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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Lula visita a ditadura cubana antes de seguir para os EUA

 É uma mentira que o povo cubsno passe necessidades por causa do embargo americano: remédios e alimentos estão isentos do embargo, e os EUA são o PRIMEIRO FORNECEDOR DE ALIMENTOS para a ilha-prisão do Caribe. Ela é miserável como são todos os socialismos!

Lula fará visita a Cuba em setembro Presidente brasileiro fará visita ao país no dia 15 de setembro, antes de seguir para Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU 

O Globo, AFP, Bloomberg, 30/08/2023

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá viajar para Cuba no dia 15 de setembro. Ele cumprirá agenda no país caribenho, antes de seguir para Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU. Nos EUA, a agenda presidencial seguirá do dia 16 até 22 de setembro. No início do mês, entre os dias 7 e 11, Lula ainda viajará para a Índia, para participar do encontro do G20, grupo de países em desenvolvimento. Em Cuba, Lula participará de uma agenda do chamado G77, grupo que congrega os países em desenvolvimento. Esta será a segunda agenda bilateral entre Lula e o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Em junho, os dois se reuniram em Paris, na França, o que foi celebrado pelo governo petista como uma "retomada do diálogo com Cuba, abandonado nos últimos anos pelo governo anterior". Há cerca de 20 dias, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, viajou para Havana e esteve com o presidente cubano. Foi mais um passo de reaproximação do Brasil com países que se distanciaram no governo do ex-presidente Michel Temer e perderam totalmente a importância na gestão de Jair Bolsonaro. A situação do povo cubano, devido às sanções aplicadas há mais de 40 anos pelos Estados Unidos, é uma das preocupações do governo Lula. Existe a possibilidade de o presidente brasileiro voltar a defender o fim do embargo americano, para melhorar as condições de vida da população da ilha caribenha, durante sua ida aos EUA, onde participará da Assembleia-Geral da ONU. Em 2022, o comércio bilateral entre Brasil e Cuba totalizou US$ 292,6 milhões, tendo registrado um aumento de 60,3% em relação a 2021. Em 2023, entre janeiro e maio, as exportações, importações e balança comercial registram um superávit para o Brasil de US$ 67,7 milhões. Encontro na ONU Nos EUA, em um evento conjunto durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula e o presidente americano, Joe Biden, defenderão melhores condições de trabalho nos dois países, segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Marinho disse em entrevista à Bloomberg nesta segunda-feira que os dois líderes “vão lançar uma espécie de manifesto” sobre a necessidade de melhorar as relações trabalhistas, ambiente de trabalho e remuneração. A reunião está marcada para 19 de setembro, em Nova York, após os dois presidentes discursarem na Assembleia Geral, segundo pessoas do governo brasileiro familiarizadas com os planos, que pediram anonimato. Biden e Lula divergem sobre questões como a guerra na Ucrânia e relações com a China. Mas as autoridades brasileiras disseram que os líderes estão em sintonia no apoio aos sindicatos em seus países. Biden se diz o presidente mais pró-sindical da história dos EUA e tomou medidas para fortalecer os sindicatos, um ponto-chave para sua coalizão para as eleições do ano que vem. Os presidentes conversaram pela última vez por telefone em 16 de agosto, quando discutiram objetivos comuns sobre o clima e outras questões. Biden recebeu Lula na Casa Branca em fevereiro. A reunião ocorrerá em um momento em que o Brasil trabalha com aliados para aumentar a influência do Brics. Na semana passada, os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul concordaram em convidar Arábia Saudita, Irã, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes Unidos a se unirem ao bloco. Com AFP e Bloomberg)


terça-feira, 10 de abril de 2012

Relacoes Brasil-EUA: resultados moderados da visita presidencial

Um relato objetivo, ainda que insuficiente para a multiplicidade de assuntos.
Paulo Roberto de Almeida

