O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 15 de outubro de 2011

Republica Bolivariana das Drogas - The Economist

Ou então: socialismo do século das drogas...
Ou então: Aliança Bolivariana das drogas...
Whatever: o que diz a revista Economist é suficientemente sério para justificar pleno esclarecimento dos fatos.
Esclarecimento, contudo, que não virá...
Paulo Roberto de Almeida

Drugs in Venezuela

By the planeload

Hugo Chávez seems unperturbed by claims of official complicity in crime

Will Makled sing again?
OPPONENTS of Venezuela’s president, Hugo Chávez, are eagerly awaiting the trial of Walid Makled, a businessman extradited from Colombia five months ago. Before he was sent home to face drug-trafficking charges, Mr Makled boasted that he had 15 Venezuelan generals, the interior minister’s brother and five pro-government legislators on his million-dollar monthly payroll. Described by a United States attorney as a “king among kingpins”, Mr Makled is wanted in New York for allegedly shipping tonnes of cocaine from Venezuela. As a prisoner of Mr Chávez’s security service, Mr Makled has now fallen silent. The trial, due to begin soon, may or may not offer more revelations.
The president says Mr Makled’s accusations form part of a plot by the United States to undermine him. Since he kicked out America’s Drug Enforcement Administration (DEA) in 2005, Mr Chávez’s government insists it is intercepting more drugs than before. But its own figures show a drop of almost half in the cocaine seized between 2005 and 2010. The United Nations says that Venezuela is the source of more than half the cocaine seized at sea en route to Europe. American officials say that over 90% of aircraft carrying Colombian cocaine take off from Venezuela.
Venezuelan officials blame all this on geography, pointing out that their country lies next to Colombia, the world’s biggest cocaine producer. Tarek el Aissami, the interior minister, says that since the DEA left Venezuela has arrested and handed over to other countries 69 high-level traffickers, many to the United States. Nonetheless, the business continues to boom.
As in other transit countries, drug consumption and gang warfare are both increasing in Venezuela. But there is no equivalent of the drugs war raging in Mexico between the mobs and the state. Some experts suggest this is because the two have established a modus vivendi.
Mr Makled accused the armed forces of operating four or five drug flights a day from the Colombian border to Central America. The generals he named as his accomplices include the senior armed forces’ commander, the head of military intelligence and the director of the anti-drugs office. Two were already on the US Treasury Department’s blacklist for allegedly colluding with Colombian guerrillas in drug-trafficking. This month a third general, also named by Mr Makled, joined them: Clíver Alcalá, head of the big garrison at Valencia. Venezuela dismissed this as “one more expression of the imperial and arrogant character” of the United States.
Suspicion of high-level government complicity in the drugs trade has deepened because of official confusion over an incident in August in which a light plane landed on a coastal road in the western state of Falcón. When found, it had more than a tonne of cocaine aboard. Its arrival was followed by a shoot-out between state police and dozens of cops from the national detective corps, known as the CICPC.
The head of the Falcón police, who says his men answered an emergency call and were ambushed by the CICPC, was forced to resign. At first national officials said the seizure was an intelligence coup. After two weeks of contradictory official statements, Mr Chávez admitted the plane had taken off from the military airport in Caracas, the capital. The operation, he said, had been a “controlled delivery”, meaning agents had posed as traffickers to entrap the real criminals. But who are they?
Wilmer Flores, the head of the CICPC, insisted it was “one of the best drugs cases” the police had ever been involved in. A few weeks later Mr Flores was decorated—and then sacked, along with almost every other high-ranking member of his force. No explanation was given.
The only people arrested over the affair are five local policemen, three civilians (bystanders, say their lawyers) and a national-guard sergeant. The Venezuelan media have revealed that the Falcón police were indeed responding to an emergency call, and that none of the policemen arrested has a lifestyle which would suggest income from the drugs trade.
Meanwhile, none of the high-ranking officials named by Mr Makled is under investigation. The Venezuelan authorities now have two separate opportunities to display in court their commitment to curbing the drugs trade without fear or favour. They seem unlikely to take them.

