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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Globalismo idiotizante — BBC - G1

Nunca antes neste país tantas pessoas perderam tanto tempo por tão pouco.
O que é o globalismo?
Apenas uma idiotice, propagada pir gente que não tem nada melhor para fazer.
Rios de tinta, toneladas de bits and bytes para rigorosamente nada.
Nem sei porque perdi tanto tempo lendo tanta bobagem...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5/02/2019
Por BBC 
 

"O globalismo se constitui no ódio, através das suas várias ramificações ideológicas", disse o chanceler brasileiro em seu discurso de posse — Foto: RICARDO MORAES/REUTERS"O globalismo se constitui no ódio, através das suas várias ramificações ideológicas", disse o chanceler brasileiro em seu discurso de posse — Foto: RICARDO MORAES/REUTERS
"O globalismo se constitui no ódio, através das suas várias ramificações ideológicas", disse o chanceler brasileiro em seu discurso de posse — Foto: RICARDO MORAES/REUTERS 
"Globalismo", termo frequente nos discursos e críticas de autoridades como o novo ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, e o presidente americano, Donald Trump, significa muitas coisas diferentes para muitas pessoas diferentes. 
Para o novo chanceler brasileiro, por exemplo, "globalismo" é a "configuração atual do marxismo", da qual o Brasil e o mundo precisam se libertar. "É a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural", afirmou o chanceler, em textos de seu blog Metapolítica 17. 
Trump, em seu discurso na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, afirmou rejeitar o que chama de "ideologia do globalismo" que, na sua visão, se opõe ao seu lema de "Estados Unidos primeiro". "Os Estados Unidos sempre vão escolher a independência e a cooperação em vez de governos globais, controle e dominação. Eu honro o direito de cada nação de buscar seus próprios costumes, crenças e tradições", afirmou, acrescentando que os EUA são governados por americanos" e que por isso, em vez do globalismo, ele abraça a "doutrina do patriotismo". 
Mas o que é globalismo afinal? Especialistas entrevistados pela BBC News Brasil concordam que, em outros momentos da história, o termo teve definição bastante diferente dessa atual - adotada, dizem, pela nova direita populista no mundo. 
Para esses analistas, o termo se transformou em um "slogan político" ou em uma "caricatura" e representa, na abordagem dos debates recentes, ideias opostas ao nacionalismo e ao patriotismo. 

