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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Cinco livros sobre — e para — a democracia - André Spitzer (Estado da Arte)

 Gostei dos cinco livros, conheço dois, parcialmente um terceiro e desconhecia os demais, por isso a breve resenha de cada um, para mim e para todos é muito bem vinda. A única observação que eu faria é a de que estamos num ambiente universitário americano, ou seja, o universo conceitual tem muito a ver como debate na academia dos EUA. Sendo eu mais “europeu” do que “americano”, apreciaria ter um debate refletindo também o universo intelectual europeu.

Paulo Roberto de Almeida 

Cinco livros sobre — e para — a democracia

por André Spritzer

.. https://estadodaarte.estadao.com.br/cinco-livros-democracia-andre-spritzer/?fbclid=IwAR14mVpTWhY4AfBhiEiAfH_g0rPyu__k0SI3uN44gqoqQhaAT7T5p9tvIJ0

Fui instigado a recomendar cinco livros sobre democracia. Há muitos excelentes e escolher somente cinco é uma tarefa árdua, quase impossível. Os livros abaixo não são exatamente os meus favoritos (acho que não consigo fazer esse tipo de classificação) e tampouco estão organizados por ordem de preferência, mas os escolhi por julgar que, dado o momento atual, são obras da literatura internacional que podem enriquecer o debate público, trazendo perspectivas diferentes e complementares sobre o tema. Sem mais delongas:

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On Democracy, de Robert Dahl (Yale University Press, 2020)

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(Reprodução)

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Em On Democracy (“Sobre a Democracia”, Editora UNB), o cientista político Robert Dahl (1915-2014), um dos principais pensadores contemporâneos da democracia, apresenta de forma bastante acessível a sua visão do que ela é, do motivo dela ser desejável e de como a sua versão ideal difere daquela que de fato existe (chamada por ele de “poliarquia”).

A principal justificativa de Dahl para a democracia é seu caráter participativo, sendo ela o sistema que permite que cada cidadão possa participar em pé de razoável igualdade das decisões que irão afetar sua vida. A definição de democracia que ele apresenta é relativamente minimalista e procedimental (ou seja, baseada na presença de determinadas características processuais), mas vai além da mera realização de eleições: para ele, estas devem ser livres, justas e periódicas e vir acompanhadas de liberdade de expressão e associação, livre acesso à informação e uma noção de cidadania inclusiva, com sufrágio universal e direito à candidatura a cargos eletivos para todos os cidadãos. Para Dahl, as principais vantagens de um regime democrático seriam a proteção inerente de direitos e liberdades essenciais, a mediação pacífica de conflitos e o fomento tanto à prosperidade material e ao desenvolvimento humano quanto à paz entre os países (algo que se pode observar empiricamente: não há guerras entre democracias). Ainda assim, o autor ressalta que a democracia de nenhum país atende perfeitamente a todos os critérios, de forma que democracia seria mais um espectro (ou seja, algo que varia por uma faixa de valores) do que uma noção binária e seu aperfeiçoamento continuado deva ser sempre uma meta de qualquer sociedade.

Mesmo que a visão de Dahl sobre o tema seja uma entre várias possíveis, no contexto político brasileiro atual este livro é interessante por ser uma leitura fácil, mas que já provoca uma reflexão mais precisa, profunda e sistemática sobre o que é a democracia. Por mais que tenhamos adquirido uma certa noção de democracia devido à vivência em regime democrático das últimas décadas, pesquisas mostram como a sociedade brasileira ainda não evoluiu a ponto de adequadamente internalizar valores liberais-democráticos. Isso é um problema que acomete tanto a população em geral quanto a elite formadora de opinião e se manifesta na forma como pensamos e fazemos a política. Uma das formas de combater isso é trazermos essa discussão para a própria sociedade de forma direta e afirmativa. Livros como este podem ser bons instrumentos para fomentar essa educação democrática.

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The End of History and the Last Man, de Francis Fukuyama (Free Press, 2006)

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(Reprodução)

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The End of History and the Last Man (“O Fim da História e o Último Homem”, Rocco) é um livro influente e controverso, mas talvez muito mais citado do que de fato lido e compreendido—apesar de não ser de difícil leitura. O livro, que fez do autor, o cientista político Francis Fukuyama, um verdadeiro superstar do pensamento político no início dos anos 90, é um aprofundamento de um ensaio que ele escreveu em 1989—portanto, antes da queda do Muro de Berlim—e foi publicado em 1992, no meio da onda de democratizações decorrentes do fim da União Soviética e do otimismo com a democracia liberal que a acompanhou. Tanto o ensaio original quanto o livro tratam de como a democracia seria a melhor forma de governo que o ser humano seria capaz de conceber, sendo esta, assim, o fim da história. A controvérsia veio, pois muitos interpretaram como se Fukuyama estivesse dizendo que todos os países inevitavelmente se tornariam democracias e que, uma vez que isto ocorresse, nada mais de relevante se passaria. A tese de Fukuyama, no entanto, tem muito mais nuance e complexidade. Seu argumento é fortemente inspirado na leitura do filósofo alemão Hegel feita pelo pensador francês Alexandre Kojève, que enxerga a história como uma progressão de sistemas socioeconômicos que eventualmente produziria uma forma de governo final a partir da qual não é possível evoluir. O fim ao qual Fukuyama se refere, portanto, não é no sentido de término, mas de objetivo. Tampouco significa que, uma vez atingido, eventos irão deixar de acontecer e de que tudo será perfeito e irreversível—pelo contrário, países que se encontram no fim da história (democracias liberais) podem, sim, “voltar à história” se não tomarem as devidas precauções.

