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sexta-feira, 2 de julho de 2021

Neli Aparecida de Mello-Théry: uma lembrança afetiva - Hervé Théry (Confins)

 Homenagem

Imagens de duas carreiras

Images de deux carrières
Images of two careers
Hervé Théry
Revista Confins, n. 50, 2021

Texte intégral com fotos de Neli: ver a matéria completa neste link:https://journals.openedition.org/confins/36270

1Seguem algumas imagens das duas carreiras de Neli Aparecida de Mello-Théry, a primeira em planejamento urbano e gestão ambiental, a segunda como professora na Universidade de São Paulo, esta última em colaboração estreita com a França e mantida até o fim1

Carreira no planejamento urbano e na gestão ambiental

2O início da carreira de Neli foi primeiro em Goiás, depois em Brasília 

  • 1975-1985 Instituto de Desenvolvimento Urbano e Regional de Goiás (INDUR), técnica em planejamento, elaboração de projeto de desenvolvimento para o aglomerado urbano de Goiânia e do Atlas Geográfico do Estado de Goiás

  • 1985-1987 Conselho Nacional do Desenvolvimento Urbano (CNDU), assessora à Diretoria do CNDU. Levantamento dos projetos de lei relativos ao desenvolvimento urbano no Congresso Nacional

  • 1987-1992 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Diretora de Pesquisa e Divulgação (1990-1991), Coordenadora do Relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92)

  • 1995 Secretaria de Meio Ambiente e Tecnologia do Distrito Federal, SEMATEC, Brasil, Diretora de Educação Ambiental

  • 1995-1999 Ministério do Meio Ambiente e da Amazonia Legal (MMA) Secretaria da Amazônia, Secretária Técnica do Subprograma de Políticas de Recursos Naturais do PPG-7.

3Em 1992, quando o Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (conhecido como PPG7) foi lançado, o Brasil estava sob grande pressão internacional devido à degradação da Amazônia. Financiado com US$ 428 milhões, o programa teve quatro componentes, que deram origem a 28 projetos. A participação da sociedade civil brasileira fez com que a iniciativa ganhasse ainda mais relevância2

4O primeiro desses componentes foi a criação de uma política nacional de manejo dos recursos naturais, onde Neli chefiava o Subprograma de Política de Recursos Naturais (SPRN) que se dedicava explicitamente ao fortalecimento de órgãos estaduais voltados para a gestão ambiental e de outras organizações participantes.

Secretaria da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 1996

Secretaria da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 1996

©Hervé Théry, 1996

5Como parte de suas funções, Neli costumava viajar para a Amazônia (cerca de uma vez por mês), indo sucessivamente a cada um dos Estados da região para se reunir com autoridades ambientais, mas também com as comunidades locais.

Com as comunidades em Nova Mamoré, Rondônia, 1996

Com as comunidades em Nova Mamoré, Rondônia, 1996

©Hervé Théry, 1996

6No entanto, essas funções oficiais não a impediram de retomar os seus estudos, obtendo em 1997 um Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília, UnB, “A urbanização pública do Distrito Federal e o comprometimento ambiental: o caso da sub-bacia do Riacho Fundo”, orientado por Marta Adriana Bustos Romero.

7Este mestrado brasileiro foi o prelúdio de uma mudança de carreira, da gestão ambiental para o ensino e pesquisa, iniciado pela redação de uma tese na França.

Tese na França

8A redação da tese, por mais absorvente que seja, foi acompanhada por diversas atividades, como a participação no Festival Internacional de Geografia de Saint-Dié: quando o Brasil foi o país convidado, em 1998, Neli fez parte da delegação brasileira. Ela também encontrou tempo, pois tinha um grande interesse nesta atividade, para fazer trabalho de campo na França.

  • 1998 – 1999 DEA (diplôme d’études approfondies) Géographie et Pratique du Développement. Université de Paris X – Nanterre, « Les bassins hydrologiques urbains », (orientador Alain Dubresson).

  • 1999-2002 Doutorado em co-tutela entre a Université de Paris X, Nanterre, Paris X (orientador: Alain Musset) et a Universidade de São Paulo, USP (orientador: Wanderley Messias da Costa, Políticas públicas territoriais na Amazônia brasileira: conflitos entre conservação ambiental e desenvolvimento. 

Neli delegação brasileira no Festival Internacional de Geografia de Saint Dié, outubro 1998

Neli delegação brasileira no Festival Internacional de Geografia de Saint Dié, outubro 1998

©Hervé Théry, 1998

Trabalhando na tese, ‎4 ‎janeiro de ‎2002

Trabalhando na tese, ‎4 ‎janeiro de ‎2002

©Hervé Théry, 2002

Trabalho de campo em Dol de Bretagne, maio de 2000

Trabalho de campo em Dol de Bretagne, maio de 2000

©Hervé Théry, 2000

Defesa da tese, 2002

Defesa da tese, 2002

©Hervé Théry, 2002

Professora na EACH-USP

9De volta ao Brasil, Neli passou três anos no CDS, centro de estudos do desenvolvimento sustentável da Universidade de Brasília, antes de ser eleita professora da USP, onde lecionou na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) desde a sua criação, em 2005, e na unidade foi também coordenadora do bacharelado em Gestão Ambiental 

Com alunos em Piracicaba 2007

Com alunos em Piracicaba 2007

©Hervé Théry, 2007

10Entre 2014 e 2018, foi vice-diretora da EACH, quando também esteve à frente da Comissão Ambiental, atuando na construção de valores e soluções que definiram o marco do planejamento e da gestão ambiental de unidade.