Slogan político

O primeiro aspecto que deve ser destacado, diz o linguista belga Jan Blommaert, professor de Língua, Cultura e Globalização na Universidade Tilburg, na Holanda, é que o termo é "vago, e isso faz parte de uma estratégia do discurso político". 
Globalismo, por exemplo, não é sinônimo de globalização, segundo Blommaert, "mas é exatamente a semelhança com 'globalização' que confunde as pessoas e faz com que elas pensem que sabem do que está sendo falado". 
O segundo aspecto é que o termo, diz o professor, é a "munição ideal" para o século 21, "perfeito para as redes sociais". "No mundo do Twitter, é ideal: é uma palavra com vários significados distintos e várias aplicações diferentes. Ideias longas e argumentos são reduzidos a uma palavra ou uma frase." 
Trump afirmou que os Estados Unidos "rejeita a ideologia do globalismo e abraça a doutrina do patriotismo" — Foto: ALEX WONG/GETTY IMAGESTrump afirmou que os Estados Unidos "rejeita a ideologia do globalismo e abraça a doutrina do patriotismo" — Foto: ALEX WONG/GETTY IMAGES
Trump afirmou que os Estados Unidos "rejeita a ideologia do globalismo e abraça a doutrina do patriotismo" — Foto: ALEX WONG/GETTY IMAGES
"Globalismo" é simplesmente um "slogan político", diz à BBC News Brasil, por e-mail, o cientista político americano Joseph Nye, professor de Relações Internacionais em Harvard e um dos pais do conceito de "soft power" (poder brando, ou a capacidade de um país de influenciar decisões por seu poder de persuasão, em contraposição a seu poder militar). 
Mas o que "globalismo", como slogan político, quer dizer?
O termo "tem sido usado por nacionalistas-populistas para condenar elites envolvidas em negócios globais, como comércio e instituições internacionais", define Nye.
Esses líderes também se referem à "falta de soberania nacional" sobre questões particulares, como imigração e comércio, diz Heidi Tworek, professora de História Internacional da Universidade de British Columbia, no Canadá. 
Para Blommaert, a palavra, como é usada agora, tem três significados: os antiglobalistas são contrários à imigração e à diversidade ("os debates contra a imigração evitam a palavra 'racismo' e a substituem por 'antiglobalismo'", diz), à governança transnacional e, por fim, são também à esquerda ("ela é culpabilizada pela imigração, pela diversidade, a ascensão das mulheres - a perda das 'tradições culturais' e valores - e pela construção de um sistema de governança transnacional"). 
Por outro lado, as queixas dos líderes de direita contra o "globalismo" podem ter alguma razão, reconhece Gideon Rachman, colunista do jornal britânico Financial Times. Para ele, o uso do termo com esses significados talvez esteja ligado à crise financeira mundial de 2008. 
"Naquela época, a percepção era de que algo havia dado errado com o 'projeto de globalização'. Havia descontentamento, uma estagnação na Europa e nos Estados Unidos, e o sentimento de que as pessoas que haviam criado o sistema eram as que haviam perdido menos." Então, diz ele, Trump e outros capitalizaram sobre isso. 
Ou seja, se antes a globalização era vista como um processo econômico e tecnológico, um grupo de pessoas passou a defender que, por trás do fenômeno, havia uma ideologia - o "globalismo". 
"Dizem que (o globalismo) não era inevitável, não era neutro e é algo que pode ser combatido", afirma Rachman. 
E ele concorda: "O mundo globalizado ao qual nos acostumamos foi resultado de decisões conscientes. As ideias não podem ser vistas como puramente tecnocráticas e divorciadas da política. Podem ter acreditado que era técnico, em grande parte, mas havia conteúdo político, sim." 

'Instrumentos contrários à nação'

Outras declarações do chanceler brasileiro Ernesto Araújo mostram que, para ele, "globalismo" reúne, basicamente, características "contrárias à nação" ou contrárias à "pátria". "O globalismo se constitui no ódio, através das suas várias ramificações ideológicas e seus instrumentos contrários à nação, contrários à natureza humana, e contrários ao próprio nascimento humano", afirmou em seu discurso de posse. 
O ministro também disse: "Não acreditem no que o globalismo diz quando diz que para ter eficiência econômica é preciso sufocar o coração da pátria e não amar a pátria. Não escutem o globalismo quando ele diz que paz significa não lutar". 
O conceito de "amar a pátria" em oposição a "globalismo" é compartilhado por Trump. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em 2018, o presidente americano afirmou que os Estados Unidos "rejeitam a ideologia do globalismo e abraçam a doutrina do patriotismo". 
O linguista belga Blommaert resume: globalismo significa, basicamente, "o oposto do nacionalismo no século 21". Os "antiglobalistas" seriam os nacionalistas de agora - "mas o termo 'nacionalismo' saiu de moda", diz.
Tworek, professora de British Columbia, acrescenta: com o sufixo "ismo", que indica ideologia, a palavra serve para se opor a "nacionalismo".