Um aspecto particularmente interessante da tese de Fukuyama é como ele a fundamenta. O autor toma emprestado de Platão o conceito de thymos, uma necessidade inata do ser humano de ter sua dignidade reconhecida pelos seus pares. Algumas pessoas se satisfariam com o que ele chama de isothymia—a necessidade de reconhecimento como um igual—, mas outras precisam de algo a mais: megalothymia, a necessidade de serem reconhecidos como melhores. Para Fukuyama, a democracia liberal capitalista seria o único sistema de governo capaz de contemplar ambos os tipos de personalidade. Dos aspectos democráticos e liberais, a possibilidade de participação política, os direitos fundamentais, a igualdade perante a lei e o devido processo assegurariam a isothymia ao tratar todas as pessoas como iguais, reconhecendo sua dignidade de forma equânime. Do aspecto capitalista, por sua vez, a possibilidade de ganhar status através do destaque social e da recompensa econômica provenientes de inovação, empreendimento e outras formas de geração de valor permite canalizar a megalothymia de modo produtivo para a sociedade como um todo. Pode ocorrer, no entanto, que a sociedade pacífica e prospera obtida através da democracia liberal não seja suficiente para satisfazer a megalothymia, o que pode acabar por conduzi-la “de volta à história”.

Para os tempos atuais, a tese do fim da história de Fukuyama é relevante por diversos aspectos, mas destaco dois. Primeiro: nunca foi de fato refutada. Ninguém conseguiu mostrar que há alguma alternativa melhor que a democracia liberal capitalista para a organização de uma sociedade humana, por mais que existam defeitos nesse sistema. Segundo: seu insight sobre como a ausência do reconhecimento da dignidade pode levar a ressentimento, potencialmente resultando em instabilidade social e até destruição da própria democracia liberal. Essa temática ressurge várias vezes na obra subsequente de Fukuyama, incluindo seu recente livro Identity (“Identidades”, Dom Quixote), que trata de como as democracias liberais têm tido dificuldade em lidar com a crescente tendência de algumas pessoas a exigirem reconhecimento de suas identidades não como indivíduos, mas como membros de grupos identitários.

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Strangers in Their Own Land, de Arlie Hochschild (The New Press, 2018)

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No livro Strangers in Their Own Land (“Estranho em Sua Própria Terra”)a socióloga americana Arlie Hochschild, professora na Universidade de Berkeley, na Califórnia, narra como decidiu furar a bolha quase exclusivamente progressista em que vivia para tentar entender o que levava comunidades empobrecidas a aderirem ao movimento de extrema-direita Tea Party, que defendia políticas que, ao menos à primeira vista, lhes seriam objetivamente prejudiciais. Intrigada por este paradoxo, ela passou cinco anos em uma antes próspera e agora decadente comunidade na Louisiana acometida por um alto nível de desemprego causado pela crescente automação e por uma grande incidência de doenças decorrentes da enorme poluição produzida pela exploração desregulada dos recursos naturais da região pela indústria do petróleo, dominante na economia local. Ao contrário da visão superficial pré-concebida por muitos de seus pares progressistas, ela encontrou uma comunidade repleta de pessoas gentis, inteligentes, caridosas, com forte senso comunitário, muita perseverança e até grande apreço pelo meio ambiente e tristeza por sua visível deterioração. Interessantemente, ela observou que, apesar de terem ciência do impacto da degradação ambiental em suas vidas e que esta era causada principalmente pelas petrolíferas, a raiva das pessoas era direcionada ao governo federal e não às empresas. Em sua pesquisa, portanto, Hochschild tentou entender essas pessoas e o que estava por trás dessa atitude aparentemente ilógica.

O principal insight de Hochschild em sua pesquisa é que as pessoas têm o que ela chama de “história profunda”—uma narrativa pessoal que pode não ser factualmente real, mas é sentida por elas como tal. No caso dos moradores dessa comunidade na Louisiana, ela identificou uma história de humilhação e ressentimento. Essas pessoas—em geral brancas, de classe trabalhadora, cristãs religiosas e bastante tradicionais nos costumes—acreditavam piamente no ideal do “sonho americano”: a noção de que esforço levaria à prosperidade. Apesar de seu empenho, no entanto, o tempo passava e a recompensa não vinha. Não só isso, como ao mesmo tempo em que estavam com suas vidas estagnadas ou piorando, viam alguns grupos furarem a fila para o sonho americano: negros conseguindo empregos que antes eram de brancos, mulheres conseguindo empregos que antes eram de homens, refugiados e imigrantes passando na frente. Para elas, ações afirmativas não eram medidas para corrigir injustiças do passado, mas sim concessões de vantagens indevidas hoje—e estavam sendo implementadas por um governo presidido por um negro apoiado majoritariamente por uma elite educada que abertamente as desprezava, as enxergando como um bando de caipiras carolas, retrógrados, simplórios, ignorantes e de pouca educação. Essas pessoas dessa pequena comunidade da Louisiana sentiam que elas eram os verdadeiros americanos—o coração do país—e que mesmo assim estavam sendo passadas para trás e humilhadas pelas elites culturais e políticas. Se sentiam estranhas em sua própria terra.

