nacional precisa ser defendida contra o projeto imperialista de uma zona de livre comércio hemisférica, imposta contra a vontade dos povos latino-americanos pelo capital monopolista americano, que pretende nivelar o terreno para criar um espaço econômico ampliado para a “acumulação ampliada de capital”.
4) Deve-se, sim, defender a legitimidade de políticas públicas de “reserva de mercado” e de apoio a uma “agricultura multifuncional”, inclusive e principalmente os generosos subsídios estatais que marcam essa invenção genial de políticos de direita e tecnocratas de esquerda que é a Política Agrícola Comum.
5) O racismo, a discriminação contra a mulher, a opressão dos povos periféricos e o próprio terrorismo fundamentalista são o resultado da globalização e de um processo histórico marcado pela ocupação imperialista, que insiste em preservar “estruturas de dominação”, inclusive mediante o “terrorismo de Estado”.
6) Mas, como demonstrado pelo Foro de Porto Alegre, um outro mundo é possível e políticas alternativas são, não apenas desejáveis como, necessárias. Essas políticas passam pela promoção dos direitos humanos à frente dos direitos do capital e os fluxos especulativos desse parasita social devem ser adequadamente controlados e reprimidos, se possível pela aplicação universal da Tobin Tax.
Essas são, em síntese, algumas das meias verdades e das velhas mentiras que resultarão do rendez-vous de Porto Alegre. Não acredita? Marquemos rendez-vous em fevereiro para verificar a lista das resoluções (uma comparação com os debates do Foro Econômico Mundial, que este ano se reune em Nova York, não seria despropositada).

Paulo Roberto de Almeida é sociólogo, com especialização em
relações internacionais (www.pralmeida.org).

[Washington: 854: 24.01.02]
Publicado n’O Estado de São Paulo (Sábado, 26 janeiro 2002, seção “Espaço Aberto”; link).
Relação de publicados nº 300.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

1004) Da arte de ser contrarianista

Certos textos nos deixam saudades, e a eles retornamos ocasionalmente, ou ao acaso da organização de trabalhos e papéis, que todo final ou começo de ano enseja. Pois bem, reorganizando agora meus trabalhos publicados ou originais, deparei com um ensaio que leva o título acima.
Comecei a ler e acho que ele merece nova transcrição, pelo menos parcial.

A arte de ser contrarianista
Por Paulo Roberto de Almeida

Já me defini, em algum trabalho anterior, como um “contrarianista”, isto é, alguém que procura ver as “coisas da vida” com um olhar cético, sempre interrogando os fundamentos e as razões de por quê as coisas são daquele jeito e não de outro, ou de como elas poderiam ser ainda melhores do que são, aparentemente a um menor custo para a sociedade ou atendendo a critérios superiores de racionalidade e de instrumentalidade. Ou seja, em linguagem da economia política, o contrarianista é um indivíduo que está sempre procurando aumentar as externalidades positivas e diminuir as negativas, sempre efetuando cálculos de custo-oportunidade do capital empregado, sobre o retorno mais eficiente possível, adequando os meios disponíveis ao princípio da escassez.

O contrarianista não é, a despeito do que muitos possam pensar, um ser que sempre é “do contra”, um caráter negativo ou pessimista. Ao contrário, trata-se, para ele, de buscar otimizar os recursos existentes, indagando continuamente como fazer melhor, eventualmente mais barato, com os parcos meios existentes. Esta é a minha concepção do contrarianismo, uma arte difícil de ser exercitada, mais difícil ainda de ser compreendida. Eu a definiria, segundo uma lição que aprendi ainda na adolescência, como um exercício de “ceticismo sadio”, ou seja, o espírito crítico que não se compraz, simplesmente, em negar as “coisas” como elas são, mas que se esforça, em toda boa-vontade, para que elas sejam ainda melhores do que são, questionando sua forma de ser atual e propondo uma organização que possa ser ainda mais funcional do que a existente.

Por isso mesmo, pretendo, neste curto ensaio, tecer algumas considerações sobre a arte de ser contrarianista, o que, confesso, não é fácil. Sempre nos arriscamos a ser incompreendidos, em aparecer como puramente negativos ou derrotistas, quando o que se busca, na verdade, é reduzir o custo das soluções “humanamente produzidas” (elas sempre são falhas). Talvez, a melhor forma de se demonstrar, na prática, a arte do contrarianismo, seria elaborar uma série de manuais de sentido contrário, isto é, em lugar dos How to do something, escrever sobre “como não fazer” determinadas coisas. Como eu exercito muito freqüentemente a resenha de livros, creio que não seria difícil oferecer algumas observações sobre essa prática corriqueira da vida cotidiana.
(...)

Curiosos, interessados, podem ler o resto neste link.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

1003) De volta ao problema do terrorismo islamico

A terrivel guerra sendo conduzida atualmente (janeiro de 2009) entre as Forças de Defesa de Israel e os terroristas-guerrilheiros do Hamas, na Faixa de Gaza, com imensas perdas humanas e materiais, me levou a novamente refletir sobre a natureza das ameaças atuais às sociedades que cultivam os valores humanos, a vida, o respeito aos direitos fundamentais, e aqueles que colocam em perigo esses mesmos valores.
Lembrei-me de um velho trabalho, escrito e publicado há praticamente dois anos, que talvez permaneça ainda válido.
Ei-lo:

Uma quarta guerra mundial?
Paulo Roberto de Almeida

Os historiadores, os cientistas sociais, os atores políticos e até os simples cidadãos sabem exatamente o que é o terrorismo, ainda que possam divergir quanto à sua exata definição, ou discordar, em função de suas sociedades de origem e de suas preferências ideológicas, quanto ao seu papel na presente etapa da humanidade, supostamente promotora do respeito aos direitos humanos e da legalidade internacional sob a égide da ONU e de convenções internacionais.

Qualquer que seja a definição que possamos dar ao fenômeno terrorista, uma modalidade específica se destaca na atualidade: o terrorismo islâmico-fundamentalista. Não há nenhuma dúvida de que ele constitui uma terrível realidade contemporânea da qual talvez não tenhamos (mas deveríamos ter) a dimensão e a consciência exatas do que ela significa na história da humanidade. Está se constituindo uma modalidade de terrorismo político-religioso sem qualquer precedente na história da humanidade, que promete ficar conosco durante muito tempo ainda: o terrorismo islâmico-fundamentalista, uma nova espécie de barbárie, que precisa ser chamada pelo que ela é, efetivamente.

Essa modalidade de terrorismo está sendo identificado, por alguns analistas, como sendo a Quarta Guerra Mundial (a terceira sendo constituída pela Guerra Fria, que terminou com a implosão do comunismo, que não foi obviamente destruído pelo capitalismo, mas foi eliminado por sua própria incompetência econômica e tecnológica). Alguns dos problemas para definir a sua especificidade e que dificultam sua compreensão e o seu combate eficaz derivam, talvez, dessa própria característica: a de que ele venha sendo designado como uma ameaça militar e que os meios de combatê-lo seriam basicamente de ordem tática. A própria escolha dos termos pode influenciar a estratégia de combate ao terrorismo, como revelado, por exemplo, na preferência do governo Bush por caracterizar suas iniciativas nessa área como sendo a war on terror. Vejamos, contudo, quais são algumas dessas especificidades e por que pode ser extremamente difícil lidar com essa nova realidade.

Esse novo terrorismo, de base inegavelmente e inquestionavelmente (é preciso que se o diga) islâmico-fundamentalista, visa simplesmente a causar o maior número de mortos, de forma indiscriminada (mesmo entre os próprios seguidores da religião islâmica), em nome de objetivos muito difusos, mas que todos têm a ver com a recusa da modernidade ocidental, com a rejeição das conquistas do iluminismo (que foi ocidental, mas é propriamente universal).

Esse terrorismo islâmico-fundamentalista é profundamente reacionário e obscurantista, e alguns observadores o acusaram de fascista, mas não creio que esse conceito apreenda suas características peculiares. O fascismo tem a ver com uma determinada noção de um regime político, com a conquista do Estado e a obtenção de objetivos políticos, econômicos e sociais. O terrorismo islâmico-fundamentalista é mais uma negação do que existe do que a construção de uma nova sociedade.

Esse terrorismo se baseia num estoque infindável de pessoas-bomba, de todos os gêneros e idades. Não é incomum assistir-se, na TV, reportagens que mostram alguma mãe de um pequeno candidato a menino-bomba (existem garotos de dez anos sendo treinados para isso) dizendo se sentir orgulhosa de ver seu filho sendo treinado para ser um combatente contra o inimigo sionista e americano. Pode ser patético, mas é revelador de um certo estado de espírito.

Qual é a sociedade que produz uma mãe que pede, literalmente, que o seu filho converta a si mesmo em bomba humana, levando consigo o maior número possível de inimigos? Não creio que seja uma sociedade “normal”, mas esse tipo de predisposição para o martírio corresponde a um movimento determinado, o do fundamentalismo islâmico, que aparentemente conquistou muita gente. Existem, como se sabe, muitos “meninos-bomba” em preparação, da Palestina ao Paquistão, e talvez mais além.

Não nos enganemos: todos esses candidatos voluntários ao martírio pertencem a um arco civilizatório específico: o do islamismo decadente e fracassado, não enquanto religião, mas enquanto sociedades “normais”. Por várias razões – entre elas a autocracia política e a falta de modernização econômica e social, pelo próprio fracasso dessas sociedades e desses Estados autoritários em prover meios de vida decentes a uma massa considerável de jovens desesperançados (e alimentados no ódio ao Ocidente, como se ele fosse responsável pelos fracassos) –, o movimento do terrorismo fundamentalista-islâmico dispõe hoje de um estoque infinito de candidatos a pessoas-bomba.

O que o Hezbollah, o Jihad, o Hamas e outros movimentos assemelhados fazem hoje, da Palestina à Índia, passando pelo Iraque e pelo Afeganistão, é exatamente isso: uma nova modalidade de terrorismo inaceitável na perspectiva de qualquer nação civilizada na face da terra.

Sim, existe uma diferença entre esses bárbaros e os antigos terroristas, da fase anarquista, quase romântica. Os antigos anarquistas, geralmente de extração operária, faziam atentados isolados, visando diretamente aos soberanos (presidentes, reis, autoridades em geral), pois queriam combater o Estado, que viam como mal absoluto. Expunham-se pessoalmente e conseguiam, em alguns casos, o seu intento. Era uma tática terrorista numa estratégia mais ampla de luta política, mas algo desorganizada, geralmente condenada pelos demais grupos de esquerda.