Projeto ideológico e conspiratório

Embora dê certa razão aos líderes que protestam contra os conceitos que incutem no termo "globalismo", Gideon Rachman, do Financial Times, ressalta que o fato de que houve uma ideologia por trás da formação do mundo com economia global integrada como conhecemos hoje não significa, no entanto, que tenha havido alguma conspiração para tanto. E a direita, segundo diz, destaca esse suposto aspecto "conspiratório". 
"O Putin, a China, a Comissão Europeia, Tony Blair e Bill Clinton tinham uma visão similar, de livre comércio, comprometidos com a ideia de uma economia global integrada", afirma. "O triunfo da ideologia foi que não percebemos que era uma ideologia - parecia só bom senso."
E houve oposição - a de agora não é novidade. Ele cita, por exemplo, as manifestações em Seattle em 1999, quando milhares de pessoas protestaram contra o encontro da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Ou mesmo a independência dos Bancos Centrais: "todo mundo que era sensato dizia que a administração de dinheiro deveria ser feita por tecnocratas. Mas agora há embates contra essa ideia, como os de Trump nos EUA".
Milhares de pessoas protestaram contra a OMC em Seattle em 1999 (na foto, a sede da OMC em Genebra) — Foto: DENIS BALIBOUSE/REUTERSMilhares de pessoas protestaram contra a OMC em Seattle em 1999 (na foto, a sede da OMC em Genebra) — Foto: DENIS BALIBOUSE/REUTERS
Milhares de pessoas protestaram contra a OMC em Seattle em 1999 (na foto, a sede da OMC em Genebra) — Foto: DENIS BALIBOUSE/REUTERS
A professora de História Moderna da City University de Londres e autora do livro The Emergence of Globalism (O surgimento do globalismo, em tradução livre), Or Rosenboim, diz que Trump e outros líderes "fingem" protestar exatamente contra esse "globalismo neoliberal". 
Para ela, globalismo é "a ideia de que a política deve se ajustar à globalização, ou às condições culturais e econômicas de um mundo interconectado". 
Não significa, diz ela, que todos os "globalistas" tenham os mesmos valores ou objetivos dentro dessa ordem global. Trump e outros líderes, de acordo com Rosenboim, usam a retórica para parecer protestar contra um tipo específico de "globalismo", o "globalismo neoliberal", ou um que prioriza interesses econômicos globais sobre outros interesses. 
A questão, diz ela, é que embora usem essa retórica, os líderes de direita não estão falando de verdade sobre "globalismo". "É mais como uma versão falsa ou uma caricatura de 'globalismo'. Eles dizem atacar a ideia de que 1% de pessoas ricas no mundo lucraram com essa nova condição de interconexão", afirma. "Mas há muita retórica e um certo truque para apelar para as pessoas ignoradas pelo mercado neoliberal." 
"O 'globalismo neoliberal' existe, mas eles não protestam contra isso de fato. Protestam contra uma elite liberal cosmpolita, não necessariamente contra as pessoas ou instituições responsáveis por estabelecer esse tipo de mercado." 

'Globalismo' de agora, antes 'cosmopolitismo'