Palestra na ocasião dos dez anos de fundação da EACH 2015

Palestra na ocasião dos dez anos de fundação da EACH 2015

©EACH 2015

11Em 2011 sete títulos da Edusp, a editora da USP, foram selecionados pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) para figurar na lista de livros a serem distribuídos entre professores e bibliotecas da rede pública estadual. Entre eles estava o Atlas do Brasil, de Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello-Théry3. A venda total foi de 64 mil exemplares – uma das maiores já realizadas pela Editora da USP.

O Atlas do Brasil escolhido para distribuição nas escolas do Estado de São Paulo

O Atlas do Brasil escolhido para distribuição nas escolas do Estado de São Paulo

©Ernani Coimbra

12Ao longo desse período em São Paulo, o trabalho de campo continuou sendo uma das atividades centrais de Neli, tanto para suas atividades de pesquisa quanto para a formação desses alunos. Era tão importante para ela que lhe dedicou um de seus últimos artigos, publicado em 2020 na revista Confins, “O campo é um laboratório para a gestão ambiental”4.

Trabalho de campo com a Defesa civil ‎‎25 ‎agosto ‎2008

Trabalho de campo com a Defesa civil ‎‎25 ‎agosto ‎2008

Os 100 anos do PCC, o caminho percorrido e o futuro da China — Paulo Roberto de Almeida, Fausto Godoy e Bruno Benevides (FSP)

 Artigo de meu amigo e colega Fausto Godoy sobre o primeiro centenário do PCC: não creio que chegue ao segundo, exatamente devido ao sucesso dos primeiros cem anos, que mudaram totalmente a China (mas não estarei mais aqui para pagar eventual aposta). Trata-se do ÚNICO partido comunista do mundo a ter tido “sucesso” no âmbito desse regime, mas as razões desse sucesso são duas: uma férrea ditadura e uma clara adesão ao capitalismo (ou a uma economia de mercado com flexível planejamento estatal, o que foi possível fazer graças a uma burocracia de alta qualidade, os mandarins do PCC). 

Escrevi um pequeno ensaio sobre os 100 anos do PCC e as mudanças realmente impressionantes nos últimos 30-40 anos na RPC, que pode ser lido neste mesmo espaço:

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/06/sobre-os-100-anos-do-partido-comunista.html?m=1

Paulo Roberto de Almeida

Leiam:

UMA CRÔNICA A RESPEITO  DE UM VELHO SENHOR : O CENTENÁRIO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS

Fausto Godoy

Hoje, 01 de julho, o Partido Comunista da China celebra seu centenário. Nesta data, em 1º de julho de 1921 o PCC era criado pelo líder revolucionário e fundador da República Popular, Mao Zedong. Na verdade o dia da celebração deveria ser 23/07, data efetiva da reunião de 13 pessoas numa casa da concessão francesa em Xangai, onde, inspirados pela revolução bolchevique soviética e com a ajuda do Gabinete do Extremo Oriente do Partido Comunista da União Soviética e do Secretariado do Extremo Oriente da Internacional Comunista, revolucionários chineses encontraram abrigo para lançar na clandestinidade o projeto de um regime que mudaria radicalmente a história da China.

Atualmente, ainda que com cerca de 91,914 milhões de membros, segundo o senso de 2020, número relativamente modesto a se levar em conta a população de 1,4 bilhão de indivíduos do país, o PCC é o segundo maior partido do mundo, atrás apenas do “Bharatiya Janata Party”/BJP, da Índia. Como explicar, então, o seu poder num universo populacional tão mais amplo? O que justifica o apoio massivo da população? Qual é o princípio (dogma?...) político/econômico/civilizacional que lhe dá legitimidade? 

Para buscarmos entender o presente precisamos visitar o passado, sobretudo o chamado “século das humilhações” - o XIX – quando no declínio do Império Qing as potências ocidentais impuseram, com a Grã-Bretanha à frente, a abertura da China para o Ocidente e o consumo do ópio, única maneira que a corte de Saint James encontrou para equilibrar a balança de comércio bilateral exponencialmente favorável aos chineses, descortinando o cenário que foi palco das duas chamadas “Guerra do Ópio” (1839/1842 e 1856/1860). 

O trauma causado por este capítulo da História, até hoje presente na memória dos chineses cujos antepassados foram drogados de forma vil para equilibrar uma corrente de comércio, acirrou não somente a luta pela derrota do regime nacionalista que sucedeu à queda do Império mas não conseguiu pacificar o país dilacerado por disputas de poder entre os caudilhos (“warlords”) regionais, mas também propulsou o espraiamento da ideologia marxista-comunista que alimentou, aliás, o processo de descolonização de vários países da Ásia na segunda metade do século passado.

