Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Resolução de Ano Novo: sempre acreditando no improvável
Paulo Roberto de Almeida
Nunca discutir com fundamentalistas,
Não porque seja cansativo, mas porque é inútil.
Cada vez que você pede provas, eles veem com opiniões.
Basta você pedir fatos, eles citam livros, autores.
Voce exige evidências, eles repetem conceitos vazios.
Você demonstra que não existe o que eles proclamam, eles retrucam: “não é porque não existe agora, que não existam projetos de fazer um...”
Você pede nomes, aí vem o tal de “eles”; substitua pelos “ricaços”, pelos comunistas, pelo George Soros, as multinacionais, os poderosos, e por aí vai.
Não contentes de serem desinformados, mas convencidos, eles ainda o acusam de cego, ingênuo, contaminado, etc.
É inútil porque a confusão mental é tamanha, que vc perde tempo tentando entender o que os néscios queriam dizer, e depois eles não entendem o que vc disse.
Por isso fico com o que diz o meu amigo João Luiz Mauad:
“Se eu disser que Papai Noel, unicórnios ou sereias não existem, não adianta você me pedir provas, porque é impossível provar que tais seres não existem.
O fato de que a ciência, a razão e a realidade são incapazes de demonstrar que algo não existe, não significa que podemos assumir, nem remotamente, que existem, apenas porque alguém diz isso, mesmo que esteja honestamente convencido disso.
Se alguém quiser propor a existência de algo, cabe a ele a responsabilidade de fornecer provas positivas do que afirma, assumindo o ônus da prova, porque quem postula a existência de qualquer coisa, sem ter as respectivas provas concretas, e não apenas conjecturas e "achismos", não deve esperar que o resto das pessoas acredite, apenas porque ele próprio acredita.”
A despeito de todo esse bando de true believers, bom ano a todos.
Paulo Roberto de Almeida
Joinville, 1 de janeiro de 2018
Escola Superior de Guerra, minha contemporânea.
Estou convidado para dar um curso em 2018 na unidade de Brasília.
Terei de pensar muito bem no que vou dizer.
Talvez faça uma resenha crítica de tudo o que os diplomatas que me precederam fizeram em suas palestras na ESG.
Paulo Roberto de Almeida
Joinvile, 1 de janeiro de 2018
1278. “A construção do direito
internacional do Brasil a partir dos pareceres dos consultores jurídicos do
Itamaraty: do Império à República”, Boletim
da Sociedade Brasileira de Direito Internacional (São Paulo: SBDI, número
especial, 2017, p. 1153-1211). Relação de Originais n. 3023.
1275. “A economia política das
relações econômicas internacionais do Brasil: paradigmas e realidades, de
Bretton Woods à atualidade”,Anais do II Encontro de
Economia Política Internacional do Programa de Pós-Graduação em Economia
Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, II ENEPI; organizadores: Bernardo Salgado Rodrigues; Laura Emilse
Brizuela; Mario Afonso Lima (Rio de Janeiro: UFRJ, 2017; p. 1348-1369; ISSN:
2594-6641; disponível: https://drive.google.com/file/d/1EX3XDKFNYnMxhzm5W8xBj_8waB6fiqRE/view;
acesso em 29/11/2017). Serviu de base a apresentação no Ipea, em 2/06/2017; disponível em
Academia.edu (https://www.academia.edu/s/cbb5ae9c50/the-political-economy-of-international-economic-relations-of-brazil-1944-2016). Relação de Originais n. 3109.
1274. “Prata da Casa, junho de
2017 a novembro de 2017” [Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Jaime
Pinsky (org.), O Brasil no contexto,
1987-2017 (São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2); (2)
Gustavo
Westmann (org.): Novos olhares sobre a
Política Externa Brasileira(São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1); (3) Rogério
de Souza Farias: Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia
econômica brasileira (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4); (4) Sergio
de Queiroz Duarte: Desarmamento e temas
correlatos (Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção
Em Poucas Palavras). (5) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): A importância da Espanha para o Brasil:
história e perspectivas (Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1);
(6) Martin
Normann Kämpf: Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o
reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896)(Brasília:
Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1)], Revista
da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 96, julho de
2017 a novembro de 2017, p. 39-41; ISSN: 0104-8503). Relação de Originais n. 3137.
