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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Senado vetou embaixadores no passado - Helio Gurovitz (Epoca)

Além desses dois casos citados, permito-me citar o caso do indicado pelo governo Geisel (ou já no começo de Figueiredo) para a representação do Brasil junto à então Comunidade Econômica Europeia, na pessoa do ex-ministro de Minas e Energia de Geisel, Shigeaki Ueki.
Na verdade, ele não foi vetado, expressamente. Ele sequer foi chamado para sabatina. A mensagem simplesmente ficou na gaveta da CREDN-SF.
Auguro o mesmo destino para o designado pelo papaizinho que pretende uma política externa "sem ideologia", sem se dar conta que o que mais existe neste governo é ideologia, só que de extrema direita. Inchallah!
Paulo Roberto de Almeida

Quando um embaixador é vetado?

Senado rejeitou nomes indicados por Jânio Quadros e Dilma Rousseff. O primeiro caso tem mais em comum com a indicação de Eduardo Bolsonaro que o segundo

Confirmada a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira em Washington, ele ainda terá de passar por sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado, depois seu nome será submetido à aprovação no plenário da Casa. Em geral, é um procedimento meramente protocolar. Mas não no caso do filho do presidente. 
De tão raras, as rejeições de embaixadores no Senado são consideradas eventos excepcionais. Dois casos no Brasil democrático ocorreram com presidentes que mantiveram relações tensas com o Legislativo e não terminaram seus mandatos: Jânio Quadros e Dilma Rousseff. 
Em 6 de junho de 1961, por 26 votos a 22, o plenário do Senado rejeitou a indicação do empresário José Ermírio de Moraes, fundador da Votorantim, para a embaixada do Brasil na então República Federativa da Alemanhã, em Bonn. Só em maio de 2015, quando por diferença de um voto (38 a 37) derrubaram a nomeação do diplomata Guilherme Patriota para a embaixada brasileira na Organização dos Estados Americanos (OEA), os senadores voltariam a vetar outro embaixador. 
A indicação de Patriota, irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, foi vista como recado a Dilma. Ele trabalhara com o assessor internacional da Presidência Marco Aurélio Garcia e fora chefiado pelo próprio irmão na representação junto às Nações Unidas. Durante sua sabatina, adotou uma postura de confronto e derrapou nas respostas. 
“Ele poderia melhor representar a Venezuela que o Brasil”, comentou na ocasião o senador paraibano Cássio Cunha Lima, da oposição. Na mesma sessão, contudo, os senadores aprovaram com ampla margem outro indicado por Dilma para a embaixada de Paris. O conflito em torno das relações internacionais do Brasil não prosperou. 
O caso do governo Jânio tem mais em comum com a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro à embaixada em Washington. Ermírio não era diplomata de carreira, apenas um industrial de sucesso e amigo de Jânio, a quem recebia com frequência na sua casa de praia em Bertioga, no litoral paulista. “Foi vetado justamente pelo fato de ser íntimo do governante que desprezava o Congresso”, contam Duda Hamilton e Paulo Markun em 1961 – O Brasil entre a ditadura e a Guerra Civil. 
Várias características aproximam Jânio de Bolsonaro. Primeiro, o populismo. Jânio queria governar em relação direta com o povo e transmitia instruções por meio de seus proverbiais “bilhetinhos” (houve 1.534 em seu governo). Segundo, a retórica conservadora. As principais bandeiras eleitorais janistas foram as mesmas de Bolsonaro: o combate à corrupção e a austeridade. 
Terceiro, a dificuldade de articulação política no Legislativo. Eleito pelo pequeno PTN, jovem partido que não comandava mais de 2% das cadeiras no Parlamento, Jânio dependia de um arco extenso de alianças para governar, reunindo siglas mais fortes como UDN, PDC, PSB ou PSD. “Não tinha estômago para suportar o jogo político da democracia, que submete qualquer determinação a um longo processo de debate e negociação no Legislativo”, dizem Hamilton e Markun. 
Finalmente, a tentativa, logo ao assumir o governo, de imprimir um novo rumo à política externa brasileira e dar uma guinada na postura então seguida pelo Itamaraty. Com uma diferença: Jânio não empunhava as bandeiras da direita nacionalista como o clã Bolsonaro. Ao contrário, preconizava o afastamento dos americanos e uma inusitada aproximação do mundo socialista. 
“Suas posições políticas tiveram forte influência do ideário sociopolítico cristão e da visão de mundo do Ocidente, ainda que criticasse fortemente o colonialismo americano e europeu”, afirma o cientista político João Catraio Aguiar na análise A influência legislativa sobre a política externa de Jânio Quadros, publicada no ano passado. 
Na época, relata Catraio, os temas mais discutidos eram as relações com os países ocidentais e a aproximação dos países socialistas. Jânio admirava líderes independentes como o egípcio Gamal Abdel Nasser ou o iugoslavo Josip Broz Tito. Adotou uma postura mais crítica ao alinhamento automático do Brasil com os Estados Unidos. Aproximou-se do Movimento dos Não-Alinhados, condecorou o cubano Che Guevara em Brasília, foi recebido por Fidel Castro em Havana e abriu várias embaixadas brasileiras em países africanos. O então vice João Goulart, do esquerdista PTB, fez uma longa visita à China comunista. 
Seu chanceler, Afonso Arinos de Melo Franco, derivava da mesma matriz católica de Jânio, que criticava capitalismo e comunismo. Mas, ao contrário dele, tinha raízes udenistas e ainda acreditava que o Brasil deveria permanecer alinhado com as potências ocidentais. Havia um contraste entre a postura janista na política externa, a de seu próprio chanceler e a dos partidos de que dependia para governar. 
Por isso mesmo, a política externa se tornou um foco frequente de embates no Parlamento, culminando na rejeição da indicação de Ermírio. “A vitória de Jânio nas urnas foi o suficiente para disparar o gatilho da desconfiança e da vigilância sobre as ações externas do novo presidente”, relata Catraio. 
O Congresso passou a convocar quase todo mês o ministro das Relações Exteriores para longas sabatinas. Afonso Arinos tentava explicar as relações com Cuba, a neutralidade proclamada na Conferência do Cairo, as condições para intervenção noutros países, a necessidade de comércio externo diante da industrialização e, para isso, de aproximação da Alemanha Oriental, de países africanos, da China e da União Soviética. 
“Não reinou o ‘interesse nacional’, mas a estratégia partidária, principalmente de confronto ao governo”, conclui Catraio. “A polarização que cruzava os partidos encontrou lugar em temas como relações com o Ocidente e com os países socialistas.” 
Quanto mais polarizado o Parlamento, maior a chance de que a política externa se torne uma fonte de problemas para o presidente no Congresso. A indicação de Eduardo fornece ao Senado uma moeda de troca poderosa na relação com o pai dele, ainda mais dependente do Parlamento hoje do que era Jânio em seu tempo. 
 — Foto: Arte/G1 — Foto: Arte/G1
— Foto: Arte/G1