O caminho desde então foi árduo e a China passou por enormes vicissitudes, causadas principalmente pelo experimentalismo que se inaugurou desde então sob a liderança de Mao Zedong, que desde 1949 até a sua morte, em 1976, impôs políticas e práticas que hoje devem parecer estapafúrdias para muitos chineses. Tal é o caso do “Grande Salto Adiante”, campanha que ele lançou entre 1958 e 1960 com a ambição de tornar a República Popular numa nação desenvolvida e socialmente igualitária em tempo recorde através da coletivização do campo por meio de uma reforma agrária atabalhoada e da industrialização urbana, com as chamadas “siderúrgicas de quintal”. Frustradas, estas experiências resultaram em dezenas de milhões de mortos; um cálculo conservador estima as vítimas em 18 milhões, porém outros estudos sugerem que o número foi mais próximo de 55,6 milhões.

Derrotado nestes seus propósitos e afastado do poder e do partido, Mao conclamou a juventude, e com o apoio do Exército de Libertação Popular (ELP), radicalizou a confrontação com seus opositores através da “Revolução Cultural”, de 1966 até 1976, que tinha por objetivo declarado “purgar os elementos capitalistas e tradicionais da sociedade chinesa e reimpor o Pensamento de Mao Zedong como a ideologia dominante do PCC”. Dezenas de milhões de pessoas foram perseguidas e figuras notáveis aprisionadas, ou mortas. Até mesmo o pai do Presidente Xi Jinping, Xi Zhongxun, que mais tarde desempenharia um papel fundamental no processo de abertura do país para o exterior ao inspirar Deng Xiaoping a criar as “zonas econônicas especiais”, foi para a prisão.

Entretanto, a partir da morte do “Grande Timoneiro”, em 1976, o retorno à cena política de Deng Xiaoping, companheiro de Mao na “Grande Marcha” que tinha uma proposta modernizante para o país, confrontando o pensamento oficial do Partido e que por isto fora banido e até emprisionado, mais uma vez viria a mudar os rumos da República Popular. Deng é o verdadeiro patriarca da China contemporânea. O plano de abertura e modernização econômica por ele lançado catapultou o país, até então majoritariamente rural, na China de hoje. Ele é, aliás, autor de famosos neologismos econômicos, tais como “economia socialista de mercado” e “socialismo com características chinesas”.  É dele a famosa frase “não importa se o gato é preto, ou branco, desde que cace ratos”. A economia cresceu radicalmente após uma série de medidas pró mercado que abriram o país aos investimentos externos e ao capital privado. Isto significa, em última análise, que a partir de então a República Popular – e o Partido Comunista – inauguraram um período de experimentalismo econômico que descontruísse o maoísmo “hard” ao tempo em que mantinham o mito do “Grande Timoneiro” para preservar a mitológica unidade da Nação Comunista.

Este processo teve andamento nas gerações posteriores de líderes, basicamente tecnocratas, que tiveram como missão concretizar e avançar as políticas e práticas “revolucionárias” lançadas por Deng. Até que na 18a. reunião do Congresso do PCC, em novembro de 2012, Xi Jinping foi eleito Secretário-Geral do Partido e subsequentemente, Presidente da República Popular e Presidente da Comissão Central Militar, ou seja, líder absoluto de todos os poderes da RPC.

Quem é Xi Jinping?

Filho do incentivador da abertura da China para o exterior, como mencionei, Xi é um homem moderno para os padrões da burocracia chinesa. Ele sofreu na adolescência as consequências nefastas por ser um “princeling” – filho de autoridade – durante a Revolução Cultural e foi exilado para um condado rural após a purga de seu pai. É casado com uma famosa cantora de música popular patriótica, Peng Liyuan, e tem uma filha estudando em Harvard com nome disfarçado. Sua biografia o situa, portanto, a milhas de distância de seus antecessores.

Mas ele é também um forte adepto da ortodoxia ideológica do Partido, cujas bases reconstruiu depois da série de notícias de malfeitos que assolavam o PCC nos últimos tempos. Xi consolidou com grande ímpeto seu poder, ampliando os limites constitucionais do cargo. O combate à corrupção passou a ser o lema de sua administração. Dizem, porém, as más línguas que a escolha dos incriminados inclui personalidades que lhe fazem oposição. Segundo seus antagonistas, desde a época de Mao, a sociedade chinesa não era tão controlada. 

Em contrapartida, milhões de pessoas foram resgatadas da pobreza na sua gestão. Xi anunciou em fevereiro deste ano que de acordo com os critérios atuais para a definição de “pobreza absoluta”, todos os 98,99 milhões de pobres da população rural do país foram retirados desse índice, assim como 832 municípios e 128.000 aldeias, ainda que alguns especialistas concluam que a China estabeleceu um nível baixo para a sua definição de pobreza e que continua sendo necessário um investimento contínuo em suas áreas mais pobres.

Não obstante, a China de Xi Jinping enfrenta desafios da dimensão do país. Entre outros, a urbanização massiva que tende a escapar ao controle das autoridades, inchando as cidades com uma população desacostumada à vida urbana, com os problemas agudos do processo, como alojamento, escolaridade, deterioração do meio-ambiente, etc.. A crescente disparidade entre as classes sociais é outro fator, a se constatar que a China – teoricamente comunista - abriga hoje centenas de milionários e é o segundo país com maior número de bilionários no mundo, de acordo com a Agência Forbes, assim como de algumas entre as maiores empresas privadas - Huawei, Ali Baba, Tencent, etc. - do planeta. Outro dilema complexo é a decalagem entre gerações, fruto do sistema de um “filho por família” implantado na década de 70 para impedir a explosão demográfica (agora são dois filhos e está-se cogitando aumentar para três) que se tornou um enorme desafio pois criou um vácuo geracional de consequências incalculáveis a longo prazo, sobretudo a se levar em conta que a curva da população já é decrescente. E “last but not least”, a deterioração do meio-ambiente que o crescimento exponencial e acelerado causa ao país, maior poluidor do planeta. E não nos esqueçamos do teorema - maior - da globalização / Ocidente. E estes são apenas alguns dos dilemas... 