1269. “O estadista político”, in:
Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias
(organizadores), Oswaldo Aranha: um
estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 2o. volume; ISBN:
978-85-7631-697-8, pp. 745-759; link:
http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914. Relação de Originais n. 3162.
1268. “O estadista econômico”, in: Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo
Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro.
Brasília: Funag, 2017, 2o. volume; ISBN: 978-85-7631-697-8, pp. 569-599;
link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914. Relação de Originais n. 3161.
1267. “O chanceler no conflito global
(1939-1945)”, Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério
de Souza Farias (organizadores), Oswaldo
Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 1o.
volume; ISBN: 978-85-7631-696-1, pp. 197-233; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=913. Relação de Originais n. 3160.
1264. “Entrevista Paulo Roberto de Almeida no Brasil Paralelo”, 29 maio
2017, no canal pessoal do YouTube (link: https://youtu.be/fWZXaIz8MUc). Relação de Originais n. 3047.
1260. “Roberto Campos: o homem que pensou o
Brasil” [Introdução], e “Roberto
Campos: uma trajetória intelectual no século XX”, in: Paulo
Roberto de Almeida (org.), O Homem que
Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos; (Curitiba:
Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0),
p. 19-33 e 203-355; DOI e-book: 10.18366/pra.0707.2017. Relação de Originais n. 3088 e 3090.
1258. “Fundando um
banco de desenvolvimento: o BNDE”, in: Ives Gandra da Silva Martins e Paulo
Rabello de Castro (orgs.), Lanterna na
Proa: Roberto Campos ano 100 (São Luís, MA: Resistência Cultural Editora,
2017, 344 p; ISBN: 978-85-66418-13-2), p. 71-74. Relação de Originais n. 3082.
1257. “Bretton Woods: o aprendizado
da economia na prática”, in: Ives Gandra da Silva Martins e Paulo Rabello de
Castro (orgs.), Lanterna na Proa: Roberto
Campos ano 100 (São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, 344 p;
ISBN: 978-85-66418-13-2), p. 52-56. Relação de Originais n. 3081.
1254. “RBPI: itinerário de uma revista essencial”, Brasília, 22 abril
2017, 3 p. Texto de comemoração dos 60 anos da RBPI, para divulgação nos canais
existentes. Mundorama
(25/04/2017; link: <http://www.mundorama.net/?p=23514>).Relação de Originais n. 3104.
1251. O Homem que Pensou o Brasil: trajetória
intelectual de Roberto Campos; Paulo Roberto de Almeida (org.) (Curitiba:
Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0); disponível para venda no link:http://editoraappris.com.br/produto/o-homem-que-pensou-o-brasil-trajetoria-intelectual-de-roberto-campos;
formato e-book: http://editoraappris.com.br/produto/e-book-o-homem-que-pensou-o-brasil-trajetoria-intelectual-de-roberto-campos. Relação
de Originais: 3099 (revisão final global); 3095 (“O homem que pensou o Brasil:
textos editoriais”, para a parte editorial do livro, inclusive para orelhas e
quarta capa); 3089 (O homem que pensou o
Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos, composição de todos os
textos, inclusive a bibliografia final de obras de Roberto Campos ano a ano);
3087 (“Roberto Campos: uma trajetória intelectual no século XX”, 146 p.;
colaboração individual ao livro organizado, p. 203-356).
1250bis. “O que
esperar de 2017: economia e política internacional”, Mundorama (21/03/2017; link: http://www.mundorama.net/?p=23347).
Relação de Originais n. 3096.
