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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Lula visita a ditadura cubana antes de seguir para os EUA

 É uma mentira que o povo cubsno passe necessidades por causa do embargo americano: remédios e alimentos estão isentos do embargo, e os EUA são o PRIMEIRO FORNECEDOR DE ALIMENTOS para a ilha-prisão do Caribe. Ela é miserável como são todos os socialismos!

Lula fará visita a Cuba em setembro Presidente brasileiro fará visita ao país no dia 15 de setembro, antes de seguir para Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU 

O Globo, AFP, Bloomberg, 30/08/2023

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá viajar para Cuba no dia 15 de setembro. Ele cumprirá agenda no país caribenho, antes de seguir para Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU. Nos EUA, a agenda presidencial seguirá do dia 16 até 22 de setembro. No início do mês, entre os dias 7 e 11, Lula ainda viajará para a Índia, para participar do encontro do G20, grupo de países em desenvolvimento. Em Cuba, Lula participará de uma agenda do chamado G77, grupo que congrega os países em desenvolvimento. Esta será a segunda agenda bilateral entre Lula e o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Em junho, os dois se reuniram em Paris, na França, o que foi celebrado pelo governo petista como uma "retomada do diálogo com Cuba, abandonado nos últimos anos pelo governo anterior". Há cerca de 20 dias, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, viajou para Havana e esteve com o presidente cubano. Foi mais um passo de reaproximação do Brasil com países que se distanciaram no governo do ex-presidente Michel Temer e perderam totalmente a importância na gestão de Jair Bolsonaro. A situação do povo cubano, devido às sanções aplicadas há mais de 40 anos pelos Estados Unidos, é uma das preocupações do governo Lula. Existe a possibilidade de o presidente brasileiro voltar a defender o fim do embargo americano, para melhorar as condições de vida da população da ilha caribenha, durante sua ida aos EUA, onde participará da Assembleia-Geral da ONU. Em 2022, o comércio bilateral entre Brasil e Cuba totalizou US$ 292,6 milhões, tendo registrado um aumento de 60,3% em relação a 2021. Em 2023, entre janeiro e maio, as exportações, importações e balança comercial registram um superávit para o Brasil de US$ 67,7 milhões. Encontro na ONU Nos EUA, em um evento conjunto durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula e o presidente americano, Joe Biden, defenderão melhores condições de trabalho nos dois países, segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Marinho disse em entrevista à Bloomberg nesta segunda-feira que os dois líderes “vão lançar uma espécie de manifesto” sobre a necessidade de melhorar as relações trabalhistas, ambiente de trabalho e remuneração. A reunião está marcada para 19 de setembro, em Nova York, após os dois presidentes discursarem na Assembleia Geral, segundo pessoas do governo brasileiro familiarizadas com os planos, que pediram anonimato. Biden e Lula divergem sobre questões como a guerra na Ucrânia e relações com a China. Mas as autoridades brasileiras disseram que os líderes estão em sintonia no apoio aos sindicatos em seus países. Biden se diz o presidente mais pró-sindical da história dos EUA e tomou medidas para fortalecer os sindicatos, um ponto-chave para sua coalizão para as eleições do ano que vem. Os presidentes conversaram pela última vez por telefone em 16 de agosto, quando discutiram objetivos comuns sobre o clima e outras questões. Biden recebeu Lula na Casa Branca em fevereiro. A reunião ocorrerá em um momento em que o Brasil trabalha com aliados para aumentar a influência do Brics. Na semana passada, os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul concordaram em convidar Arábia Saudita, Irã, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes Unidos a se unirem ao bloco. Com AFP e Bloomberg)


domingo, 4 de dezembro de 2022

Possível viagem de Lula aos EUA antes da posse deve criar saia-justa na embaixada - Thiago Amâncio (FSP)

Folha de S. Paulo, 4/12/2022 

Possível viagem de Lula aos EUA antes da posse deve criar saia-justa na embaixada

Petista pode se encontrar com Biden sem apoio da representação brasileira; discussões devem contemplar Haiti e Venezuela.

Thiago Amâncio

Washington

possível viagem do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos Estados Unidos para se encontrar com o líder americano, o democrata Joe Biden, ainda neste mês de dezembro, antes de assumir o cargo, deve criar uma saia-justa na representação diplomática brasileira no país.

A equipe do petista não acionou o Itamaraty sobre a viagem, e Lula pode visitar a capital dos Estados Unidos sem uma recepção oficial organizada pela embaixada do Brasil em Washington, comandada por Nestor Forster, muito identificado com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva em Brasília
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva em Brasília - Adriano Machado - 2.dez.22/Reuters

Mesmo que a viagem tenha sido anunciada pelo ex-ministro Fernando Haddad na quarta (30) e que Lula tenha retomado o tema na sexta (2), a Casa Branca ainda não confirmou o convite. Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional dos EUA, desembarcará nesta segunda (5) em Brasília, e o presidente eleito diz que a visita também servirá para discutir os detalhes da ida a Washington ainda neste ano.

O presidente eleito já disse que a ideia é que a viagem, que serviria como mais uma prova de legitimidade internacional da vitória contestada por Bolsonaro e pelo PL, ocorra após a diplomação, no próximo dia 12.