São todas estas questões que o Presidente e o Partido terão que administrar se o PCC e a RPC ambicionam perseguir e atingir o plano delineado no livro “The China Dream”, do professor Liu Mingfu, segundo o qual “as China rises to the status of a great power in the 21st century, its aim is nothing less than the top – to be the leader of the modern global economy”; Xi repete este refrão em todos os seus discursos. Neste roteiro incluem-se projetos ambiciosíssimos como a “Belt and Road Initiative”, que visa unir a Ásia à Europa e à África, financiados pelos trilhões de dólares que o país detém de reservas, e tenciona aplicar no projeto, assim como no plano “Made in China 2025”, que pretende catapultá-la ao pináculo da era tecnológica.

O discurso do presidente Xi Jinping durante a abertura das comemorações do centenário demonstra um pouco do papel central que o Partido ocupa na sociedade chinesa: "dediquem tudo, até mesmo suas preciosas vidas, ao partido e ao povo", disse o presidente, enquanto exortava os membros do PCC a manterem seu amor pelo partido com firmeza e lealdade, no pronunciamento transmitido em rede nacional de televisão". 

A confirmar..

Recomendo aos amigos que desejem se inteirar a respeito do Partido Comunista Chinês que leiam a matéria abaixo da Folha de São Paulo.”

Fausto Godoy


Entenda como o centenário Partido Comunista controla o Estado e o poder na China

Modelo atual, que privilegia liderança coletiva, foi criado após excessos da era Mao

Bruno Benevides
Folha de S. Paulo, 29/06/2021

Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize o link: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/06/entenda-como-o-centenario-partido-comunista-controla-o-estado-e-o-poder-na-china.shtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=compfb&fbclid=IwAR0DkF4UBpjdb_8P_1JSgcK_9dgeqZtME_br3w8wBp5x9_YYZrVjHhUozP8 

ou as ferramentas oferecidas na página. 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

The Future of Great Power Competition and Strategic Stability: report from Carnegie Endowment

O Carnegie Endowment for international Peace – criado ao final da Grande Guerra para justamente promover a causa da paz e da cooperação Inrternacional – poderia promover relatórios e seminários sobre a cooperação entre as grandes potências para a estabilidade política do mundo, em favor do desenvolvimento, não da competição estratégica. Ou eles acham que a Rússia e a China pretendem uma guerra com os Estados Unidos e países aliados? Em nome do quê, e para que?


How can we prevent great power competition from escalating into open military conflict? On July 1, 2021 Carnegie's Nuclear Policy Program joined Körber-Stiftung and the Institute for Peace Research and Security Policy at the University of Hamburg (IFSH) to launch  the  Körber Strategic Stability Initiative report — Changing Our Collective Fate: The Future of Great Power Competition and Strategic Stability. To read the report, visit  the new interactive website,www.strategicstability.org, for principles and policy recommendations that can serve as a starting point to enhance international peace and security.


Bolivar Lamounier trata da morte anunciada dos regimes liberais

 Admirável análise realista das agruras temporárias da liberal democracia e das ameaças autoritárias, quando não tentações totalitárias, como alertou Jean-François Revel, e agora Bolívar Lamounier. Nossa democracia de baixa qualidade, a despeito dos arreganhos caudilhescos do genocida no poder, vai perdurar, e sempre de baixíssima qualidade, pois esta é a nossa infeliz condição. Vai demorar para construirmos um sistema representativo decente e um capitalismo razoável, vai demorar. A razão da demora? Insisto na responsabilidade principal: nossas elites — todas elas, não só o Grande Capital, sindicatos e corporações de Estado também— são muito MEDIOCRES!

Paulo Roberto de Almeida 

UM ABOMINÁVEL MUNDO NOVO?

Bolívar Lamounier - 29.06.2021


A democracia liberal mal se iniciava e sua morte já era anunciada dia sim e outro também. Um caso de mortalidade infantil.

No momento atual, com o mundo engolfado nessa monstruosa pandemia, ninguém se surpreenderá com o reaparecimento do tema. Agora, já mais que centenária, não há dúvida de que ela integra um grupo de altíssimo risco. Os fatores cogitados como causas do anunciado óbito variam, é claro, e é com eles que nos devemos preocupar. O mais invocado é uma reversão da interdependência mundial, cada país ensimesmando-se, concentrando-se em seus problemas internos  e deixando o resto ao Deus dará. Outra tecla continuamente martelada é a perda de hegemonia dos Estados Unidos, vale dizer, a  debilitação da grande potência do norte em relação às demais – à China, notadamente. Semanas atrás, Henry Kissinger discorreu longamente sobre esse tema, frisando que tal hipótese significaria a liquefação do ideário liberal frente ao férreo totalitarismo asiático. Tudo isso soa razoável no campo das hipóteses, mas se queremos pensar a sério sobre o futuro da democracia  liberal, precisamos de um recuo histórico maior e de mais cuidado com os conceitos.