Os bárbaros da atualidade explodem a tudo e a todos, matando inocentes sem contar, sem qualquer objetivo militar aparente, numa estratégia de terror pelo terror. Eles também se expõem pessoalmente – e como: na promessa mirífica do paraíso dado automaticamente aos mártires – mas seus objetivos são indiscriminados, atingindo inocentes e alguns “correligionários”.

Acho que a realidade terrível está exposta, claramente. A nova barbárie bateu à nossa porta e ela promete perdurar por longos anos à frente. As pessoas que se julgam conscientes e responsáveis deveriam tomar partido. A linha divisória está posta.

Eu fico assustado de ver como a esquerda brasileira, e talvez a esquerda mundial, ainda se permite aplaudir esse tipo de gesto, apenas porque ele se dirige, supostamente, contra o inimigo imperialista ou sionista. Não gostaria de constatar que a esquerda se colocou do lado dos bárbaros, absolutos, inaceitáveis a qualquer pretexto.

Por outro lado, não creio que a resposta a esse novo fenômeno tenha de ser basicamente militar, isto é, baseada no enfrentamento de grupos terroristas com o objetivo de aniquilá-los, fisicamente. Esse tipo de tática os converte, imediatamente, em guerreiros de um novo exército, os eleva à categoria de soldados de uma causa e lhes traz, ao mesmo tempo, responsabilidade e respeitabilidade (aos olhos dos que comungam das mesmas idéias). A estratégia correta, mas muito mais difícil – reconheço – seria vencê-los no terreno das idéias, demonstrar a profunda desumanidade que encarnam, o total niilismo dos procedimentos e resultados. Obviamente, a responsabilidade maior por este tipo de mensagem “desmanteladora” da legitimidade das idéias terroristas está, antes, com os líderes religiosos e os clérigos do Islã (em suas diversas correntes) do que com os responsáveis dos países ocidentais.

O fato é que, atualmente, existe algo de profundamente errado e vicioso nas atitudes dos líderes religiosos do Islã; sua responsabilidade pelo terrorismo fundamentalista islâmico não pode, de nenhuma maneira ser afastada. O simples fato de não condenar, de forma veemente, autores e planejadores, cada vez que um ato bárbaro é perpetrado, os converte em coniventes, para dizer o mínimo, com seus autores. Existe uma guerra, mas ela se passa no interior do Islã...

Brasília, 1712: 18 janeiro 2007; revisão 23 junho 2007.
Paulo Roberto de Almeida

Publicado originalmente em Via Política
24.06.2007

domingo, 11 de janeiro de 2009

1002) Dez novas regras de diplomacia: um interesse persistente

Meu texto mais acessado na internet, que reproduzo abaixo novamente, foi escrito de maneira atabalhoada, entre uma viagem de carro nos EUA e uma ida e volta de avião ao Brasil, com base numa leitura anterior de um velho livro, como relatado abaixo. Como eu sempre carrego uma caderneta de notas comigo, apenas nos intervalos de viagem, ou durante o trajeto de avião, encontrava tempo para colocar no papel minhas reflexões sobre a atividade diplomática.
Trata-se, provavelmente, do texto que mais tocou os jovens candidatos à carreira ou mesmo os simples curiosos pelo assunto, pois que recebo continuamente comentários a respeito, alguns postados diretamente no blog.
Tendo em vista esse interesse continuado, faço nova postagem desse texto neste momento, para dizer que ele não teve, jamais, a pretensão de servir de guia para ninguém, constituindo, tão somente uma reflexão pessoal sobre o assunto, a partir de um livro mais que centenário. Mas, tendo em vista as reações despertadas, vou pensar em escrever algo mais elaborado a esse respeito.
Ele vai aqui transcrito em sua versão mais sintética, tendo uma versão maior sido publicada na revista Espaço Acadêmico (ano 1, nº 4, setembro 2001; ISSN: 1519.6186).

Dez Regras Modernas de Diplomacia
Paulo Roberto de Almeida
Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2005

Este ensaio breve sobre as novas regras da diplomacia, me foi inspirado pela leitura de um livro de um diplomata português do século XIX: Frederico Francisco de la Figanière: Quatro regras de diplomacia (Lisboa: Livraria Ferreira, 1881, 239 p.). Ao lê-lo, passei a redigir imediatamente algumas regras mais adaptadas ao século XXI. O trabalho foi escrito originalmente entre Chicago (em 22 de julho de 2001) e depois novamente em viagem de São Paulo a Miami e daí a Washington (em 12 de agosto de 2001). Foi publicado originalmente na série “Cousas Diplomáticas” (nº 1), da revista eletrônica Espaço Acadêmico, e espero poder ampliá-lo assim que me for dada oportunidade.

Reflexões rápidas para futuro desenvolvimento...

1. Servir a pátria, mais do que aos governos, conhecer profundamente os interesses permanentes da nação e do povo aos quais serve; ter absolutamente claros quais são os grandes princípios de atuação do país a serviço do qual se encontra.
O diplomata é um agente do Estado e, ainda que ele deva obediência ao governo ao qual serve, deve ter absoluta consciência de que a nação tem interesses mais permanentes e mais fundamentais do que, por vezes, orientações momentâneas de uma determinada administração, que pode estar guiada — mesmo se em política externa isto seja mais raro — por considerações “partidárias” de reduzido escopo nacional. Em resumo, não seja subserviente ao poder político, que, como tudo mais, é passageiro, mas procure inserir uma determinada ação particular no contexto mais geral dos interesses nacionais.

2. Ter domínio total de cada assunto, dedicar-se com afinco ao estudo dos assuntos de que esteja encarregado, aprofundar os temas em pesquisas paralelas.
Esta é uma regra absoluta, que deve ser auto-assumida, obviamente. Numa secretaria de estado ou num posto no exterior, o normal é a divisão do trabalho, o que implica não apenas que você terá o controle dos temas que lhe forem atribuídos, mas que redigirá igualmente as instruções para posições negociais sobre as quais seu conhecimento é normalmente maior do que o do próprio ministro de estado ou o chefe do posto. Mergulhe, pois, nos dossiês, veja antigos maços sobre o assunto (a poeira dos arquivos é extremamente benéfica ao seu desempenho funcional), percorra as estantes da biblioteca para livros históricos e gerais sobre a questão, formule perguntas a quem já se ocupou do tema em conferências negociadoras anteriores, mantenha correspondência particular com seu contraparte no posto (ou na secretaria de estado), enfim, prepare-se como se fosse ser sabatinado no mesmo dia.

3. Adotar uma perspectiva histórica e estrutural de cada tema, situá-lo no contexto próprio, manter independência de julgamento em relação às idéias recebidas e às “verdades reveladas”.
Em diplomacia, raramente uma questão surge do nada, de maneira inopinada. Um tema negocial vem geralmente sendo “amadurecido” há algum tempo, antes de ser inserido formalmente na agenda bilateral ou multilateral. Estude, portanto, todos os antecedentes do assunto em pauta, coloque-o no contexto de sua emergência gradual e no das circunstâncias que presidiram à sua incorporação ao processo negocial, mas tente dar uma perspectiva nova ao tema em questão. Não hesite em contestar os fundamentos da antiga posição negociadora ou duvidar de velhos conceitos e julgamentos (as idées reçues), se você dispuser de novos elementos analíticos para tanto.

4. Empregar as armas da crítica ao considerar posições que devam ser adotadas por sua delegação; praticar um ceticismo sadio sobre prós e contras de determinadas posições; analisar as posições “adversárias”, procurando colocá-las igualmente no contexto de quem as defende.
Ao receber instruções, leia-as com o olho crítico de quem já se dedicou ao estudo da questão e procure colocá-las no contexto negocial efetivo, geralmente mais complexo e matizado do que a definição de posições in abstracto, feita em ambiente destacado do foro processual, sem interação com os demais participantes do jogo diplomático. Considerar os argumentos da parte adversa também contribui para avaliar os fundamentos de sua própria posição, ajudando a revisar conceitos e afinar seu próprio discurso. Uma saudável atitude cética — isto é, sem negativismos inconseqüentes — ajuda na melhoria constante da posição negociadora de sua chancelaria.

5. Dar preferência à substância sobre a forma, ao conteúdo sobre a roupagem, aos interesses econômicos concretos sobre disposições jurídico-abstratas.
Os puristas do direito e os partidários da “razão jurídica” hão de me perdoar a deformação “economicista”, mas os tratados internacionais devem muito pouco aos sacrossantos princípios do direito internacional, e muito mais a considerações econômicas concretas, por vezes de reduzido conteúdo “humanitário”, mas dotadas, ao contrário, de um impacto direto sobre os ganhos imediatos de quem as formula. Como regra geral, não importa quão tortuosa (e torturada) sua linguagem, um acordo internacional representa exatamente — às vezes de forma ambígua — aquilo que as partes lograram inserir em defesa de suas posições e interesses concretos. Portanto, não lamente o estilo “catedral gótica” de um acordo específico, mas assegure-se de que ele contém elementos que contemplem os interesses do país.

6. Afastar ideologias ou interesses político-partidários das considerações relativas à política externa do país.
A política externa tende geralmente a elevar-se acima dos partidos políticos, bem como a rejeitar considerações ideológicas, mas sempre somos afetados por nossas próprias atitudes mentais e algumas “afinidades eletivas” que podem revelar-se numa opção preferencial por um determinado tipo de discurso, “mais engajado”, em lugar de outro, supostamente mais “neutro”. Poucos acreditam no “caráter de classe” da diplomacia, mas eventualmente militantes “classistas” gostariam de ajudar na “inflexão” política ou social de determinadas posições assumidas pelo país internacionalmente, sobretudo quando os temas da agenda envolvem definição de regras que afetam agentes econômicos e expectativas de ganhos relativos para determinados setores de atividade. Deve-se buscar o equilíbrio de posições e uma definição ampla, verdadeiramente nacional, do que seja interesse público relevante.