O termo "globalismo" não é novo, e tinha outros significados.
Na virada do século 19 para o 20, diz o linguista belga Jan Blommaert, surgiu uma nova cultura ligada à urbanização. "Houve um sentimento de que estávamos perdendo nossas tradições, de que havia uma nova mentalidade blasé, de que éramos afetados pelo consumo." 
O que definiam pessoas com essa nova mentalidade era o termo "cosmpolitan", em inglês. A revista americana Cosmopolitan, por exemplo, foi lançada em 1886. Já naquela época, afirma o professor, o termo "globalist" era usado em alternância com "cosmopolitan". 
Or Rosenboim, da City University de Londres, diz que nos anos 1940, depois da Segunda Guerra Mundial, "pensadores e intelectuais do Ocidente tentaram pensar em um mundo pós-guerra, preocupados com a volta do totalistarismo e militarismo e reconhecendo a interconexão do mundo, facilitada por tecnologias de transporte e comunicação". Ela diz que pensaram em como a política poderia ser feita "globalmente" e em como valores como o "bem-estar e a igualdade" eram globais, não ligados a um só país. E assim teria surgido o "globalismo" na acepção que ela estudou, da política que deve adaptar-se à globalização. 
Para Blommaert, foi mais nos anos 1960, com o fim das colônias no mundo e com grandes eventos midiáticos, como o pouso na Lua e a Guerra do Vietnã, que mudou a maneira como se imaginava o mundo.
"Foi ali que passamos a ver o mundo como um sistema interconectado. O 'global', como uma noção, surgiu. Passamos a sentir que vivíamos em um mundo global, formado por zonas e Estados com pessoas iguais", diz ele, citando também "líderes e ícones globais" que se tornaram conhecidos no mundo todo pouco antes, como Gandhi, Mao Tsé Tung e Fidel Castro.
Mao Tsé-Tung liderou a Revolução Chinesa em 1949 — Foto: DMYTRO SYNELNYCHENKO/GETTY IMAGESMao Tsé-Tung liderou a Revolução Chinesa em 1949 — Foto: DMYTRO SYNELNYCHENKO/GETTY IMAGES
Mao Tsé-Tung liderou a Revolução Chinesa em 1949 — Foto: DMYTRO SYNELNYCHENKO/GETTY IMAGES
Então, para Blommaert, "globalismo" substituiu o termo "cosmopolitanismo", representando "a nova tendência de se livrar de uma visão de mundo antiga, que era eurocêntrica, metropolitana, como a visão imperial do mundo por parte do Reino Unido". Era, de acordo com o professor, visto como uma coisa boa. "Havia uma ideia de que podíamos aprender de outras regiões e culturas de modo igualitário e com respeito." 
Para Rosenboim, "globalismo não era visto como algo bom ou ruim. Era visto como algo necessário para responder à nova realidade. Era mais como: 'Precisamos de globalismo, se não vamos ficar para trás'." 

Antissemitismo

Mas a mesma palavra, "cosmopolitan", foi usada como algo negativo e antissemita antes dos anos 1960. Foi assim na Alemanha nazista e na União Soviética de Stálin, segundo Blommaert. Era usada para descrever características "inatas" de judeus, que não teriam raízes germânicas, no caso da Alemanha. Para Stálin, "o cosmopolitanismo sem raízes", ou os judeus, representava um perigo à soberania soviética. 
Há quem veja ecos dessa acepção antissemita de "cosmopolitan" no novo significado de "globalismo" no século 21. O maior símbolo do "globalismo", para quem se diz "antiglobalista", é George Soros, um empreendedor húngaro-americano judeu de 88 anos. Nascido na Hungria ocupada por nazistas durante sua adolescência, emigrou para o Reino Unido. Hoje, é um investidor e filantropo que investe em causas progressistas e liberais pelo mundo todo. 
"Ele não tem raízes e é ligado a ONGs internacionais. Por isso, é um típico 'globalista'", diz Blommaert. "Ele é um judeu que novamente é visto como perigoso." 
Em 2018, o jornal The New York Times fez uma reportagem sobre como a vilanização de Soros "saiu das beiradas para o mainstream" - chamado até por republicanos de "globalista". 
Magnata húngaro-americano George Soros é o maior símbolo do "globalismo" de quem se diz "antiglobalista" — Foto: LUKE MACGREGOR/REUTERSMagnata húngaro-americano George Soros é o maior símbolo do "globalismo" de quem se diz "antiglobalista" — Foto: LUKE MACGREGOR/REUTERS
Magnata húngaro-americano George Soros é o maior símbolo do "globalismo" de quem se diz "antiglobalista" — Foto: LUKE MACGREGOR/REUTERS