Imprensa 9 vs Governo 0?: o caso das "demissoes voluntarias"

Calma, calma, por enquanto é só uma manchete:

Militante do PCdoB acusa Orlando silva de montar esquema de corrupção e receber propina nas dependências do Ministério do Esporte
(Veja, 15/10/2011)

Mas o governo ainda nos "deve" pelo menos 4 demissões. Será que a Polícia Federal terá de descobrir novas falcatruas para precipitar demissões que o governo não consegue ou não pretende fazer?

Sei que alguns Adesistas Anônimos (ou seja governistas) têm ódio deste tipo de post, e que eles vão escrever logo, logo, para me xingar, ou dizer que não sei escrever, etc. e tal...
Não importa: enquanto eles se consomem de raiva, eu me divirto...
Aliás, este é todo o sentido deste blog: divertissement...
Se alguns ficam com raiva no meio do caminho, não importa: vamos em frente e lasciar dire la gente...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Peticao da UNE para viver de dinheiro publico

Recebi, de um correspondente engajado, a seguinte demanda: 
On Oct 14, 2011, at 02:17 PM, Petição Pública <confirmacao@peticaopublica.com.br> wrote:
Meus Amigos,

Acabei de ler e assinar este abaixo-assinado online:
«"EDUCAÇÃO 10": 10% DO PIB E 50% DO FUNDO SOCIAL DO PRÉ-SAL PARA A EDUCAÇÃO»
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=une10
Eu concordo com este abaixo-assinado e acho que também concordaras.
Assina o abaixo-assinado aqui http://www.peticaopublica.com.br/?pi=une10 e divulga-o por teus contatos.
Obrigado.
[Fulano de Tal]
Esta mensagem foi enviada porFulano de Tal (FulanodeTal@gmail.com), através do serviço http://www.peticaopublica.com.br em relação ao abaixo-assinado http://www.peticaopublica.com.br/?pi=une10
Respondi o que segue:
Fulano de Tal,
Grato por enviar-me este anúncio e esta petição.
Creio ser louvável lutar por melhores e maiores verbas para a educação, mas não vou assinar a petição, pois não acho que os problemas da educação brasileira sejam derivados da falta de verbas.
O Brasil já gasta com educação entre 5 e 6% do PIB, o que é mais do que muito país desenvolvido, e no entanto sua educação continua de péssima qualidade.
A tarefa principal consiste em remunerar por mérito, algo que a máfia que domina os sindicatos de professores se opõe.
Também sou contra a postura rentista de viver de royalties do petróleo, uma maldição para economias como a nossa.
Em todo caso, vou ler a petição e refletir sobre ela.
Grato. Cordialmente,
----------------------
Paulo Roberto de Almeida
Poderia agora agregar o que segue: 
Sendo essa petição organizada pela UNE, uma ONGG, como diria alguém, ou seja, um movimento de vagais que gosta de viver de dinheiro público, é mais uma razão para não assinar.
Não tenho intenção de dar dinheiro para vagabundos que estão atrasando a educação brasileira.
Mas tenho certeza de que a petição será um sucesso. Depois disso, não creio que darão os percentuais de que falam, mas mesmo se dessem, isso não resolveria os problemas da educação brasileira, ao contrário, os agravaria, por permitir justamente o tipo de comportamento rentista de máfias sindicais que vem atrasando a educação brasileira.
Só posso ser pessimista quanto a isso.
Paulo Roberto de Almeida 