The New York Times, April 9, 2012

Brazil and U.S. Accentuate the Positive

RIO DE JANEIRO — Dilma Rousseff’s first visit to Washington as Brazil’s president was certainly cordial enough.
She had lunch at the White House on Monday with President Obama. The United States said it was opening two new consulates in Brazil in an effort to lure more free-spending Brazilian tourists. And the two countries even forged an agreement to bolster the trade of cachaça, Brazil’s signature sugarcane tipple, and Tennessee whiskey.
But the friendliness belied a sense that the United States, whose once-dominant sway in Latin America is ebbing, and Brazil, the hemisphere’s rising power, still do not see eye to eye on a range of important issues, from Middle East diplomacy to trade with Cuba and Brazil’s ambitions of obtaining a permanent seat on the United Nations Security Council.
“Brazil sees itself as having arrived or close to arriving,” said Peter Hakim, president emeritus of the Inter-American Dialogue, a research and policy organization in Washington. “The United States sees Brazil as big, the most important country in Latin America, but not anything like a global power.”
This disconnect was revealed in one account after another in the news media here about the visit, in which commentators lamented the fact that Ms. Rousseff was not received with the pomp of a White House state dinner, recognition granted by the Obama administration to the leaders of South Korea, India and Britain.
“The bilateral reality is far from being a disgrace, despite the points in dispute, but there’s a considerable lack of mutual respect,” Caio Blinder, a columnist for the magazine Veja, said in an essay describing the “downgrade” of Ms. Rousseff’s visit.
Still, both governments emphasized the positive aspects of Ms. Rousseff’s visit, which came a year after Mr. Obama visited Brazil. The level of diplomatic exchanges, sharing of classified military and defense information and overall trade is far more expansive than in some other parts of Latin America, like Venezuela and Ecuador, where relations remain at a low point.
The United States does not have a trade agreement with Brazil, despite reaching such deals with 11 other countries in Latin America, but trade with Brazil, which recently surpassed Britain as the world’s sixth-largest economy, is nevertheless thriving.
At one point this year, the United States surpassed China as Brazil’s top export market, because of rising purchases of Brazilian oil and manufactured goods. By the end of the first quarter of this year, China regained the top spot, but the relationship is not without problems, with tensions emerging over cheap Chinese imports and land acquisition by Chinese investors.
Meanwhile, the United States had a trade surplus of over $8 billion with Brazil in 2011, reflecting a surge of American exports into Latin America’s largest country. Faced with rising land and labor costs, Brazil, abiofuels powerhouse, even imported a record 1.1 billion liters, about 264 million gallons, of ethanol from the United States last year.
But these trade patterns disguise tension. The strength of Brazil’s currency, the real, has been a blessing for Brazilians snapping up properties in Miami and New York. At the same, the real’s vigor has limited the competitiveness of Brazilian exporters by making their products costlier in foreign markets.
Mr. Obama and Ms. Rousseff met privately for two hours at the White House, and afterward sat in the Oval Office to speak briefly with reporters. Mr. Obama effused about “the extraordinary progress that Brazil has made under President Rousseff.” Ms. Rousseff echoed his calls for continued economic cooperation between the countries.
Ms. Rousseff also cited oil and gas production as “a tremendous opportunity for further cooperation,” with the United States both supplying equipment and know-how to extract the energy sources, and then buying some of the product. She welcomed the recent American reductions in tariffs on Brazil’s ethanol.
Yet the leaders’ eyes rarely met, and Ms. Rousseff rarely looked at Mr. Obama as he spoke. He looked intently at her during her remarks, nodding in agreement at times. But he seemed to bristle when she expressed concern that America’s “monetary expansion policy” could impair growth in emerging economies like Brazil’s. Monetary policy is the responsibility of the Federal Reserve; the White House and Congress deal with fiscal policy.
No breakthroughs were revealed regarding Brazil’s policies in the Middle East, which seem to have undergone some fine-tuning under Ms. Rousseff from those of her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, who in 2010 tried to forge an ambitious uranium exchange deal with Iran.
While Iran’s president, Mahmoud Ahmadinejad, notably bypassed Brazil on a recent tour of Latin America, and Brazil voted recently in the United Nations to censure President Bashar al-Assad of Syria, qualms persist in Brasília about intervening in Middle East conflicts.
Meanwhile, Washington has been reluctant to explicitly support Brazil’s bid for a permanent seat on the Security Council, even after the United States backed India’s bid two years ago.
Brazil also supports India’s bid and argues that the Security Council should be expanded to include various new members. But Susan E. Rice, the United States ambassador to the United Nations, criticized Brazil, as well as India and South Africa, during their temporary tenures on the Council after they blocked efforts last year to pressure Mr. Assad’s government.
Other issues weigh on relations, like a new Florida law targeting companies that do business with Cuba by preventing local governments from hiring them. The law could complicate matters for Odebrecht, one of Brazil’s largest construction companies, which is upgrading the Port of Miami at the same time it is building Cuba’s Port of Mariel.
Ms. Rousseff will focus on higher education, one of the brightest areas of cooperation between Brazil and the United States, in a visit on Tuesday to Harvard and M.I.T., where she will discuss Science Without Borders, a program that aims to send about 100,000 Brazilians to study at foreign universities. As many as half are expected to study in the United States.
“Science Without Borders will do more to advance relations between the two countries,” said Maurício Santoro, a professor of international relations at Fundação Getúlio Vargas, an elite university here, “than every other diplomatic agreement under discussion.”
Simon Romero reported from Rio de Janeiro, and Jackie Calmes from Washington.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Os "iguais" e os "mais iguais": ainda bem que Orwell nao entra...

Essa conversa de iguais é isso mesmo, uma conversa...
O resto é... realidade...
Paulo Roberto de Almeida

Em reunião com empresários nos EUA, Dilma propõe 'diálogo entre iguais'

Discurso animou empresários prejudicados pelo discurso antagonista aos EUA do governo Lula

08 de abril de 2012 | 22h 29
Denise Chrispim Marin e Vera Rosa, de O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - Em reunião com 23 empresários brasileiros, na noite deste domingo, 8, a presidente Dilma Rousseff afirmou que seu governo pretende construir um "diálogo entre iguais" e uma relação mais ampla com os Estados Unidos. Em mais de uma hora de conversa, com um longo beija-mão ao final, Dilma salientou a oportunidade aberta pela recuperação gradual do mercado americano e por seu elevado potencial no campo da inovação tecnológica. Alertou os empresários, porém, sobre a necessidade de o Brasil recuperar os níveis históricos de exportação de manufaturas aos EUA, conforme relato de um participante da reunião.
Dilma recebeu empresários brasileiros no hotel onde está hospedada - Dida Sampaio/AE
Dida Sampaio/AE
Dilma recebeu empresários brasileiros no hotel onde está hospedada
Para a presidente, será imprescindível para o setor privado brasileiro aprofundar sua parceria com o americano. Sua mensagem animou especialmente os empresários mais prejudicados pelo discurso antagonista aos EUA do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "O tom político mudou. Voltamos aos tempos anteriores ao Lula", festejou um empresário ao Estado. "O mundo está se dividindo em blocos regionais. Há o asiático e o europeu, e não nos resta alternativa senão integrar as Américas. A resistência do governo em se aliar aos EUA é ridícula", afirmou outro líder empresarial.
Dilma elogiou ainda a capacidade de os EUA enfrentar a crise econômica mundial e sair de turbulências e disse que, nesse capítulo, todos têm muito a aprender com os norte-americanos. Do lado dos empresários, Dilma ouviu queixas pelo menos cinco temas específicos. Em especial, um pedido para insistir, na conversa de segunda-feira, 9, com o presidente dos EUA, Barack Obama, na necessidade de conclusão do acordo para eliminar a bitributação das empresas.
O presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, insistiu na demora no processo de emissão de patentes de novos produtos no Brasil e na inexistência de um acordo para evitar a bitributação entre os dois países. O primeiro depende da reforma dos procedimentos adotados pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), e o segundo diz respeito a uma negociação iniciada no final dos anos 90 e sem chances de ser concluída por impasse entre as posições da Receita Federal e do americano IRS.
Marco Stefanini, presidente da Stefanini IT, insistiu na necessidade de investimento em inovação no campo da tecnologia de informação. Mas, no debate, foi acentuada a via da maior presença das empresas nas pesquisas das universidades brasileiras e da mudança dos critérios para medir a produtividade dos cientistas. Dilma concordou e afirmou ser preciso o aumento do "apetite" das empresas por inovação . O presidente da Braskem, Fernando Musa, acentuou os benefícios do investimento, neste momento, nos EUA.
Descontraída, Dilma lembrou que participa dos  fóruns de altos executivos (CEOs) dos dois países desde que era ministra-chefe da Casa Civil, no governo Lula. Um empresário observou, então, que o fórum "dá sorte" porque Dilma era chefe da Casa Civil e hoje é presidente. Antônio Patriota, por sua vez, era embaixador do Brasil nos Estados Unidos na época e, agora, é o ministro das Relações Exteriores.
"Quando Lula esteve aqui, havia problema com o suco de laranja, que hoje não tem mais, e também da carne, que hoje está diminuindo", comentou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. "Hoje, o Brasil é a sexta economia do mundo e queremos que seja considerado como um país de primeira classe mundial."
 Para Andrade, a mensagem de Dilma foi a de que é preciso unir esforços com os Estados Unidos para enfrentar a crise econômica. "A América tem de liderar a recuperação mundial", argumentou Andrade.