Apesar de tratar de circunstâncias e fenômenos restritos à um pequeno reduto dos Estados Unidos, a pesquisa de Hochschild é generalizável por dar concretude e até certa sistematização—na noção de história profunda—a algo que Fukuyama e outros autores também abordam: a necessidade que as pessoas têm de serem respeitadas e reconhecidas e de que quando marginalizamos determinados grupos e pontos de vista, abrimos as portas para um ressentimento poderoso, que pode ter consequências políticas nefastas. É verdade que muitas vezes a história profunda de determinados grupos e pessoas é, sim, amparada em preconceitos, imoralidades, falsidades e atitudes retrógradas. Mas a forma de abordar isso deve ser gradual e paciente, com empatia e compreensão e através da criação de pontes e convencimento e não com imposição, desdenho e agressividade—ou corremos o risco de alimentar um monstro ressentido, vingativo e furioso.

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Uncivil Agreement: How Politics Became Our Identity, de Lilliana Mason (University of Chicago Press, 2018)

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Uncivil Agreement (“Acordo Incivil”) trata de identidade, tribalismo e polarização, com dados de diversos estudos sobre o tema e resultados da pesquisa da própria autora, a cientista política Lilliana Mason. Mason mostra como as identidades que construímos são baseadas mais em rótulos que damos a nós mesmos do que no conteúdo desses rótulos. Ou seja, alguém que adotou para si o rótulo liberal não necessariamente possui valores liberais, apesar de se definir como tal. Essa adoção de rótulos tem implicações em como nos organizamos em sociedade: as pessoas são inerentemente tribais e procuram grupos que partilham dos mesmos rótulos e características e isso afeta como se comportam e veem o mundo. Tendemos, por exemplo, a favorecer membros de nosso “grupo” mesmo se a única coisa que tivermos em comum com eles for um rótulo vazio de significado (uma cor, por exemplo) e que nem nos conheçamos pessoalmente. Simultaneamente, olhamos com certo receio todas as pessoas que não são de nosso grupo e temos um desejo inerente não só que nosso grupo ganhe, mas—e principalmente—que os demais percam. Quanto maior o vínculo emocional com uma identidade, maior o poder dela sobre nós, distorcendo até mesmo a percepção de fatos objetivos facilmente verificáveis.

Como Mason demonstra, tribalismo é natural e, ao que tudo indica, inevitável. Em uma sociedade saudável, no entanto, nossa adesão à uma identidade em particular é equilibrada pela adesão simultânea à outras identidades—ou seja, cada pessoa é um mosaico de identidades de forma que dois indivíduos podem, por exemplo, ter identidades religiosas e político-partidárias diferentes, mas ainda assim ter fortes vínculos por identificação regional, profissional, racial, de gênero, etária ou qualquer outra. Esse cruzamento de identidades atenua o viés pro-grupo e a distorção perceptiva dos vínculos tribais, permitindo com que pessoas pertencentes a grupos diferentes coexistam e não se odeiem mutuamente, já que essas pontes entre os grupos identitários impedem a completa desumanização do outro. Um problema começa a ocorrer, contudo, quando política se torna uma identidade importante e outras identidades passam a se alinhar em torno dela.

Mason observou que ao longo das últimas décadas, nos Estados Unidos, as conexões entre democratas e republicanos foram gradualmente diminuindo. Democratas e republicanos eram tradicionalmente muito mais miscigenados, mas foram ficando a cada vez mais homogêneos e isolados uns outros. Não só diferentes identidades passaram a se alinhar em torno da identidade político-partidária, como democratas e republicanos passaram a viver vidas completamente separadas, morando em lugares diferentes, se informando por diferentes fontes, assistindo a programas diferentes na televisão, acompanhando diferentes esportes e até preferindo diferentes marcas de produtos, comidas, cervejas e refrigerante. Passaram, também, a se odiar mais mutuamente, com um grupo partidário culpando os membros do outro por todas as mazelas do país. Além do aspecto social, da corrosão da própria naçãoamericana, isso teve consequências políticas práticas ao tornar menos aceitável para o eleitorado que seus representantes façam acordos interpartidários por parte de seus representantes políticos—afinal, em sua percepção, ceder politicamente se tornou questão de vida ou morte. Mesmo que democratas e republicanos concordem no mérito sobre políticas públicas específicas, a construção de consensos e um debate racional sobre quais as melhores e mais realistas soluções para os problemas concretos do país se tornaram muito mais difíceis.