7. Antecipar ações e reações em um processo negociador, prever caminhos de conciliação e soluções de compromisso, nunca tentar derrotar completamente ou humilhar a parte adversa.
O soldado e o diplomata, como ensinava Raymond Aron, são os dois agentes principais da política externa de um Estado — embora atualmente outras forças sociais, como as ONGs e os homens de negócio, disputem espaço nos mecanismos decisórios burocráticos — mas, à diferença do primeiro, o segundo não está interessado em ocupar território inimigo ou destruir sua capacidade de resistência. Ainda que, em determinadas situações negociais, o interesse relevante do país possa ditar alguma instrução do tipo “vá ao plenário com todas as suas armas (argumentativas) e não faça prisioneiros”, o confronto nunca é o melhor método para lograr vitória num processo negociador complexo. A situação ideal é aquela na qual você “convence” as outras partes negociadoras de que aquela solução favorecida por seu governo é a que melhor contempla os interesses de todos os participantes e na qual as partes saem efetivamente convencidas de que fizeram o melhor negócio, ou pelo menos deram a solução possível ao problema da agenda.

8. Ser eficiente na representação, ser conciso e preciso na informação, ser objetivo na negociação.
Considere-se um agente público que participa de um processo decisório relevante e convença-se de que suas ações terão um impacto decisivo para sua geração e até para a história do país: isto já é um bom começo para dar dignidade à função de representação que você exerce em nome de todos os seus concidadãos. Redija com clareza seus relatórios e seja preciso nas instruções, ainda que dando uma certa latitude ao agente negocial direto; não tente fazer literatura ao redigir um anódino memorandum, ainda que um mot d’esprit aqui e ali sempre ajuda a diminuir a secura burocrática dos expedientes oficiais. Via de regra, estes devem ter um resumo inicial sintetizando o problema e antecipando a solução proposta, um corpo analítico desenvolvendo a questão e expondo os fundamentos da posição que se pretende adotar, e uma finalização contendo os objetivos negociais ou processuais desejados. No foro negociador, não tente esconder seus objetivos sob uma linguagem empolada, mas seja claro e preciso ao expor os dados do problema e ao propor uma solução de compromisso em benefício de todas as partes.

9. Valorize a carreira diplomática sem ser carreirista, seja membro da corporação sem ser corporativista, não torne absolutas as regras hierárquicas, que não podem obstaculizar a defesa de posições bem fundamentadas.
Geralmente se entra na carreira diplomática ostentando certo temor reverencial pelos mais graduados, normalmente tidos como mais “sábios” e mais preparados do que o iniciante. Mas, se você se preparou adequada e intensamente para o exercício de uma profissão que corresponde a seus anseios intelectuais e responde a seu desejo de servir ao país mais do que aos pares, não se deixe intimidar pelas regras da hierarquia e da disciplina, mais próprias do quartel do que de uma chancelaria. Numa reunião de formulação de posições, exponha com firmeza suas opiniões, se elas refletem efetivamente um conhecimento fundamentado do problema em pauta, mesmo se uma “autoridade superior” ostenta uma opinião diversa da sua. Trabalhe com afinco e dedicação, mas não seja carreirista ou corporativista, pois o moderno serviço público não deve aproximar-se dos antigos estamentos de mandarins ou das guildas medievais, com reservas de “espaço burocrático” mais definidas em função de um sistema de “castas” do que do próprio interesse público. A competência no exercício das funções atribuídas deve ser o critério essencial do desempenho no serviço público, não o ativismo em grupos restritos de interesse puramente umbilical.

10. Não faça da diplomacia o foco exclusivo de suas atividades intelectuais e profissionais, pratique alguma outra atividade enriquecedora do espírito ou do físico, não coloque a carreira absolutamente à frente de sua família e dos amigos.
A performance profissional é importante, mas ela não pode ocupar todo o espaço mental do servidor, à exclusão de outras atividades igualmente valorizadas socialmente, seja no esporte, seja no terreno da cultura ou da arte. Uma dedicação acadêmica é a que aparentemente mais se coaduna com a profissão diplomática, mas quiçá isso represente uma deformação pessoal do autor destas linhas. Em todo caso, dedique-se potencialmente a alguma ocupação paralela, ou volte sua mente para um hobby absorvente, de maneira a não ser apenas um “burocrata alienado”, voltado exclusivamente para as lides diplomáticas. Sim, e por mais importante que seja a carreira diplomática para você, não a coloque na frente da família ou de outras pessoas próximas. Muitos se “sentem” sinceramente diplomatas, outros apenas “estão” diplomatas, mas, como no caso de qualquer outra profissão, a diplomacia não pode ser o centro exclusivo de sua vida: os seres humanos, em especial as pessoas da família, são mais importantes do que qualquer profissão ou carreira.

Postado por Paulo R. de Almeida em 22.12.05 no Blog Paulo Roberto de Almeida

1001) O mais perfeito idiota brasileiro homenageia o seu ditador favorito

O pior de tudo é que ele sequer leu o livro que está elogiando.
Más leituras à parte, um dia vai se catalogar todos os atentados estéticos, funcionais e arquitetônico que o personagem abaixo -- que pode ser considerado não apenas como o mais perfeito idiota brasileiro, mas sério candidato a idiota universal -- perpetrou contra Brasília, o Brasil e outros países, com suas construções disformes, desfuncionais e simplesmente horríveis, sem qualquer requisito de habitabilidade.
Agora mesmo, o idiota em questão pretende elevar um símbolo fálico em Brasília, mais um monumento ao desperdício, ao mau-gosto e ao uso indevido de dinheiro público. Idiotas são também aqueles que permitem que esses atentados continuem...

Quando a verdade se impõe
OSCAR NIEMEYER
Folha de S.Paulo, 11.01.2009, Tendências-Debates

Alcança enorme sucesso na Europa um livro que reabilita Stálin, figura tão deturpada e injustamente combatida pelo mundo capitalista

ESTOU NO Rio, em meu apartamento em Ipanema, alheio à agitação que hoje, 31 de dezembro, afeta toda a cidade. Recebo, pelo telefone, o abraço de fim de ano de meu amigo Renato Guimarães, lembrando-me, com entusiasmo, do livro sobre Stálin que, meses atrás, lhe emprestei. Uma obra fantástica do historiador inglês Simon Sebag Montefiore, sobre a juventude de Stálin, que tem alcançado enorme sucesso na Europa, reabilitando a figura do grande líder soviético, tão deturpada e injustamente combatida pelo mundo capitalista.
E fico a pensar como essa publicação me chegou às mãos por um amigo, o arquiteto argelino Emile Schecroun, que hoje reside na capital francesa. E vale a pena comentar um pouco da vida desse querido companheiro, que, ao ter início a luta entre a França e a Argélia, deixou o PCF em Paris, onde vivia, para filiar-se ao partido comunista argelino e combater no seu país de origem, ao lado de seus irmãos, por sua libertação. E contar como sua mulher foi torturada e ele, um dia, preso e enviado sob algemas para a França.
Duas ou três vezes por ano Emile vem ao Rio me ver. Quer falar de política, lembrar dos velhos camaradas de Paris. Às vezes eufórico, contente com o que vai acontecendo pela Europa; outras, como na última ocasião em que me visitou, preocupado com a crise que envolve o PCF, na iminência de ter que alugar um andar da sede que projetei. Tentei intervir, propondo uma entrada independente que servisse de acesso aos que vão utilizar aquele pavimento... Mas logo meu amigo reage, certo de que a situação política tende a melhorar, de que os jovens da França continuam atentos ao que passa pelo mundo, prontos a protestar contra tudo o que ofende a dignidade humana.
E volto a lembrar daquele livro, a figura de Stálin ainda muito jovem, sua paixão pela leitura, o seu interesse nos problemas da cultura, das artes e da filosofia, sempre a cantar e dançar alegremente com seus amigos.
É claro que a juventude russa já sofria a influência de escritores como Dostoiévski, Tolstói e Tchecov, a protestar contra a miséria existente, revoltados com a violência do regime czarista. Muitos, a exemplo de Dostoiévski, enviados para a prisão na Sibéria, onde durante anos ficaram detidos. Depois, como tantas vezes ocorre, a vida a levar o jovem Stálin à luta política, que, apaixonado, o ocupou até a morte.
E o livro relata as prisões sucessivas que ocorreram em plena juventude, as torturas que presenciou, enfim, tudo que marcou a sua atuação heroica na luta contra o capitalismo.
Ponho-me a folhear a obra, surpreso em constatar que o seu autor, depois de enorme pesquisa que se estendeu a arquivos da Geórgia, somente há muito pouco tempo franqueados a pesquisadores, levantou informações inéditas importantes sobre a vida de Stálin.
É bom lembrar que não se trata de autor de esquerda, mas de alguém que, pondo de lado suas posições político-ideológicas, soube interpretar uma juventude diferente, marcada pela inquietação cultural, que levou Stálin à posição de revolucionário e líder supremo da resistência contra o nazismo. Muito animado, Renato me diz que, seguindo a linha política de sua editora, esse vai ser um dos livros que com o maior interesse irá publicar.
A tarde se estende lentamente. Em breve o povo estará nas ruas a cantar -alguns esquecidos de que a miséria em que tantos vivem não se justifica, outros, como nós, confiantes em que um dia o mundo será melhor.

OSCAR NIEMEYER, 101, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Tem obras edificadas na Alemanha, na Argélia, nos EUA, na França, em Israel, na Itália e em Portugal, entre outros países.

