1Seguem algumas imagens das duas carreiras de Neli Aparecida de Mello-Théry, a primeira em planejamento urbano e gestão ambiental, a segunda como professora na Universidade de São Paulo, esta última em colaboração estreita com a França e mantida até o fim1.
2O início da carreira de Neli foi primeiro em Goiás, depois em Brasília
1975-1985 Instituto de Desenvolvimento Urbano e Regional de Goiás (INDUR), técnica em planejamento, elaboração de projeto de desenvolvimento para o aglomerado urbano de Goiânia e do Atlas Geográfico do Estado de Goiás
1985-1987 Conselho Nacional do Desenvolvimento Urbano (CNDU), assessora à Diretoria do CNDU. Levantamento dos projetos de lei relativos ao desenvolvimento urbano no Congresso Nacional
1987-1992 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Diretora de Pesquisa e Divulgação (1990-1991), Coordenadora do Relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92)
1995 Secretaria de Meio Ambiente e Tecnologia do Distrito Federal, SEMATEC, Brasil, Diretora de Educação Ambiental
1995-1999 Ministério do Meio Ambiente e da Amazonia Legal (MMA) Secretaria da Amazônia, Secretária Técnica do Subprograma de Políticas de Recursos Naturais do PPG-7.
3Em 1992, quando o Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (conhecido como PPG7) foi lançado, o Brasil estava sob grande pressão internacional devido à degradação da Amazônia. Financiado com US$ 428 milhões, o programa teve quatro componentes, que deram origem a 28 projetos. A participação da sociedade civil brasileira fez com que a iniciativa ganhasse ainda mais relevância2.
4O primeiro desses componentes foi a criação de uma política nacional de manejo dos recursos naturais, onde Neli chefiava o Subprograma de Política de Recursos Naturais (SPRN) que se dedicava explicitamente ao fortalecimento de órgãos estaduais voltados para a gestão ambiental e de outras organizações participantes.
Secretaria da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 1996
©Hervé Théry, 1996
5Como parte de suas funções, Neli costumava viajar para a Amazônia (cerca de uma vez por mês), indo sucessivamente a cada um dos Estados da região para se reunir com autoridades ambientais, mas também com as comunidades locais.
Com as comunidades em Nova Mamoré, Rondônia, 1996
©Hervé Théry, 1996
6No entanto, essas funções oficiais não a impediram de retomar os seus estudos, obtendo em 1997 um Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília, UnB, “A urbanização pública do Distrito Federal e o comprometimento ambiental: o caso da sub-bacia do Riacho Fundo”, orientado por Marta Adriana Bustos Romero.
7Este mestrado brasileiro foi o prelúdio de uma mudança de carreira, da gestão ambiental para o ensino e pesquisa, iniciado pela redação de uma tese na França.
8A redação da tese, por mais absorvente que seja, foi acompanhada por diversas atividades, como a participação no Festival Internacional de Geografia de Saint-Dié: quando o Brasil foi o país convidado, em 1998, Neli fez parte da delegação brasileira. Ela também encontrou tempo, pois tinha um grande interesse nesta atividade, para fazer trabalho de campo na França.
1998 – 1999 DEA (diplôme d’études approfondies) Géographie et Pratique du Développement. Université de Paris X – Nanterre, « Les bassins hydrologiques urbains », (orientador Alain Dubresson).
1999-2002 Doutorado em co-tutela entre a Université de Paris X, Nanterre, Paris X (orientador: Alain Musset) et a Universidade de São Paulo, USP (orientador: Wanderley Messias da Costa, Políticas públicas territoriais na Amazônia brasileira: conflitos entre conservação ambiental e desenvolvimento.
Neli delegação brasileira no Festival Internacional de Geografia de Saint Dié, outubro 1998
©Hervé Théry, 1998
Trabalhando na tese, 4 janeiro de 2002
©Hervé Théry, 2002
Trabalho de campo em Dol de Bretagne, maio de 2000
©Hervé Théry, 2000
Defesa da tese, 2002
©Hervé Théry, 2002
9De volta ao Brasil, Neli passou três anos no CDS, centro de estudos do desenvolvimento sustentável da Universidade de Brasília, antes de ser eleita professora da USP, onde lecionou na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) desde a sua criação, em 2005, e na unidade foi também coordenadora do bacharelado em Gestão Ambiental
Com alunos em Piracicaba 2007
©Hervé Théry, 2007
10Entre 2014 e 2018, foi vice-diretora da EACH, quando também esteve à frente da Comissão Ambiental, atuando na construção de valores e soluções que definiram o marco do planejamento e da gestão ambiental de unidade.
Palestra na ocasião dos dez anos de fundação da EACH 2015
©EACH 2015
11Em 2011 sete títulos da Edusp, a editora da USP, foram selecionados pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) para figurar na lista de livros a serem distribuídos entre professores e bibliotecas da rede pública estadual. Entre eles estava o Atlas do Brasil, de Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello-Théry3. A venda total foi de 64 mil exemplares – uma das maiores já realizadas pela Editora da USP.
O Atlas do Brasil escolhido para distribuição nas escolas do Estado de São Paulo
©Ernani Coimbra
12Ao longo desse período em São Paulo, o trabalho de campo continuou sendo uma das atividades centrais de Neli, tanto para suas atividades de pesquisa quanto para a formação desses alunos. Era tão importante para ela que lhe dedicou um de seus últimos artigos, publicado em 2020 na revista Confins, “O campo é um laboratório para a gestão ambiental”4.
Trabalho de campo com a Defesa civil 25 agosto 2008