A pesquisa de Mason é mais direcionada à realidade americana, mas muito do que ela descreve pode ser observado também na política brasileira. É particularmente relevante para o Brasil o enfoque que ela dá à questão da polarização afetiva, que consiste em um vínculo emocional a identidades políticas que, quando extremado, pode ferir o tecido social e dificultar a construção de consensos mínimos que possibilitem a convivência pacífica dos diferentes grupos em uma única sociedade. Ainda que essa polarização talvez não seja tão forte no Brasil quanto nos Estados Unidos, já é um fenômeno empiricamente constatado (ou seja, perceptível) e dificulta consideravelmente não só a discussão política em torno de ideias e programas (já que identidades por definição não são negociáveis), como até mesmo a construção de coalizões contra ameaças à própria democracia.

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The Moral Foundations of Politics, de Ian Shapiro (Yale University Press, 2012)

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(Reprodução)

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Há inúmeros livros introdutórios sobre teoria política, mas o que faz de The Moral Foundations of Politics (“Os Fundamentos Morais da Política”, WMF Martins Fontes), do professor da Universidade de Yale Ian Shapiro, interessante é sua ênfase em como o aspecto moral fundamenta a legitimidade política das diversas tradições do pensamento político ocidental. Ou seja, a questão central que ele busca responder é: quando governos merecem a nossa fidelidade? Quem decide, e por quais critérios, se as leis e ações do Estado são legítimas e devem ser obedecidas?

O livro é dividido em três grandes blocos de capítulos: Iluminismo, Anti-iluminismo e Iluminismo maduro. No primeiro bloco, Shapiro explica o pensamento político do início do Iluminismo, o caracterizando como a busca da liberdade individual através da razão, e trata das tradições utilitarista (considerando autores como Jeremy Bentham, John Stuart Mill e até Vilfredo Pareto), marxista e contratualista (esta última com um especial foco em John Rawls, mas discutindo também John Locke, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau e Robert Nozick, entre outros). O bloco que segue, aborda pensadores críticos do projeto iluminista sob diversas perspectivas, como Edmund Burke, Alasdair MacIntyre, Richard Rorty e Michael Sandel, entre outros. No bloco final, Shapiro ancora o que ele considera Iluminismo maduro no princípio da falseabilidade do método científico moderno—ou seja, a ideia de que o conhecimento presente sempre pode vir a ser refutado—e em como este se integra à tradição democrática, possibilitando uma síntese da ideia iluminista original com algumas de suas críticas. Em sua discussão sobre democracia, ele aborda autores como Aristóteles, Platão, James Madison, Alexis de Tocqueville e Joseph Schumpeter.

Apesar de ser um livro relativamente curto, Shapiro passa de forma rigorosa pelas principais correntes do pensamento político ocidental desde o Iluminismo, explicando e contextualizando cada uma e explorando seus pontos fortes e fracos de forma objetiva e equilibrada (ainda que o autor claramente tenha suas preferências e deixe isso explícito). Esse, inclusive, é um dos pontos fortes da obra: Shapiro não toma nada como certo ou verdadeiro a priori, considerando os argumentos de cada autor e tradição pelo que são. Para o momento atual, o livro é particularmente relevante por realçar como não há nem respostas fáceis e óbvias para questões morais, nem ideologia, tradição ou sistema de pensamento que consiga responder a tudo de forma adequada. Não só tradições e linhas de pensamento podem incorrer em contradições ou resultar em óbvios absurdos quando aplicadas em determinados casos, como duas pessoas podem ter noções diametricamente diferentes de certo e errado e ambas estarem ancoradas em argumentações sólidas. Especificamente para o caso brasileiro, o livro também é interessante pelo seu foco no aspecto moral como o que sustenta a legitimidade política, indo, portanto, muito além dos debates que normalmente temos em nossa esfera pública, que costumam pautar a política através de um prisma quase exclusivamente econômico e conjuntural. A forma como pensamos e fazemos política é reveladora de como nos enxergamos enquanto sociedade e isso sustenta não só as escolhas que fazemos para economia e arranjo institucional, como também os políticos que elegemos e nossas próprias atitudes quando ocupamos uma instituição pública (eleita ou não) ou mesmo quando atuamos enquanto cidadãos privados.

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André Spritzer

André Spritzer é Doutor em Computação pela UFRGS, com estágio de pós-doutorado no INRIA (Aviz/Paris) e na UFRGS. Pesquisou Ciência Política e Relações Internacionais na UoL/LSE.


Argentina: índice de pobreza em constante aumento nos últimos 40 anos, agora chegando perto do Brasil - Ricardo Esteves (Clarin)

Será que os argentinos já se conformaram com a sua decadência? Eles têm muito a nos ensinar...

Entre el abismo y la esperanza

En los primeros doce años de kirchnerismo no solo se “fumaron” toda la bonanza que prodigó la década de oro de los precios de las materias primas, sino que le dejaron al país una pesadísima y nefasta herencia difícil de revertir.