Há dúvidas, no entanto, sobre a estrutura que receberá o petista fora do país, porque o Itamaraty não é obrigado a organizar a viagem do petista antes de ele assumir de fato o cargo, e o mais provável é que aconteça a mesma configuração da recente passagem de Lula por Portugal: ele não se hospedou na embaixada em Lisboa e não recebeu apoio diplomático. Chegou a se encontrar com o presidente, o premiê e o embaixador do país ibérico no Brasil, sem que o embaixador brasileiro estivesse presente.

Folha procurou a embaixada do Brasil nos EUA, que orientou o envio das perguntas à assessoria do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília. Por telefone, um assessor da pasta respondeu apenas que o órgão não foi acionado pela equipe de Lula em busca de apoio para uma viagem aos EUA —não houve resposta se o Itamaraty assistirá o petista antes da cerimônia de posse caso o auxílio seja solicitado.

Acontece que o grupo do futuro presidente tem resistência ao atual embaixador na capital americana, que deve deixar o cargo na primeira leva de nomeações quando o novo governo assumir.

Forster tem bom trânsito em Washington e experiência nessa representação diplomática brasileira desde os anos 1990, atuando inclusive sob governos petistas, mas sua defesa aberta de Bolsonaro durante todo o período no cargo, além da proximidade com figuras do bolsonarismo, incomoda o futuro governo.

Durante a campanha, ele escreveu duas cartas à imprensa americana, ao New York Times e à Bloomberg News, rebatendo artigos sobre a escalada autoritária no país e que faziam críticas à política ambiental. O mesmo expediente foi usado em respostas a congressistas democratas contrários ao atual presidente.

Além disso, o embaixador era amigo próximo de Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Homenageou-o em diferentes oportunidades e, após a morte do escritor, publicou em um perfil em rede social da embaixada que Olavo "deixa um legado duradouro por meio de seu vasto trabalho".

Com ou sem apoio da embaixada, a possibilidade de um encontro de Biden com Lula antes de o petista tomar posse chamou a atenção de quem trabalha com diplomacia em Washington. Uma das justificativas para a reunião, porém, é um ponto de consenso: Biden não tem aliados de peso na América Latina hoje.

Na Colômbia, principal parceiro estratégico na região, ainda há dúvidas sobre Gustavo Petro, que assumiu há pouco a Presidência. No México, Andrés Manuel López Obrador tinha mais afinidade com Donald Trump. E, na Argentina, também houve atritos com a gestão de Alberto Fernández, que já defendeu menor dependência dos americanos e fez acenos vistos como complicados em Washington a Rússia e China.

No Brasil, até agora um posto avançado do trumpismo na América do Sul, o presidente brasileiro duvidou da vitória de Biden e foi um dos últimos líderes globais a parabenizá-lo pelo triunfo sobre o republicano.

É por isso que um aceno a Lula é considerado importante no governo americano. A Casa Branca sabe que o petista não será um aliado automático e que haverá diferenças programáticas, mas o presidente eleito é considerado um político pragmático e experiente, com quem é possível sentar para negociar.

Além disso, pode ser um parceiro importante na pauta climática e em demandas específicas na região, como a Venezuela, onde a boa interlocução com Maduro pode fazer de Lula uma ponte entre Washington e Caracas. A crise energética gerada pela Guerra da Ucrânia tem provocado o que alguns descrevem como o início de um apaziguamento com os chavistas. Recentemente, Biden tirou sanções contra o regime venezuelano, descongelou ativos e autorizou que a americana Chevron volte a extrair petróleo no país.

Outra questão é um possível retorno dos militares brasileiros ao Haiti, que participaram da missão da ONU ali de 2004 a 2017. Quanto a esse ponto, porém, há, segundo um membro da equipe de transição à Folha, resistência na equipe do petista, sobretudo pelo pouco apoio recebido nas ações sociais e econômicas necessárias no país, sobretudo após o terremoto de 2010, que deixou mais de 100 mil mortos.

Lula poderia ainda ser útil em uma negociação multilateral na Guerra da Ucrânia, disse Ricardo Zúniga, secretário-adjunto de Hemisfério Ocidental no Departamento de Estado dos EUA e ex-cônsul em São Paulo. "O Brasil é um grande ator multilateral e tem longo legado de envolvimento em processos de paz, na busca de soluções multilaterais para alguns dos mais complexos problemas de segurança", afirmou nesta semana em evento na Universidade Harvard, organizado pelo Future of Diplomacy Project.

Todos esses temas podem ser levados a Brasília agora por Sullivan, mas há dúvidas se serão mesmo postos à mesa num primeiro encontro oficial entre as duas equipes. O mais provável é que pedidos concretos do governo americano sejam feitos em reuniões de alto nível na capital americana.

Segundo a programação oficial, Sullivan falará sobre crise climática, segurança alimentar, promoção da democracia e migração regional. Está previsto um encontro com o senador Jaques Wagner (PT), mas uma reunião com Lula não está descartada. O americano também se encontrará com autoridades do atual governo —será recebido pelo almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos.

Por fim, ainda que uma viagem antes da posse chame a atenção, ela não seria a primeira recepção em Washington nesse contexto. O próprio Lula foi à capital americana em 2002 logo após ser eleito para se reunir com o hoje ex-presidente George W. Bush —na ocasião, o então embaixador brasileiro promoveu um jantar para o petistas, que também se encontrou com parlamentares e investidores americanos.