Nunca é demais lembrar que a democracia liberal-representativa só começa a se configurar plenamente por volta da quarta década do século 19. Até então, com as exceções parciais  da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, o mundo se dividia em países desabridamente autoritários  e em embriões de democracia. Estes existiam em sociedades oligárquicas, nas quais o jogo político limitava-se a pequenos grupos  de elite – proprietários de terra, comerciantes e uns poucos profissionais liberais, como advogados e médicos. A  população habilitada a votar era uma minúscula parcela imersa numa vasta maioria analfabeta, empregada em atividades rurais e completamente excluída da vida pública. 

Um ponto importantíssimo, raramente ressaltado mesmo por renomados acadêmicos, é que esse era o cenário invocado pelos primeiros  críticos do liberalismo, que atestavam o óbito da democracia quando ela apenas engatinhava. Tomando a nuvem por Juno, tais críticos julgavam estar vendo um cemitério, e não o início de uma caminhada cheia de opções e possibilidades.

Tomando só os pontos mais importantes, a segunda pretensão de atestar o óbito da democracia surgiu entre a segunda e a terceira décadas do século XX, na esteira da Revolução Russa e da marcha fascista sobre Roma. O horizonte que agora se descortinava compunha-se de um elenco muito mais complexo, protagonistas sociais de maior peso, entre os quais os sindicatos e partidos ideológicos se destacava. Nesse novo enredo, o leit-motiv era o confronto entre o capital e o trabalho. Resumidamente, podemos pois afirmar que a traço distintivo desse novo quadro era uma abrupta elevação do nível dos conflitos. O segundo atestado de óbito parecia emergir praticamente pronto: a colisão de interesses agigantara-se a tal  ponto que a   capacidade de resistência das “débeis” instituições da democracia não era maior que casquinhas de sorvete. O futuro pertenceria, de um lado,  a ditaduras comunistas, assentadas em sistemas de partido único e, do outro, na violência nua e crua contra a resistência e na organização compulsória dos contendores em corporações, próprias do fascismo. 

No Brasil, o modelo corporativista foi experimentado para inglês ver por Getúlio Vargas, que nunca quis organização nenhuma e sim uma ditadura personalista respaldada pelo Exército. Mas quem lhe deu o cartão vermelho foi o próprio Exército – especificamente os “pracinhas” que haviam combatido na Itália e retornaram convencidos de que o regime de Mussolini era uma grande farsa. 

Finda a Segunda Guerra Mundial, os problemas e atores eram ainda basicamente esses, mas a ideia-força sob a qual a sociedade internacional se reorganizou foi o liberalismo (político e econômico). Desde então, apesar de seus avanços e retrocessos, a democracia liberal permanece como o mais importante princípio internacional para a legitimação do poder. O fascismo do tipo italiano sumiu do mapa e  o comunismo soviético cambaleou por mais 45 anos.       

O segundo pós-guerra, marcado pela Guerra Fria, permanece vivo em nossa memória. Rachou como fendas tectônicas quase todos os países democráticos,   turbinando fatores internos de radicalização política, como foi o caso, no Brasil, da contraposição entre o lacerdismo e o getulismo. Fato é que mesmo países autoritários (como Portugal e Espanha) e outros, democráticos, que haviam recaído temporariamente no  autoritarismo se reergueram. Os elementos internos de conflito que havia em todos eles foram bem ou mal equacionados através da retomada do sistema representativo. 

Nos últimos anos, temos visto por toda parte uma legião de coveiros ansiosos por atestar, dia sim, outro também, o “fim da democracia representativa”. Claro, nada é impossível. Um dia o mundo democrático poderá  sucumbir de vez. 

Mas três afirmações podem ser feitas sem temor de errar. Em escala mundial, essa alternativa antidemocrática será um “abominável mundo novo”, pois será necessariamente totalitário, experiência sobre a qual a Alemanha e a URSS nos ensinaram o suficiente no transcurso do século 20. 

A segunda afirmação é que, por si sós, crises econômicas e baboseiras ideológicas, com ou sem pandemias não provocam rupturas profundas na ordem constitucional  democrática. Estas decorrem da gana de poder de líderes desmiolados, que não se furtam a ameaçar o convívio civilizado nas sociedades que governam. Também aqui, o exemplo brasileiro é relevante. Apeado do poder pelos militares em 1945, Getúlio Vargas, numa entrevista famosa a Samuel Wainer, mandou este recado ao país: “Eu voltarei. Mas não como político. Como líder de massas”. Não é exagero dizer que tal declaração, respondida no mesmo tom por Carlos Lacerda, foi o estopim da radicalização dos anos cinquenta, que desaguou no golpe militar de 1964.       

Aqui chegamos à minha terceira afirmação, referente a um velho equívoco do debate sobre a democracia e o liberalismo. À capenga suposição de que o sistema político liberal só é concebível em sociedades que hajam atingido um elevado nível de desenvolvimento econômico, social e educacional. Ora, nenhum teórico liberal sério jamais afirmou que o regime democrático só seria possível numa sociedade igualitária, constituída por unidades iguais em massa e peso, como bolas numa mesa de bilhar. 