1000) Pausa para um pouco de humor...musical

Pérolas do vestibular para cursos de música

Nota introdutória (PRA):
Elas são, provavelmente falsas.
Devem ser obras de professores de música, frustrados por não serem DJs famosos, que passam a atribuir a alunos e candidatos essas pérolas da enciclopédia universal do conhecimento musical, que denotam, antes de mais nada, notavel espírito de conciliação.
As pérolas conciliam a mais perfeita ignorância com bom senso de humor, sentido da cronologia histórica e ritmos musicais, compositores quase esquecidos e seus modernos sucedâneos, enfim, uma salada musical que permite dois ou três minutos de elevada inspiração musical...
Para usar no próximo concerto...
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- Bach está morto desde 1750 até os dias de hoje.
- Agnus Dei é uma famosa compositora que escreveu música para igreja.
- Handel era meio alemão, meio italiano e meio inglês.
- Beethoven escreveu música mesmo surdo. Ele ficou surdo porque fez música muito alta. Ele caminhava sozinho pela floresta e não escutava ninguém, nem a Pastoral, uma MOSSA que poderia ser a sua Amada IMORTAU e inspirou ele a criar uma sinfonia muito romântica. Ele faliu em 1827 e mais tarde morreu por causa disto.
- Uma ópera é uma canção que dura mais de 2 horas.
- Henry Purcell é um compositor muito conhecido, mas até hoje ninguém ouviu falar dele.
- O Bolero de Ravel foi composto pelo Ravel.
- A harpa é um piano pelado.
- Opus Póstuma é música composta quando o compositor compôs depois de morto.
- Mozart morreu jovem. Sua maior obra é a trilha do filme "Amadeus".
- A importância de "Tristão e Isolda" reside no fato de que é uma música muito triste. Mais triste que a "Tristesse" de SCHOPING.
- Virtuoso no piano é um músico com muita moral.
- Os maiores compositores do Romantismo são: Chopin, Schubert e Tchaikovsky. No Brasil temos Roberto Carlos e Daniel.
- Música cantada por duas pessoas é um DUELO.
- Eu sei o que é um sexteto, mas não sei dizer.
- Stravinsky revolucionou o ritmo com "A MASSACRAÇÃO da Primavera".
- Carlos Gomes compôs a PRÓTESEFONIA do programa de rádio "A Hora do Brasil".
- "Carmen" é uma ópera e "CARMINHA Burana" é sua filha.
- Muitos pesquisadores concordam que a Música Medieval foi escrita no passado.
- A ópera mais Romântica é a Paixão de Mateus por Bach.
- Tem dois tipos de Cantatas de Bach: as Cantatas religiosas e as CANTADAS DI PROFANAÇÃO, que ele usou no palácio.
- Meu compositor preferido é Opus.
- Chopin fez poucas baladas, pois sofria de tuberculose. Assim não dava para ele cair na gandaia à noite, dançar, beber e curtir as minas, MAIS parece que ele não era chegado.
- Cage inventou os 4 minutos de silêncio.
- Suíte é uma música de danceterias barrocas.
- Há uma espécie de Corais feitas por Bach, que se chamam Florais e são usados como remédios milagrosos.
- "Messias" é uma missa de Handel cuja originalidade é ter muitos aleluias.
- Os menestréis e trovadores transmitiam notícias e estavam nas festas. Andavam de cidade em cidade, de castelo em castelo e iam até nos shows de TV.
- O regente de uma orquestra é igual a um guarda de trânsito maluco porque agita os braços controlando muitos instrumentos na sua frente.
- "As 4 Estações" é o CD mais vendido da banda do Vivaldi, depois que fez sucesso num comercial de sabonete, que não me lembro o nome agora.
- Os compositores Renascentistas reviveram a música, pois ela havia
sido morta pela Inquisição.
- As Fugas de Bach são famosas porque ele não queria ficar preso em nenhum sistema.
- A música eletroacústica é a mais avançada das tendências da música eletrônica hoje em dia. Seus principais compositores são os DJs e a banda Craftwork.
- O metrônomo foi inventado para os músicos não andarem depressa.
- Barroco é uma palavra derivada de Bach.
- Handel compôs muitas peças geniais para COURO.
- Música atonal é aquela sem som ou que explora o não-som, mais ou menos quase um anti-som. Seus mais importantes criadores são da família Berg: Schoenberg, ALBANBERG e WEBERG.
- Pierre Boulez e STOQUEHAUZEN são compositores contemporâneos. É raro ser contemporâneo, pois muitos contemporâneos não vivem até morrer.
- A mais bela sinfonia é a ÓDIO ÀLEGRIA

(Sorrisos desafinados...)

sábado, 10 de janeiro de 2009

999) Maquiavel revisitado: o Moderno Príncipe

Apresentação sumária de livro:
O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado)
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais; Mestre em economia internacional; Diplomata.
CV Lattes

Resumo:
Este “Maquiavel revisitado” segue fielmente o roteiro traçado nos últimos meses de 1513 pelo pensador e diplomata florentino. A estrutura e o título dos capítulos permanecem idênticos: apenas troquei “Itália” por “nação”, em dois capítulos finais, seja para tornar a reflexão mais universal, seja para fazê-la aplicável a uma outra grande nação de tradição latina. A temática e a substância de cada um dos capítulos também permanecem relativamente similares: os problemas que angustiavam o segretario de meio milênio atrás parecem rigorosamente os mesmos, com pequenas adaptações de detalhe ou de linguagem.
As referências e o tratamento dos problemas são, contudo, inteiramente atuais, ainda que se tenha optado por um estilo e um linguajar deliberadamente “caducos”, como forma de manter um “parentesco espiritual” com a obra de meu predecessor diplomático do Renascimento. O que eu fiz, sim – e nisso me cabe o copyright, ainda que eu deva conceder os moral rights ao florentino –, foi reescrever totalmente o seu “manual de política prática” no sentido daquilo que eu penso deva determinar, hoje, a política moderna: o compromisso democrático; o cumprimento das “regras do jogo”, como diria um outro filósofo da política, Norberto Bobbio; a transparência na administração da coisa pública; a correção no manejo do pubblico denaro e, sobretudo, a honestidade intelectual, que para mim é o critério básico de qualquer ação social, independentemente da área na qual ela se insira.
Maquiavel escreveu o seu pequeno “manual” como uma espécie de guia de conduta para os governantes, mas ele se coloca bem mais do ponto de vista do Estado do que do ponto de vista dos cidadãos. Talvez se pudesse dizer, sem ostentação ou pretensões exageradas, que meu pequeno manual pretende ser uma espécie de guia de conduta para os governados e ele se coloca, mais bem, do ponto de vista dos indivíduos, que constituem, afinal de contas, o destino final de toda a ação política.

Indice
Prefácio e Dedicatória
1. Quantos são os tipos de principados e como conquistá-los
(26 capítulos, reproduzindo exatamente os temas e problemas do original de Maquiavel)
26. Exortação para tentar recuperar a nação e libertá-la dos bárbaros
Carta a Niccolò Machiavelli
Recomendações de leituras
Info: 170 páginas A4; 2,5 cm nas margens (56 mil palavras; 360 mil caracteres com espaço)

Contato com o autor:
Tels. Cel.: (61) 9208-0082 - Fax: 3347-7792
E-mail
Outros livros do autor

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

998) Samuel Huntington: in Memoriam

Por ocasião do falecimento do grande cientista social da Universidade de Harvard Samuel P. Huntington, a Foreign Affairs coloca à disposição dos leitores uma seleção de suas contribuições parea essa revista, neste link: http://www.foreignaffairs.org/background/huntington

In Memoriam: Samuel P. Huntington
April 18, 1927 — December 24, 2008

Scholar, Teacher, Friend

To commemorate the passing of Samuel P. Huntington, the preeminent political scientist of the second half of the twentieth century, Foreign Affairs has made available this selection of writings by and about him from our pages.
Selected Essays From Foreign Affairs

July 1968
The Bases of Accommodation
by Samuel P. Huntington

America and the World 1987/88
Coping with the Lippman Gap
by Samuel P. Huntington

Winter 1988/89
The US — Decline or Renewal
by Samuel P. Huntington

Summer 1993
The Clash of Civilizations?
by Samuel P. Huntington

November/December 1996
The West: Unique, Not Universal
by Samuel P. Huntington

September/October 1997
The Erosion of American National Interests
by Samuel P. Huntington

March/April 1999
The Lonely Superpower
by Samuel P. Huntington
Huntington's Books in Foreign Affairs

September/October 1997
The Soldier and the State: The Theory and Politics of Civil-Military Relations
Reviewed by Eliot A. Cohen

September/October 1997
Political Order in Changing Societies
Reviewed by Francis Fukuyama

Winter 1981/82
American Politics: The Promise of Disharmony
Reviewed by Gaddis Smith

Spring 1992
The Third Wave: Democratization In The Late Twentieth Century
Reviewed by Andrew J. Pierre

997) Forum Social Mundial: trocando as bolas

A nota abaixo foi transcrita do Boletim diário da Liderança do PT na Câmara dos Deputados, 9.01.2009.
Uma observação ou duas.
1) Diálogo apenas entre iguais, se subentende, pois os antiglobalizadores não dialogam com globalizadores, como este que aqui escreve, por exemplo.
2) O deputado Adão Pretto afirmou que: "Essa é uma oportunidade de mostrarmos que o capitalismo não é a melhor forma de governar".
O deputado está trocando as bolas: o capitalismo NUNCA foi uma forma de governo, apenas uma maneira -- mais eficiente do que outras, reconheça-se -- de produzir mercadorias, simplesmente isto.
Para formas de governar, o deputado pode escolher entre democracia popular, democracia, ditadura, totalitarismo, caudilhismo, parlamentarismo, presidencialismo, surrealismo e algumas outras, menos o capitalismo, que para isso ele é muito limitado, eu até diria totalmente sem jeito para essas coisas...
PRA

Fórum Social é oportunidade de diálogo sobre problemas do mundo, dizem petistas

Os deputados petistas Leonardo Monteiro (MG), Eudes Xavier (CE) e Adão Pretto (RS) consideraram ontem que a realização do 9º Fórum Social Mundial é uma oportunidade de integração entre os países e momento de elaborar propostas estratégias para um mundo diferente do atual. O 9º Fórum Social Mundial acontece este ano, em Belém (PA), com o tema "Um Novo Mundo é Possível". Durante seis dias o evento vai reunir ativistas de mais 150 países.

Para o deputado Leonardo Monteiro, o Fórum é um espaço importante para um amplo diálogo sobre problemas sociais do mundo. "Essa é uma oportunidade de discutirmos sobre cidadania social no mundo. É gratificante para nós, brasileiros, sermos reconhecidos como exemplo de cidadania. Os programas do governo brasileiro que combatem a fome e a pobreza têm sido elogiados pelo mundo. A expectativa para esse 9º Fórum Social Mundial é positiva", disse.

De acordo com o deputado Eudes Xavier, o Brasil é pioneiro como articulador do FSM. Eudes comentou ainda que o encontro é oportuno e deve trazer algumas soluções para a crise que o mundo vive hoje. "Além de ser importante para o nosso País sediar esse fórum, espero que o encontro faça propostas que busquem uma melhor condição de vida para toda sociedade civil", afirmou.

O deputado Adão Pretto afirmou que a questão do meio ambiente e o aquecimento global são temas com necessidade urgente de discussão. "O mundo precisa dar uma importância especial a esses assuntos. Do contrário, teremos um colapso global e temos toda condição de evitar isso", destacou.

Ele disse ainda que outro ponto a ser debatido no fórum, a crise financeira mundial, será discutido com profundidade. "Essa é uma oportunidade de mostrarmos que o capitalismo não é a melhor forma de governar", defendeu.

O Fórum Social Mundial será realizado do dia 27 de janeiro ao dia 1° de fevereiro. Algumas atividades serão realizadas nas tendas temáticas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Federal Rural da Amazônia (UFRA).