Comunicado Presidencial Brasil-EUA: 9 de abril de 2012

Comunicado Conjunto do Presidente Barack Obama e da Presidenta Dilma Rousseff
Washington, 9 de abril de 2012

A convite do Presidente Barack Obama, a Presidenta Dilma Rousseff realizou visita oficial aos Estados Unidos em 9 de abril de 2012 para tratar do estado do relacionamento entre os dois países em amplo leque de assuntos de natureza bilateral, regional e multilateral. Os dois líderes manifestaram sua satisfação com a parceria construtiva e equilibrada, baseada nos valores comuns e confiança mútua que existem entre os dois países, as duas maiores democracias e economias das Américas.

Para a formação de uma Parceria Estados Unidos-Brasil para o século XXI, os líderes passaram em revista o progresso dos principais diálogos elevados ao nível presidencial em março de 2011 – o Diálogo Econômico e Financeiro, o Diálogo de Parceria Global e o Diálogo Estratégico de Energia. Com vistas a contribuir para a Parceria do Século XXI, os Presidentes determinaram a criação de novo Diálogo de Cooperação em Defesa entre seus Ministros da Defesa, que também se reportará regularmente aos Presidentes. Saudaram o trabalho e reconheceram a importância de outras numerosas interações e consultas entre seus governos para aprimorar a cooperação bilateral.

Coincidiram sobre a importância das contribuições da sociedade civil e do setor privado para criar as bases para a Parceria Estados Unidos-Brasil. Os Presidentes participaram do Fórum de Altos Executivos, sublinhando o papel importante que o setor privado desempenha no relacionamento comercial, e saudaram as atividades da conferência “Parceria Estados Unidos-Brasil para o Século XXI”, realizada em 9 de abril de 2012, em Washington, centrada em comércio e investimento, energia, inovação, competitividade e educação.

Os líderes enfatizaram que parcerias entre governos estaduais e locais contribuem para promover a amizade e o entendimento entre seus países e para a promoção de objetivos nacionais compartilhados. Saudaram a assinatura do Memorando de Entendimento para Apoiar Cooperação Estadual e Local, estimulando entidades subnacionais a unir esforços para alcançar objetivos em áreas de interesse comum que complementem o fortalecimento das relações bilaterais Estados Unidos-Brasil, tais como comércio e investimento, oportunidade econômica, ciência, tecnologia e inovação, inclusão social, sustentabilidade ambiental e a preparação para a Copa do Mundo da FIFA de 2014, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 e outros megaeventos.

Os líderes destacaram as importantes tratativas que têm ocorrido no marco do Diálogo Econômico e Financeiro (DEF). Os Presidentes manifestaram sua satisfação com a ampliação do foco do DEF para infraestrutura e investimentos nos dois países e saudaram a criação do diálogo sobre investimento no âmbito do Acordo de Comércio e Cooperação Econômica. Os líderes ressaltaram igualmente a importância do Diálogo Comercial e do Diálogo de Parceria Econômica entre os dois países. O Presidente Obama anunciou a visita do Presidente do Conselho de Exportação ao Brasil em setembro de 2012 e a Presidenta Rousseff salientou que serão organizadas missões setoriais comerciais de alto nível para os Estados Unidos, em áreas como serviços de alimentação, tecnologia de informação, saúde e maquinaria.

A Presidenta Rousseff sublinhou a importância do investimento em infraestrutura – inclusive tendo em vista a próxima Copa do Mundo da FIFA de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 – assim como no setor de energia, em particular o desenvolvimento de tecnologia e capacidade produtiva no Brasil.

Saudaram o crescimento da relação em comércio e investimentos entre Estados Unidos e Brasil, ilustrada pelo recorde de US$ 74 bilhões de fluxo de comércio em 2011. Enfatizaram, ainda, a importância dos benefícios mútuos de estimular o aumento do comércio e dos investimentos. Reiteraram seu compromisso com o sistema multilateral de comércio e com o trabalho conjunto para garantir que a Organização Mundial do Comércio contribua para o crescimento econômico global e para a criação de empregos. Os Presidentes reafirmaram o compromisso de ambos os países em promover o comércio de serviços e bens manufaturados e reforçar a cooperação em política e pesquisa agrícolas, medidas sanitárias e fitossanitárias com base científica, assim como em se empenhar, nos foros bilaterais e multilaterais, para a remoção de barreiras ao comércio de produtos agrícolas.

Realçaram a educação como uma prioridade estratégica de importância crescente para fortalecer e apoiar todos os aspectos da parceria EUA-Brasil, particularmente em ciência, tecnologia, inovação e competitividade. Reconhecendo as vantagens econômicas, para ambos os países, de incrementar os contatos entre norte-americanos e brasileiros, os Presidentes saudaram o dinamismo e o apoio obtidos pelas iniciativas de intercâmbio “100.000 nas Américas”, norte-americana, e “Ciência sem Fronteiras”, brasileira. Exaltaram o início das atividades do primeiro grupo de estudantes e pesquisadores participantes do programa “Ciência sem Fronteiras”, e esperam receber milhares de outros estudantes em ambos os países.

Os Presidentes saudaram o apoio do VII Fórum de Altos Executivos às iniciativas “100.000 nas Américas” e “Ciência sem Fronteiras”, assim como suas recomendações conjuntas e seu compromisso com um maior engajamento para fortalecer o ambiente de negócios, aumentar o comércio e os investimentos bilaterais, melhorar a infraestrutura, reforçar o empoderamento econômico das mulheres, encorajar a cooperação em energia e aviação e acompanhar o progresso em direção àqueles objetivos.

