O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Academia.edu: estatisticas de acesso a meus trabalhos - Paulo Roberto de Almeida

Já completando dois meses desde a última vistoria nos dados liberados pela plataforma Academia.edu, que todo dia me avisa que tantas pessoas de tantos países acessaram trabalhos meus, resolvei fazer um levantamento, não dos países, mas dos números de acesso e o resultado (imenso) é o que vai abaixo, tendo eu selecionado apenas o conceito de all-time downloads como critério de organização, ou de ordenamento.
Pelos países envolvidos nesses acessos, os "desconhecidos" ganham de qualquer membro da ONU (mais de 93 mil acessos), o que significa que forças ocultas estão em busca do que andei escrevendo nos últimos anos. Em segundo e distante lugar vem curiosos do nosso próprio país, com quase 19 mil acessos, e depois EUA, com apenas 1.200.
Mas, mais importante que isso é constatar que certos trabalhos, coitadinhos, são completamente órfãos, com zero acessos em todas as categorias de busca ou visualização.
Preciso dar um jeito de tornar esses trabalhos mais conhecidos ou mais palatáveis. Quem sabe retomando seus textos, indexando-os e republicando-os no meu blog, uma vez que são muito antigos.
Um caso notório é o trabalho "Contra a Corrente: Treze Ideias Fora do Lugar", uma maneira sutil de dizer que os companheiros já vinha errando desde o começo, já que o trabalho é de 2003.
Em todo caso, aqui estão os dados, levantados em 10 de março de 2016, mas reduzidos apenas aos trabalhos que tiveram mais de 100 acessos, do contrário a lista seria enorme, com mais de 30 páginas.
As estatísticas completas estão disponíveis na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/23067230/Access_to_works_PRA_in_Academia.edu_March_10_2016_).
Segundo as estatíticas gerais de Academia.edu, eu tenho 1.401 seguidores, e minha plataforma está integrada por 857 documentos (alguns poucos não são meus, mas de terceiros), que foram visualizados, até agora, 27.238 vezes.
Paulo Roberto de Almeida

Estatísticas relativas aos trabalhos de Paulo Roberto de Almeida na plataforma Academia.edu (para trabalhos com mais de 100 acessos unicamente)

118 Profile Views In the last 30 days
1,542 Document Views In the last 30 days
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Classificação por All-Time Views

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quarta-feira, 9 de março de 2016

Minha lista de reivindicacoes para o dia 13 de marco de 2016 - Paulo Roberto de Almeida


Reivindicações por ocasião da Manifestação de 13 de março de 2016

Paulo Roberto de Almeida

No dia 13 de março, quando sairemos às ruas pacífica e democraticamente para manifestar nossa inconformidade com o presente estado de coisas no Brasil, não pretendemos apenas e tão somente o impeachment de um governo ilegítimo – porque ilegal – e corrupto – pois que já identificado como associado a diversos crimes tipificados no Código Penal – mas também uma série de outras mudanças no atual cenário político e econômico do país.
Permito-me, com base numa observação sumária da presente situação em nosso país, apontar as seguintes questões, que tanto podem ser reivindicações para mudança imediata no cenário político e econômico, quanto propostas de reformas substantivas que necessitam ser implementadas gradualmente, mas metódica e sistematicamente, no país:

1) Redução radical do peso do Estado na vida da nação, começando pela diminuição à metade do número de ministérios, com a redução ou eliminação concomitante de uma série de outras agências públicas, na linha do que já propus nesta “mensagem” ao Congresso Nacional: http://domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4955;
2) Fim do Fundo Partidário e financiamento exclusivamente privado dos partidos políticos, como entidades de direito privado que são;
3) Redução e simplificação da carga tributária, com seu início mediante uma redução linear, mas geral, de todos os impostos atualmente cobrados nos três níveis da federação, à razão de 0,5% de suas alíquotas anualmente, até que um esquema geral, e racional, de redução ponderada seja acordado no Congresso envolvendo as agências pertinentes das unidades da federação dotadas de capacidade arrecadatória;
4) Eliminação da figura inconstitucional do contingenciamento orçamentário pelo Executivo; a lei orçamentária deve ser aplicada tal como foi aprovada pelo Parlamento, e toda e qualquer mudança novamente discutida em nível congressual; fica também eliminadas as emendas individuais ou dotações pessoais apresentadas pelos representantes políticos da nação; todo orçamento é institucional, não pessoal;
5) Extinção imediata de 50% de todos os cargos em comissão, em todos os níveis e em todas as esferas da administração pública, e designação imediata de uma comissão parlamentar, com participação dos órgãos de controle e de planejamento, para a extinção do maior volume possível dos restantes cargos, reduzindo-se ao mínimo necessário o provimento de cargos de livre nomeação; extinção do nepotismo cruzado;
6) Eliminação total de qualquer publicidade governamental que não motivada a fins imediatos de utilidade pública; extinção de órgãos públicos de comunicação com verba própria: a comunicação de temas de interesse público se fará pela própria estrutura da agência no âmbito das atividades-fim, sem qualquer possibilidade de existência de canais de comunicação oficiais;
7) Criação de uma comissão de âmbito nacional para estudar a extinção da estabilidade no setor público, com a preservação de alguns poucos setores em que tal condição funcional seja indispensável ao exercício de determinadas atribuições de interesse público relevante;
8) Início imediato de um processo de reforma profunda dos sistemas previdenciários (geral e do setor público), para a eliminação de privilégios e adequação do pagamento de benefícios a critérios autuariais de sustentabilidade intergeracional do sistema único;
9) Reforma radical dos sistemas públicos de educação, nos três níveis, segundo critérios meritocráticos e de resultados;
10) Reforma do Sistema Único de Saúde, de forma a eliminar gradualmente a ficção da gratuidade universal, com um sistema básico de atendimento coletivo e diferentes mecanismos de seguros de saúde baseados em critérios de mercado;
11) Revisão dos sistemas de segurança pública, incluindo o prisional-penitenciário, por meio de uma Comissão Nacional de especialistas do setor;
12) Eliminação de todas as isenções fiscais e tributárias, ou privilégios exorbitantes, associados a entidades religiosas;
13) Reforma da Consolidação da Legislação do Trabalho, no sentido contratualista, e extinção imediata do Imposto Sindical e da unicidade sindical, conferindo liberdade às entidades associativas, sem quaisquer privilégios estatais para centrais sindicais;
14) Revisão geral dos contratos e associações do setor público, nos três níveis da federação, com organizações não governamentais, que em princípio devem poder se sustentar com recursos próprios, não com repasses orçamentários oficiais;
15) Privatização de todas as entidades públicas não vinculadas diretamente a uma prestação de serviço público sob responsabilidade exclusiva do setor público.