Globalismo no Brasil

"Globalismo" também já teve acepções usadas no Brasil, segundo Mariana Kalil, professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Guerra, no Brasil.
Tudo começou, afirma, com o "grande fundador da política externa brasileira", o Barão de Rio Branco. No começo do século 20, ele entendeu "o momento de mudar a política externa brasileira da Europa para os Estados Unidos". Fundou a Embaixada brasileira em Washington, em 1905, para onde foi Joaquim Nabuco. Recebeu a Conferência Panamericana no Rio de Janeiro em 1906. Era o chamado "americanismo pragmático".
O "americanismo pragmático" passou para "equidistância pragmática" sob Getúlio Vargas e depois se transformou em "globalismo" na década de 1960, quando o mundo "passou a ter muitos polos", segundo diz.
Então, "o Brasil começou a exercer 'globalismo'". Não esse "globalismo" de que se fala agora, que ela define como um "político-partidário", mas um "da tradição da política externa brasileira".
E o que era exatamente esse "globalismo" brasileiro? Segundo Kalil, era equivalente a um "pragmatismo na política externa no sentido de diversificar parcerias para ampliar seus ganhos". E isso, afirma, "nada tem a ver com uma conspiração global". 
Na época das gestões dos presidentes Jânio Quadros e João Goulart, nos anos 1960, já se falava em "globalismo", diz ela. E, depois disso, "globalismo foi a base da política externa dos governos militares". "O governo Geisel tinha como política principal o chamado 'pragmatismo responsável e ecumênico'", que significava lidar com todo mundo, basicamente. 
No entanto, esse "globalismo" brasileiro do século 20 não é ligado ao "globalismo" de que fala o ministro das Relações Exteriores brasileiro hoje em dia, que ela define como "uma ameaça ao interesse e à identidade nacional" - e que ela diz não ser necessariamente ligada a ideias anti-imigração, por exemplo, como afirma o professor Blommaert. 
E, diz Kalil, "o 'globalismo' da política externa é uma coisa, o globalismo da retórica é outra" - ou seja, não se sabe se o chanceler vai concretizar o que fala em discursos. "O Brasil não vai rechaçar as organizações internacionais, não é assim", prevê. 
Os discursos de Araújo, em que fala sobre "globalismo", não têm necessariamente a ver com uma mudança radical na política externa brasileira e são positivos, na visão de Kalil, porque promovem "sua democratização". 
"Refletem as urnas. Nunca tivemos uma política externa tão democrática no sentido de dar voz à opinião pública. E a política externa é uma política pública como outra qualquer", opina.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Tutela militar sobre Bolsonaro? Mas já!?!?! - Relatório Reservado

Não é tão reservado assim, já que estava completamente disponível no FB. Talvez a intenttemha sido essa mesma. Depois da tutela sobre o chanceler, sem a importância dessa que agora se aventa, trata-se de uma situação inusitada para um mês de governo. Governo?
Paulo Roberto de Almeida

ED. 6042

Tutela militar é a melhor opção para Bolsonaro

Em andamento as negociações para uma tutela do presidente da República, Jair Bolsonaro, pelo seu vice-presidente Hamilton Mourão, e demais ministros militares prestigiados no Palácio do Planalto. Trata-se de uma ação realizada em sintonia com o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e os comandos das Forças Armadas. O termo negociação é pro forma.
O projeto é impor limites e restrições ao comportamento e liberdade decisória de Bolsonaro, incluindo a vigilância e redução das iniciativas dos seus três filhos – Nas redes sociais e fora delas. No entorno do presidente ele é comparado a João Baptista Figueiredo, que surpreendeu inclusive aos seus camaradas pelas atitudes estapafúrdias após ser eleito. Justificou-se o comportamento de Figueiredo pela operação cardíaca que sofreu. Bolsonaro levou uma facada, mas não teria sido ela o componente emocional responsável pelo seu desarvoramento.
Bolsonaro simplesmente não está à altura do cargo e muito menos do time que montou. Não entende grande parte do que se discute no governo e não se empenha para isso. Ele se dirige somente a um contingente dos seus eleitores. Desrespeita os protocolos. E parece manietado pelo gnomo de Richmond, Olavo de Carvalho, em uma simbiose familiar que já incomoda os militares. Entre os generais, empresário e boa parte dos formadores de opinião melhor seria se fosse possível fazer algum acordo cordial para que Bolsonaro deixasse o cargo e Mourão o assumisse, imediatamente.
Depois que deixou de lado a linguagem do quartel, tornando-se mais comedido, o vice-presidente tem mostrado preparo muito superior e a autoridade necessária para o exercício da função. O que se diz quase nas fuças do presidente é que ele governa para um gueto, e Mourão governaria para os brasileiros. O escorpião que passeia em meio às conspirações destila a certeza que o filho Flávio Bolsonaro não tem como explicar seus atos inconfessáveis. E não é possível esterilizar as estranhas armações do jovem senador, de forma que eles não respinguem no presidente e nos demais membros do clã. É o bolsonarogate ou a temerização já, no curto governo do capitão. Mourão está pronto para assumir. Basta que as condições sejam dadas. Por enquanto, a tutela é um primeiro estágio.