No contexto do Diálogo Econômico e Financeiro, os Presidentes discutiram uma maior colaboração no âmbito das instituições financeiras internacionais e, com a perspectiva da Cúpula do G-20 no México, para a redução dos desequilíbrios globais, para a promoção da estabilidade e inclusão financeiras, e para a criação de condições para um crescimento robusto, sustentado e equilibrado. Ressaltaram a necessidade de aprofundar a reforma das instituições financeiras internacionais, as quais precisam refletir as novas realidades econômicas e, nesse sentido, sublinharam a importância de trabalharem conjuntamente nas reformas das cotas e da governança do Fundo Monetário Internacional.

Saudaram a consolidação do G-20 como o mais alto foro para a coordenação de políticas econômicas internacionais e reafirmaram o papel do G-20 na promoção de medidas de incentivo ao crescimento inclusivo, à criação de empregos e à superação dos desequilíbrios globais. Recomendaram que os altos representantes dos dois países no G-20 continuem a manter consultas bilaterais regulares. Notaram a persistência das incertezas na economia internacional, ao mesmo tempo em que ressaltaram os importantes passos recentemente adotados pelos formuladores de políticas na Europa. Saudaram os continuados sinais de recuperação econômica nos Estados Unidos. Os líderes também ressaltaram a oportunidade para cooperação mais estreita nos bancos de desenvolvimento multilaterais.

Os Presidentes notaram a convergência de posições a respeito da aplicação do “Regime de Comércio de Emissões” (ETS) da União Européia sobre o transporte aéreo internacional. Enfatizaram ainda que questões relacionadas às emissões da aviação civil internacional devem ser resolvidas multilateralmente.

Os Presidentes sublinharam a importância da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), no Brasil, como oportunidade para promover o desenvolvimento sustentável por meio da inovação e do amplo engajamento das partes interessadas. Enfatizaram a importância de ampla participação no Segmento de Alto Nível da Conferência, de 20 a 22 de junho de 2012. Em apoio a esta cooperação ampliada, reconheceram progressos na mobilização de investimentos em infraestrutura inteligente e sustentável no Rio de Janeiro e na Filadélfia, no âmbito da Iniciativa Conjunta EUA-Brasil em Sustentabilidade Urbana.

Os líderes elogiaram o fortalecimento do diálogo Estados Unidos-Brasil em desenvolvimento sustentável e saudaram a adoção de um Memorando de Entendimento entre a Agência de Proteção Ambiental e o Ministério do Meio Ambiente, com foco em avaliação de impacto ambiental, análise de risco, inclusão social e justiça ambiental. Os líderes também elogiaram a assinatura de um Memorando de Entendimento sobre Moradias Sustentáveis e Desenvolvimento Urbano para estimular esforços cooperativos e aprofundar o intercâmbio de aprendizagem no campo da habitação sustentável e desenvolvimento urbano em apoio à Parceria das Américas em Clima e Energia (EPCA).

Saudaram os resultados da 17ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática realizada em Durban, em dezembro de 2011, que alcançou um resultado abrangente e equilibrado. Sublinharam ainda a importância do sistema multilateral no tratamento da mudança do clima por meio da implementação eficaz dos resultados de Durban.

Os líderes elogiaram a assinatura do Memorando de Entendimento sobre a Parceria em Aviação, bem como o progresso feito em direção à facilitação de um maior fluxo turístico e de viajantes entre seus países ao mesmo tempo em que é mantida e melhorada a segurança em suas fronteiras. Notaram que a Parceria Estados Unidos-Brasil em Aviação promoverá cooperação bilateral em infraestrutura, transporte aéreo e tráfego aéreo, o que contribuirá para o crescimento, competitividade e desenvolvimento socioeconômico em ambos os países. Essa cooperação pode incluir áreas como intercâmbio de melhores práticas, pesquisa e desenvolvimento, inovação, novas tecnologias, sustentabilidade, treinamento, logística, cadeias produtivas e outros tópicos.

Os Presidentes revisaram a implementação de medidas para facilitar o fluxo de turistas e executivos entre os dois países. Comprometeram-se a trabalhar em estreita colaboração para atender aos requisitos do Programa de Dispensa de Vistos dos Estados Unidos e da legislação brasileira aplicável, de maneira a possibilitar que cidadãos dos EUA e do Brasil viajem entre os dois países sem necessitar de visto. Discutiram o programa-piloto “Global Entry” e elogiaram os esforços de ambos os Governos para facilitar viagens, para o benefício de seus respectivos cidadãos. O Presidente Obama recordou sua instrução de que seja acelerada em 40%, nesse ano, a capacidade dos Estados Unidos de processar vistos no Brasil, bem como o recente anúncio do Departamento de Estado de sua intenção de abrir novos consulados em Belo Horizonte e Porto Alegre.

Expressaram sua satisfação com o avanço de um projeto-piloto de “Green-Lane” em transporte aéreo de cargas, destinado à adoção de um amplo programa de reconhecimento mútuo de operadores econômicos autorizados, para facilitar o comércio entre os dois países.

Os Presidentes saudaram a adoção do Plano de Ação Estados Unidos-Brasil em Cooperação em Ciência e Tecnologia, que reflete o resultado da reunião de março de 2012 da Comissão Mista em Ciência e Tecnologia (CMCT) e ressaltaram a criação de um grupo de trabalho em inovação para explorar o papel da inovação na promoção da competitividade e criação de empregos. A CMCT também abordou a cooperação em ciências do mar, tecnologia e observação, prevenção e mitigação de desastres, ciência básica, padrões de medidas, inclusive para biocombustíveis avançados, e a importância do acesso aos dados do Sistema de Observação da Terra. Também saudaram as discussões sobre saúde, biomedicina e ciências da vida, mulheres na ciência e nanotecnologia, durante a III CMCT.

Os líderes ressaltaram a importância da cooperação espacial bilateral e instruíram as agências apropriadas a examinar a viabilidade de desenvolver projetos espaciais conjuntos. Tomaram nota da recente reunião em Brasília do Diálogo de Segurança Espacial.

Ressaltaram a crescente importância de assuntos relacionados à Internet e às tecnologias de informação e comunicação (TICs), bem como a necessidade de aprofundar discussões e aumentar a cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil em assuntos tão vitais para suas economias e sociedades. Notaram com apreço a duradoura colaboração nessas áreas e saudaram o estabelecimento de novo mecanismo para consultas em temas como governança da Internet, políticas para Internet/TICs e segurança cibernética.