Eu teria muitas outras propostas de “slogans” a fazer, mas me contento no momento com estas quinze reivindicações de reforma do Brasil.
Também acho que nenhuma delas cabe em cartazes de manifestação, mas é preciso que pelo menos tenhamos consciência do que queremos, que vai muito além da mudança de um governo inepto e corrupto.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de março de 2016

Addendum em 11/03/2016:

Mini-reflexão à véspera da grande manifestação de 13/03/2016:

Considerando todo o cenário político que se nos apresenta, e ponderando sobre os problemas da nação, cheguei às seguintes constatações:

1) O pedido de impeachment de Madame Pasadena deixou de ser o problema ou a agenda mais importante a partir de agora. Que Madame seja absolutamente inepta -- até para falar qualquer coisa, o que revela uma incapacidade de pensar -- todo mundo já sabe. Que ela seja totalmente conivente com a quadrilha mafiosa que vem assaltando o Brasil desde 1ro de janeiro de 2003 (e antes em outras instâncias da federação), isso também todo mundo já constatou. Ou seja, Madame Pasadena já é carta fora do baralho: que ela renuncie, que seja impeached, que seja renunciada, que seja cassada por qualquer outra forma institucional, que saia no quadro de uma crise ainda mais grave, tudo isso já não importa muito: trata de um cadáver político ainda insepulto mas já em processo de decomposição, tanto mais acelerada quanto a crise econômica se agravar pari passu à incapacidade da classe política e dos tribunais superiores de darem encaminhamento rápido ao seu afastamento.

2) Portanto, considerando que o prazo de validade de Madame Pasadena já se extinguiu, podemos nos concentrar na tarefa mais importante, aliás crucial: expulsar a corja de mafiosos organizados que assaltou o Brasil desde o final de 2002. Esta é a agenda principal: a quadrilha de criminosos políticos precisa, primeiro ser extirpada do poder e de todas as demais instituições nas quais eles meteram as suas mãos sujas; depois, os meliantes precisam ser processados, condenados e levados à cadeia, onde deveriam apodrecer por longos anos, sem que juizes venais façam o que estão fazendo agora com os condenados do Mensalão (deixando-os livres de qualquer pena, o que é propriamente escandaloso).

3) Segunda grande tarefa da nacionalidade, depois de liquidar os principais criminosos, referidos acima, prosseguir com a limpeza do sistema político de todos os demais bandidos e meliantes que ainda poluem o sistema legislativo, o que inclui os presidentes das duas casas, e muitos outros representantes políticos que meteram a mão em recursos públicos e se aliaram aos mafiosos neobolcheviques para roubar o Estado (ou seja, todos nós).

4) Liquidar com o controle público, ou melhor estatal-governamental, de todas as agências públicas que podem e DEVEM ser privatizadas, pois elas são fonte de corrupção permanente.

5) Empreender a reforma política com a EXTINÇÃO do Fundo Partidário e de subsídios públicos para todo e qualquer partido.

Tem muito mais coisas que eu poderia dizer, e que já resumi nesta outra postagem que fiz outro dia (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1103224506407665), mas deixo para nova oportunidade de importunar os leitores de minhas postagens.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11/03/2016
 

V Congresso LA de Historia Economica - Sao Paulo, 19-21 de julho de 2016

Recebo o seguinte aviso da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (à qual sou associado), e em cujo V Congresso Latino-Americano vou participar de uma mesa redonda.

Caros(as) Associados(as),

Segue a quinta circular do quinto Congresso Latino-Americano de História Econômica (CLADHE 5).

Dentre as novas informações a serem divulgadas, destacamos a prorrogação de prazo para submissão de resumos para apenas alguns dos simpósios do Congresso listados na circular e na página do evento.

Pedimos que divulguem amplamente o evento e repassem a circular aos seus contatos.

Para mais informações, acesse: www.cladhe5.org

Atenciosamente,
Secretaria da ABPHE

Apresentação

O Quinto Congresso Latino-Americano de História Econômica (CLADHE V) será realizado na cidade de São Paulo, Brasil, entre os dias 19 e 21 de Julho de 2016. As instituições organizadoras são as associações de História Econômica da Argentina, do Brasil, do Chile, do Caribe, da Colômbia, do México, do Peru e do Uruguai, assim como da Espanha e de Portugal, como convidadas. A Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica – ABPHE – e a Faculdade de Economia, da Universidade de São Paulo – FEA/USP, com sede na cidade de São Paulo, são as instituições anfitriãs.
Seguindo a tradição dos congressos anteriores realizados, desde 2007, o CLADHE V é um espaço acadêmico para debater as recentes pesquisas de história econômica da América Latina, assim como para abordar as perspectivas globais e comparativas com outras regiões. A organização do CLADHE busca incentivar a participação conjunta de pesquisadores dos países latino-americanos e de outras partes do mundo para difundir e discutir seus trabalhos bem como estabelecer agendas de pesquisa comuns. Pesquisadores de História Econômica e áreas afins são convidados a apresentar suas pesquisas.
Os idiomas oficiais do CLADHE V serão o espanhol e o português; entretanto, são bem-vindos também trabalhos em inglês. O congresso será organizado por meio de simpósios, mesas redondas e conferências.

A Instituição Promotora: ABPHE

A Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), fundada em 10 de setembro de 1993, é uma sociedade civil que congrega economistas, historiadores, cientistas sociais e outros estudiosos da história econômica e disciplinas afins (história de empresas, história do pensamento econômico, etc.). A ABPHE é a principal organização científica brasileira em sua área de atuação, promovendo estudos de história econômica por meio de revista especializada (História Econômica & História de Empresas, HE&HE ISSN 1519-3314), publicação de livros e realização de encontros regulares, nos quais a comunidade acadêmica debate artigos e paradigmas de interpretação, tem contato com pesquisas em andamento e dialoga com pesquisadores de outros países.
Entre os sócios honorários da ABPHE encontram-se pesquisadores e estudiosos que trouxeram significativas contribuições ao conhecimento da História Econômica do Brasil, como Alice Canabrava, Annibal Villanova Villela, Charles Ralph Boxer, Eulália Maria Lahmeyer Lobo, Frédéric Mauro, Nelson Werneck Sodré, Celso Furtado e Roberto Cortés Conde. Atualmente a ABPHE conta com cerca de 200 associados que representam profissionais com atuação em diferentes regiões e estados do Brasil.
A ABPHE comemorou no X Congresso Nacional de História Econômica e na XI Conferência Internacional de História de Empresas, em setembro de 2013 em Juiz de Fora/MG, os seus 20 anos de existência com eventos regulares – o Congresso de História Econômica e a Conferência Internacional de História de Empresas. Além disso, desde 2002 tem realizado regularmente o Encontro de Pós-Graduação em História Econômica que reúne mestrandos e doutorandos com pesquisas no campo da História Econômica e em áreas correlatas.
Atualmente a ABPHE é integrante da Associação Latino-Americana de História Econômica (CLADHE) e da Associação Internacional de História Econômica (IEHA). A ABPHE filiou-se à Associação Internacional de História Econômica em 1996 e tem desenvolvido atividades com as associações latino-americanas. Em dezembro de 2007, participou da realização do I Congresso Latino-Americano de História Econômica – CLADHE I, que teve lugar em Montevidéu (Uruguai); em 2010 participou do CLADHE II organizado na Cidade do México (México); em 2012 participou do CLADHE III organizado em Bariloche (Argentina); e, em 2014, esteve no CLADHE IV, organizado na cidade de Bogotá (Colômbia).