Cadernos de Politica Exterior - IPRI-Funag/MRE


Cadernos de Política Exterior - IPRI

Publicação semestral do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI),
Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), vinculada ao Itamaraty.

Os Cadernos de Política Exterior, editados pelo Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão pertencente à estrutura da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), têm a missão precípua de divulgar trabalhos produzidos por diplomatas sobre diferentes aspectos das relações internacionais, da política externa e da diplomacia brasileiras. Ademais de diplomatas, a revista também acolhe artigos de pesquisadores, estudiosos e profissionais vinculados às áreas de interesse do Itamaraty. As contribuições são submetidas à avaliação de membros do Conselho Editorial da FUNAG.
Iniciada em 2015, e de periodicidade semestral, a revista publica artigos em português, inglês, francês e espanhol. Todos os números dos Cadernos de Política Exterior publicados até o presente estão disponíveis gratuitamente nesta página, em formato digital. As normas editoriais da revista podem ser baixadas no hiperlink acima.
Os Cadernos de Política Exterior complementam as demais publicações da FUNAG, hoje a maior editora brasileira na área de relações internacionais, de política externa brasileira e de história diplomática – esta última mais adequadamente tratada por uma publicação irmã, os Cadernos do CHDD, o Centro de História e Documentação Diplomática, o outro órgão subordinado à FUNAG, sediado no Rio de Janeiro.
Os Cadernos de Política Exterior somam-se às demais revistas existentes no Brasil dedicadas à  produção brasileira e estrangeira sobre os grandes temas das relações internacionais e da política externa do Brasil, campo de conhecimento já razoavelmente estabelecido em nosso país, com diversos programas de graduação e de pós-graduação. O periódico também pode ser visto como a continuidade de uma experiência anterior, os Cadernos do IPRI, publicados por este instituto entre 1988 e 1994 (igualmente disponíveis no portal do IPRI).
A despeito de oferecerem um espaço propício à divulgação de trabalhos e de opiniões dos próprios diplomatas, os Cadernos trazem contribuições que não expressam necessariamente as posições ou políticas do governo brasileiro ou do Itamaraty, cabendo a cada autor a responsabilidade pelos conceitos e posturas expressos nos artigos publicados. Além de ensaios expositivos e de análises interpretativas sobre os temas mencionados, a revista também publica informações sobre as demais obras editadas pela FUNAG, podendo igualmente apresentar resenhas e notas sobre publicações externas à Fundação.

EditoresMarco Tulio Cabral e Paulo Roberto de Almeida.

As revistas, no formato atual, estão ainda disponíveis, no link abaixo. Eventualmente procederemos a melhorias pontuais com vistas a dar pleno acesso aos leitores a cada um dos artigos.