Desde seus primórdios, a democracia, como qualquer outro sistema, teve que enfrentar os dilemas da acumulação de capital (ou seja, o crescimento econômico) e a ordenação ou regulamentação institucional dos conflitos (instituições respeitadas), com as desigualdades e enfrentamentos que deles decorrem. 

Salta aos olhos que o mundo pós-pandêmico terá de enfrentar grandes desafios, mas não necessariamente desafios que ponham em xeque a própria sobrevivência da ordem liberal-democrática. No Brasil, por exemplo, os últimos sessenta ou setenta anos evidenciam equívocos monumentais. O mega-endividamento externo do general-presidente Ernesto Geisel e mais recentemente o criminoso desperdício de recursos com a construção de estádios da era Lula-Dilma, por exemplo. 

Na  citada sequência de tolices, não nos demos conta de que nossas prioridades tinham que ser o fortalecimento do setor privado da economia e a destinação  de vultosos recursos para os setores de ciência e tecnologia, saneamento básico, saúde e, naturalmente, educação básica.  Essa reorientação será um imperativo inarredável, em relação ao qual a transparência e as divergências inerentes à  democracia serão uma grande alavanca, e não um obstáculo, como não se cansam de afirmar os idiotas incuráveis e os pregoeiros do autoritarismo.


Devemos homenagear e honrar o capitalismo? Não creio - Paulo Roberto de Almeida, Steve Horwitz, Joaquim Neto,

 Leiam primeiro, se desejarem, o texto abaixo de Steve Horwitz, uma espécie de In Praise of Capitalism.

O debate é relevante, e  tem a ver com a “natureza” das coisas. Acadêmicos em geral tendem a tratar o capitalismo e o socialismo (o verdadeiro, não a social-democracia) como dois “sistemas”, geralmente contrapostos: ou seja, de um lado, o capitalismo de livre mercados e propriedade privada, de outro o regime coletivista de propriedade estatal e planejamento centralizado. 

Essa contraposição é totalmente errada, pois se existe um sistema concebido e implementado pelo homem, este é o socialismo, e é por isso mesmo que não funciona. O capitalismo, ou o que passa por ele, é apenas uma das formas da economia de mercados, de preferência totalmente livre e anárquico, e assim deve continuar (do contrário não funcionaria).

Meu comentário “em resposta” ao pequeno texto começa por dizer que ele é muito interessante, mas me parece  heuristicamente incorreto. Trata o capitalismo como se fosse uma construção social, uma instituição que pode ser moldada por seres conscientes do funcionamento da engrenagem, segundo uma racionalidade deliberada. 

Não me parece ser assim: a economia de mercado complexa — não o capitalismo, que é uma de suas formas — é um processo multiforme, não guiado intencionalmente, mas construído gradualmente, por via de ensaios e erros repetidos ao longo dos séculos. 

Não cabe elogiar o capitalismo, pois ele é completamente indiferente e inconsciente dessas querenças e malquerenças dos homens, ele vai atravessando a história e se moldando e se transformando de maneira um tanto errática. Observe que existem “n” tipos de “capitalismos” ao redor do mundo, cada um diferente do outro. 

Portanto, NÃO EXISTE um capitalismo a ser defendido ou atacado, apenas a economia de mercado, que deve ser deixada a mais livre possível. É assim que vejo as coisas. Paulo Roberto de Almeida

Steve Horwitz:

“ If what we care about are actual results and not intentions, there is no system more compassionate than capitalism. 

Nothing else has been more responsible for lifting humanity out of poverty and misery, and nothing else has made it so possible for us to care for each other intentionally in all of the ways that we do. No other system has enabled humans to engage in compassion through charity toward strangers to anywhere near the degree we do under capitalism.

Whether you want to talk about compassion as generalized benefits for the least well off or as intentional assistance for those in need, capitalism is the most compassionate system we have.”

Grato a Joaquim Neto pela transcrição, postagem e tradução:

Achei interessante repostar.

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Mais um belo e sucinto comentário do Steve Horwitz, dessa vez bem na linha do Steven Pinker, da Deirdre McCloskey, e do Frédéric Bastiat das "Harmonias Econômicas". 

É interessante notar que, talvez por causa do clima político atual (especialmente no Brasil e nos EUA), os liberais modernos tendem a enfocar o aspecto negativo da natureza humana, contrariando assim uma característica importante do Liberalismo Clássico. Nisso fazem coro com os conservadores, que batem, incessantemente, na tecla do suposto defeito de fábrica do ser humano, que é por eles conhecido como "o pecado original". 

Alguns entre os liberais modernos alertam que o otimismo perante a vida e o futuro da humanidade precederam o advento do Nazismo na Alemanha. Outros, ainda mais apocalíticos, insistem que uma Terceira Guerra Mundial nos espreita. Outros ainda, insistem que estamos cada vez menos livres (o que é uma falácia). Parecem estar seduzidos por aquilo que Ayn Rand chamou de *premissa do universo malevolente*.

O resultado prático de tudo isso é que o Capitalismo (assim como o Liberalismo) deixa de inspirar as pessoas comuns, que passam a encarar a sua defesa como um mero passatempo de intelectuais de classe média e da elite, ou seja, algo que oferece vantagens para os ricos e para os milionários em detrimento do pobre e do miserável.