Comitê Organizador Internacional (COI)

Integrado pelos Presidentes e Vice-presidentes ou Secretários das Associações
Roberto Schmit (AAHE)
Guillermo Banzato (AAHE)
Angelo Alves Carrara (ABPHE)
Alexandre Macchione Saes (ABPHE)
Andrés Álvarez (ACHE)
Javier Mejía (ACHE)
Manuel Llorca-Jaña (AChHE)
Cesar Yáñez (AChHE)
Carlos Contreras Carranza (APHE)
Bruno Seminario de Marzi (APHE)
Johanna Von Grafenstein (AHEC)
José Antonio Piqueras (AHEC)
Sandra Kuntz (AMHE)
Yovana Celaya (AMHE)
Reto Bertoni (AUDHE)
Javier Rodríguez (AUDHE)
Associações Convidadas
Pablo Martín Aceña (AEHE)
José Miguel Martínez Carrión (AEHE)
José Alvaro Ferreira da Silva (APHES)

Comitê Organizador Local

Alexandre Macchione Saes (Universidade de São Paulo)
Angelo Alves Carrara (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Cláudia Tessari (Universidade Federal de São Paulo)
Daniel Feldman (Universidade Federal de São Paulo)
Fábio Alexandre dos Santos (Universidade Federal de São Paulo)
Felipe Pereira Loureiro (Universidade de São Paulo)
Guilherme Grandi (Universidade de São Paulo)
Leonardo Weller (Fundação Getúlio Vargas-SP)
Luciana Suarez Lopes (Universidade de São Paulo)
Rodrigo Ricupero (Universidade de São Paulo)
Thiago Fontelas Rosado Gambi (Universidade Federal de Alfenas)
Vera do Amaral Ferlini (Universidade de São Paulo)

Comitê Científico

Comitê Acadêmico Internacional (CAI)

Albert Broder (Université de Paris Est‐Créteil, França)
Albert Carreras (Universitat Pompeu Fabra, Espanha)
Andrés Regalsky (Universidad Nacional de Luján e Universidad Nacional de Tres de Febrero, Argentina)
Antonio Ibarra (Universidad Nacional Autónoma de México, México)
Armando Dalla Costa (Universidade Federal do Paraná, Brasil)
Benjamín Nahum (Universidad de la República, Uruguai)
Carlos Dávila (Universidad de los Andes, Colômbia)
Carlos Gabriel Guimaraes (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Carlos Marichal (El Colegio de México, México)
Carlos S. Assadourian (El Colegio de México, México)
César Yáñez (Universidad de Valparaíso, Chile y Universidad de Barcelona, Espanha)
Colin Lewis (London School of Economics, Grã-Bretanha)
Daniel Díaz Fuentes (Universidad de Cantabria, Espanha)
Eduardo Cavieres (Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, Chile)
Eduardo Míguez (Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires e Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina)
Enrique Cárdenas (Centro de Estudios Espinosa Yglesias, México)
Enrique Semo (Universidad Nacional Autónoma de México, México)
Fernanda Olival (Universidade de Évora, Portugal)
Guy Pierre (Universidad Autónoma Ciudad de México e Universidad Quisqueya, Haiti)
Héctor Pérez Brignoli (Universidad de Costa Rica, Costa Rica)
Henry Willebald (Universidad de la República, Uruguai)
Jaime Reis (Universidade de Lisboa, Portugal)
John Coatsworth (Columbia University, Estados Unidos)
Jordi Maluquer (UniversitatAutònoma de Barcelona, Espanha)
Jorge Gelman (Universidad de Buenos Aires, Argentina)
José AntonioOcampo (New York University, Colômbia)
José Luis Cardoso (Universidade de Lisboa, Portugal)
José Miguel Martínez Carrión (Universidad de Murcia, Espanha)
Josué Modesto dos Passos Subrinho (Universidade Federal de Sergipe, Brasil)
Leandro Prados de la Escosura (Universidad Carlos III de Madrid, Espanha)
Luis Bértola (Universidad de la República, Uruguai)
Luis Jáuregui (Instituto de Investigaciones Dr. José María Luis Mora, México)
Maria Lúcia Lamounier (Universidade de São Paulo, Brasil)
María Camou (Universidad de la República, Uruguai)
María Inés Moraes (Universidad de la República, Uruguai)
María Teresa Pérez Picazo (+) (Universidad de Murcia, Espanha)
Mario Cerruti (Universidad Autónoma de Nuevo León, México)
Nicolás Sánchez Albornoz (New York University, Espanha)
Noemí Girbal (Universidad Nacional de Quilmes, Argentina)
Óscar Zanetti (Universidad de La Habana, Cuba)
Pablo Martín Aceña (Universidad de Alcalá, Espanha)
Paola Azar (Universidad de la República, Uruguai)
Pedro Paulo Zahluth Bastos (Universidade Estadual de Campinas, Brasil)
Raúl Jacob (Universidad de la República, Uruguai)
Roberto Cortés Conde (Universidad de San Andrés, Argentina)
Rosemary Thorp (Oxford University, Grã-Bretanha)
Salomón Kalmanovitz (Universidad Jorge Tadeo Lozano, Colômbia)
Sandra Kuntz (El Colegio de México, México)
Stephen Haber (Stanford University, Estados Unidos)
Susana Bandieri (Universidad Nacional del Comahue, Argentina)
Tamás Szmrecsányi (+) (Universidade Estadual de Campinas, Brasil)
Victor Bulmer‐Thomas (Oxford University, Grã-Bretanha)
Wilson Suzigan (Universidade Estadual de Campinas, Brasil)

Voce prefere ser mais rico e mais desigual, ou mais pobre e mais igualitario? - Vinicius Carrasco e Joao Manoel Pinho de Melo

Todas as sociedades organizadas -- algumas mais, outras menos -- debatem a questão de saber o que privilegiar: a eficiência (com a consequência da desigualdade) ou a equidade (da qual resulta menor eficiência e, portanto, menor riqueza). O Brasil supostamente debateu essa "coisa" em 1987-88 e decidiu (ou os preclaros constituintes decidiram por nós) maior igualdade, em detrimento de maior criação de riqueza. Excelente artigo de Vinicius Carrasco e de João Manoel Pinho de Mello sobre os erros de política econômica nos anos lulopetistas.
Paulo Roberto de Almeida 

A fábula do contrato social e as políticas ineficientes e injustas do PT

Vinicius Carrasco e João Manoel Pinho de Mello

Nexo Ensaio, sem data

(link: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2016/A-f%C3%A1bula-do-contrato-social-e-as-pol%C3%ADticas-ineficientes-e-injustas-do-PT)

 No mundo real, o governo não é nem onisciente, nem onipotente. É preciso induzir produção, o que o dictum socialista não faz