Os Presidentes conversaram detidamente sobre temas globais e saudaram o continuado progresso do Diálogo de Parceria Global (DPG). Saudaram os avanços em cooperação educacional, científica e trilateral no âmbito do DPG. Os líderes assinalaram seu compromisso de promover democracia, respeito aos direitos humanos, conscientização cultural e inclusão socioeconômica no mundo.

Os Presidentes concordaram que, da mesma forma que outras organizações internacionais precisaram mudar para se tornarem mais aptas a responder aos desafios do Século XXI, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) também precisa ser reformado, e expressaram seu apoio a uma expansão limitada do Conselho de Segurança que aprimore suas efetividade e eficiência, bem como sua representatividade. O Presidente Obama reafirmou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança e reconheceu as responsabilidades globais assumidas pelo Brasil. Os dois líderes concordaram em manter consulta e cooperação contínuas entre os dois países com vistas a alcançar a visão delineada na Carta das Nações Unidas de um mundo mais pacífico e seguro.

Ao trocar impressões sobre recentes desafios na África e no Oriente Médio, os Presidentes ressaltaram a importância de esforços cooperativos para produzir resolução de conflitos que seja sustentável e contribua para a paz e a estabilidade. Manifestaram seu compromisso de apoiar, com urgência, soluções multilaterais abrangentes e duradouras para as prementes questões e crises globais atuais.

Os líderes reafirmaram seu compromisso com a transparência e a prestação de contas dos Governos e com o engajamento dos cidadãos como elementos-chave para o fortalecimento da democracia, dos direitos humanos e da boa governança, bem como para a prevenção da corrupção. Celebraram o lançamento conjunto da Parceria sobre Governo Aberto (PGA), em Nova York, no último mês de setembro, saudaram a estreita colaboração dos dois países como co-presidentes da Parceria e discutiram a próxima reunião da PGA em Brasília, durante a qual mais de quarenta novos países deverão lançar seus Planos de Ação Nacionais com novos compromissos concretos para combater a corrupção, promover a transparência e desenvolver novas tecnologias para empoderar seus cidadãos.

O Presidente Obama felicitou a Presidenta Rousseff pela promulgação da Lei de Liberdade da Informação no Brasil e por seu papel de liderança regional e global, no engajamento da sociedade civil e na atração de grupo diversificado de países para a segunda reunião de alto nível da PGA. A Presidenta Rousseff também felicitou o Presidente Obama pela implementação do plano de ação dos EUA na PGA, incluindo o recente lançamento do Ethics.gov e da nova iniciativa “Green Button”, que garante aos consumidores acesso sobre seus próprios dados de consumo de energia.

Os líderes também revisaram e notaram os progressos alcançados em sua cooperação trilateral para o desenvolvimento na América Latina, no Caribe e na África, em temas como segurança alimentar, energia, agricultura, saúde, trabalho decente e cooperação humanitária. Os líderes recordaram o trabalho em colaboração já desenvolvido e determinaram maiores esforços na área de cooperação trilateral em segurança alimentar. Saudaram a assinatura de acordo sobre atividades de cooperação técnica para aprimorar a segurança alimentar em terceiros países.

Encorajaram maior cooperação trilateral em segurança e saudaram o recente lançamento do projeto-piloto de sistema de monitoramento integrado para a redução do cultivo de coca na Bolívia.

Os Presidentes elogiaram a cooperação promovida pelo Plano de Ação Conjunta para a Promoção da Igualdade Étnico-Racial e Promoção da Igualdade Racial nas áreas de saúde, justiça ambiental, acesso à Justiça, educação e empreendedorismo na área de megaeventos esportivos. Notaram que, à medida que suas economias crescem, é importante que os benefícios alcancem todos os setores, incluindo crianças e idosos e grupos historicamente vulneráveis como mulheres, afrodescendentes, povos indígenas, deficientes físicos e pessoas LGBT. Também saudaram a colaboração adicional sobre o tema LGBT nos fóruns multilaterais de direitos humanos. Ressaltaram o progresso na cooperação bilateral para a igualdade de gêneros e o avanço na condição da mulher, incluindo os esforços voltados para maior participação política e econômica das mulheres na área de ciência e tecnologia, bem como a priorização da prevenção e combate à violência baseada em gênero, em nível global.

Os Presidentes reafirmaram o compromisso de ambos os países com a conclusão de um instrumento internacional efetivo na Organização Mundial da Propriedade Intelectual que assegure que os direitos autorais não sejam uma barreira ao acesso igualitário à informação, à cultura e à educação para pessoas com deficiência visual e pessoas com deficiência para leitura.

Expressaram sua satisfação com o resultado propiciado pelo diálogo a propósito da Convenção da Haia sobre Aspectos Civis do Seqüestro Internacional de Crianças na implementação desse instrumento nos Estados Unidos e no Brasil.

Os líderes expressaram seu apoio ao tema da próxima Cúpula das Américas, "Conectando as Américas: Parceiros para a Prosperidade”, a qual tem como foco o papel da integração física, cooperação regional, pobreza e desigualdades, segurança cidadã, desastres e acesso a tecnologias como meios para alcançar níveis superiores de desenvolvimento e superar os desafios das Américas.

Os Chefes de Estado discutiram a importância de progresso econômico continuado e estabilidade política no Haiti, incluindo a formação de um novo governo e a realização tempestiva de eleições. Sublinharam os resultados alcançados pela Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti e encorajaram o governo do Haiti a trabalhar para o fortalecimento da governança e do estado de direito. Encorajaram também o Haiti a continuar a buscar o desenvolvimento da Polícia Nacional Haitiana. Com vistas a promover novas parcerias público-privadas para o setor energético do Haiti, os líderes comprometeram-se a trabalhar com o governo do Haiti no desenvolvimento e implementação de um plano nacional de energia, incluindo seus planos de modernização dos serviços elétricos e de desenvolvimento de novas fontes renováveis de energia, como a Hidrelétrica Artibonite 4C, para garantir suprimento de energia para o desenvolvimento futuro do Haiti.