Ricardo Esteves

 Clarín, Buenos Aires – 16/02/2022

 

El indicador más relevante para medir el desempeño de un país en vías de desarrollo como es el caso de la República Argentina es el índice de pobreza. Bien se puede decir que el país viene arrastrando desde hace varias décadas un nivel de pobreza estructural levemente superior al 30% (aunque en el presente ha superado el 40%).¿Cómo se logran revertir estos funestos índices? La única forma es a través de la inversión y el empleo. Sin inversión y sin empleo será imposible reducir la pobreza.

Si bien inversión hay hasta en las circunstancias más adversas, se requieren tasas más elevadas para modificar el actual cuadro social. ¿Qué necesita la inversión para ser estimulada? Muchos factores coadyuvan, sin embargo hay dos dimensiones que son fundamentales: condiciones de rentabilidad (presión impositiva, estabilidad monetaria y libertad cambiaria son requisitos imprescindibles, aunque no los únicos) y clima favorable, donde la seguridad jurídica y el mantenimiento de las reglas de juego desempeñan un rol central.

Visto desde esta perspectiva, es un largo y arduo camino que le resta a la Argentina por andar. Sin mejoras sustanciales en estos dos planos el país no podrá reducir su pobreza estructural.

Se trata de objetivos que se alcanzan luego de disciplinados procesos. Para colmo, el sistema político y el cronograma electoral no ayudan. El clima favorable a la inversión requiere de la continuidad de las políticas más allá de un mandato gubernamental. Y mucho mejor aun si la continuidad se da entre partidos de distinto signo político, como sucedió en Brasil, Chile o Uruguay, países que a diferencia de Argentina lograron mejoras contundentes en el campo social.

La estabilidad monetaria -desterrar la inflación- y un nivel impositivo adecuado no se logran de un día para el otro, sino que son el fruto de una senda de sacrificios y autocontrol. Por tanto, no se percibirá una reacción contundente de la inversión hasta que esos objetivos se encuentren plenamente afianzados.

La reacción de los inversores será paulatina, y no por el solo hecho de que se opte por el camino apropiado. Quien volcará su dinero en un proyecto de inversión debe saber que al final del proceso habrá un beneficio, y no que su capital va a parar al fisco vía impuestos o se licuará en la volatilidad de la inflación o el tipo de cambio.

El gran problema de asumir esta ruta, la genuina ruta de la reducción de la pobreza y el desarrollo, es que quien la tome corre el riesgo de trabajar para perder las siguientes elecciones, ya que será un trayecto de austeridad y privaciones sin percibir los beneficios que conlleva alcanzar las metas.

Tendrá que ir convenciendo a la sociedad en base a su palabra y contra la constante cantinela irresponsable del populismo y la acción desestabilizadora de su aguerrida militancia. En ese trance, será muy importante la concepción que tenga la sociedad de nuestra historia reciente.

Por de pronto, que entienda que los primeros doce años de kirchnerismo no solo se “fumaron” toda la bonanza que prodigó la década de oro de los precios de las materias primas, sino que le dejaron al país una pesadísima y nefasta herencia difícil de revertir.

Por muy poco o muy malo que pueda haber hecho la gestión de Macri, es poco relevante en relación a la bomba que recibió. Si bien posiblemente los medios académicos y profesionales independientes sean conscientes de estas realidades y de los mecanismos que conducen al desarrollo, la pasividad de la oposición en esta materia, y sobre todo la propaganda masiva que ha implementado esta nueva versión de kirchnerismo para adosarle el rotundo fracaso de sus doce iniciales años de gobierno a la transitoria administración de Macri impregnen a la sociedad de esa gran falacia.

Ese falso relato puede calar en la gran masa de votantes -y no solo en la clientela natural del kirchnerismo- y condicionar el destino del país. Por otro lado, ¿quién le explica a la sociedad como es el proceso de inversión y como impacta en su bienestar? Y que fomentarla no consiste en “regalarle plata a los ricos” con medidas que la tornen atractiva, sino que implica incentivar a quien tiene capital a que lo convierta en un emprendimiento con empleos genuinos.

Se habla, sí, de la inversión, pero para el hombre común no deja de ser un término abstracto. Hecha esta reseña, no habría mucho margen para el optimismo. Sin embargo, es altamente probable que la Argentina sea nuevamente bendecida, aunque no con la intensidad del ciclo anterior, con otro período de precios favorables en los productos de exportación -y no solo de las materias primas-.

Por lo tanto, sería muy importante que esas condiciones si se concretaran, se aprovechen para sentar las bases para un crecimiento basado en la inversión y el empleo, y no sean dilapidadas solo en consumo como tristemente sucedió con el ciclo anterior.

¿Cuáles son las opciones hoy de la Argentina? ¿Seguir arrastrándonos con el actual modelo tratando que la pobreza no supere el 50%? ¿Encarar el camino de la estabilidad la inversión y el empleo? ¿O promover el caos y la descomposición social en todos los órdenes para concretar ese proyecto hegemónico que anhela un sector minoritario del país?