Imaginemos uma sociedade hipotética a desenhar, do zero, o capítulo econômico do contrato social; isto é, como recursos serão produzidos e divididos. Há uma peculiaridade e uma dificuldade na empreitada. A peculiaridade é que o desenho é feito antes que os cidadãos saibam quão hábeis — inteligentes, diligentes e saudáveis, atributos associados à capacidade de produzir — serão. Na expressão do filósofo político John Rawls, o desenho é feito por trás do véu da ignorância (a figura do véu da ignorância busca ilustrar uma situação na qual princípios de justiça sejam definidos por cidadãos que, não sabendo qual posição relativa terão na sociedade, sejam imparciais). A dificuldade é que, quando tiverem que produzir, haverá cidadãos mais hábeis que outros. Pior: só a própria pessoa saberá sua capacidade de produzir.
Os cidadãos são idênticos quando celebra-se o contrato. Portanto, é razoável supor que concordem que o contrato produza o maior bem-estar esperado para um cidadão arbitrário. Também é razoável supor que o cidadão seja avesso ao risco de se descobrir inábil; razão pela qual a sociedade se importa com redistribuição.
Consideremos, primeiro, o caso, ainda mais hipotético, do governo – que fará valer o contrato – onisciente, que saiba quem tirou a sorte grande no sorteio das habilidades. O governo, também onipotente, pode, ainda, obrigar cada um a produzir. Como consequência da onisciência e onipotência do governo, não é preciso prover incentivos para produção. Por sua vez, a aversão ao risco faz com que o cidadão arbitrário deseje seguro completo contra o “sinistro” de ser improdutivo. O contrato social, então, satisfará o dictum socialista: “de todos conforme com suas habilidades, a todos conforme com suas necessidades.” Igualitarismo total. Os trabalhadores hábeis trabalharão mais do que os inábeis e o governo transferirá recursos para os menos hábeis. Parece hipotético esse mundo? Alguns acreditaram nele (vide a sublime História Concisa da Revolução Russa, de Richard Pipes).
No mundo real, o governo não é nem onisciente, nem onipotente. É preciso induzir produção, o que o dictum socialista não faz. Tendo o mesmo nível de bem-estar independentemente do que fizerem, não haverá incentivos para produção em acordo com as habilidades. Sem produção, não há redistribuição. Em nossa fábula, antecipando esse desastre, os cidadãos não escolherão por um contrato social que tente implantar o mesmo nível de bem-estar para todos. Historiadores como Leon Litwack enfatizam o papel da ausência de provisão de incentivos no fracasso econômico da União Soviética. Alguma desigualdade é necessária para incentivar produção, sem a qual não há redistribuição. 
Os anos recentes foram pródigos na implantação de políticas ineficientes e injustas
O laissez-faire radical, ao prover o montante máximo de incentivos, é o caso oposto. Ninguém é tributado na margem. O bolo é o maior possível, mas não há o que redistribuir porque não se coleta impostos. Por trás do véu da ignorância, os cidadãos rejeitarão o laissez-faire radical.
Os dois extremos ilustram o conflito que a sociedade enfrenta: escolher entre distribuição e eficiência. A solução depende das preferências por redistribuição. Os EUA dão menos peso à redistribuição que a Suécia. No entanto, a teoria econômica – e alguma reflexão sobre sociedades exitosas em produzir e redistribuir – aponta que a eficiência é muito importante, mesmo em casos extremos de preferência por redistribuição, como quando só o bem-estar do cidadão que virá a ser o mais inábil importa (caso chamado, com algum abuso, de Rawlsiano por economistas): é preciso incentivos para gerar renda; sem ela, não há o que redistribuir para o mais inábil. De fato, no caso Rawlsiano, sob certas condições, o agente mais hábil da sociedade (o Mark Zuckerberg) não deve enfrentar taxação de sua última hora trabalhada.
Se a solução do conflito entre redistribuição e eficiência depende das preferências da sociedade quanto à primeira e sempre requer atenção à segunda, algo é inquestionável: o contrato original não deve conter arranjos que, simultaneamente, concentrem renda e sejam ineficientes (desestimulem o crescimento econômico). Sob a ótica do contrato social original, a desigualdade que não gere incentivos é uma forma de apropriação indevida de recursos.
Infelizmente, os anos recentes foram pródigos na implantação de políticas ineficientes e injustas. Três exemplos:
O BNDES concedeu empréstimos subsidiados para os campeões nacionais. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) financia, em parte, o banco. Os recursos do FAT vêm da tributação de receita das empresas (o que introduz ineficiência ao reduzir a produção). O FAT obteria remuneração bem mais alta se administrado por gestores privados. Portanto, transferem-se recursos dos trabalhadores para empresas, que poderiam se financiar no mercado. Tem mais. A política de campeões nacionais suprime a competição. O campeão recebe financiamento barato à custa do trabalhador para esfoliar o consumidor. Além de ineficiente, é injusto.
Regras de conteúdo nacional impõem que produtores usem um percentual de insumos produzidos localmente. O objetivo alegado é estimular a produção e criar empregos. Na verdade, a política desestimula produção (ineficiente, portanto), pois dá poder de mercado ao produtor de insumo. Ele reduz produção e aumenta preço, majorando o custo do produtor de bens finais que, consequentemente, produz menos. A agonia da Petrobras se deve, em parte, à exigência de comprar sondas e plataformas com conteúdo nacional. Transfere-se, neste caso, renda para os escolhidos à custa da renda do contribuinte brasileiro (e do pessoal do FGTS Petro).
O Tesouro Nacional financiou o Programa de Sustentação ao Investimento (PSI), cujo objetivo era estimular o investimento. O PSI produziu ineficiências e concentrou renda. Exemplo: financiou, com subsídios, a aquisição de caminhões, gerando excesso de oferta de frete. O resultado foi a redução substancial de seu valor, um sinal de mercado da ineficiência induzida pela política. Os caminhoneiros entraram em greve e conseguiram que um dos eixos do caminhão não pagasse pedágio quando trafegasse sem carga. Isso ensejará uma renegociação com os operadores de estradas, aumentando a percepção de risco regulatório. Os concessionários cobrarão por esse risco exigindo maior taxa de retorno em concessões futuras. Resultado? Mais pedágios para todos (ou, pior, falta de interesse em concessões). A solução? Mais subsídio via BNDES para turbinar os retornos dos concessionários. O ciclo se reinicia.
Políticas protecionistas, empresas apostando no câmbio com dinheiro barato do BNDES, resgate de controladores de bancos que cometeram fraudes. É longa a lista de escolhas ineficientes e injustas. Sem elas, estaríamos mais ricos e menos desiguais. Por que prevaleceram por tanto tempo sem parecer afetar a população? O maná externo do boom das commodities nos anestesiou. Parecia que todos ganhavam.
Findo o maná, as consequências dessas políticas ficam claras. "E esse não é o nosso destino." Confrontados com o resultado, os mentores – apresentando a conta a quem já paga pelos equívocos – redobram, ainda que de maneira por ora tímida, a aposta fracassada. "Dois cavaleiros se aproximavam e o vento começou a uivar," diz o fim da canção, que enseja seu recomeço num laço infinito.