Licoes de Politica Economica, licoes de Historia Economica - Professora Dilma

Depois das excelentes lições de Política Econômica (e de Economia Política) que tivemos, na semana anterior, mostrando cabalmente a esses incultos, temerosos e incompetentes europeus, como se pode, muito facilmente, vencer uma crise sem entrar em recessão, sem aumentar o desemprego, sem criar sofrimentos inúteis para uma população desejosa de sempre mais prosperidade, graças aos fundos públicos -- que como se sabe são sempre inesgotáveis, e fáceis de serem mobilizados, bastando dar ordens às autoridades tributárias para aumentar a arrecadação -- e que, graças à sapiência acumulada dos brasileiros em matéria de produtividade, de competitividade e de eficiência nos serviços públicos -- que, como todo mundo sabe, no Brasil, são realmente excelentes, não deixando nada a desejar aos melhores países do mundo, aos mais avançados bastiões da social-democracia europeia, benemérita e generosa, aliás melhores ainda do que naqueles países escandinavos frios --, depois de todas essas maravilhas apregoadas a gregos e goianos -- inclusive pelo ex-presidente, que como todo mundo também sabe não é doutor honoris causa (por uma carrada de universidades, e ainda virão mais) por nada, e sim por uma sapiência comprovada em matéria de gestão econômica e excelência administrativa em todos os domínios conhecidos das ciências da gestão, e da falação -- depois de tudo isso, e como se não bastasse, temos agora a nossa nova professora, cultíssima, PhD em várias coisas, dando aulas de História Econômica, para maior gáudio dos ignorantes (que somos nós, claro), que desconheciam por completo que o FMI -- uma entidade sempre perversa, amiga da recessão e da pobreza --, naqueles tempos obscuros do neoliberalismo, tinha ordenado ao Brasil interromper completamente os investimentos quando da crise da dívida externa nos anos 1980 e das crises financeiras dos anos 1990, tudo isso, obviamente, apenas para causar maior sofrimento aos brasileiros, que não tinham ainda conhecido os méritos, as vantagens e a generosidade da política econômica que veio a ser aplicada a partir de 2003, que como todo mundo também sabe, abandonou os cânones estreitos do neoliberalismo e da subserviência aos especuladores de Wall Street e aos monetaristas do FMI, para finalmente, tchan, tchan, tchan, para maior glória dos brasileiros, finalmente, enveredou pelo crescimento, pela distribuição, pelo aumento dos salários e das rendas, e das pensões das viúvas abandonadas, e dos políticos aposentados, e dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-emprego, dos sem-sindicatos, dos sem-vergonhas, enfim de todos aqueles que colaboram e, justamente, passaram a se beneficiar da generosidade governamental e da magnanimidade presidencial.
Ufa! Desculpem pela frase longuíssima, sem ponto no meio, a la Saramago, mas é que eu precisava, eu tinha de dar esse testemunho pessoal sobre como nós, simples brasileiros, cidadãos pagadores de impostos -- enfim, um pouco altos, mas nada nesta vida é de graça, não é mesmo, como dizia aquele americano, como é mesmo o nome dele?, there is no free lunch in this life, and in the other life also -- como nós somos felizes e realizados de contar com professores tão preclaros, tão sapientes em matéria econômica -- e em todas as demais matérias também -- que estão sempre nos ensinando, aproveitando, no meio do caminho, para corrigir a História, essa madrasta sempre enganosa, pois nos queriam fazer acreditar que tínhamos entrado em crise por nossa própria culpa, quando a culpa, comprovada, sempre foi do FMI, que nos obrigou, contra a nossa vontade, a interromper investimentos, diminuir gastos governamentais, cortas despesas inúteis, tudo isso só para nos ver sofrer, para nos diminuir, para chutar a escada que nos levaria ao mesmo desenvolvimento dos países avançados -- vejam vocês, algo que eles jamais poderiam aceitar, como eles iriam permitir que nós fossemos igualmente prósperos, e os igualassem em riqueza e consumo, eles tinham de nos manter na pobreza, para melhor nos explorar -- enfim, tudo de mau que sempre foi cometido contra os pobres nesta terra maravilhosa, e que só agora, finalmente, podemos lograr avançar, com esses professores maravilhosos que nos governam.
Ufa, uma segunda vez! Desculpem essa nova frase longuíssima, mas é que eu não pude resistir aos encantos de mais uma aula magnífica, que vai aqui reproduzida para melhor colaborar com o conhecimento de vocês.
Como escrito no alto deste blog, ele é pelas ideias inteligentes. O que de mais inteligente pode haver senão estas sábias palavras que agora vocês podem ler?
Paulo Roberto de Almeida 

