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quinta-feira, 1 de julho de 2021

Devemos homenagear e honrar o capitalismo? Não creio - Paulo Roberto de Almeida, Steve Horwitz, Joaquim Neto,

 Leiam primeiro, se desejarem, o texto abaixo de Steve Horwitz, uma espécie de In Praise of Capitalism.

O debate é relevante, e  tem a ver com a “natureza” das coisas. Acadêmicos em geral tendem a tratar o capitalismo e o socialismo (o verdadeiro, não a social-democracia) como dois “sistemas”, geralmente contrapostos: ou seja, de um lado, o capitalismo de livre mercados e propriedade privada, de outro o regime coletivista de propriedade estatal e planejamento centralizado. 

Essa contraposição é totalmente errada, pois se existe um sistema concebido e implementado pelo homem, este é o socialismo, e é por isso mesmo que não funciona. O capitalismo, ou o que passa por ele, é apenas uma das formas da economia de mercados, de preferência totalmente livre e anárquico, e assim deve continuar (do contrário não funcionaria).

Meu comentário “em resposta” ao pequeno texto começa por dizer que ele é muito interessante, mas me parece  heuristicamente incorreto. Trata o capitalismo como se fosse uma construção social, uma instituição que pode ser moldada por seres conscientes do funcionamento da engrenagem, segundo uma racionalidade deliberada. 

Não me parece ser assim: a economia de mercado complexa — não o capitalismo, que é uma de suas formas — é um processo multiforme, não guiado intencionalmente, mas construído gradualmente, por via de ensaios e erros repetidos ao longo dos séculos. 

Não cabe elogiar o capitalismo, pois ele é completamente indiferente e inconsciente dessas querenças e malquerenças dos homens, ele vai atravessando a história e se moldando e se transformando de maneira um tanto errática. Observe que existem “n” tipos de “capitalismos” ao redor do mundo, cada um diferente do outro. 

Portanto, NÃO EXISTE um capitalismo a ser defendido ou atacado, apenas a economia de mercado, que deve ser deixada a mais livre possível. É assim que vejo as coisas. Paulo Roberto de Almeida

Steve Horwitz:

“ If what we care about are actual results and not intentions, there is no system more compassionate than capitalism. 

Nothing else has been more responsible for lifting humanity out of poverty and misery, and nothing else has made it so possible for us to care for each other intentionally in all of the ways that we do. No other system has enabled humans to engage in compassion through charity toward strangers to anywhere near the degree we do under capitalism.

Whether you want to talk about compassion as generalized benefits for the least well off or as intentional assistance for those in need, capitalism is the most compassionate system we have.”

Grato a Joaquim Neto pela transcrição, postagem e tradução:

Achei interessante repostar.

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Mais um belo e sucinto comentário do Steve Horwitz, dessa vez bem na linha do Steven Pinker, da Deirdre McCloskey, e do Frédéric Bastiat das "Harmonias Econômicas". 

É interessante notar que, talvez por causa do clima político atual (especialmente no Brasil e nos EUA), os liberais modernos tendem a enfocar o aspecto negativo da natureza humana, contrariando assim uma característica importante do Liberalismo Clássico. Nisso fazem coro com os conservadores, que batem, incessantemente, na tecla do suposto defeito de fábrica do ser humano, que é por eles conhecido como "o pecado original". 

Alguns entre os liberais modernos alertam que o otimismo perante a vida e o futuro da humanidade precederam o advento do Nazismo na Alemanha. Outros, ainda mais apocalíticos, insistem que uma Terceira Guerra Mundial nos espreita. Outros ainda, insistem que estamos cada vez menos livres (o que é uma falácia). Parecem estar seduzidos por aquilo que Ayn Rand chamou de *premissa do universo malevolente*.

O resultado prático de tudo isso é que o Capitalismo (assim como o Liberalismo) deixa de inspirar as pessoas comuns, que passam a encarar a sua defesa como um mero passatempo de intelectuais de classe média e da elite, ou seja, algo que oferece vantagens para os ricos e para os milionários em detrimento do pobre e do miserável.

Está na hora do chamado "intelectual de direita" abandonar o discurso negativo e de confronto, falar menos para a sua própria tribo, e se ocupar mais em persuadir o povão, que no frigir dos ovos, é o que realmente importa.

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"Se o que nos interessa são os resultados reais e não as intenções, [devemos concluir que] não existe sistema mais compassivo do que o capitalismo.

Nada foi mais responsável por tirar a humanidade da pobreza e da miséria, e nada nos tornou tão capazes de cuidar uns dos outros, intencionalmente, e de todas as maneiras como fazemos hoje. Nenhum outro sistema permitiu que os seres humanos se envolvessem em compaixão, por meio da caridade para com os estranhos, em um grau próximo ao que fazemos sob o capitalismo.

Quer você fale sobre compaixão como benefícios generalizados para os menos favorecidos, ou como assistência intencional para os necessitados, o capitalismo é o sistema mais compassivo que temos."


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