 

Ricardo Esteves es empresario y Licenciado en Ciencia Política.

Bozo e a Revolução Russa: tudo a ver? Provavelmente - Ricardo Bergamini

Ricardo Bergamini escreveu: 

Sendo um leigo em relações internacionais, me parece que o Brasil está sendo usado de forma hábil pela Rússia, bem como está entrando numa encrenca sem precedentes na história do Brasil.

 

Com a palavra os doutos no assunto.


 BOLSONARO ENCONTRA-SE COM PUTIN EM MOSCOU APÓS HOMENAGEM A SOLDADOS COMUNISTAS

 

CONGRESSO EM FOCO

 

16.02.2022

 

Matéria completa clique abaixo:

 

https://congressoemfoco.uol.com.br/area/mundo-cat/bolsonaro-encontra-se-com-putin-em-moscou/

 

Rússia se diz pronta para enviar tropas a Cuba e à Venezuela

 

Russos exigem que a OTAN pare com a expansão para o leste da Europa e se dizem prontos para ocupação militar de outros países

 

Por Matheus Deccache Atualizado em 14 jan 2022, 11h57 - Publicado em 13 jan 2022, 14h34 

 

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/mundo/russia-se-diz-pronta-para-enviar-tropas-a-cuba-e-a-venezuela/

 

 

A Revolução Russa

 

Ricardo Bergamini

 

 

Causas Antigas

 

Sentimento de ódio contra a tirania czarista e suas sangrentas repressões; deportações para a Sibéria; crueldade das punições: cnute; fuzilamento de operários em 1905; despotismo da aristocracia; condições de semi-escravidão dos camponeses; extrema corrupção e incompetência do governo czarista.

 

Causas Recentes

 

Sacrifícios impostos pela I Guerra Mundial; contínuas e desastrosas derrotas militares; propaganda revolucionária; desorganização da máquina governamental; desorganização da economia nacional; inflação, escassez de alimentos, miséria, caos.

 

Revoluções de Fevereiro e de Outubro de 1817

 

Em dezembro de 1916 é assassinado o tenebroso mistificador Raspútin, que tão nefasta influência exercera sobre a supersticiosa czarina e sobre o regime.

 

A 8 de março e 1917 começam os motins populares da chamada “Revolução de Fevereiro” (o calendário russo ainda não era o gregoriano). O czar Nicolau II é forçado a abdicar. O antigo parlamento (Duma) organiza um governo provisório, assim composto: 1° Ministro: príncipe Lvov; Ministro do Exterior: professor Miliukov (“kadete”: liberal moderado); Ministro da Justiça: o advogado Kerênski (deputado trabalhista).

 

Os demais ministros eram burgueses liberais. Pretendiam transformar a autocracia czarista numa monarquia constitucional, nos moldes da britânica. Por isso, proclamaram o estabelecimento das liberdades civis, libertaram os presos políticos, abriram as fronteiras aos exilados e começaram a organizar a eleição duma Assembléia Constituinte.

 

Tendo o governo provisório anunciado que pretendia continuar a guerra, forte oposição popular provoca a demissão de Miliukov (maio). Organiza-se um novo governo de coligação, em que são incluídos social-revolucionários (“essares”) e socialistas revisionistas (moderados, “minimalistas” ou “mencheviques”). Ficam na oposição os marxistas ortodoxos (radicais, “maximalistas” ou “bolcheviques”). Kerênski continua no governo, agora como Ministro da Guerra. Pouco depois é o 1° Ministro (julho). E, aos poucos, tenta instalar uma ditadura pessoal.

 

A 7 de novembro começa a “Revolução de Outubro”. Os bolcheviques já se achavam infiltrados nos sovietes (conselhos de operários, camponeses e soldados) e nas forças armadas. Chefiados por Lênin e Trótski, vencem em poucas horas e assumem o poder, proclamando a “ditadura do proletariado”.

 

No dia seguinte, 8 de novembro, Lênin decreta a imediata distribuição das terras a todos os camponeses. A 27 de novembro transfere para os operários o controle de todas as fábricas. Pouco depois são nacionalizados os bancos e a maioria dos estabelecimentos industriais. Em dezembro iniciam-se as conversações de paz com a Alemanha. Em março de 1918 é assinado o tratado de paz de Brest-Litovsk.

 

A Guerra Civil e as Invasões Estrangeiras (1918-1920)

 

O governo bolchevique foi encarniçadamente combatido por diversos exércitos de russos brancos (anticomunistas), auxiliados por forças estrangeiras (soldados alemães, finlandeses, estonianos, lituanos, poloneses, tchecoslovacos, ingleses, franceses, japoneses, norte-americanos).

 

Os massacres foram tremendos, de lado a lado. Em fins de 1920, os russos brancos e os soldados estrangeiros tinham sido definitivamente derrotados pelo exército vermelho.