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Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17/07/2019, 11:00


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A semente do fascismo assume varias formas: primeiro se intimidam escritores, depois se queimam os livros...

Numa terceira etapa, ocorrem perseguições, prisões e condenações.
No caso de Trump, supremacistas brancos se sentiram autorizados a atacar manifestantes pacíficos.
No caso da Justiça americana, o atropelador serial foi condenado a 400 anos de prisão.
E no Brasil?

Feira literária cancela convite à Miriam Leitão
 A organização da 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC) anunciou ter cancelado a participação da jornalista Míriam Leitão no evento. Ela faria uma palestra no dia 15 de agosto. Uma petição com mais de 3 mil assinaturas foi encaminhada à feira pedindo o cancelamento da participação de Míriam e também do sociólogo Sérgio Abranches. Num dos trechos, ao se referir à jornalista, o documento diz que o repúdio é por “seu viés ideológico”. Míriam lamentou:
—Fomos convidados, Sergio e eu, para falar da nossa formação como escritores, dos nossos livros e dos livros que nos marcaram. A mesa “Biblioteca afetiva” nos entusiasmou: iríamos falar do que amamos tanto. Infelizmente, a intolerância foi mais forte, desta vez. Mas o livro sempre vencerá.
O coordenador geral da feira, João Chiodini, disse que a decisão de desconvidar a jornalista e o sociólogo foi tomada “com vergonha”, mas “para garantir a segurança dos convidados”.
— Logo depois que anunciamos (os nomes), recebi ligações, mensagens e comentários nas redes dizendo que os dois seriam recebidos com ovadas. É a primeira vez que isso acontece em 12 anos de evento —disse Chiodini.
As últimas edições da feira tiveram presenças diversas, do cantor Lobão à filósofa Márcia Tiburi, além do cartunista Ziraldo, do historiador Laurentino Gomes e do escritor Luiz Fernando Veríssimo. Para a edição deste ano está confirmada a presença da escritora Martha Medeiros e do escritor Paulo Lins.