996) Em defesa de Israel (simplesmente isso)

Uma acusação sólida contra certos veiculos de comunicação, ou talvez contra parte substancial da imprensa, em geral.
Alias, contra toda a esquerda, de maneira geral, e certos "intelectuais" em particular (que certamente não merecem essa designação).
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Paulo Roberto de Almeida

EM DEFESA DE ISRAEL
Pilar Rahola

Por que não vemos manifestações em Paris, ou em Londres, ou em Barcelona contra as ditaduras islâmicas? Por que não as fazem contra a ditadura birmanesa? Por que não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres que vivem sem nenhum amparo legal? Por que não se manifestam contra o uso de “crianças bomba”, nos conflitos onde o Islã está envolvido? Por que nunca lideraram a luta a favor das vítimas da terrível ditadura islâmica do Sudão? Por que nunca se comoveram pelas vítimas de atos terroristas em Israel? Por que não consideram a luta contra o fanatismo islâmico, uma de suas principais causas? Por que não defendem o direito de Israel de se defender e de existir? Por que confundem a defesa da causa palestina, com a justificação do terrorismo palestino?

E a pergunta do “milhão”, por que a esquerda européia, e globalmente toda a esquerda, estão obcecadas somente em lutar contra as democracias mais sólidas do planeta, Estados Unidos e Israel, e não contra as piores ditaduras? As duas democracias mais sólidas, e as que sofreram os mais sangrentos atentados do terrorismo mundial. E a esquerda não está preocupada por isso.
E finalmente, o conceito de compromisso com a liberdade. Ouço essa expressão em todos os foros pró-palestinos europeus. “Somos a favor da liberdade dos povos”, dizem com ardor. Não é verdade. Nunca se preocuparam com a liberdade dos cidadãos da Síria, do Irã, do Yemen, do Sudão, etc. E nunca se preocuparam com a liberdade destruída dos palestinos que vivem sob o extremismo islâmico do Hamás. Somente se preocupam em usar o conceito de liberdade palestina, como míssil contra a liberdade israelense.
Uma terrível consequência decorre destas duas patologias ideológicas: a Manipulação jornalística.

Finalmente, não é menor o dano que causa a maioria da imprensa internacional. Sobre o conflito árabeisraelense NÃO SE INFORMA, SE FAZ PROPAGANDA. A maioria da imprensa, quando informa sobre Israel, viola todos os princípios do código de ética do jornalismo. E assim, qualquer ato de defesa de Israel se converte em um massacre e qualquer enfrentamento, em um genocídio. Foram ditas tantas barbaridades, que já não se pode acusar Israel de nada pior. Em paralelo, essa mesma imprensa nunca fala da ingerência do Irã ou da Síria a favor da violência contra Israel; da inculcação do fanatismo nas crianças; da corrupção generalizada na Palestina. E quando fala de vítimas, eleva à categoria de tragédia qualquer vítima palestina, e camufla, esconde ou deprecia as vítimas judias.

Termino com uma nota sobre a esquerda espanhola. Muitos são os exemplos que ilustram o anti-israelismo e o antiamericanismo que definem o DNA da esquerda global espanhola. Por exemplo, um partido de esquerda acaba de expulsar um militante, porque criou uma página de defesa de Israel na internet. Cito frases da expulsão:`Nossos amigos são os povos do Irã, Líbia e Venezuela, oprimidos pelo imperialismo. E não um estado nazista como o de Israel.` Por outro exemplo, a prefeita socialista de Ciempuzuelos mudou o dia da Shoá pelo dia da Nakba palestina, depreciando, assim, a mais de 6 milhões de judeus europeus assassinados.
Ou em minha cidade, Barcelona, o grupo socialista decidiu celebrar, durante o 60º. aniversário do Estado de Israel, uma semana de `solidariedade com o povo palestino`. Para ilustrar, convidou Leila Khaled, famosa terrorista dos anos 70, atual líder da Frente de Libertação Palestina, que é uma organização considerada terrorista pela União Européia, que defende o uso das bombas contra Israel. E etc. Este pensamento global, que faz parte do politicamente correto, impregna também o discurso do presidente Zapatero. Sua política exterior recai nos tópicos da esquerda lunática e, a respeito do Oriente Médio, sua atitude é inequivocamente pró-árabe. Estou em condições de assegurar que, em particular, Zapatero considera Israel culpado do conflito, e a política do ministro Moratinos vai nesta direção.

O fato de o presidente ter colocado uma Kefia palestina, em plena guerra do Líbano, não é um acaso. É um símbolo. A Espanha sofreu o atentado islâmico mais grave da Europa, e `Al Andalus` está na mira de todo o terrorismo islâmico. Como escrevi faz tempo, “nos mataram com celulares via satélite, conectados com a Idade Média”. E, sem dúvida, a esquerda espanhola está entre as mais anti-israelenses do planeta. E diz ser anti-israelense por solidariedade! Esta é a loucura que quero denunciar com esta conferência.

CONCLUSÃO
Não sou judia, estou vinculada ideologicamente à esquerda e sou jornalista. Por que não sou anti-israelense como a maioria de meus colegas? Porque como não judia, tenho a responsabilidade histórica de lutar contra o ódio aos judeus, e na atualidade, contra o ódio a sua pátria, Israel. A luta contra o anti-semitismo não é coisa dos judeus, é obrigação dos não judeus. Como jornalista, sou obrigada a buscar a verdade, para além dos preconceitos, das mentiras e das manipulações. E sobre Israel não se diz a verdade. E como pessoa de esquerda, que ama o progresso, sou obrigada a defender a liberdade, a cultura, a convivência, a educação cívica das crianças, todos os princípios que as Tábuas da Lei converteram em princípios universais.
Princípios que o islamismo fundamentalista destrói sistematicamente. Quer dizer, como não judia, jornalista de esquerda tenho um tríplice compromisso moral com Israel. Porque, se Israel for derrotado, serão derrotadas a modernidade, a cultura e a liberdade. A luta de Israel, ainda que o mundo não queira saber, é a luta do mundo.
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Fonte: http://www.pilarrahola.com

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Em complemento:

Em Quero é Paz!
Rodrigo Constantino

"Tudo que é necessário para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam." (Edmund Burke)

Em 1949, o cartaz para o Congresso Mundial da Paz em Paris foi impresso com uma litografia de Picasso, que eternizou a pomba como símbolo da paz. Os patrocinadores do evento, paradoxalmente, eram os assassinos de Moscou. Os objetivos dos comunistas eram basicamente dois: poderiam dispersar a atenção mundial de Moscou e das atrocidades lá cometidas por Stalin; e forçariam uma associação simplista entre comunismo e luta pela paz. Enquanto ingênuos bem intencionados levantavam cartazes pedindo paz, seus financiadores executavam milhões de inocentes atrás da cortina de ferro.

Desde então, os comunistas, sempre mais preocupados com a propaganda ideológica do que com os seres humanos, organizam passeatas em nome da paz quando surge uma oportunidade para atacar democracias liberais. No caso recente da guerra em Gaza, o PT não perdeu tempo e logo fez uma declaração de repúdio ao "terrorismo de Estado" israelense, enquanto não existem documentos do partido fazendo uma única crítica ao verdadeiro terrorismo do Hamas. O tiranete Hugo Chávez chegou a expulsar o embaixador de Israel da Venezuela. E o PSTU organizou manifestações onde bandeiras dos Estados Unidos e Israel foram queimadas por indivíduos vestindo camisetas com a foto do assassino Che Guevara estampada.

A jornalista espanhola Pilar Rahola escreveu um artigo em defesa de Israel onde perguntas inconvenientes são feitas. Apesar de não ser judia e ser de esquerda, Rahola questiona por que as manifestações "pela paz" nunca condenam ditaduras islâmicas. Ela pergunta também por que a submissão feminina no Islã nunca é alvo de manifestações no Ocidente. Ela quer saber por que essas manifestações "pacifistas" nunca têm como alvo o uso de crianças palestinas como escudos humanos ou bombas. Por fim, ela deseja saber onde estavam esses "pacifistas" quando a ditadura islâmica exterminava milhares de vítimas no Sudão. Pilar deixa no ar a sua pergunta do "milhão": por que a esquerda européia, e globalmente toda a esquerda, estão obcecadas somente em lutar contra as democracias mais sólidas do planeta, Estados Unidos e Israel, e não contra as piores ditaduras? O silêncio diante dessa questão é uma confissão de hipocrisia da esquerda mundial.

Os "pacifistas" costumam sempre pregar a saída diplomática para os problemas geopolíticos. Vestidos com a causa pacifista, os comunistas franceses exortaram os trabalhadores das fábricas de armamento a sabotarem seu trabalho e pressionaram os soldados a desertarem, quando os exércitos nazistas estavam a poucas semanas de ocupar Paris. Quando o inimigo despreza a razão e luta por uma causa fanática, a diplomacia é totalmente ineficaz. Conversar com Bin Laden, Hitler, Stalin ou Ahmadinejad não rende bons frutos. Com terroristas não se negocia, é o lema da polícia americana. Mas os "pacifistas" não querem debater os meios mais eficazes para manter a paz. Eles desejam apenas monopolizar o fim, ou seja, posar de únicos defensores verdadeiros da paz.

Muitos "pacifistas" usam Gandhi como suposta prova de que a reação pacífica pode ser o caminho certo. Ignoram que do outro lado estava a Inglaterra, com uma população mais esclarecida e sujeita aos apelos populares. Fosse um Hitler ou Stalin, Gandhi seria apenas mais um mártir morto sem bons resultados. Para quem duvida, basta ver o destino do Tibete. Os monges que seguem Dalai Lama não passam de escravos da ditadura comunista chinesa. Gandhi teria alertado: "olho por olho e a humanidade acabará cega". Creio que faltou mencionar algo alternativo: "olho por nada e uma parte da humanidade acabará cega; a parte inocente". Como bem colocou George Orwell, o jeito mais fácil de acabar com uma guerra é perdê-la.