Dilma critica FMI e países desenvolvidos no combate à crise

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Folha online, 13/10/2011
A presidente Dilma Rousseff (PT) criticou nesta quinta-feira (13) a "ingerência do FMI [Fundo Monetário Internacional]" sobre os investimentos do governo brasileiro durante os anos 1980 e 1990, quando o Brasil vivia uma crise econômica.
"Nós sabemos o quanto nós perdemos de oportunidades nas duas décadas em que estivemos sob a ingerência do FMI", declarou.
Dilma também comparou a situação de então com a atual crise dos países europeus e dos EUA.
"O Brasil passou por um momento muito difícil em 1982, com a crise da dívida soberana. A Europa passa por algo similar."
Para Dilma, falta "uma convicção política uniforme" aos líderes internacionais sobre como lidar com a atual crise econômica. "Nós já vimos uma parte desse filme. Nós sabemos o que é a supervisão do FMI. Nós sabemos o que é proibir que o país faça investimentos."
A presidente criticou a limitação dos investimentos federais imposta pelo FMI, e disse que o Brasil só voltou a crescer quando começou a investir e a incluir mais pessoas na classe média.
"É isso que nos torna fortes; esse mercado interno da proporção que nós temos."
INFLAÇÃO
Dilma disse que o Brasil irá resistir à crise econômica porque tem "bancos fortes, uma política fiscal consolidada e reservas internacionais".
A presidente afirmou que o país deve continuar "olhando a inflação com um olho e o crescimento com o outro".

Blog da Presidencia: por uma vez, sinceridade...


Brasil: el blog de la Presidencia es atacado con mensajes contra la corrupción

Tecnologia,internet,informatica,ordenador
Infolatam/Efe
Río de Janeiro, 13 de octubre de 2011
Las claves
  • Los mensajes fueron ilustrados con una fotografía en la que aparecen varios manifestantes con escobas de color amarillo y verde, consideradas como un símbolo de la lucha contra la corrupción.
  • "Brasileños, crean en ustedes mismos. Salven a Brasil", proclamó el "hacker", que defendió la necesidad de que candidatos con condenas en firme no puedan concurrir a unos comicios.
El blog de la Presidencia brasileña fue atacado  por un “hacker”, que emitió proclamas en favor de la transparencia política horas después de que miles de personas marcharan por todo el país para protestar contra la corrupción.
Los mensajes fueron ilustrados con una fotografía en la que aparecen varios manifestantes con escobas de color amarillo y verde, consideradas como un símbolo de la lucha contra la corrupción y exhibidas en las protestas celebradas este miércoles.
El portal (http://blog.planalto.gov.br), que ofrece información sobre la agenda de la presidenta, Dilma Rousseff, y divulga comunicados sobre las medidas y acciones impulsadas por el Gobierno brasileño, recuperó su función y su aspecto en la mañana de hoy.
“¡El político debe ser íntegro, incorruptible! Voto abierto en el congreso”, era una de las proclamas escritas en la página y firmadas por “@DonR4UL EL HACKER BELLEZA”.
Los mensajes contra la corrupción estaban intercalados con temas del músico brasileño Raul Seixas, una de las principales voces del rock nacional en los años setenta y ochenta.
“Brasileños, crean en ustedes mismos. Salven a Brasil”, proclamó el “hacker”, que defendió la necesidad de que candidatos con condenas en firme no puedan concurrir a unos comicios.
El pasado mes de junio trascendió que la Presidencia brasileña repelió un ataque de grupos de piratas informáticos a su página de internet y a los portales de la administración federal de impuestos y del oficial Portal Brasil.
Las invasiones a las webs oficiales se registraron cuatro días después de que otro grupo de piratas atacara el banco de datos del Ejército brasileño y publicara en Twitter informaciones personales de cerca de mil funcionarios de las Fuerzas Armadas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dados, dados, muitos dados: World Bank Development Indicators



DadosEconomicosWOrldBank


World Bank, subset of World Development Indicators (WDI)
Economy
Environment
Global links
People
States and markets
World view

Mercados livres, justica expedita: o exemplo dos EUA

Apenas para registrar que se o caso ocorresse no Brasil, a Justiça provavelmente demoraria cinco anos para julgar, prescrevendo algumas acusações no meio do caminho...


Economy/Business News Alert: Hedge fund billionaire sentenced to 11 years in insider trading case 
October 13, 2011 11:27:30 AM
----------------------------------------

Hedge fund founder Raj Rajaratnam was sentenced Thursday to 11 years in prison for his involvement in what prosecutors labeled the biggest hedge fund insider trading case in U.S. history.