Os Presidentes tomaram nota do lançamento do Diálogo Estratégico em Energia (DEE) com significativa colaboração entre os órgãos responsáveis dos dois países. Sublinharam a cooperação crescente em petróleo e gás natural, biocombustíveis, energia renovável e eficiência energética, ciência e energia limpa. Ao ressaltar a importância do desenvolvimento destes recursos-chave para a segurança energética global, os líderes instruíram seus governos a buscar maiores oportunidades de trabalho com parceiros do setor de maneira a contribuir para estabilizar os mercados de petróleo e gás, aumentando o acesso à energia, aprofundando e promovendo o desenvolvimento e uso de tecnologias de energia limpa, renovável e de baixo uso de carbono.

Os líderes tomaram nota da importância de uma colaboração mais ampla em matéria de exploração de petróleo e gás; em particular da produção segura, limpa e eficiente das reservas de petróleo e gás de seus países. Enfatizaram seu compromisso em proporcionar oportunidades para incentivar empresas a investir em produção e a compartilhar tecnologias e experiências para desenvolver capacidades no setor de petróleo e gás. Realçaram a importância de que seus governos e indústrias compartilhem informações sobre melhores práticas, inclusive sobre desenvolvimento de gás não-convencional e por meio da colaboração técnica em andamento sobre operações de petróleo e gás em águas profundas.

Os líderes se comprometeram a continuar a avançar na colaboração de seus países em pesquisa, desenvolvimento e sustentabilidade de tecnologia de bioenergia; incluindo biocombustíveis para aviação e cooperação em terceiros países, como a promoção de capacidades na África Ocidental no âmbito da Parceria Global de Bioenergia. Exaltaram os esforços conjuntos que resultaram na conclusão da primeira fase dos estudos de viabilidade para produção de bioenergia em terceiros países no âmbito do Memorando de Entendimento para Avançar a Cooperação em Biocombustíveis.

Os Presidentes realçaram a importância de sua cooperação regional em energia renovável por meio da identificação de potenciais recursos financeiros de organizações multilaterais. Em relação a eficiência energética, comprometeram-se a apoiar esforços regionais para aumentar a cooperação no setor de energia e incrementar a colaboração sob os auspícios da Parceria em Energia e Clima das Américas.

Como parte dos diálogos presidenciais, os líderes determinaram o estabelecimento de um Diálogo de Cooperação em Defesa (DCD) e anunciaram sua primeira reunião para o dia 24 de abril, no Brasil. Tomaram nota da importância de um diálogo aprimorado para permitir uma cooperação bilateral em defesa mais próxima entre os dois países, baseada no respeito mútuo e na confiança. Observaram também que o DCD servirá como um foro para o intercâmbio de visões e para identificar oportunidades de colaboração em assuntos de defesa no mundo.

Reiteraram a forte determinação dos dois países em apoiar esforços internacionais para o desarmamento e a não-proliferação, com vistas a alcançar a paz e a segurança em mundo sem armas nucleares. A esse respeito, expressaram apoio ao ciclo de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e aos objetivos identificados no Plano de Ação adotado pela VIII Conferência de Revisão do TNP, que inclui a entrada em vigor do Tratado Abrangente para o Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), o início de negociações de um tratado para proibir a produção de materiais físseis para armas nucleares ou outros propósitos explosivos, e iniciativas correlatas. Decidiram intensificar a cooperação bilateral e multilateral na área de proteção física e segurança nuclear, bem como no uso de energia nuclear para fins pacíficos.

A "relacao especial" que se especializou nos conflitos - Brasil-EUA visto pela Economist

A matéria abaixo, mais analítica do que simplesmente expositiva, toca nos pontos principais dessa relação que já se tentou fazê-la "especial" -- seja nos tempos do Barão, seja durante a ditadura militar, sempre de olho na Argentina -- e que, desde os anos Lula, derivou para gentilezas da parte americana e caneladas da parte brasileira.
Afinal de contas, foram os brasileiros que iniciariam o período de "American bashing" implodindo a Alca, mantendo relações estreitas com inimigos notórios do império como Cuba e Venezuela, fazendo de tudo, em geral, para afastar o império da América do Sul, em particular, e da América Latina, se possível. Foi a dupla Lula-Amorim quem decidiu criar todas as instituições atuais no âmbito sub-regional para que fossem exclusiva e excludentemente antiamericanas, "sem tutela externa", como se dizia na época, ou seja, contra o império.
Interessante seria descobrir o que o Brasil teria mais a ganhar com Venezuela, Cuba ou Irã, do que com o império, em termos concretos, tirando a ilusão de que se pratica uma diplomacia autônoma, "que não pede licença a ninguém" para suas iniciativas, como também se repetia muito nesses tempos de infantilidades anti-imperialistas.
O Brasil, atualmente, se tornou mais dependente da China do que jamais o foi dos EUA, e mesmo nessa "dependência" anterior havia um comércio extremamente diversificado e prometedor. Os companheiros enterraram tudo isso, pensando que a China era uma "aliada estratégica" e deu na situação de hoje, que nos obriga a praticar esse protecionismo tosco e tão míope que ele coloca a culpa nos países europeus e nos EUA, acusando um fantasmagórico "tsunami financeiro" e uma não menos imaginária "guerra cambial" (dos "ricos", entenda-se) como as fontes do problema, quando elas estão inteiramente no Brasil e são agravadas, sim, pelas práticas comerciais e cambias da China (mas disso não se fala um "pingo", o que é amplamente revelador da miopia acima referida).
Quando é que os companheiros vão crescer e aprender algo com o mundo?
Se os diplomatas ajudassem um pouco isso viria mais cedo, mas parece que a timidez de um lado e a ingenuidade de outro vão fazer com que continuemos a ouvir discursos absolutamente irrealistas para nossas relações econômicas internacionais...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma Rousseff's visit to America