Não quero ser mal compreendido. Odeio violência com todas as minhas forças. Acho que seu uso é um último recurso, após o fracasso de todas as alternativas. Porém, não vou sucumbir ao mundo das fantasias, dissociado da realidade. Em certas ocasiões, lidando com certas pessoas, não existe outra opção que não a reação dura ou mesmo violenta. Ninguém vai oferecer rosas para um estuprador na iminência de um estupro. Não é razoável achar que há chance de diálogo com quem mata crianças deliberadamente em nome de sua causa. Chega a ser infantil afirmar que a educação sozinha faria um animal que pratica genocídio virar um bom samaritano. O mundo real não é tão belo. Frutos podres existem e as causas são variadas. Quem não ataca as conseqüências dos atos bárbaros desses indivíduos está pedindo para viver num mundo caótico, sob o domínio do mal. Por mais chocante que isso possa parecer, talvez seja exatamente o que muitos "pacifistas" desejam. Não passam de misantropos disfarçados. Finalizo com o alerta sábio de Schopenhauer: "Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

995) Miséria de idéias no Forum Social Mundial 2009

Eu me pergunto, sinceramente, se os jornais e jornalistas estão fazendo o seu trabalho corretamente, ou se eles apenas servem para transmitir qualquer bobagem escrita sobre qualquer problema irrelevante.
Li, com atenção, o artigo abaixo e confesso que, espremendo, espremendo, não consegui achar nenhuma, repito NENHUMA, idéia relevante nesse artigo. A pobreza intelectual talvez só seja superior à pobreza da renda per capita dos indígenas da Amazónia, onde se realiza, desta vez, o piquenique anual dos antiglobalizadores.
Como é possível escrever tanto sem dizer absolutamente nada?
É preciso, de fato, uma grande dose de vazio mental para conseguir não transmitir nenhuma idéia interessante em alguns parágrafos banais...

Um instigante laboratório político
Cândido Grzybowski
Folha de S.Paulo, 8.01.2009

"Fórum Social Mundial na Amazônia, neste momento da História mundial, é bem-vindo e inspirador"

Após quatro anos, o Brasil volta a sediar um encontro central do Fórum Social Mundial, desta vez em Belém (PA). Em sua nona edição, o Fórum segue para a Região Amazônica, compartida por nove países da América Latina, povos e culturas muito diversos - território em disputa, tanto no acesso e uso de seus recursos naturais como de rumos e sentidos; um dos pulmões do Planeta.

Temos muito a dizer sobre a Amazônia, que, de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, transforma-se, em realidade, em um instigante laboratório político, ao abrigar o maior evento da sociedade civil organizada.

Em um momento em que mergulhamos em múltiplas crises (entre elas, a financeira), é bom olhar para onde ainda existe esperança: a Amazônia, a nossa Região.

Como participante ativo do Fórum Social desde sua primeira edição em Porto Alegre, em 2001, penso que o encontro deste ano convida a nos abrirmos à problemática amazônica e a nos inspirarmos nos diferentes povos e seus territórios, como guardiões que são de um ecossistema fundamental para eles mesmos e para a Humanidade. E nos coloca como desafio, sobretudo, ousar pensar em alternativas ao desenvolvimento, confundido, tantas vezes, com taxas de crescimento a qualquer custo. Esta é uma tarefa de criação teórica e cultural, mas sobretudo política.

Repolitizar a economia e a própria vida, com uma perspectiva democrática radical, de participação, justiça social e ambiental, é o caminho possível para começar a formular um pensamento gerador de alternativas estratégicas. No Fórum Social Mundial aprendemos, entretanto, que não se trata de formular um pensamento único como alternativa.

A reordenação do poder e das economias, para que sirvam aos seres humanos, garantido todos os direitos a todos, sem discriminações, precisa estar pautada pela diversidade, de acordo com necessidades e possibilidades dos territórios de cada povo.

A nova arquitetura do poder político é, por si só, a tarefa mais premente: estamos diante da necessidade de uma espécie de refundação em novas bases. Como? Sem dúvida, de ponta-cabeça, do local ao mundial, partindo do princípio que é necessário "democratizar a democracia e a economia". É fundamental valorizar a soberania cidadã, identificando, nesse movimento, o que precisa ser gerido de forma subsidiária por um poder democrático mundial, tendo como base um multilateralismo ativo e solidário, com busca de consensos ao invés de imposição pela força.

O Fórum Social, como espaço aberto, propicia e estimula exatamente esse tipo de atitude, de ousar e dispor-se a estabelecer o diálogo franco entre as múltiplas organizações da sociedade civil, mas também chefes de Estado e organismos multilaterais. Por tudo isso, o Fórum na Amazônia, neste momento da História mundial, é bem-vindo e inspirador.

Cândido Grzybowski é sociólogo e diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

994) Forum Social Mundial: Belem, 27 janeiro-1 fevereiro 2009

Aproxima-se o próximo convescote anual do FSM, desta vez na capital do Pará, com as mesmas palavras de ordem conhecidas ha pelo menos dez anos: um outro mundo é possível, um outro Brasil, uma outra Amazônia, etc...
Transcrevo, em primeiro lugar, como é de justiça, a chamada publicitária dos organizadores do movimento, com um resumo breve do que ocorrerá.
Depois, dou uma informação sobre um recente artigo que publiquei que examina cada uma das "teses" dos antiglobalizadores, com o meu olhar crítico, como é meu hábito.
Devo dizer, antecipadamente, que por uma questão de honestidade intelectual e por simples deferência para com os dados da realidade ou do mero bom-senso, não tenho a menor complacência para as "teses" surrealistas dos antiglobalizadores.

Fórum Social Mundial defenderá paz, justiça e ética
De 27 de janeiro a 1° de fevereiro a cidade de Belém (PA) vai sediar o 9º Fórum Social Mundial, que acontece este ano com o tema "Um Novo Mundo é Possível". Durante seis dias, Belém assume o posto de centro de toda a região para abrigar o evento que reúne ativistas de mais 150 países. Algumas atividades serão realizadas nas tendas temáticas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Federal Rural da Amazônia (UFRA). A escolha pelas tendas foi feita para contemplar a demanda de público - os locais podem receber de 300 a 750 pessoas.
Serão 14 tendas divididas entre as universidades federais do Pará, que também serão espaços de debates, seminários, conferências, assembléias e atividades culturais. As diversas atividades do FSM serão realizadas em torno de alguns objetivos, definidos após a realização de uma ampla consulta pública a diversas organizações e entidades participantes do processo do FSM.
Entre esses objetivos, estão a construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas; livre de armas, especialmente as nucleares; pela democratização e descolonização do conhecimento, da cultura e da comunicação; pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento e saberes; pela construção de uma economia democratizada, emancipatória, sustentável e solidária, com comércio ético e justo, centrada em todos os povos; e pela defesa da natureza como fonte de vida para o planeta Terra.
Definição - O FSM é um espaço de debate democrático de idéias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo. Após o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, configurou-se como um processo mundial permanente de busca e construção de alternativas às políticas neoliberais. Essa definição está na Carta de Princípios, principal documento do FSM.
O Fórum caracteriza-se também pela pluralidade e pela diversidade, de caráter não confessional, não governamental e não partidário. Ele se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial.

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Voilà, feita a transcrição da chamada publicitária, informo agora sobre o meu trabalho recentemente publicado que faz uma análise dessas "idéias":

“Fórum Surreal Mundial: Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores”, Brasília, 22 dezembro 2008, 17 p. Consolidação das críticas às idéias surreais do FSM. Publicado em Mundorama, divulgação científica em relações internacionais (27.12.2008; link: http://mundorama.net/2008/12/27/271220081129/).

Se ouso, neste momento, agregar algo, seria para contradizer uma das frases que fazem a publicidade do encontro.
NÃO, o FSM NÃO é "um espaço de debate democrático de idéias, [de] aprofundamento da reflexão, [de] formulação de propostas, [de] troca de experiências e [de] articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil", posto que só podem participar dessas atividades aqueles "que se opõem ao neoliberalismo".
Ora, se os antiglobalizadores se fecham ao debate de idéias, se proibem, ab initio, que qualquer pessoa que não partilhe de suas idéias surrealistas participe desses encontros, se eles se recusam terminantemente a ouvir outras teses, é porque se sentem tremendamente inseguros quanto à validade ou legitimidade de suas "teses".
A outra hipótese, obviamente, é que eles são tremendamente sectários e fechados a qualquer contestação de suas "verdades reveladas", o que revela um comportamento mais religioso, na verdade fundamentalista, do que racional ou aberto ao diálogo democrático.
PRA, 8.01.2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

993) Um balanço bem-humorado da era Bush

Nao exatamente um balanço, talvez uma sintese estilistica, digamos assim, o que nos confirma que vamos perder muita coisa com a partida do segundo Bush, o maior humorista involuntario de todos os que passaram pela Casa Branca:

Bushisms: U.S. leader sets standard for mangled phrases during presidency
By The Associated Press, The Associated Press

President George W. Bush will leave behind a legacy of Bushisms, the label stamped on the U.S. leaders original speaking style. Some of the president's more notable malapropisms and mangled statements:

-"I know the human being and fish can coexist peacefully." - September 2000, explaining his energy policies at an event in Michigan.

-"Rarely is the question asked, is our children learning?" - January 2000, during a campaign event in South Carolina.

-"They misunderestimated the compassion of our country. I think they misunderestimated the will and determination of the commander-in-chief, too." - Sept. 26, 2001, in Langley, Va. Bush was referring to the terrorists who carried out the Sept. 11 attacks.

-"There's no doubt in my mind, not one doubt in my mind, that we will fail." - Oct. 4, 2001, in Washington. Bush was remarking on a back-to-work plan after the terrorist attacks.

- "It would be a mistake for the United States Senate to allow any kind of human cloning to come out of that chamber." - April 10, 2002, at the White House, as Bush urged Senate passage of a broad ban on cloning.

- "I want to thank the dozens of welfare-to-work stories, the actual examples of people who made the firm and solemn commitment to work hard to embetter themselves." - April 18, 2002, at the White House.

-"There's an old saying in Tennessee - I know it's in Texas, probably in Tennessee - that says, fool me once, shame on - shame on you. Fool me - you can't get fooled again." - Sept. 17, 2002, in Nashville, Tenn.

-"Our enemies are innovative and resourceful, and so are we. They never stop thinking about new ways to harm our country and our people, and neither do we." - Aug. 5, 2004, at the signing ceremony for a defence spending bill.

-"Too many good docs are getting out of business. Too many OB/GYNs aren't able to practice their love with women all across this country." - Sept. 6, 2004, at a rally in Poplar Bluff, Mo.

- "Our most abundant energy source is coal. We have enough coal to last for 250 years, yet coal also prevents an environmental challenge." - April 20, 2005, in Washington.

- "We look forward to hearing your vision, so we can more better do our job." - Sept. 20, 2005, in Gulfport, Miss.