1249. “Prata da
Casa, outubro de 2016 a janeiro de 2017”, Revista da ADB, Associação dos Diplomatas
Brasileiros (ano XIX, n. 94, outubro 2016 a janeiro de 2017, p. 43-45; ISSN:
0104-8503).Miniresenhas sobre os seguintes livros: (1) João Ernesto Christófolo:
Solving Antinomies Bwtween Peremptory
Norms in Public International Law (Genebra-Zurique: Schultess Éditions
Romandes, 2016, 354 p.; ISBN: 978-3-7255-8599-1); (2) Felipe Hees: O Senado Federal brasileiro e o sistema
multilateral de comércio (1946-1967 (Brasília: Funag, 2016, 383 p.; ISBN: 978-85-7631-626-8; Coleção Política Externa
Brasileira); (3) Paulo Roberto Campos Tarrisse da
Fontoura; Maria Luiz Escorel de Moraes; Eduardo Uziel (orgs.): O Brasil e as Nações Unidas, 70 anos (Brasília:
Funag, 2015, 532 p.; ISBN: 978-85-7631-569-8; Coleção História Diplomática); (4)
Acir Pimenta Madeira Filho: Instituto de
cultura como instrumento de diplomacia (Brasília: Funag, 2016, 228 p.;
ISBN: 978-85-7631-623-7; Coleção
CAE); (5) José Vicente Pimentel (org.): Pensamiento diplomático brasileño:
formuladores y agentes de la política exterior, 1750-1964 (Brasília: Funag,
2016, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-588-9); (6) Flavio Goldman: Exposições universais e diplomacia pública (Brasília:
Funag, 2016, 296 p.; ISBN: 978-85-7631-614-5;
Coleção CAE); Publicado antecipadamente no blog Diplomatizzando (21/12/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/12/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html);
disseminado no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1371900469540066).
Publicado, na Relação de Originais n. 3068.
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Início
da série de Publicações de 2017, em ordem cronológica inversa:
Terramoto político em Angola: o acontecimento internacional de 2017
29.12.2017 às 8h00
As eleições em Angola foram a escolha da redacção do Expresso para
Acontecimento Internacional do Ano. João Lourenço, o novo Presidente
angolano, está a mostrar todos os dias que não é um homem de palha
Agostinho
Neto, o primeiro Presidente de Angola, tem um poema onde afirma: “Eu
não espero/ Eu sou aquele por quem se espera”. Jorge Amado escreveu “O
cavaleiro da esperança”. Os angolanos esperavam há muito por um homem
que lhes devolvesse a esperança, depois de quase 40 anos em que José
Eduardo dos Santos dominou a cena política angolana e em que os seus
familiares e o círculo mais próximo construíram enormes fortunas, com
destaque para a sua filha Isabel dos Santos, que se tornou a primeira
bilionária africana, enquanto o povo continuou a viver com dois dólares
por dia. Surpreendentemente, o homem que está a devolver a alegria e a
esperança aos angolanos manteve, ao longo da sua extensa carreira no
MPLA, nas Forças Armadas, no Governo e noutras funções um perfil muito
discreto e contido. Talvez por isso, quando foi escolhido pelo
todo-poderoso Presidente cessante para lhe suceder, as interrogações
seguiram-se. Como seria a presidência de João Lourenço? A manutenção do
statu quo? Teria feito um acordo para não mudar durante um ou dois anos
as nomeações do anterior Presidente nos últimos dias do seu reinado ou
tocar nos interesses dos filhos? Ou iria afirmar-se e correr em pista
própria? Pois bem, a resposta tem sido brutal. O que neste momento tem
vindo a acontecer em Angola no plano político é um enorme tremor de
terra, que surpreende pela intensidade, rapidez e capacidade de
destruição do velho poder. Os sinais foram-se acumulando. No seu
discurso de posse, Lourenço assinalou que na comunicação social estatal
tinha de haver maior abertura à diferença e à divergência de opiniões. E
concretizou, exonerando todas as administrações das empresas públicas
de comunicação social no dia 9 de novembro: Televisão Pública de Angola
(TPA), Rádio Nacional de Angola (RNA), Edições Novembro e Agência Angola
Press (Angop). Da empresa Edições Novembro, que publica o “Jornal de
Angola”, foi exonerado José Ribeiro do cargo de presidente do Conselho
de Administração e de diretor daquele diário estatal. Ribeiro, nomeado
para o cargo em 2007, destacou-se desde aí pelos violentos editoriais
contra as pretensas ingerências de Portugal na vida política angolana,
contra empresários e a imprensa portuguesa, bem como pela sua ortodoxia
na defesa das mais altas figuras do regime angolano. A 17 de outubro já
tinha sido extinto o Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação
Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), órgão liderado
pelo influente ex-ministro Manuel Rabelais, desde 2012 responsável pela
imagem da Presidência de José Eduardo dos Santos.
