Afinal de contas, foram os brasileiros que iniciariam o período de "American bashing" implodindo a Alca, mantendo relações estreitas com inimigos notórios do império como Cuba e Venezuela, fazendo de tudo, em geral, para afastar o império da América do Sul, em particular, e da América Latina, se possível. Foi a dupla Lula-Amorim quem decidiu criar todas as instituições atuais no âmbito sub-regional para que fossem exclusiva e excludentemente antiamericanas, "sem tutela externa", como se dizia na época, ou seja, contra o império.
Interessante seria descobrir o que o Brasil teria mais a ganhar com Venezuela, Cuba ou Irã, do que com o império, em termos concretos, tirando a ilusão de que se pratica uma diplomacia autônoma, "que não pede licença a ninguém" para suas iniciativas, como também se repetia muito nesses tempos de infantilidades anti-imperialistas.
O Brasil, atualmente, se tornou mais dependente da China do que jamais o foi dos EUA, e mesmo nessa "dependência" anterior havia um comércio extremamente diversificado e prometedor. Os companheiros enterraram tudo isso, pensando que a China era uma "aliada estratégica" e deu na situação de hoje, que nos obriga a praticar esse protecionismo tosco e tão míope que ele coloca a culpa nos países europeus e nos EUA, acusando um fantasmagórico "tsunami financeiro" e uma não menos imaginária "guerra cambial" (dos "ricos", entenda-se) como as fontes do problema, quando elas estão inteiramente no Brasil e são agravadas, sim, pelas práticas comerciais e cambias da China (mas disso não se fala um "pingo", o que é amplamente revelador da miopia acima referida).
Quando é que os companheiros vão crescer e aprender algo com o mundo?
Se os diplomatas ajudassem um pouco isso viria mais cedo, mas parece que a timidez de um lado e a ingenuidade de outro vão fazer com que continuemos a ouvir discursos absolutamente irrealistas para nossas relações econômicas internacionais...
Paulo Roberto de Almeida