Uma nova Santa Aliança em formação? - Bloomberg

Jair Bolsonaro's Son Joins Steve Bannon's Nationalist Alliance
Daniel Zuidijk
Bloomberg, February 2, 2019

Brazil President Jair Bolsonaro’s son is joining former Donald Trump-adviser Steve Bannon’s Europe-based right-wing group, The Movement, as its representative in South America.
Eduardo Bolsonaro, a member of Brazil’s congress, will be leader of the populist-backing group in Brazil, “representing Latin American nations,” according to a statement issued Saturday by the group.
“We will work with him to reclaim sovereignty from progressive globalist elitist forces and expand common sense nationalism for all citizens of Latin America,” the younger Bolsonaro said in the statement.
Bannon’s Brussels-based The Movement is a loose allegiance of nationalist parties that was unveiled last year. They plan to launch at its first summit in Brussels later this month.

(Grato a Pedro Luiz Rodrigues, por chamar-me a atenção para este pequeno despacho, e também para a matéria que segue sobre a Europa, mas também sobre a América Latina.)


«Vox obligará a los partidos centristas a desplazarse a la derecha»
A través de su grupo populista, El Movimiento, trata de exportar el cambio político que ha vivido EE.UU. A su juicio, Vox puede lograrlo en España
David Alandete
Diário ABC, Madri, 4/02/2019