No
mesmo discurso, o novo Presidente disse que o seu grande combate seria
contra a corrupção — reafirmando esse desiderato no discurso sobre o
estado da nação, ao sublinhar que essa luta é para encarar “com a devida
seriedade e responsabilidade”. A 27 de outubro tinha dado o sinal de
partida ao exonerar o governador do Banco Nacional de Angola. Novembro
foi o mês de todas as demissões. No dia 1 demitiu o conselho de
administração da Ferrangol, a empresa mineira do país. No dia 2 foi a
vez de ser exonerada a administração da Endiama, a segunda maior empresa
nacional de diamantes. No dia 3 aconteceu o mesmo na Sodiam, a empresa
de comercialização de diamantes. Seguiu-se, a 9 de novembro, a rescisão
do contrato de exploração de laboratórios de análises com a empresa
Bromangol, acusada pelos empresários de encarecer a importação de
alimentos por ser a única reconhecida pelo Estado para realizar as
obrigatórias análises laboratoriais. Foi também exonerado o responsável
pelo Secretariado Executivo do Conselho Nacional do Sistema de Controlo e
Qualidade, Jorge Sebastião, apontado como sócio de José Filomeno dos
Santos na Bromangol.
Finalmente, no quinquagésimo dia da sua
presidência, João Lourenço deu um golpe violento no poder da família Dos
Santos, ao afastar Isabel da presidência da petrolífera estatal,
nomeando para o seu lugar Carlos Saturnino, que a mesma Isabel tinha
demitido em 2016 da presidência da Sonangol Pesquisa & Produção sob a
acusação de má gestão.
No mesmo dia, o Presidente mandou cessar
os contratos da Semba Comunicações, empresa responsável pela gestão do
Canal 2 e da TPA Internacional. A Semba é propriedade dos irmãos Tchizé e
Coreon Du dos Santos, que detinham o controlo de dois canais da
televisão pública.
Para a eliminação da herança santista ser
total só falta mesmo o afastamento de Filomeno dos Santos, que dirige o
Fundo Soberano de Angola, recentemente envolvido no escândalo dos
“Paradise Papers”. Salva-o uma investigação às contas da instituição que
está a decorrer.
Finalmente, a 20 de dezembro, o Presidente
exonerou as administrações de nove empresas públicas, dos aeroportos e
portos, de distribuição de eletricidade e água, e dos caminhos de ferro.
No
total, e até agora, João Lourenço precisou de menos de três meses para
demolir parte substancial da estrutura de poder de Dos Santos, fazendo
300 nomeações e exonerando mais de 30 oficiais generais e cerca de 20
administrações de empresas públicas, na área petrolífera, dos diamantes,
e de comunicação social, além do próprio BNA e de bancos detidos pelo
Estado. Depois das exonerações, Lourenço terá acima de tudo de mostrar
resultados e com rapidez. É essa a expectativa de quem votou no
candidato que, afinal, fez campanha para uma presidência de corte com o
passado, reformadora, inclusiva e anticorrupção. Tem a seu favor ser um
homem do mundo, viajado e com relações regionais e internacionais com
que o seu antecessor nunca contou.
Digamos, pois, que João
Lourenço está a atuar como um bulldozer, limpando todos os resquícios do
poder de José Eduardo dos Santos, da sua família e dos que enriqueceram
à custa dele e com a permissão dele. Sabe que tem de ser rápido e
determinado. Já não pode voltar para trás. O caminho, contudo, não é
isento de riscos. José Eduardo dos Santos continua a ser presidente do
MPLA e, apesar de doente, não está seguramente disposto a ceder sem luta
tudo aquilo que ele, os familiares e os que enriqueceram à sua sombra
conseguiram. Para se precaver, Lourenço já nomeou lideranças da sua
confiança para as forças armadas, para a polícia e para os serviços de
segurança. Mas à medida que exonera mais e mais dirigentes a todos os
níveis, ganha também mais e mais inimigos, vários deles com capacidade
para retaliar. É esse braço de ferro que se joga neste momento no grande
país africano. Para já, Lourenço está a levar a melhor, contando com o
apoio da generalidade da população. Mas sobre o país ainda paira uma
liderança bicéfala e convém não dar por adquirido o trajeto seguido nos
últimos três meses. Angola nunca teve terramotos. Está agora a viver um.
E as réplicas, como se sabe, podem provocar mais danos do que o
primeiro abalo.