Democracia 'a moda petista: meios de comunicacao

Como sempre, quem tem genes autoritários não se redime: está sempre tentando encontrar uma fórmula para submeter pessoas e veículos livres à sua sanha totalitária.
Acredito que o Brasil está livre desse fantasma, mas no processo muitos jornalistas rastaqueras se rendem a fórmula liberticida.
Não com o meu silêncio...
Paulo Roberto de Almeida 

'Democratização', não controle

Editorial O Estado de S.Paulo,  
13 de outubro de 2011 | 3h 06
O PT já percebeu que pega mal falar de "controle social da mídia". Agora, o que reivindicam os petistas é a "democratização dos meios de comunicação". Claro, o termo "controle" tem uma desagradável conotação autoritária. É melhor defender a mesma ideia usando uma expressão mais simpática, sedutora. Afinal, não se pode ser contra a "democratização", seja lá do que for. Portanto, sai "controle", entra "democratização". Por exemplo, o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, em entrevista à imprensa dias atrás, anunciou a realização, no âmbito dos debates sobre o marco regulatório da comunicação eletrônica, um seminário que deverá reunir em São Paulo "todas as entidades, organismos e parlamentares interessados na democratização dos meios de comunicação". Da comunicação eletrônica? Não, dos meios de comunicação, tout court.
O esperto floreio de linguagem apenas camufla a irreprimível vocação autoritária do PT, que na verdade não admite uma imprensa livre criticando seus programas e seu governo e por isso quer "democratizar" os veículos de comunicação. Uma clara demonstração do uso que o partido faria da "democratização" dos meios de comunicação que preconiza são as recentes tentativas da ministra da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Iriny Lopes, de interferir numa peça publicitária protagonizada pela modelo Gisele Bündchen e no enredo da novela "Fina Estampa", da TV Globo, sob a alegação de que em ambos os casos a condição feminina estaria sendo colocada numa posição de "subalternidade". Seria o Estado decidindo o que constitui ou não a dignidade da condição feminina.
É notável também a insistência do PT em colocar num mesmo balaio duas questões absolutamente distintas, na tentativa de se valer da confusão para impor sua visão autoritária a respeito do controle da mídia. Uma coisa é o problema da atualização do marco regulatório da comunicação eletrônica, necessária em razão da enorme defasagem da legislação vigente em relação aos avanços tecnológicos na área. Outra coisa é a tentativa de regulação - censura, em português claro - dos conteúdos veiculados por todas as mídias, inclusive a impressa. E é isso que se tentará colocar em pauta no seminário anunciado pelo presidente petista.
Esse seminário, quem sabe, poderá lançar luzes sobre o verdadeiro significado de "democratizar" a mídia. Se a grande imprensa brasileira não é democrática, como acusa o PT, isso significa o quê? Que falsifica a realidade em benefício de interesses escusos, por exemplo, quando denuncia escândalos que obrigam a presidente a demitir ministros? Ou quando participa do debate político e das campanhas eleitorais, criticando os excessos do PT?
Se é isso que pensa o PT, está em clara divergência com a presidente Dilma Rousseff. Em primeiro lugar, pela razão óbvia de que ela foi eleita, apesar de não ter contado com o apoio da grande mídia. Mais do que isso, porém, porque Dilma, desde a campanha eleitoral do ano passado, jamais deixou de expressar, de maneira absolutamente cristalina, seu repúdio a qualquer tentativa de controle da mídia e a sua confiança na imprensa livre que existe hoje no País.
Quando era candidata à Presidência, em outubro do ano passado, Dilma Rousseff declarou: "A imprensa pode falar o que bem entender. Eu, o máximo que vou fazer, quando achar que devo, é protestar dizendo: está errado o que disseram por isso, por isso e por isso. Usando uma coisa fundamental que é o argumento". Em seu discurso de posse, proclamou: "Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao País e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório". Em setembro, em visita aos Estados Unidos, ao assinar uma parceria com o governo norte-americano pela transparência e pela fiscalização das ações dos poderes públicos, garantiu: "Conta-se também com a positiva ação vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental".
Dilma e o PT que se entendam.