Our friends in the South

Apr 7th 2012, 14:52 by H.J. | SAO PAULO
BRAZIL has probably never mattered more to America than it does now. America has probably never mattered less to Brazil. Not that relations are bad between the two countries—far from it; they are increasingly cordial and productive. But America has finally, belatedly, woken up to the fact there is a vast, stable country to its south as well as its north; a country, moreover, with a fast-growing and voraciously consuming middle class that seems to offer salvation to American businesses struggling in a moribund domestic market. Brazil, meanwhile, neither needs loans from American-dominated global financial institutions, nor is it otherwise beholden to the country. The United States is no longer even its biggest trading partner. China took that spot in 2009.
A more balanced relationship may be a more fruitful one too. Since Barack Obama’s visit to Rio de Janeiro and Brasília last year, America has delighted Brazil by removing import tariffs on its ethanol and piloting a scheme to make it easier for Brazilians to get visas—two long-standing bugbears. Brazil’s president, Dilma Rousseff, makes a return visit to Washington in the coming week, and there is much to talk about still. What Brazil wants from America above all is endorsement for a seat on the UN Security Council. Britain has already backed its bid, and during his visit to Brazil Mr Obama made baby steps in the same direction, acknowledging Brazil’s “aspiration”, though stopping short of full support.
That support is unlikely to be forthcoming, at least in the near future. Though Brazil is hardly geopolitically troublesome, its worldview—a hard-to-pin-down blend of pragmatism, relativism and a seemingly indiscriminate willingness to be friends with everyone—is unappealing to the United States. The previous president, Luiz Inácio Lula da Silva, was flexible enough to be “my man” to Barack Obama and “our brother” to Fidel Castro. In 2010 Lula stuck his neck out trying to co-broker, with Turkey, an anti-proliferation agreement with Iran’s president, Mahmoud Ahmadinejad. That infuriated countries far more important to Brazil’s strategic interests, and left Lula looking silly when Mr Ahmedinejad made no concessions in return. Ms Rousseff has rowed back from that friendship, but it reinforced an impression that Brazil is unpredictable and naive.
Mr Obama will surely want to know, too, what exactly Brazil means by its big new foreign-policy idea. That is to complement the UN’s justification for intervention in another country’s affairs under the rubric “Responsibility to Protect” with “Responsibility while Protecting” after it has gone in. Since Brazil tends not to support going in in the first place, when would it want to see this new responsibility kick in? Even some experienced and sympathetic diplomatic observers in Brasília say they have no idea what concrete difference this would make on the ground.
For America, trade, not diplomacy, will surely be top of the agenda. Judging from the number of American investors turning up in São Paulo every week, Mr Obama must hear about the glowing opportunities Brazil presents in just about every time he meets businessfolk. But with the most overvalued currency of any big economy, Brazil’s own industrialists are prodding the government to keep imports out. It has hiked already-high tariffs on many imports even further, and is taxing foreign-currency inflows increasingly heavily to keep out speculative inflows. Brazil has made it clear it only wants long-term investment, and is only interested in foreign businesses that are willing to make whatever it is they want to sell in Brazil.
If Mr Obama tries to argue for freer trade, he will get short shrift. Both Ms Rousseff and her finance minister, Guido Mantega, regard the floods of cheap money being pumped out by the Fed and the European Central Bank as a far worse trade distortion than Brazilian barriers, which they term “safeguards” rather than “protectionism”. Brazil’s drift towards protectionism is in fact becoming a problem for its own economy. But that is an argument for another day. Mr Obama will surely be aware there is still a lot of mileage to be got out of helping American companies to set up shop in Brazil.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O emergente e o imperio: Dilma em Washington

Dois artigos sobre uma visita, que pode ser mais que uma visita, desde que não envolva lições de economia política que não caberia dar ao país que justamente sempre foi um parceiro interessado no progresso das relações econômicas.
Paulo Roberto de Almeida 

Financial Times, April 1, 2012 6:54 pm

Brazil-US relations near turning point

The case of cachaça, the stiff sugar cane spirit used in Brazil’s national cocktail, the caipirinha, is probably not the first thing on the mind of US President Barack Obama as he prepares for a visit from his Brazilian counterpart, Dilma Rousseff, next week.
But reversing a longstanding US refusal to recognise the Brazilian drink as distinctive from Caribbean rum – thereby subjecting it to adverse tax treatment on rum imports designed to protect producers in the US Virgin Islands and Puerto Rico – is one of several relatively easy “deliverables” that Mr Obama could offer Ms Rousseff when she arrives on April 9.

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Stubborn trade disputes and differences in approach to geopolitics have traditionally clouded what is otherwise a mature if somewhat standoffish friendship between the dominant powers of the Americas. Brazil wants recognition from the US for its growing geopolitical clout, most importantly its bid for a permanent seat on the UN Security Council, but without sacrificing its neutrality in the process. Washington, meanwhile, wants a better idea of what Brazil, known for its pragmatism on foreign relations, actually stands for.
“Relations between Brazil and the US have historically been very broad but also relatively shallow,” said Paulo Sotero, director of the Brazil Institute at the Woodrow Wilson International Centre for Scholars in Washington.
Once tempted to treat Brazil as just another, if slightly more important, Latin American country, the US is increasingly being challenged to acknowledge its growing role as an international player on the back of its fast economic growth.
A surging middle class in Brazil has created new markets for US multinationals, ranging fromMcDonald’s and Pepsi to General Motors. But even as the total volume of trade has grown, the relative importance of the US to Brazil’s economy has declined. China has overtaken the US as Brazil’s biggest trading partner and new investor.
At the same time, Brazil has become increasingly concerned about what it sees as “unbalanced” trade with China, which imports Brazilian commodities but few of its manufactured goods. The US by contrast is one of the biggest markets for Brazilian aircraft maker Embraer, one of Latin America’s flagship industrial companies.
Relations between leaders of the US and Brazil have traditionally been warm – Mr Obama once called former Brazilian president Luiz Inácio Lula da Silva “the man”. But in practice, Brazil’s independent stance on foreign affairs – it regularly abstains in votes on sanctions against oppressive regimes in the Middle East and on other issues – has grated with the US. In particular, Mr Lula da Silva upset Washington when he led an attempt to forge an independent civilian nuclear deal with US arch-enemy Iran in 2010.
Yet while Mr Lula da Silva’s Iran adventure was politically costly in terms of relations with Washington, it was a sign of Brazil’s diplomatic coming of age, the Council on Foreign Relations think-tank said in a report last year. “Brazil’s participation alerted the major powers to its presence on global security issues and served notice that Brazil would remain a significant international actor,” the report, Global Brazil and US-Brazil Relations, said.
With the election of Ms Rousseff in late 2010, Mr Obama set out to repair the relationship. He visited Brasília three months after she took office, describing Brazil as an “equal” partner and acknowledging though not openly supporting Brazil’s aspiration for a permanent seat on the Security Council.
The challenge for both sides is where to take the relationship now. The US has already lifted a tariff on Brazilian ethanol imports – an important breakthrough. It could restart a US Air Force contract for 20 Embraer attack aircraft that it abruptly cancelled earlier this year. It is also making it easier for Brazilians to get visas. And it could also, of course, recognise cachaça as something distinctly Brazilian, rather than lumping it in with other Latin American rum.
Most significant, however, would be for the US to offer formal support for Brazil’s aspirations to join the Security Council. Proponents argue this would put the ball in Brazil’s court, forcing it to become a more responsible contributor to the world order. Indeed, some argue that this sort of acknowledgment as an equal partner is all that Brazil has ever really wanted from Washington.
“Brazil doesn’t want a trade deal from the US, it doesn’t want military co-operation,” says João Augusto de Castro Neves, political analyst at Eurasia Group. “It just wants recognition and that only costs a few words.”