 

O Totalitarismo Bolchevista

 

De 1917 a 1921 – com a guerra civil – processou-se a fase crítica, chamada “bolchevismo de guerra”, de caráter extremista: distribuição de víveres, em lugar de salários, e proibição de todo comércio particular. Durante a guerra civil, o colapso econômico foi enorme. A produção industrial caiu, em 1920, a 13% da cifra de 1913.

 

Em 1921 deu-se “um passo atrás” com a instalação da Nep (nova economia política), que permitia a fabricação e o comércio de particulares, mas em pequena escala e sob a vigilância do Estado. Esta nova política esteve em vigor até 1928 – quando começaram os Planos Qüinqüenais. Daí por diante, a manufatura e o comércio privado foram sendo restringidos cada vez mais. Em 1939 estavam quase inteiramente abolidos.

 

Admitiram-se as diferenças de salários, de acordo com o tipo de trabalho e o nível de produção. Mas continuou proibida, rigorosamente, a exploração do homem pelo homem, assim como o lucro imobiliário (aluguel, arrendamento), de modo a impossibilitar a acumulação de capitais.

 

Em janeiro de 1924 morreu Lênin. Lutaram, então, pelo poder – Stálin e Trótski. Este foi derrotado e acabou sendo expulso do país. Trótski foi assassinado em 1940, no México. 

 

Ricardo Bergamini

A imprensa no processo de Independência do Brasil: Hipólito da Costa, o Correio Braziliense e as Cortes de Lisboa de 1821 - Livro



José Theodoro Mascarenhas Menck: 

A imprensa no processo de Independência do Brasil: Hipólito da Costa, o Correio Braziliense e as Cortes de Lisboa de 1821 

(Brasília: Câmara dos Deputados, 2022, 228 p.; p. 19-41; ISBNs: Papel: 978-65-87317-75-5; E-book: 978-65-87317-76-2; Prefácio: Helena Chagas; Posfácio: Enrico Misasi).

Lançamento hoje, 16hs. Pode ser acessado digitalmente, livro e lançamento. 

Fiz a Introdução: 

“Hipólito da Costa, a censura e a independência do Brasil”

já disponível no seguinte link: https://www.academia.edu/70952484/Hipólito_da_Costa_a_censura_e_a_independência_do_Brasil_2022_

A diretora-gerente do FMI ensina aos países como recuperar o crescimento econômico (não sei se vai dar certo) - Kristalina Georgieva (IMF Blog)

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IMF Blog

Dear Colleague,

We just published a new blog—please find the full text below. 

Three Policy Priorities for a Robust Recovery

(Photo: ASIANDREAM/iStock by Getty Images)

By Kristalina Georgieva

We must work together to end the pandemic, navigate monetary tightening and shift focus to fiscal sustainability.

When the Group of Twenty finance ministers and central bank governors gather in Jakarta, in person and virtually, this week, they can take inspiration from the Indonesian phrase, gotong royong, “working together to achieve a common goal. This spirit is more important than ever as countries are facing a tough obstacle course this year.

The good news is that the global economic recovery continues, but its pace has moderated amid high uncertainty and rising risks. Three weeks ago, we cut our global forecast to a still-healthy 4.4 percent for 2022, partly because of a reassessment of growth prospects in the United States and China.

Since then, economic indicators have continued to point to weaker growth momentum, due to the Omicron variant and persistent supply chain disruptions. Inflation readings have been higher than expected in many economies; financial markets remain volatile; and geopolitical tensions have sharply increased.

That is why we need strong international cooperation and extraordinary agility. For most countries, this means continuing to support growth and employment while keeping inflation under control and maintaining financial stability—all in the context of high debt levels.

Our new report to the G20 shows just how complex this obstacle course is and what policymakers can do to get through it. Let me highlight three priorities:

First, we need broader efforts to fight ‘economic long-Covid’

We project cumulative global output losses from the pandemic of nearly $13.8 trillion through 2024. Omicron is the latest reminder that a durable and inclusive recovery is impossible while the pandemic continues.

But considerable uncertainty remains about the path of the virus post-Omicron, including the durability of protection offered by vaccines or prior infections, and the risk of new variants.

In this environment, our best defense is to move from a singular focus on vaccines to ensuring each country has equitable access to a comprehensive COVID-19 toolkit with vaccines, tests, and treatments. Keeping these tools updated as the virus evolves will require ongoing investments in medical research, disease surveillance, and health systems that reach the “last mile” into every community.

Upfront financing of $23.4 billion to close the ACT-Accelerator funding gap will be an important down payment on distributing this dynamic toolkit everywhere. Going forward, enhanced coordination between G20 finance and health ministries is essential to increasing resilience—both to potential new SARS-CoV-2 variants, and future pandemics that could pose systemic risks.

Ending the pandemic will also help address the scars from economic long-COVID. Think of the profound disruptions in many businesses and labor markets. And think of the cost to students worldwide, estimated at up to $17 trillion over their lives due to learning losses, lower productivity, and employment disruptions.

School closures have been especially acute for students in emerging economies where educational attainment was much lower to begin with—threatening to compound the dangerous divergence among countries.