Vinicius Carrasco e João Manoel Pinho de Mello são PhDs em Economia pela Universidade Stanford e professores, respectivamente, na PUC-Rio e Insper

Os artigos publicados no NEXO Ensaio são de autoria de colaboradores eventuais do jornal e não representam as ideias ou opiniões do NEXO. O NEXO Ensaio é um espaço que tem como objetivo garantir a pluralidade do debate sobre temas relevantes para a agenda pública nacional e internacional. Para participar, entre em contato por email: ensaio@nexojornal.com.br.

A posicao bizarra do Brasil na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida

Meu artigo mais recente publicado:

"A posição bizarra do Brasil na economia mundial, por Paulo Roberto de Almeida". Mundorama - Revista de Divulgação Científica em Relações Internacionais, [acessado em 09/03/2016]. Disponível em: <http://www.mundorama.net/2016/03/09/a-posicao-bizarra-do-brasil-na-economia-mundial-por-paulo-roberto-de-almeida/>.


A posição bizarra do Brasil na economia mundial

Paulo Roberto de Almeida

O Brasil ocupa hoje uma posição sui-generis na economia internacional: situado entre as dez primeiras economias do mundo, pela dimensão de seu PIB, de seus recursos naturais e da sua população, ele se distancia no entanto do pelotão de vanguarda por sua fraca inserção no comércio internacional, numa classificação que o coloca acima do 25o. lugar, devido ao seu baixo coeficiente de abertura externa. Paradoxalmente, também, a despeito de ser um dos grandes recebedores mundiais de investimentos estrangeiros – tanto diretos quanto capitais de portfólio –, sua contribuição ao estoque global de inovações e, portanto, ao incremento da produtividade, é propriamente pífio, mesmo tendo aumentado significativamente o volume de publicações científicas (ainda que mais “volumetricamente” do que qualitativamente, ou seja, artigos “citáveis e usáveis” na elaboração de outras pesquisas). Mais ainda: há uma enorme desconexão entre os esforços, e os recursos, dispendidos na pesquisa básica e a sua materialização, sob a forma de patentes, isto é, inovações suscetíveis de entrar na linha de produção.
A razão aqui está numa grande desconexão entre P e D, ou seja, entre os centros produtores de conhecimento aplicado e o chão da fábrica, uma vez que os empresários preferem importar a tecnologia disponível do que desenvolvê-la por seus próprios meios. Aparentemente, as universidades e os laboratórios de pesquisa sob fomento do Estado também são muito pouco produtivos, pois o mesmo volume de insumos e de recursos investidos em outros ambientes produzem um número significativamente maior de resultados práticos (ou seja, de patentes). Nesse tipo de contradição entre o desempenho da economia doméstica e o funcionamento da economia mundial residem alguns dos principais problemas econômicos (e sociais) brasileiros, feitos de grandes possibilidades potenciais, mas de fraco, extremamente débil, aproveitamento das oportunidades oferecidas pelo meio ambiente internacional, o da globalização.
A verdade é que, para todos os efeitos práticos, o Brasil é um país introvertido, tradicionalmente protecionista e irracionalmente avesso a capitalistas estrangeiros, ainda que possa apreciar o capital externo, como expresso nos altos índices de endividamento estrangeiro desde o início da nação independente. Nisso ele não se diferencia muito de vários outros países da América Latina, mesmo se esta apresenta uma diversificação crescente nas duas últimas décadas. De um lado, temos aqueles países que poderiam ser chamados de “globalizadores”, por acaso hoje agrupados na Aliança do Pacífico, menos relevante pelo que ela possa representar em termos de integração recíproca entre seus membros – Chile, Peru, Colômbia e México – e mais importante quanto à possibilidade de inserção na região mais dinâmica da economia mundial atualmente: a Ásia Pacífico, em vias de suplantar o Atlântico norte como o grande centro dos intercâmbios mundiais nos mais diversos tipos de fluxos econômicos: comércio, investimentos, tecnologia, know-how, financiamentos e, sobretudo, capital humano. No outro extremo podemos situar os chamados “bolivarianos”, que conseguiram exacerbar todas as taras do nosso passado: dirigismo estatal, manipulações cambiais, nacionalismo míope, mercantilismo comercial, governança errática, irresponsabilidade fiscal, e aversão à globalização; seu destino não parece muito brilhante, a julgar pelo desastre venezuelano. No meio dos dois grupos, podemos colocar os “reticentes”, entre eles Brasil e Argentina, que sinalizaram comportamentos erráticos e contraditórios nas políticas econômicas nas últimas duas décadas. A Argentina, agora, parece querer escapar desse “bloco”.
Numa perspectiva macro-histórica, o destino dos países não é imutável, nem imune a retrocessos ou à estagnação. O exemplo mais evidente é a própria China, a maior economia mundial até o final do século 18, mas que se fechou, a partir de certo momento, ao comércio mundial e aos intercâmbios com parceiros externos, assim condenando-se a uma lenta estagnação por mais de dois séculos, até, praticamente, o maoísmo delirante dos anos 1960. Hoje, ainda sob a mesma governança autocrática, mas dispondo de “mandarins” mais esclarecidos, ela conhece um notável renascimento econômico e ocupa posições cada vez mais relevantes na economia mundial. Mais perto do Brasil, a Argentina sinaliza um exemplo também raro de decadência econômica contínua durante várias décadas: um dos países mais ricos do mundo um século atrás, o país começou a declinar a partir da “década infame”, nos anos 1930, sucedendo-se a partir daí uma série de experimentos desastrosos em economia e em política, seja sob o tacão dos militares, seja sob governos populistas de corte peronista ou mesmo radical (os socialdemocratas). A recente, de certa forma surpreendente, ascensão de um empresário à sua presidência, pode sinalizar uma inflexão do país em direção de um liberalismo econômico mais próximo da Aliança do Pacífico do que do Brasil atual, e certamente bem mais distante do bolivarianismo relutante que florescia sob os Kirchner.
Mas o Brasil também evidencia uma recorrência de políticas conflitantes entre si, entre exercícios de estabilização econômica e demonstrações de distributivismo populista, e uma alternância de fases de crescimento com outras de crise e de recessão. Esse foi o padrão “normal” – digamos assim – num itinerário de inflação persistente e de episódios de estrangulamento externo que o Brasil conheceu desde o final do regime militar. O que é diferente, na presente fase, é uma recessão profunda, caminhando para uma possível depressão econômica, a pior de toda a nossa história, não só a econômica, mas também a político-institucional (dada a prevalência de comportamentos rentistas, ou até mesmo criminosos, em parte do establishment político). Longe de ser o efeito de uma suposta crise internacional sobre o tecido econômico brasileiro, a atual recessão-depressão representa o resultado de anos de inépcia econômica – corrupção à parte –, combinada a uma gestão comprometida com objetivos totalmente contrários ao que representaria uma agenda consensual, no seio das elites e em largos estratos de sua classe média; essa agenda seria feita de crescimento sustentado, com transformações estruturais e com distribuição social dos resultados do desenvolvimento econômico.
O fato é que o Brasil vinha apresentando esses altos e baixos em sua trajetória de crescimento econômico, causados seja por estrangulamentos externos (dois choques do petróleo nos anos 1980, crise da dívida externa nos 80), seja por graves episódios de descontroles internos (aceleração da inflação, déficits orçamentários, desequilíbrios fiscais nos anos 90), mas mantendo, a despeito de tudo, taxas positivas, maiores ou menores, de crescimento econômico. O que passou a ocorrer desde meados dos anos 2000 – com um recrudescimento agudo desse processo a partir de 2011 – foi uma deterioração geral dos principais indicadores macroeconômicos (inflação, juros, fiscalidade, câmbio), ou seja, da qualidade das principais políticas econômicas, e uma erosão dramática no ambiente microeconômico, levando ao fechamento ou insolvência de muitas empresas, que já vinham perdendo competitividade desde muito tempo, por causa da tributação extorsiva exercida pelo Estado, provocando, em consequência, um aumento gradativo dos níveis de desemprego. Bem mais grave, o governo federal, entre 2011 e 2015, cometeu erros graves de políticas macroeconômicas e setoriais, atuando em total infração às normas mais elementares da contabilidade pública e maquiando as contas domésticas numa proporção jamais vista na história econômica do país.