-"I can't wait to join you in the joy of welcoming neighbours back into neighbourhoods, and small businesses up and running, and cutting those ribbons that somebody is creating new jobs." - Sept. 5, 2005, when Bush met with residents of Poplarville, Miss., in the wake of hurricane Katrina.

-"It was not always a given that the United States and America would have a close relationship. After all, 60 years we were at war 60 years ago we were at war." - June 29, 2006, at the White House, where Bush met with Japanese Prime Minister Junichiro Koizumi.

-"Make no mistake about it, I understand how tough it is, sir. I talk to families who die." - Dec. 7, 2006, in a joint appearance with British Prime Minister Tony Blair.

- "These are big achievements for this country, and the people of Bulgaria ought to be proud of the achievements that they have achieved." - June 11, 2007, in Sofia, Bulgaria.

- "Mr. Prime Minister, thank you for your introduction. Thank you for being such a fine host for the OPEC summit." - September 2007, in Sydney, Australia, where Bush was attending an APEC summit.

-"Thank you, Your Holiness. Awesome speech." April 16, 2008, at a ceremony welcoming Pope Benedict to the White House.

-"The fact that they purchased the machine meant somebody had to make the machine. And when somebody makes a machine, it means there's jobs at the machine-making place." - May 27, 2008, in Mesa, Ariz.

-"And they have no disregard for human life." - July 15, 2008, at the White House. Bush was referring to enemy fighters in Afghanistan.

- "I remember meeting a mother of a child who was abducted by the North Koreans right here in the Oval Office." - June 26, 2008, during a Rose Garden news briefing.

-"Throughout our history, the words of the Declaration have inspired immigrants from around the world to set sail to our shores. These immigrants have helped transform 13 small colonies into a great and growing nation of more than 300 people." - July 4, 2008 in Virginia.

- "This thaw - took a while to thaw, it's going to take a while to unthaw." Oct. 20, 2008, in Alexandria, La., as he discussed the economy and frozen credit markets.

Fonte: http://ca.news.yahoo.com/s/capress/090103/world/distinctly_bushisms
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992) Aquecimento global: o debate continua...

Duas opiniões a contra-corrente das tendências dominantes atualmente

Iludindo o público
JOSÉ CARLOS DE AZEVEDO
TENDÊNCIAS/DEBATES
Folha de S. Paulo, 6.01.2009

Há quase 20 anos, o IPCC, órgão da ONU, patrocina a novela do aquecimento global e faz "previsões" sem amparo científico

N. WIENER graduou-se em matemática aos 14 anos e doutorou-se em lógica aos 18 na Universidade Harvard. Conhecido como pai da cibernética, contribuiu para outros ramos da ciência e afirmou que as "tentativas de modelar o clima espremendo equações da física em computadores, como se a meteorologia fosse uma ciência exata como a astronomia, estão condenadas ao fracasso", que a "auto-ampliação de pequenos detalhes frustraria qualquer tentativa de prever o clima" e que "os líderes dessa atividade estavam iludindo o público ao pretender que a atmosfera é previsível".
Opinião semelhante foi a de J. von Neumann, matemático que contribuiu para a mecânica quântica, as teorias dos jogos e dos computadores, o projeto da bomba de hidrogênio e a previsão do tempo.
Há quase 20 anos, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, na sigla em inglês), órgão da ONU, patrocina a novela do aquecimento global e faz "previsões" sem amparo científico.
Dois grupos distintos cuidam do clima: o dos cientistas, que conhecem a complexidade do problema e procuram decifrá-la, e os "modeladores", que usam teorias do século 19 e "prevêem" o clima até o final dos séculos.
Este segundo grupo usa computadores colossais, faz projeções e estimativas, fala de indícios e vestígios, já consumiu US$ 50 bilhões e nada contribuiu para elucidar o problema. Quer frear o desenvolvimento mundial e levar países à miséria ao propor a redução drástica do uso de combustíveis fósseis porque, diz ele sem provas, o dióxido de carbono (CO2) gerado pelo homem é o responsável pelo aquecimento. Reduzindo a emissão, acrescenta, o aquecimento no fim deste século será de uns dois graus e a natureza estará salva.
Mais eficazes são as propostas do Voluntary Human Extinction Movement e da Gaia Liberation Front, que querem extinguir a humanidade para salvar a natureza.
Não há prova que o CO2 é responsável pelo "efeito estufa", mas é certo que o Sol e a água (nuvens, vapor d'água, cristais de gelo) condicionam a temperatura e o clima na Terra. O IPCC e seus 2.500 "cientistas", porém, culpam o CO2.
Ocorre que o IPCC não estuda nada: faz resenha de trabalhos publicados, adultera-os quando lhe convém e alardeou a importância de dois deles, o de Michael Mann e o relativo às camadas de gelo extraído na Antártida, em Vostok.
O trabalho de Mann analisou a temperatura na Terra entre os anos 1000 e 1980 e disse que as emissões de CO2 a partir do início da era industrial causaram o maior aumento de temperatura daquele milênio. Pois esse trabalho é uma manipulação de dados e nem falam mais dele. Quanto às camadas de gelo, é certo que o aumento da temperatura antecede o da emissão do CO2, e não o oposto.
A banda de música do IPCC é o filme do Al Gore, cuja exibição foi proibida na Inglaterra por decisão judicial, exceto se mencionar as inverdades que contém: aumento do nível dos mares, morte de corais e ursos polares, Tuvalu, Vostok, malária etc.
Restou ao IPCC citar os 2.500 "cientistas" e o seu "consenso" sobre CO2 "antropogênico". Consenso não é referencial científico e, se for questão de números, há muitas listas de consensos de cientistas qualificados, identificados e contrários ao IPCC: a de Frederick Seitz, antigo presidente da Academia Nacional de Ciências e do Instituto Americano de Física dos EUA e atual presidente da Universidade Rockefeller e do Instituto George Marshall, por exemplo, tem mais de 32 mil assinaturas. O último relatório do IPCC tem 51.
A compreensão da natureza do clima começou em 1610 com Galileu, descobridor das manchas do Sol. Em 1752, Franklin mostrou que as nuvens têm cargas elétricas. Em 1998, o Instituto de Pesquisas Espaciais da Dinamarca provou a influência da radiação cósmica no clima. Em 2006, o Cern, o maior centro de pesquisas nucleares, cujo acelerador de partículas tem 27 km, criou um consórcio com dezenas de universidades e cientistas para ampliar as descobertas na Dinamarca que provam que o campo magnético do Sol controla a radiação cósmica incidente e, portanto, o clima; e que a passagem do Sol pela Via Láctea explica as glaciações e interglaciações. Os "modeladores" iludem a população e não dizem que o pólo Norte de Marte está derretendo.
Os investimentos em computadores profetas devem ser destinados às pesquisas em biologia. As plantas retiram da atmosfera, por ano, bilhões de toneladas de carbono, e um bom laboratório -a Embrapa, por exemplo-, com um mínimo daqueles US$ 50 bilhões, pode desenvolver plantas que absorvem mais carbono. Elas farão o ar mais limpo e produzirão mais alimentos.

JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA AZEVEDO , 76, é doutor em física pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA). Foi reitor da UnB (Universidade de Brasília).

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Uma questão de bom senso
João Luis Mauad
O Globo, 2008

Quando os Vikings chegaram à costa da Groenlândia, no final do primeiro milênio, aquela era uma terra fértil, sem gelo, coberta de verde (daí o nome Greenland), excelente para o pasto animal, além de um ótimo local para a pesca. Um ambiente tão convidativo que, perto do ano 1100, havia cerca de 3000 pessoas vivendo ali. A partir do século XV, no entanto, as temperaturas médias começaram a cair, as geleiras expandiram-se na direção do oceano e a colônia pereceu.

Flutuações globais da temperatura terrestre não são novidade. Das poucas coisas que se pode dizer com certeza sobre o clima do planeta é que vários foram os ciclos de aquecimento e resfriamento ao longo da história, uns mais longos, outros mais curtos. Segundo o último relatório do IPCC / ONU, estamos vivendo um período inter-glacial quente, porém ainda bem mais ameno que o anterior.


O fato de a Terra já ter sido mais quente do que é atualmente, malgrado os homens ainda não queimassem combustíveis fósseis, foi um dos motivos que me levaram, em princípio, a questionar nossa culpa pelo flagelo do clima. Hoje, depois de alguma investigação a respeito, posso dizer que minhas dúvidas só aumentaram.

Muitos acham que há consenso sobre a responsabilidade humana pelo aquecimento global e as catastróficas conseqüências previstas. Não é verdade. Basta uma pesquisa rápida na Internet para comprovar que inúmeros especialistas de diversas nacionalidades, donos de currículos nada desprezíveis, têm contestado aquele diagnóstico. Aliás, apelar para algum suposto consenso é uma velha estratégia para evitar o debate, que convida ao adesismo e afasta a reflexão. O trabalho científico, diferentemente da política, dispensa consensos e requer que um só investigador obtenha resultados que sejam verificáveis. Os grandes cientistas da história são grandes precisamente porque romperam com o senso comum.

A hipótese de que as emissões de C02 provenientes da atividade humana estejam produzindo algum aquecimento é bastante viável. Entretanto, tal hipótese não pode ser provada por argumentos teóricos formais e, tampouco, os dados empíricos disponíveis são suficientes para confirmá-la. Os estudos a esse respeito são, majoritariamente, baseados em simulações de computador cujos modelos, apesar dos inegáveis avanços tecnológicos, ainda estão muito longe de reproduzir toda a complexidade dos fenômenos naturais relacionados ao clima, com suas infinitas e intrincadas variáveis. O próprio relatório da ONU não nega essas dificuldades quando afirma, textualmente: "Em razão das incertezas envolvidas, a atribuição de causas humanas para as mudanças climáticas é, basicamente, uma questão de julgamento". (AR-4; item 6.3d; 2nd draft).

Malgrado eu não seja um cientista, acredito que, como disse recentemente o dinamarquês Bjorn Lomborg, "se nós estamos prestes a embarcar no mais caro projeto político de todos os tempos", cujas propostas, se efetivadas, mexeriam profundamente com os alicerces da nossa civilização, "talvez nós devêssemos estar certos de que tal projeto está apoiado em solo rígido, em fatos reais, e não apenas nos fatos convenientes. "

Quando o assunto é aquecimento global, entretanto, o público praticamente só tem tido acesso a um dos lados da controvérsia, enquanto o outro, composto de gente chamada pejorativamente de "céticos" ou "vendidos", sofre todo tipo de discriminação, já tendo sido comparados até aos "negadores do holocausto". Definitivamente, esta não é a maneira mais correta de encarar uma questão tão complexa.