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terça-feira, 16 de julho de 2019

Hamilton Mourao fala sobre a politica externa, racionalmente...

Mourão defende que política externa do Brasil seja flexível e pragmática

Rio de Janeiro, 15 jul 2019 (EFE). 

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta segunda-feira que o Brasil adote uma política externa flexível e pragmática, que permita que o país se relacione com todo o mundo, independente de posições ideológicas.
"Na política externa, em um mundo conflituoso como o de hoje, com países competindo por mercados, com protecionismo, migrações, problemas climáticos e outros conflitos, temos que ser flexíveis e pragmáticos", afirmou Mourão em entrevista concedida a correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro.
O vice-presidente afirmou que essa estratégia torna possível não só a aproximação do Brasil aos Estados Unidos, como desejado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas também de outros países não tão ideologicamente alinhados ao governo, como China e Rússia.
"Temos que ser flexíveis para não ficarmos presos a uma só linha de ação e poder aproveitar a melhor linha para o país, assim como temos que ser pragmáticos, porque as relações têm que ser de Estado com Estado", explicou o vice-presidente.
Por dar prioridade aos assuntos de Estado, Mourão disse que o Brasil terá relação com qualquer que seja o presidente da Argentina no ano que vem, apesar de Bolsonaro ter declarado em várias oportunidades que apoia a reeleição de Mauricio Macri.
Mourão também destacou que o Brasil aprecia as relações que têm com a China, mesmo com as declarações de Bolsonaro na campanha eleitoral, que davam a entender que o governo buscaria um alinhamento automático com os Estados Unidos.
"Temos que conversar com todas as nações do mundo e sermos pragmáticos para buscar o benefício mútuo em todas as relações", frisou o vice-presidente.
Segundo Mourão, esse pragmatismo permitirá ao Brasil fazer negócios com todos os países no mundo, elevando assim participação nacional no comércio internacional, atualmente limitada a 0,2% do total movimentado no mundo.
"Isso é baixíssimo para um país como o nosso", ressaltou.
Para o vice-presidente, a maior parte dos mal-entendidos sobre a política externa brasileira desde a chegada de Bolsonaro ao poder tem relação com a imagem negativa do governo no exterior.
"Existe uma má vontade com a figura dele. Foi criada a imagem que Bolsonaro era o Átila que tinha chegado para arrasar o Brasil. Mas ele não é, em absoluto, uma pessoa totalmente fora dos padrões aos quais estamos acostumados", garantiu.
Mourão revelou que uma das principais missões que recebeu de Bolsonaro foi viajar à China para reativar a Comissão Chinês-Brasileira de Cooperação, levando a Pequim uma mensagem política para dissipar as dúvidas surgidas durante a campanha eleitoral.
"A missão foi muito bem-sucedida, e a mensagem foi transmitida. Fui recebido pelo próprio presidente da China (Xi Jinping) e estamos conversando diretamente com os chineses, que querem participar das licitações e dos leilões para desenvolver projetos de infraestrutura no Brasil", disse Mourão.
"Ninguém pode prescindir de negociar com a China, cujo mercado é maior que o da União Europeia e o Mercosul juntos. Ninguém pode fugir de negociar com a China. Não podemos desprezar uma relação com nosso maior parceiro comercial, com o qual tivemos no ano passado um comércio de mais de US$ 100 bilhões", acrescentou Mourão.
O vice-presidente afirmou que Bolsonaro deve realizar visita oficial à China em outubro, uma viagem na qual passará por vários países do Oriente Médio e do Japão, onde participará da coroação do novo imperador Naruhito.
Mourão também disse que recebeu de Bolsonaro a missão de reativar as relações de alto nível entre Brasil e Rússia, tarefa que pretende cumprir em outubro, quando receberá o vice-primeiro-ministro russo, Anton Siluanov, para um diálogo bilateral. 
EFE