O resultado foi propriamente desastroso, como já analisei num artigo publicado neste mesmo espaço: “The Great Destruction in Brazil: How to Downgrade an Entire Country in Less Than Four Years”, Mundorama (n. 102, 1/02/2016, disponível: http://www.mundorama.net/2016/02/01/the-great-destruction-in-brazil-how-to-downgrade-an-entire-country-in-less-than-four-years-by-paulo-roberto-de-almeida/). A obra destruidora não foi obviamente construída em apenas quatro anos, mas representa o resultado de um período bem mais largo de equívocos de política econômica, alguns dos quais constituem verdadeiros crimes econômicos contra o país, como a indicar a sua intencionalidade de realmente oferecer oportunidade para comportamentos rentistas, quando não para o saque direto dos recursos públicos, isto é, o dinheiro de todos nós.
O problema central do Brasil dispensa grandes elaborações a respeito, pois já está plena e suficientemente evidenciado em todos os índices econômicos disponíveis em quaisquer bases de dados que se consulte. Não se pode, em todo caso, escapar do diagnóstico simples, mas irrecusável, da ausência completa de governança, o que é um problema político incontrolável por qualquer personagem político em particular: trata-se de uma deformação de nosso sistema político, cuja evolução é impossível determinar ex-ante, na falta de lideranças claras que ofereçam uma visão clara dos problemas e suas prescrições de resolução ou de encaminhamento. Mas cabe ainda discorrer sobre as questões vinculadas à interface do Brasil com a economia mundial, que constituem, mesmo secundariamente, um dos vetores da recuperação econômica futura do país.
A política econômica é tão esquizofrênica, em seu formato atual, que o Brasil só poderá retomar um novo rumo se aderir às boas regras da governança econômica de corte tradicional, ou seja, ao estilo da OCDE, organização com a qual o ex-ministro Joaquim Levy buscou elevar o padrão do relacionamento e de cooperação por parte do Brasil, com a assinatura de dois acordos sucessivos de trabalho conjunto (ao final de cujo processo, a própria OCDE já sinalizou sua postura simpática a uma adesão do Brasil). Não é provável que o governo atual continue dando impulso a essa agenda de reformas e de melhoria da qualidade das políticas econômicas, sobretudo setoriais. Mas é preciso que reformas sejam empreendidas, não na direção dos keynesianos de botequim – como foi o caso dos anos recentes – mas na linha das políticas preconizadas pela OCDE, pelas instituições de Bretton Woods ou pelo consenso do G7, o que é obviamente diferente das banalidades conceituais, e totalmente inócuas, veiculadas por grupos artificiais como o Brics, ou seus equivalentes na América Latina (tipo Unasul ou Celac).
Justamente, em relação à América Latina e seus diferentes processos de integração regional, as perspectivas não são nada promissoras, em que pese a recorrente transpiração da retórica política dos presidentes, mas dotada de muito pouca inspiração no plano substantivo. Tanto o Mercosul quanto a Comunidade Andina de Nações são hoje uma sombra do que foram no passado; a Alba, projeto bolivariano do finado presidente Chávez, não consegue sobreviver sem os petrodólares venezuelanos; a própria Aliança do Pacífico, como já se antecipou, vale menos pelo que possa contribuir para a integração recíproca de seus membros e mais pela ponte de diálogo e pelos canais de imbricação que firmas desses países possam construir e manter com os grandes parceiros econômicos da região da Ásia Pacífico. Com o afastamento – por implosão deliberada – do projeto americano da Alca, amadores influenciando de forma canhestra a diplomacia comercial do Brasil esperavam obter um acordo fácil, ou rápido, entre o Mercosul e a União Europeia, o que, obviamente, revelou-se totalmente ilusório, pela mesma razão da falta de concorrência ou de “ameaça”. Não são tampouco viáveis as perspectivas de acordo entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, pela grande distância que persiste entre as agendas negociadoras de cada um dos grupos, dada a notória falta de entusiasmo do Brasil por processos mais ousados de liberalização (algo que poderá mudar a partir de posições que possam ser assumidas pelo novo governo argentino).
Um grupo como o Brics continuará a existir – pois ele responde mais às metas políticas e aos objetivos de imagem dos seus dirigentes do que a uma agenda comum de iniciativas concretas – mas é pouco provável que suas reuniões de cúpula obtenham o sucesso de publicidade que vinham logrando até aqui, inclusive porque pelo menos três dos cinco enfrentam dificuldades econômicas de certa dimensão. Mesmo o novo banco de fomento criado no âmbito do Brics, o New Development Bank, pode representar uma saudável concorrência às instituições já existentes nessa área de financiamento de obras de infraestrutura em países em desenvolvimento, mas ele será uma estrutura bem menos positiva se a análise dos seus projetos obedecer mais a critérios políticos de compadrio entre as empresas estatais e de construção dos países membros e os dirigentes dos países receptores de seus empréstimos do que a cálculos objetivos de custo-benefício e de retorno assegurado sobre os investimentos.
Não é tampouco provável que o governo do Brasil tome novas iniciativas na frente diplomática, como foi o caso nos dois primeiros mandatos do ciclo lulopetista. O cenário externo para o Brasil é nitidamente negativo, num contexto em que as agências de classificação de risco continuam a posicionar o país em escalões ainda mais baixos do grau especulativo. Decisões desse tipo tornam difícil reverter a perda de atratividade do país para os investidores internacionais, não só aqueles empresários desejando iniciar negócios físicos, mas também fundos de investimentos atuando exclusivamente no setor financeiro (ações em bolsa, títulos governamentais, debêntures de empresas, etc.). Esse cenário já se materializou na elevação das taxas de spread – percepção de risco – que o Brasil passou a pagar em suas operações financeiras externas. A Petrobras representa, provavelmente, o exemplo-síntese dos desastres consumados na era lulopetista, ainda que ela não seja a única agência pública tomada de assalto pelos novos bárbaros.
Em síntese, a despeito de todo o seu potencial, do aparente sucesso acumulado nos anos fastos da bonança chinesa – quando as commodities exportadas alcançavam picos historicamente inéditos de valorização – e do prestígio correspondente, construído por uma diplomacia dita ativa e altiva, mas feita muito mais de pirotecnia do que de consistência, o papel do Brasil na economia mundial tende a diminuir em todas as frentes possíveis de interação com os parceiros externos: comércio, finanças, investimentos, cooperação em grandes projetos, ou até na assunção de suas obrigações já comprometidas com diversas organizações internacionais, cujas dotações orçamentárias não estão sendo cumpridas. A percepção de uma reincidência do país em velhos erros do passado – inflação em alta, medidas erráticas na política econômica, deterioração das contas fiscais, diminuição das oportunidades de investimento direto – pode até representar certo exagero por parte dos observadores externos, e como tal repercutido na imprensa financeira, mas quando esse tipo de fenômeno ocorre os investidores internacionais se retraem por um prazo médio de cinco anos, pelo menos.
Existe saída para o Brasil no cenário econômico internacional? Certamente, uma vez que o país possui ativos relevantes no quadro da economia real: recursos naturais abundantes, grande mercado interno, uma conformação geral de suas instituições que pode ser superior à de seus parceiros atuais no plano diplomático. Mas essa recuperação não se apresenta como de fácil implementação no atual quadro de governança política, que aliás não corresponde a esse conceito. A ausência de estadismo na classe política, de uma clara visão da urgência das reformas necessárias, o comportamento rentista de boa parte de suas elites dirigentes e o compadrio registrado em várias frações de sua classe capitalista não constituem ativos desejáveis nesse cenário. Uma conclusão parece, no momento, inevitável: o futuro não é para amanhã no horizonte do Brasil.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 17/02-2/03/2016