Está na hora do chamado "intelectual de direita" abandonar o discurso negativo e de confronto, falar menos para a sua própria tribo, e se ocupar mais em persuadir o povão, que no frigir dos ovos, é o que realmente importa.

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"Se o que nos interessa são os resultados reais e não as intenções, [devemos concluir que] não existe sistema mais compassivo do que o capitalismo.

Nada foi mais responsável por tirar a humanidade da pobreza e da miséria, e nada nos tornou tão capazes de cuidar uns dos outros, intencionalmente, e de todas as maneiras como fazemos hoje. Nenhum outro sistema permitiu que os seres humanos se envolvessem em compaixão, por meio da caridade para com os estranhos, em um grau próximo ao que fazemos sob o capitalismo.

Quer você fale sobre compaixão como benefícios generalizados para os menos favorecidos, ou como assistência intencional para os necessitados, o capitalismo é o sistema mais compassivo que temos."


As roupas novas do novo imperador do Império do Meio - Frederic Lemaitre (Pekin, Le Monde)

 


Bustes de Mao Zedong et affiches à la gloire de la révolution à Yan’an (Shaanxi), berceau du Parti communiste chinois, le 12 juin 2021.
ROMAN PILIPEY / EPA

Xi Jinping, ultime tête pensante du destin chinois

Par Frédéric Lemaître (Pékin, correspondant)
Aujourd’hui à 05h52.
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RÉCIT « Les 100 ans du Parti communiste chinois » (3/3). Après son arrivée à la tête du parti, en 2012, le président chinois a vite douché les espoirs d’ouverture que sa nomination avait pu faire naître. Xi Jinping a montré qu’il n’entendait laisser à personne d’autre que lui le soin de réfléchir à la Chine de demain, pas plus qu’à celle d’hier. 

Ses films font le tour du monde, mais lui vit reclus. Qualifié de « Claude Lanzmann chinois » depuis Les Ames mortes (2018), ce documentaire de neuf heures sur les victimes du goulag maoïste à la fin des années 1950, Wang Bing reste un inconnu dans son pays. Les œuvres de ce cinéaste n’ont en effet jamais passé la censure. Si ce banni de l’intérieur accepte de rencontrer Le Monde, il souhaite que l’on ne divulgue pas son adresse. Pas question d’attirer l’attention des autorités locales. Pis, peu après l’entretien, un de ses proches nous recontacte et nous dit en substance : « S’il vous plaît, ne parlez pas non plus de ses projets, c’est trop sensible. »

Star internationale, Wang Bing fait, chez lui, figure de paria. Et pourtant, il tourne. Dans le magistral A l’Ouest des rails (2003), il avait chroniqué la fin d’un monde, la fermeture des immenses complexes sidérurgiques du nord-est du pays. Cette fois, c’est dans une usine textile du sud qu’il a posé sa caméra, pour suivre pendant cinq ans de jeunes ouvriers, âgés de 18 à 27 ans, contraints de trimer quatorze heures par jour sans contrat de travail et uniquement payés au rendement. Quelque 85 % des vêtements pour enfants made in China seraient produits dans ces conditions. Un film social ? Politique ? Wang Bing le nie farouchement. Sans doute est-ce trop risqué. C’est un film « sur une génération », martèle-t-il. Le titre en atteste : Une jeunesse.

Difficile pourtant, en visionnant une (infime) partie des 4 000 heures de rushes de ne pas y voir la confirmation des propos d’un autre empêcheur de penser en rond, l’historien Qin Hui. Pour lui, « l’avantage comparatif de la Chine lors de son entrée dans l’Organisation mondiale du commerce était de ne pas avoir de droits de l’homme aussi développés »« En Chine, le peuple n’a ni liberté ni protection sociale », nous expliquait cet universitaire dans l’arrière-salle d’un café pékinois, en 2019.

Face à un Occident qui estime parfois que ce pays n’est pas une économie de marché, ce provocateur opposait un contre-argument percutant : « Pendant la crise du sida, les paysans allaient jusqu’à vendre leur sang. Si ce n’est pas du libéralisme, ça ! » Autant de propos iconoclastes qui ont valu à l’un de ses livres d’histoire, Sortir du système impérial, d’être retiré de la vente dès sa sortie, en décembre 2015. Lui-même a été mis à la retraite anticipée par son employeur – l’université Tsinghua –, mais continue d’écrire et de s’exprimer, en critiquant la Chine mais sans attaquer directement le Parti communiste chinois (PCC), et encore moins son leader.

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Uma visita do além-túmulo: Frank D. McCann visita minha página em Academia.edu depois de falecido? Mistério...

 Uma surpresa: verificando a lista dos que acessaram meus trabalhos no período recente, encontro estes registros: 

Recent Activity
Read 11/10/20

Ou seja, a leitura mais recente desse "visitante" foi em 30 de junho de 2021
E quem foi o visitante?
Este aqui: 

map

University of New Hampshire
History
Emeritus
Dover, United States
Natural Resources Management + 4
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40 followers

Ora, o meu grande amigo Frank D. McCann faleceu algum tempo ANTES de 30 de junho: 

Frank McCann

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Frank McCann
NascimentoFrancis Daniel McCann
15 de dezembro de 1938
Morte2 de abril de 2021 (82 anos)
CidadaniaEstados Unidos
Ocupaçãohistoriador, professor universitário

Francis Daniel McCann, mais conhecido como Frank McCann (15 de dezembro de 1938 — 2 de abril de 2021) foi um historiador dos Estados Unidos, especialista na atuação do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.[1] Foi professor da Universidade de Nova Hampshire.