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What can be done? Strong policy action. Scaling up social spending, reskilling programs, remedial training for teachers and tutoring for students will help economies get back on track and build resilience to future health and economic challenges.

Second, countries need to navigate the monetary tightening cycle

While there is significant differentiation across economies and high uncertainty going forward, inflation pressures have been building in many countries, calling for a withdrawal of monetary accommodation where necessary.

Going forward, it is important to calibrate policies to country circumstances. It means withdrawal of monetary accommodation in countries such as the United States and the United Kingdom, where labor markets are tight and inflation expectations are rising. Others, including the euro area, can afford to act more slowly, especially if the rise in inflation relates largely to energy prices. But they, too, should be ready to act if economic data warrants a faster policy pivot.

Of course, clear communication of any shift remains essential to safeguard financial stability at home and abroad. Some emerging and developing economies have already been forced to combat inflation by raising interest rates. And the policy pivot in advanced economies may require additional tightening across a wider range of nations. This would sharpen the already difficult trade-off countries face in taming inflation while supporting growth and employment.

So far, global financial conditions have remained relatively favorable, partly because of negative real interest rates in most G20 countries. But if these financial conditions tighten suddenly, emerging and developing countries must be ready for potential capital flow reversals.

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To prepare for this, borrowers should extend debt maturities where feasible now , while containing a further buildup of foreign currency debts. When shocks do come, flexible exchange rates are important for absorbing them, in most cases, but they are not the only tool available.

In the event of high volatility, foreign exchange interventions may be appropriate, as Indonesia successfully did in 2020. Capital flow management measures may also be sensible in times of economic or financial crisis: think of Iceland in 2008 and Cyprus in 2013. And countries can take macroprudential measures to guard against risks in the non-bank financial sector or where property markets are surging. Of course, all these measures may still need to be combined with macroeconomic adjustments.

In other words, we need to ensure that all countries can move safely through the monetary tightening cycle.

Third, countries need to shift their focus to fiscal sustainability

As countries emerge from the grip of the pandemic, they need to carefully calibrate their fiscal policies. It’s easy to see why: extraordinary fiscal measures helped prevent another Great Depression, but they have also pushed up debt levels. In 2020, we observed the largest one-year debt surge since the second world war, with global debt—both public and private—rising to $226 trillion.

For many countries, this means ensuring continued support for health systems and the most vulnerable, while reducing deficits and debt levels to meet their specific needs. For example, a faster scaling back of fiscal support is warranted in countries where the recovery is further ahead. This in turn will facilitate their shift in monetary policy by reducing demand and thus helping to contain inflationary pressures.

Others, especially in the developing world, face far more difficult trade-offs. Their fiscal firepower has been scarce throughout the crisis, which has left them with weaker recoveries and deeper scars from economic long-Covid. And they have little scope to prepare for a post-pandemic economy that is greener and more digital.

For example, the IMF last year described how green supply policies, including a 10-year public investment program, could raise annual global output by about 2 percent compared to the baseline on average over 2021-30.

All these policy actions can help us find new modus vivendi for a more shock-prone world. But they may be hampered by debt. We estimate that about 60 percent of low-income countries are in or at high risk of debt distress, double 2015 levels. These and many other economies will need more domestic revenue mobilization, more grants and concessional financing, and more help to deal with debt immediately.

That includes reinvigorating the G-20 Common Framework for debt treatment. This should start with offering a standstill on debt service payments during the negotiation under the framework. Quicker and more efficient processes are needed, with clarity on the steps to go through, so that everyone knows the road ahead—from formation of creditor committees to an agreement on debt resolution. And make the framework available to a wider range of highly indebted countries.

The IMF’s role

The IMF plays an important role in this area by providing macroeconomic frameworks and debt sustainability analyses. And we encourage greater debt transparency: by requesting greater disclosure of what a member country owes and to whom when it seeks IMF financing, and by working with our members through the IMF-World Bank Multi-Pronged Approach to debt vulnerability.

We also need to build on the historic allocation of Special Drawing Rights of $650 billion. As well as holding the new SDRs as reserves, some members have already begun to put them to good use. For example: Nepal for vaccine imports; North Macedonia for health spending and pandemic lifelines; and Senegal to boost vaccine production capacity.

To magnify the impact of the allocation, we encourage channeling of new SDRs through our Poverty Reduction and Growth Trust, which provides concessional financing to low-income countries, and the new Resilience and Sustainability Trust.

With its cheaper rates and longer maturities, the RST could fund climate, pandemic preparedness, and digitalization policies that would improve macroeconomic stability for decades to come. The G20 has given its strong backing to the RST, and we aim to have it fully operational this year.

As countries face up to multiple challenges, the IMF will support them with calibrated policy advice, capacity development, and financial assistance where needed. The key is to bring agility into all aspects of policymaking—but even that is not enough.

We also need to follow the spirit of Indonesia’s motto, Bhinneka Tunggal Ika—”Unity in Diversity.” Together we can get through the obstacle course to a durable recovery that works for all.