I Concurso de Artigos em Comercio Internacional - FGV-SP

I Concurso de Artigos em Comércio Internacional

Cátedra OMC no Brasil
Centro do Comércio Global e Investimentos – CCGI
Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas –
EESP/FGV

I Concurso de Artigos em Comércio Internacional
Edital 002/2016-CACI

A Cátedra OMC no Brasil, representada por sua Titular, Professora Vera Thorstensen, diretora do Centro de Estudos do Comércio Global e Investimentos da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (CCGI-EESP/FGV), com endereço na Rua Itapeva, 286, 10º andar, Bela Vista – São Paulo/SP, 01332-000, torna público aos interessados o Edital com o regulamento do Concurso de Artigos em Comércio Internacional, com as regras que seguem.

1. Objeto

O presente Concurso tem por objetivo selecionar seis artigos científicos que versem sobre o seguinte tema: “O Novo Sistema Econômico Internacional”. Os artigos científicos poderão ser submetidos em duas categorias: (i) graduação; e (ii) pós-graduação, não sendo requerida formação em área especifica para participação. Serão selecionados três artigos científicos na categoria de graduação e três na categoria de pós-graduação. O artigo científico vencedor em cada categoria.

2. Critérios para a inscrição

Poderão participar do Concurso de Artigos em Comércio Internacional estudantes universitárias/os brasileiras/os e estrangeiras/os matriculadas/os em Instituições de Ensino Superior brasileiras, Universidades e/ou Faculdades, que apresentem artigos científicos em matéria de comércio internacional seguindo o tema “O Novo Sistema Econômico Internacional”, conforme disposto no item 3.

3. Tema

Os artigos científicos devem seguir o tema: “O Novo Sistema Econômico Internacional”, podendo ser abordados aspectos legais, econômicos, políticos e/ou de gestão relativos aos seguintes subtemas:

a. A coerência do Sistema Econômico Internacional;
b. Estabilidade financeira, regulação financeira e supervisão de riscos sistêmicos;
c. As novas barreiras regulatórias ao comércio (barreiras técnicas, sanitárias, fitossanitárias e
padrões privados);
d. Os mega-acordos, o futuro da política de acesso a mercados e acordos comerciais regulatórios;
e. Investimentos, comércio e regimes tributários;
f. Desenvolvimento sustentável, direitos humanos e o seu papel no novo sistema econômico internacional;
g. O papel do Comércio Internacional e suas instituições no Sistema Econômico Internacional;
h. Organização Mundial do Comércio (OMC) e os novos temas do comércio internacional no Século XXI;
i. Análise de instituições do Sistema Econômico Internacional.

A proposta desse concurso de artigos científicos endereça um problema que vem crescendo nos debates sobre economia internacional, que é a profusão de áreas e instituições com competências duplamente positivas ou duplamente negativas. Nesse sentido, é necessário reavaliar, primeiro, o conteúdo tratado no âmbito do Sistema Econômico Internacional, que envolve áreas como o Direito Internacional Econômico, Economia Internacional, Política Internacional, dentre outros. Nos últimos anos, novos temas têm ganhado corpo nas negociações internacionais e gerado um conflito de coerência sistêmica. Nesse sentido, até que ponto o sistema financeiro interfere no comércio internacional ou no sistema bancário internacional, ou na regulação de disciplinas ambientais? O sistema internacional está pronto para não apenas enfrentar novas questões sistêmicas que se apresentam, mas está dotado de instituições que funcionam com esse objetivo? A atualização do Sistema Econômico Internacional, passando por sua coerência interna, e as áreas a ele ligadas, é o que torna o tema aqui proposto atual e instigante para a/o jovem pesquisadora e interessada/o na área.

Seguem os links para o Edital 002/2016-CACI e para a Ficha de Inscrição.

Eleições nos EUA: forte voto protecionista prefere dois marginais da política

Dois marginais no sentido de serem ambos relativamente excêntricos com respeito ao sistema político tradicional, não no sentido criminal, é claro.
Tanto Trump quanto Sanders são marginais nesse sentido. Sanders é apenas um socialdemocrata ingênuo, enquanto Trump, grande idiota, é tudo aquilo que é politicamente incorreto: racista, xenófobo, vulgar, grosseiro, machista, é um grande ignorante.
Abaixo, opinião de um jornalista experiente do circunspecto e respeitado Wall Street Journal.
Paulo Roberto de Almeida 

Bernie Breaks Through in Michigan

BY JAMES FREEMAN

The Wall Street Journal, March 9, 2016

Donald Trump won three more GOP nominating contests on Tuesday, while Sen. Ted Cruz won in Idaho and finished second to Mr. Trump in Hawaii, Michigan and Mississippi. Mr. Trump continues to succeed in a four-candidate Republican race, but new polls show he isalienating an increasing share of the nation’s overall electorate. “In the Wall Street Journal/NBC survey, his net negative rating is now up to minus-39%,” notes a Journal editorial. “A new Washington Post/ABC poll found that only 45% of Republicans consider him “honest and trustworthy” and only 51% say they’d be satisfied with him as the nominee.” The editorial adds that in the Michigan exit polls and the two national surveys, “Mr. Trump nearly always loses a hypothetical one-on-one matchup with each of the other GOP contenders.” And Mr. Trump trails Hillary Clinton by 13 percentage points in the WSJ/NBC survey.