Professor emérito de Relações Internacionais na UFF, foi chamado de "um grande americano e um grande amigo do Brasil".

Brasilianista militar

Generalleutnant Otto Fretter-Pico (à esquerda) rendendo-se ao General Olímpio Falconière da Cunha (ao centro) da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária.

Brasilianista famoso, escreveu o livro Soldados da Pátria,[7] sobre a mentalidade e políticas internas do Exército Brasileiro durante o período formativo após a Guerra do Paraguai e a proclamação da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937. Frank também escreveu outra grande obra, o livro Aliança Brasil-Estados Unidos 1937-1945,[8] estudando as relações entre Brasil e Estados Unidos;[1] publicado pela primeira vez em 1974, concorreu com menção honrosa ao Prêmio Bolton e vencedor do Prêmio Bernath de 1975.[9] Ele foi editado no Brasil pela Biblioteca do Exército (Bibliex).[8] Um dos comentários feito por McCann foi o convite ao Brasil para participar da administração da Áustria ocupada ao fim da Segunda Guerra.[10][11][12][13]

Além de bibliografia de referência, Frank McCann também publicou diversos periódicos e foi convidado a escrever capítulos em livros, geralmente voltados para a Força Expedicionária Brasileira. Dentre essas várias contribuições, está o último capítulo na 3ª edição (revisada e aumentada) do livro A Luta dos Pracinhas: A FEB 50 anos depois - uma visão crítica, de Joel Silveira e Tassilo Mitke. Em seu periódico Brazil and World War II: The Forgotten Ally. What did you do in the war, Zé Carioca?,[3] McCann traz uma visão global sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, analisando o pensamento estratégico das lideranças brasileiras, como Góes Monteiro e Getúlio Vargas, atuação no Atlântico Sul e na Itália. O texto analisa brevemente a aviação brasileira, mas o seu foco principal é no elemento terrestre. Sobre a divisão expedicionária, McCann concluiu:

A FEB cumpriu todas as missões que lhe foram confiadas e comparou-se favoravelmente com as divisões americanas do Quarto Corpo (en). Infelizmente, o forte simbolismo de Monte Castello obscureceu a vitória da FEB em Montese em 16 de abril, na qual tomou a cidade após uma batalha exaustiva de quatro dias, sofrendo 426 baixas. Nos dias seguintes, lutou contra a 148ª Divisão alemã e as divisões italiana fascistas Monte RosaSan Marco e Italia, que se renderam ao General Mascarenhas em 29-30 de abril. Em questão de dias, os brasileiros prenderam e receberam a rendição de 2 generais, 800 oficiais e 14.700 soldados. A 148ª foi a única divisão alemã intacta a se render nessa frente. Embora tivessem pouca preparação e servissem sob comando estrangeiro, contra um inimigo experiente em combate, os "Smoking Cobras" (Cobras Fumantes), como era apelidada a FEB, haviam mostrado, como dizia uma de suas canções, a "fibra do exército brasileiro" e a "grandeza de nossa gente". (McCann, 1995, pg.15)[13]

A canção mencionada por McCann é a Fibra de Herói.[14][15] Outros livros menos conhecidos incluem Modern Brazil: Elites and Masses in Historical Perspective (Brasil Moderno: elites e massas em perspectiva histórica, ainda sem tradução para o português), em coautoria com Michael L. Conniff, e A Nação Armada: Ensaios sobre a História do Exército Brasileiro.[4] Seu último livro foi Brazil and the United States During World War II and Its Aftermath: Negotiating Alliance and Balancing Giants, publicado em 6 de outubro de 2018 pela editora Palgrave MacMillan.[4]

O governo brasileiro reconheceu seu compromisso com o estudo do país, conferindo-lhe o título de Comendador da Ordem do Rio Branco (1987) e a Medalha do Pacificador (1995).[4] O professor Frank McCann era fluente em português.[16]

Bibliografia

  • Soldados da Pátria: História do Exército brasileiro de 1889 a 1937, Companhia das Letras, 2004 e 2009.[7]
  • Aliança Brasil-Estados Unidos 1937-1945, Biblioteca do Exército (Bibliex), 1995.[3][8]
  • A Nação Armada: Ensaios sobre a História do Exército Brasileira, Editora Guararapes, 1982.[4]
  • Modern Brazil: Elites and Masses in Historical Perspective, University of Nebraska Press, 1989.[4][5]
  • Brazil and the United States During World War II and Its Aftermath: Negotiating Alliance and Balancing Giants, Palgrave MacMillan, 2018.[4]

Periódicos

  • Brazil and World War II: The Forgotten Ally. What did you do in the war, Zé Carioca?, University of New Hampshire, 1995.[3]
  • Airlines and Bases: Aviation Diplomacy; The United States and Brazil, 1939-1941, Inter-American Economic Affairs, 1968.[3]
  • The Rise and Fall of the Brazilian-American Military Alliance, 1942-1977, University of New Hampshire, 2015.[17]


Um mistério a resolver: quem acessou minha página a partir da identidade de Frank McCann?