Não custa lembrar que, no passado, alguns equívocos graves já foram cometidos em nome de supostos consensos científicos. O melhor exemplo disso talvez seja o DDT, considerado o mais poderoso e barato inseticida já desenvolvido, especialmente eficaz contra o mosquito transmissor da malária, mas cujo uso foi praticamente banido da face da terra, após intensa pressão de grupos ambientalistas nos anos 70. Já em 2006, após exaustivos estudos científicos, a OMS decidiu não só liberar o DDT como sugerir a sua utilização, inclusive no interior das moradias, uma vez que a alegada toxicidade não restou comprovada. Infelizmente, nesse meio-tempo a malária tirou muitas vidas que teriam sido poupadas se a ciência não tivesse sido atropelada pela ideologia.

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E um Post Scriptum na mesma linha, justamente lido neste instante:

What Disappearing Sea Ice?
Gregory Young
American Thinker, January 05, 2009

Despite the mountains of contrary evidence, concerns over disappearing sea ice and the unfounded position that the North Pole could melt entirely in 2008, pushed U.S. government bureaucrats to officially list the polar bear as an endangered species in May of 2008. And then guess what happened....

After the onslaught of record breaking bitter temperatures during the last quarter of this year, and with less wind, the amount of sea ice has significantly and dramatically rebounded at the fastest rate ever before recorded. Currently being measured to be about where it was 29 years ago in 1979, sea ice is again as expansive and dense as it was when global cooling proponents of the time said that we were witnessing the advance of a mini ice age.

Reported by the University of Illinois's Arctic Climate Research Center, and derived from satellite observations of the Northern and Southern hemisphere polar regions, sea ice has been restored to pre-AGW levels. The fantasy and absurdity of AGW is becoming laughable, and again is proven conclusively wrong.

Will the "Global Cooling = Global Warming" crowd, and their enablers at the MSM, be recharging their spin on the cold and now "very hard" evidence of cooler weather as yet another indication of Global Warming?

Now that the northern ice pack has been refurbished, polar bears will be free to eat as many seals as possible. It certainly seems that the polar bears are no longer an endangered species. The same cannot be said, however, about AGW proponents....

sábado, 3 de janeiro de 2009

991) Arte antisemita e antijudaica: uma triste realidade

Transcrevo a matéria abaixo por uma única e simples razão. Considero serem execráveis esses exemplos de antisemitismo barato e enraivecido, exemplos lamentáveis de uma intolerância que se assemelha, em tudo e por tudo, ao que já assistimos, ou aprendemos com a história, de crimes bárbaros cometidos por nazistas e assemelhados contra um povo indefeso.
O povo de Israel, hoje, está longe de ser indefeso, mas a cultura do ódio que vem sendo instilada em tantos jovens por uma propaganda viciosa, causa, sem dúvida alguma, sofrimento indizível em tantas famílias enlutadas por crimes e ataques bárbaros contra o povo de Israel e os pertencentes a essa cultura judaica.
Minha transcrição tem, assim, o sinal de um protesto contra esses "artistas" a soldo de uma causa ignóbil e execrável.

Colaborações Brasileiras Ao Terror Palestino
Luiz Nazário *
escritor e professor de cinema da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.
Visão Judaica online
Agosto2008

No dia 11 de julho de 2008, um encontro Irã-Brasil ocorrido na Embaixada do Irã discutiu a "relação cultural e artística no campo do cartoon", na presença de Masoud Shojaei Tabatabaei (Diretor da Casa do Cartum do Irã); Amir Abdolhosseini (Diretor Administrativo da Casa do Cartum do Irã); Filip Pinto, Diogo Almedia e da Sra. Marjaneh Najafi (Autoridades da Embaixada do Brasil no Irã).
Decidiu-se pela realização de uma exibição de "trabalhos artísticos" de cartunistas iranianos e brasileiros no Irã e no Brasil, com o compromisso de que de 3 a 5 cartunistas brasileiros irão ao Irã para oficinas e exibições de trabalhos assim como de 3 a 5 cartunistas iranianos virão ao Brasil para oficinas e exibições de trabalhos. A data sugerida para a realização do evento, a cargo de Masoud Shojaei Tabatabaei no Irã e de Marcio Leite no Brasil, foi outubro de 2008.

Depois do sucesso do carioca Carlos Latuff, que publicou suas obras nas revistas DMagazine (Itália), Power of Working Class (Coréia do Sul) e em diversos sites e blogs anti-semitas de todo o mundo, uma vez que, por ideologia socialista, o artista abriu mão dos direitos autorais de seu trabalho, ganhando, em compensação, uma duvidosa fama internacional, com prêmios e menções honrosas na Casa do Cartum do Irã, outros brasileiros passaram a seguir seu caminho, destacando-se nas mídias iranianas, palestinas, árabes, islamitas, esquerdistas, anti-sionistas, anti-semitas e neonazistas.

Qual o segredo do "sucesso" dos cartunistas brasileiros junto às mídias que pregam um novo Holocausto dos judeus, através do "eufemismo" da eliminação da "entidade sionista" da face da Terra? A receita é simples: diabolizar Israel, esse "Pequeno Satã", sem deixar de diabolizar a América, aquele "Grande Satã". Na nova utopia totalitária gestada nos movimentos antiglobalização o "Império" e a "entidade sionista" compõem o Mal a ser eliminado do mundo todo bom para que nele reinem paz e amor, se Allah quiser.

No recente e imoral concurso "Caricaturas do Holocausto" - comparável, em seu propósito de degradar os judeus, à Exposição de Arte Degenerada (Entartet Kunst) no 'Terceiro Reich' - organizado pela Casa do Cartum do Irã, essa agência de propaganda da República Islâmica presidida por Mahmud Ahmadinejad, o Brasil foi um dos países com maior número de trabalhos inscritos, ficando em terceiro lugar no ranking dos colaboracionistas, com 21 cartunistas selecionados, atrás apenas do Irã - anfitrião do evento, com 157 selecionados - e da Turquia, com 31.

Diversos brasileiros ganharam menções honrosas e Carlos Latuff alcançou o Segundo Prêmio com o cartoon de um palestino chorando em uniforme de judeu de Auschwitz. A imagem, ilustrando as metáforas da propaganda iraniana, palestina, árabe, islamita, esquerdista, anti-sionista, anti-semita e neonazista, sugeria que os judeus eram os novos nazistas e os palestinos os novos judeus, isto é, inocentes vítimas oprimidas de um regime totalitário, sofrendo, desarmados e impotentes, como os judeus sob o nazismo, a agressão da poderosa máquina de guerra do Estado Judeu, com seu exército de carrascos comparáveis às tropas SS.

No universo de Latuff, Israel despeja gasolina sobre crianças libanesas que já ardem em chamas; o ex-Primeiro Ministro de Israel, Ariel Sharon, é um vampiro sedento de sangue palestino; e o atual, Ehud Olmert, é um louco babando em camisa de força sonhando com a guerra total; ou banhando-se na piscina de sangue em que transformou a Faixa de Gaza; soldados israelenses usam aventais de açougueiros ensangüentados divertindo-se em decepar a machado cabeças de palestinos ou fuzilá-los em valas comuns; uma mãe palestina chora a morte do filho num caixão "100% made in Israhell"; pacatos cidadãos de Gaza, arrasados com cortes de energia, comida e remédios pelo cruel governo de ocupação israelense temem que o próximo passo seja a instalação de câmaras de gás; etc.

Mas Latuff não está só em seu colaboracionismo artístico à campanha de propaganda guerreira (hipocritamente autodenominada "pacifista") contra Israel. As mídias iranianas, palestinas, árabes, islamitas, esquerdistas, anti-sionistas, anti-semitas e neonazistas contam com um novo colaboracionista: o cartunista e empresário brasileiro Marcio Leite, que fundou a agência Mais Propaganda e criou o portal e a revista Brazilcartoon, tendo como um de seus modelos a Casa do Cartum do Irã e a revista Irancartoon. Leite é o novo darling da Casa do Cartum do Irã: sua ilustração para o Salão Internacional de Gaza 2008, ao celebrar, de forma graficamente estilizada, o terror do Hamas, representando a Faixa de Gaza como um fuzil cujo gatilho é a bandeira da Autoridade Palestina, ganhou, merecidamente, o Segundo Prêmio (2 mil euros) naquele concurso belicista anti-Israel. E assim vai crescendo, de forma cada vez mais explícita, o colaboracionismo dos artistas brasileiros ao terror palestino.

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Permito-me um addendum, totalmente pessoal:
Esses "artistas" antissemitas, que fazem um trabalho artistica e moralmente deplorável, não cerrem certamente nenhum risco pessoal, quanto à sua insegurança ou integridade física. Não se tem notícia de que "esquadrões" de zelosos defensores da causa judaica tenham jamais atacado fisicamente algum antissemita notório, a não ser, como cabe, pela via da justiça, por processos judiciais ou outros ataques pela imprensa, ou seja, mantendo-se no padrão de civilidade que se espera de pessoas que respeitam profundamente a vida e o direito de expressão.
Tal não foi o caso, como é notório, de agitadores anti-islâmicos, ou os famosos cartunistas da Dinamarca, cerca de três anos atrás, que correram risco de vida ao ousar fazer piada com a figura de Maomé. Na Holanda, como se sabe, um cineasta foi morto, esfaqueado na garganta em plena via pública, por um fanático islamista. Não preciso dizer da militante somaliana que teve de refugiar-se nos Estados Unidos por temer por sua vida, justamente em conexão com o mesmo cineasta assassinada, Theo Van Gogh.
Tampouco preciso lembrar o caso do escritor indiano-britânico Salman Rushdie, até hoje condenado a ser executado por qualquer "muçulmano fiel", que pretenda cumprir a "fatwa" decretada contra ele, a propósito de seu romance "Versos Satânicos", pelo lider religioso iraniano que comandou a revolução de 1979.
Triste contraste, sem dúvida.

Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 6.01.2009

990) Israel: um pouco de lembrança da história

Uma declaração histórica, ainda que irônica, retrospectivamente:

"A luta contra Israel será uma luta total. O objetivo fundamental será a destruição de Israel. Eu não poderia pronunciar estas palavras três ou cinco anos atrás, mas hoje, confio em nossas forças atuais."
Gamal Abdel Nasser
Cairo, 26 de maio de 1967.

Atual, não lhe parece?