América no es suficiente para Steve Bannon (Norfolk, Virginia, 1953). El estratega político que tomó las riendas de la campaña de Donald Trump en las elecciones de 2016 y, contra todo pronóstico, lo llevó a la Casa Blanca suma ahora al nuevo presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, a su polémico grupo populista, que lleva por nombre El Movimiento.
Pero su mirada está puesta en las elecciones europeas del próximo mes de mayo, sobre las que afirma que pueden ser las más importantes de la era moderna. El objetivo de Bannon es sacudir los cimientos de la Unión Europea para que de ella surjan unos estados nación reforzados y libres del control de Bruselas. En esta estrategia España tiene un lugar destacado, porque, para Bannon, Vox es uno de los partidos «más importantes de Europa».
¿Qué aportará el presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, al movimiento que usted lidera?
Jair Bolsonaro y su familia tienen todo mi apoyo por lo que están haciendo por Brasil. Se ha ofrecido a poner en marcha El Movimiento en América Latina, donde empezamos a ver una revuelta contra la corrección política y la política de la izquierda y el marxismo cultural. Es un avance enorme en la política latinoamericana y mundial.
¿Qué papel tiene ese populismo nacionalista en la crisis que se ve en Venezuela?
Si al principio del siglo XXI, hace sólo 19 años, alguien hubiera avanzado que Venezuela, Argentina y Brasil llegarían a estar al borde del colapso, nadie le hubiera creído. Brasil y Venezuela se derrumbaron por gobiernos socialistas. Argentina, por los abusos del capitalismo clientelista. La derecha populista y nacionalista representa un rechazo a esos dos tipos de intervención estatal. Venezuela es una lección de lo que sucede cuando la izquierda y el marxismo cultural se combinan con políticas económicas socialistas que llevan al caos económico.
¿Qué cree que sucederá en las elecciones europeas?
Las elecciones de mayo serán las más importantes que haya habido para el Parlamento Europeo. Y es muy probable que sean las más importantes de la política moderna, porque se percibe todo el entusiasmo de los nacionalismos populistas. Es donde el movimiento nacionalista de Europa puede tomar un impulso decisivo.
Esos partidos, ¿no buscan acabar con la UE?
¡No estamos hablando de la destrucción de la UE! De lo que hablamos es de una reforma masiva. No es algo como lo que hemos visto en el Brexit.
Una reforma, ¿de qué calado?
Es un rechazo completo al modelo de Macron y el eje franco-alemán, que quiere unos Estados Unidos de Europa donde España sería como Carolina del Sur e Italia como Carolina del Norte. Los países se convertirían en unidades administrativas. Lo que este movimiento nacionalista quiere es una unión de estados nación individuales con su propia cultura y sociedad. Sí que queremos una unión, pero como confederación. Es un gran cambio para la UE.
Estas no son pequeñas diferencias al margen. Son desacuerdos fundamentales sobre cómo debería ser la vida en Europa. En mayo muchos votantes, creo, van a respaldar al nacionalismo.
¿Cree que ese cambio afectará también a España?
Ese cambio está en marcha. Estoy particularmente ilusionado con los avances que ha hecho Vox. Fíjense en los pocos recursos con los que han contado. Esto demuestra cuán poderoso es su mensaje. Creo que a partir de ahora empezaremos a ver cómo otros comenzarán a competir con Vox con mensajes similares al suyo. Creo que Vox es uno de los partidos políticos más importantes e interesantes de toda Europa.
¿Por qué?
Por dos razones. La primera es que por sí mismo se ha convertido en una fuerza que ha dinamizado la política española y va a tener poder en estas elecciones. Además, y esto es importante, creo que Vox está introduciendo en la política convencional los temas de los que hablan. Del mismo modo que el movimiento nacionalista y populista de Estados Unidos empujó al Partido Republicano a la derecha y el populismo, creo que Vox puede hacer lo mismo.
¿Cree que Vox puede hacer eso en España?
Sí, si se fija en los inicios del Tea Party en EE.UU., al cabo del tiempo tuvo un impacto enorme, a pesar de que fue menospreciado en un primer momento. El Tea Party fue el predecesor de Trump.
Así que ve un movimiento como el de Trump en España.
Sí. Estos movimientos comienzan con un grupo de personas muy entregadas que están comprometidas con estas ideas. A lo largo del tiempo, este mensaje se volverá muy poderoso, porque le da poder a la gente común.
¿Toda España, entonces, girará a la derecha?
Hay quienes menosprecian a un partido como Vox porque es pequeño y creo que se equivocan. El poder está en su mensaje, en su autenticidad. Esas ideas comenzarán a entrar en el debate político convencional y acabarán empujando a los partidos centristas a la derecha.
¿Con quiénes ha contactado usted en Vox?
No quiero entrar en detalles sobre con quién, pero me he encontrado en Washington con gente asociada con Vox. Debía haber ido a España en otoño, pero por las elecciones aquí en Estados Unidos no pude. Iré en un futuro cercano.
Ese nacionalismo, ¿no impulsa también a partidos independentistas como los catalanes?
No creo. Preservar el Estado nación es importante y por eso no apoyamos a esos pequeños movimientos separatistas. Entiendo sus argumentos sobre cómo el Estado debe rendir cuentas y demás, pero creo en el modelo de soberanía nacional que comenzó con la Paz de Westfalia. Hay un estado nación independiente y dentro diferentes regiones.
Sí que hay un aumento mundial del sentimiento separatista.
Por otros motivos, como cuando había en California quien decía que quería independizarse, porque Trump estaba demasiado a la derecha. No, no apoyo a esos movimientos. Sus problemas tienen que solucionarse de otro modo. Creo que las naciones individuales deben solucionar de forma interna los problemas regionales.
¿No suponen las acciones de Donald Trump en Venezuela, las sanciones y demás, un intervencionismo al que se opone este movimiento?

Es cierto que hay una tensión dentro del movimiento de Trump. Uno de los fundamentos principales del ideal de ‹América Primero› es el no intervencionismo, no meter las narices en los asuntos de otra gente. Pero eso no invalida el compromiso internacional de Estados Unidos. Se acusa a Trump de querer destruir la OTAN. ¡Nada más lejos de la realidad! Lo que hace es presionar a los aliados para que inviertan el 2% en defensa y cumplan sus objetivos. Hasta el secretario general de la OTAN lo ha reconocido. Lo mismo en Oriente Próximo y América Latina. El presidente Trump es alguien comprometido y sólo hay que escuchar lo que pide para Venezuela: evitar un derrumbe que acabaría en derramamiento de sangre y caos. Creo que es un avance enorme en lo que respecta a la presidencia de Estados Unidos.