But will Mrs. Clinton be the Democratic nominee? On Tuesday her coronation was interrupted by the voters of Michigan, who handed Bernie Sanders a surprising victory in the state’s Democratic primary. According to exit polls the Vermont senator won 30% of the black vote, enough to score a breakthrough win in the big, diverse state. Given his remarkable fundraising prowess—last month he raked in $42 million compared to Mrs. Clinton’s $30 million—and the possibility she will be indicted, it’s still too early to call the Democratic race.

Mrs. Clinton did win in Mississippi last night, powered by her usual overwhelming support from black voters. Why are African-American Democrats so enamored of Mrs. Clinton? Our columnist William Galston says it’s because blacks thrived during her husband’s presidency. “During Mr. Clinton’s eight years in office, median household income rose to $57,700 from $50,700, a sturdy 14%. Among African-Americans, it rose by even more, to $40,800 from $31,000—32%. While the overall poverty rate fell by 3.5 percentage points, it fell for African-Americans by 10.9 points, the most since the 1960s...” 

“The conventional wisdom on the left is that the GOP brought the Trump phenomenon on itself,” writes Jason Riley. Media pundits like to pretend that the party has been stoking anti-immigrant sentiment, but Mr. Riley notes that  Mr. Trump “wasn’t really invited to this party. He crashed it. And judging from the primary election results so far—he’s winning pluralities, not majorities—most Republicans want him to leave.”

Historia do Brasil: o golpe de 1964 foi feito para durar 21 anos? - Carlos Brickmann e Paulo Roberto de Almeida

Meu comentário ao artigo abaixo de Carlos Brickmann, um jornalista que leio regularmente, segue logo após a transcrição de seu artigo, recebido há pouco.
Está em forma de carta pois foi assim que mandei ao autor.
Paulo Roberto de Almeida

DE VOLTA PARA O FUTURO
Carlos Brickmann
Edição para os jornais de Quarta-feira, 9 de março de 2016

Na semana que vem, este evento fará 52 anos. Eu atravessava o centro de São Paulo a pé quando cruzei com impressionante multidão, liderada por uma freira, a Irmã Ana de Lourdes, mais o governador, deputados - na época, atraíam público. Dizem que até um metalúrgico, que ficaria famoso, marchou com Deus pela liberdade. Foi difícil passar pela massa, chegar à Folha e comentar: "Tem gente pra caramba". Contestação imediata dos colegas de esquerda: na rua só havia milionários. Todos? Não: para fazer volume, tinham levado babás e empregadas.

Nos dias seguintes, mais negativas. A cada general que se declarava contra o Governo de João Goulart, citava-se outro que defendia o presidente. Havia as Ligas Camponesas, que invadiriam as cidades para dar apoio a João Goulart. O dispositivo militar, generais de muitas estrelas, a Casa Militar, o 3º Exército, o 2º Exército do general Kruel, amigo de Goulart. Cabos e sargentos rejeitariam ordens superiores e defenderiam o regime. Tinha roubalheira em Brasília? Tinha, mas em São Paulo também havia. Luís Carlos Prestes, maior líder comunista, proclamava a vitória: "Já estamos no governo, só falta alcançar o poder".

As Ligas Camponesas se evaporaram, o dispositivo militar não havia, o 3º Exército foi neutralizado, o general Kruel marchou contra o amigo Jango. Tivemos 21 anos de ditadura e sofrimento. Ninguém aprendeu, só esqueceu. Mudança? Em vez de chamar os adversários de gorilas, agora os chamam de coxinhas.

Parece familiar? E é. Mas Lula e PT parecem felizes de buscar o confronto.
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Carta-comentário de Paulo Roberto de Almeida:

   Com perdão que lhe diga, mas para quem lê todos os seus artigos com atenção, este aqui me chocou pela contradição entre o início e o final.
    De fato, há 52 anos a sociedade em geral, a classe média em particular, marchou unida contra o governo. A inflação assustava todos, o espectro do comunismo assustava os militares e alguns empresários (mais preocupados com a deterioração do ambiente econômico e com a inépcia de Jango, que sempre prometia aumentar os salários dos operários e controlar os preços dos alugueis, transportes e outros bens e serviços), e a deterioração geral do ambiente político deixava a todos perplexos, que foram então pedir aos militares que resolvessem o problema (especialmente aqueles que eram candidatos a presidente em 1965, pelo menos três governadores e um ex-presidente, que temiam que as loucuras brizolistas fossem de fato reais: na lei ou na marra). Enfim, deu-se o golpe.
    Mas o que dizer deste parágrafo muito simplista?
    “As Ligas Camponesas se evaporaram, o dispositivo militar não havia, o 3º Exército foi neutralizado, o general Kruel marchou contra o amigo Jango. Tivemos 21 anos de ditadura e sofrimento.”
    Não, ninguém previa, nem os próprios militares, uma duração tão longa para o golpe. Castello Branco, um intelectual entre os militares, e que só tomou a cabeça do movimento para impedir que outros piores do que ele nas FFAA fizessem muita besteira vingativa, um verdadeiro estadista, ainda esperava colocar o Brasil em ordem em poucos meses, e poder presidir ao processo eleitoral em 1965, que devolveria o poder aos civis (ainda que a políticos confiáveis).
    Enfim, as coisas nunca se passam como o esperado e as circunstâncias se precipitaram para mudar radicalmente o cenário, que não tinha nada de muito perverso planejado pelos militares (embora alguns quisessem aproveitar a oportunidade para “limpar o terreno”  de vez, o que não tinham conseguido fazer em 1954, em 1955 e em 1961). Vários militares da chamada linha dura quiseram aprofundar a “revolução”, e vários malucos da esquerda acharam que era hora de imitar Guevara e Fidel Castro ou Mao Tsé-tung. Marighella partiu para Cuba, buscar ajuda dos cubanos para preparar uma insurreição armada, que resultou apenas ser uma mal organizada guerrilha urbana. Os maoístas se prepararam durante anos para uma guerra camponesa, esquecendo que o Brasil não tinha verdadeiros camponeses, pelo menos não na Amazônia, só agricultores de subsistência paupérrimos, que não tinham sequer consciência de serem cidadãos de um país chamado Brasil (na verdade nem o eram, pois analfabetos não votavam). Os verdadeiros camponeses, os imigrantes europeus do sul do país, eram “pequeno burgueses” diriam os marxistas do Partidão. Aliás, o próprio Brizola recebeu dinheiro do Fidel para organizar um levante armado com militares de esquerda e não fez grande coisa, daí que Fidel passou a chama-lo de El Ratón. Enfim, muitos embarcaram na aventura armada, o que só redundou, justamente, em mais ditadura e sofrimento.
    Tudo bem com seu artigo, mas essa coisa de que em 1964 partimos para 21 anos de ditadura e sofrimento não cola, pois não era verdade, não foi planejado. Só se tornou verdade aos poucos, e em grande medida graças à esquerda estúpida, que despertou os instintos mais primitivos da tigrada dos quartéis.
    Para quem, como eu, que me iniciei na resistência e que passou um terço do período militar no exílio, a verdade histórica continua a ser importante, mesmo contra certas opiniões simplistas...
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Paulo R. de Almeida
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diplomatizzando.blogspot.com