Dilma vai a Washington

06 de abril de 2012 | 3h 07
Paulo Sotero - O Estado de S.Paulo
Os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama têm boas notícias a compartilhar, mas também importantes diferenças a acertar quando se reunirem na Casa Branca, na segunda-feira. A líder brasileira chega para a conversa com sua autoridade consolidada e a popularidade reforçada em casa por seu desempenho no primeiro ano do governo, a despeito da desaceleração do crescimento econômico e dos sucessivos escândalos de corrupção que forçaram meia dúzia de ministros a pedir as contas. Obama, por sua vez, tem a exibir uma economia em recuperação e perspectivas favoráveis de reeleição em novembro. Isso significa que seu diálogo com a colega brasileira deve continuar por mais dois anos e meio, e quase o dobro disso se Dilma se reeleger em 2014.
É um horizonte de tempo suficiente para os dois líderes traduzirem em ações o desejo que dizem compartilhar de aprofundar as relações bilaterais, que são amplas, amistosas, povoadas de declarações de boas intenções, mas não passam disso. Na década que se encerrou no dia da posse de Dilma no Palácio do Planalto, o Brasil e os Estados Unidos se distanciaram. O fracasso, em 2003, das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que os países copresidiram, a trombada no Irã em 2010 e a inconsequência dos muitos grupos de trabalho criados pelos dois governos foram os fatos marcantes. Nesse mesmo período, com a economia brasileira em crescimento puxado pela expansão do mercado interno e a demanda chinesa por commodities, as trocas entre os dois países aumentaram, mas a participação relativa dos Estados Unidos no comércio exterior brasileiro caiu de 24% do PIB para menos de 12%.
Cientes dessa realidade e de que o diálogo bilateral se encontra em fase de reconstrução, iniciada com a visita de Obama a Brasília em março do ano passado, os dois governos evitaram criar expectativas quanto aos resultados da viagem de Dilma. A ênfase dada pelo Planalto à cooperação bilateral em educação, ciência e tecnologia e as medidas que Dilma vem tomando para estimular a competitividade e o crescimento da economia brasileira sublinham sua compreensão sobre a oportunidade que tem nas mãos e põem os dois países em rotas convergentes.
Trata-se de completar a transformação histórica que o País iniciou com a democratização, em 1985, consolidou com a estabilização da economia dez anos depois, aprofundou com a redução da pobreza e a expansão da classe média na década seguinte e depende agora da execução de reformas estruturais que permitam a um Brasil ascendente na cena mundial livrar-se do peso do déficit público, aumentar a taxa de investimento e alcançar um novo patamar de desenvolvimento. É nesse quadro, que se tornará mais complexo nos anos à frente com a redução do crescimento da China, que Dilma parece atraída pela ideia de uma relação mais intensa com os Estados Unidos.
Há certamente dúvidas em Washington quanto à eficácia das políticas adotadas por Brasília a partir do anúncio do Plano Brasil Maior, em agosto passado, para aumentar a competitividade da indústria nacional. As medidas de caráter protecionista embutidas na estratégia são vistas como sintomas de uma política que trata mais dos efeitos que das causas do problema. Mesmo assim, o cenário promissor da economia brasileira nos anos à frente alimenta o interesse de Obama numa aproximação com o Brasil.
Contra esse pano de fundo, altos funcionários americanos e brasileiros se esforçaram nas últimas semanas para valorizar as relações bilaterais. O Brasil "é uma história de sucesso e um exemplo que inspira soluções em outros países", disse o subsecretário de Estado William Burns em recente visita ao País. E salientou que empresas dos dois países fabricam, inovam e avançam juntas: "Nos Estados Unidos, estamos cientes de que nosso sucesso dependerá de abraçar as complementaridades com parceiros inovadores e dinâmicos e o Brasil pode e deve estar no topo dessa lista." Em visita a Nova York, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, destacou o empenho do governo brasileiro em atrair mais investimentos dos Estados Unidos e aprofundar as relações entre os dois países.
Declarações como essas não diminuem o ceticismo que prevalece em Washington e Brasília sobre as chances de a visita de Dilma a Obama produzir resultados. Fatos recentes e divergências em temas globais. A crítica que a presidente brasileira fez em reunião dos Brics, na semana passada, à estratégia de sanções contra o Irã, liderada pelo Estados Unidos, expôs uma diferença insuperável. Obama acredita que as sanções são a melhor alternativa a uma solução armada e estão produzindo o resultado desejado de forçar Teerã a negociar seu programa nuclear. Na mesma linha, há as críticas de Brasília, reiteradas por Dilma em Nova Délhi, ao "tsunami monetário" que os bancos centrais americano e europeu estariam produzindo para fazer frente à crise econômica, com efeitos colaterais nocivos para o valorizado real e as contas externas brasileiras. O fato de o Brasil omitir críticas à política de manipulação do câmbio praticada pela China torna a cobrança ainda menos aceitável em Washington. No lado brasileiro, causa perplexidade a relutância americana em dar ao País o mesmo reconhecimento que confere à India e apoiar formalmente a pretensão brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Pesa, também, o mal explicado cancelamento pela Força Aérea americana da compra de 20 Super Tucanos que seriam usados no Afeganistão. A decisão, justificada como confusão burocrática, frustrou um negócio que constituiria o primeiro engajamento de natureza estratégica entre os dois países em décadas. Cabe a Dilma e Obama, em seu encontro, provar que os céticos estão errados.
*Jornalista, é diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington