Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida
Site pessoal: www.pralmeida.net.sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Como eu ajudei (involuntariamente) um personagem bizarro a virar um chanceler acidental - Paulo Roberto de Almeida
sábado, 8 de março de 2025
Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, iniciando por uma citação de Alexander Soljenitsyn
Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, iniciando por uma citação de Alexander Soljenitsyn
Mauricio David me contempla com uma citação de Alexander Soljenitsyn que ele retirou do frontspício de um livro meu de 2019, aliás o primeiro a respeito do bolsolavismo, chamado Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019). A citação feita por Mauricio David (que colocou o título abaixo), segue tal como eu a encontrei em algum livro que estava lendo no momento em que redigia o livro (eu tinha sido exonerado de meu cargo no Itamaraty pelo chanceler acidental e passava o meu tempo na biblioteca, lendo e escrevendo sobre o besteirol bolsolavista manchando a diplomacia brasileira):Um grande pensador, um grande humanista : o Prêmio Nobel, Alexandre Soljenitsyn
Uma cegueira persistente – o sentimento de
uma superioridade ilusória – mantém a ideia de que
todos os países de grande extensão existentes em nosso
planeta devem seguir um desenvolvimento que os levará
ao estado dos sistemas ocidentais atuais, teoricamente os
melhores, praticamente os mais atrativos; que todos os
demais mundos estão apenas impedidos temporariamente
– por causa de governantes malvados ou por graves
desordens internas, ou por barbárie e incompreensão –
de se lançar na via da democracia ocidental, com
partidos múltiplos, e de adotar o modo de vida ocidental.
E cada país é julgado segundo seu grau de avanço nessa
via. Mas, na verdade, esta concepção nasceu da
incompreensão pelo Ocidente sobre a essência dos
demais mundos, que são abusivamente medidos segundo
o padrão ocidental. O cenário real do desenvolvimento
em nosso planeta tem pouco a ver com isso.
Alexandre Soljenitsyn, discurso na 327ª. formatura na Universidade de Harvard, junho de 1978.
(agradeço ao nosso colega e também grande humanista. Paulo Roberto de Almeida, a citação)
Aos que estiverem interessados em conhecer o livro, informo sobre as duas edições:
1) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p. Plataforma Academia.edu (link para o miolo do livro: https://www.academia.edu/40000881/A_Destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_Edição_do_Autor_2019_ ) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/334450922_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_2019
2) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., livro eletrônico; disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf . Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_ e a Research Gate https://www.researchgate.net/publication/334593501_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty
Miséria da Diplomacia: onde tudo começou - Paulo Roberto de Almeida
Miséria da Diplomacia: A Destruição da Inteligência no Itamaraty (2019)
Paulo Roberto de Almeida
Meu amigo e abastecedor de materiais da imprensa corrente (só a de boa qualidade), Mauricio David, recomenda a leitura do meu primeiro livrinho sobre a horrenda e nefasta dominação do bolsolavismo diplomático sobre a política externa e sobre o trabalho do Itamaraty, o corpo de profissionais encarregados de operar e concretizar as ideias (se por acaso existem) do chefe de Estado e de governo sobre a ação externa do Estado brasileiro: Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019).
A esse livrinho — publicado em duas edições, uma digital pessoal, de autor, e uma outra pela Editora da UFRR, que está abaico disponivel na plataforma Academia.edu — se seguiu uma série de quatro outros: O Itamaraty num Labirinto de Sombras (2020), Uma Certa Ideia do Itamaraty (2020), O Itamaraty Sequestrado (2021), culminando com Apogeu e Demolição da Política Externa (Appris, 2021), que todos eles trazem minha análise e avaliação sobre o que foi, em épocas passadas, a política externa e a diplomacia dos vários governos e regimes havidos no Brasil.
Aproveitei o link da edição da UFRR para reler esse livrinho escrito de forma algo improvisada e apressada apenas para registrar a minha total desconformidade com o que vinha ocorrendo na política externa e com o que vinha sendo atacado o Itamaraty (uma instituição feudal-burocrática, mas de boa qualidade intelectual), a instituição à qual eu estive ligado de forma ativa entre 1977 e 2021, e da qual sempre fui um analista severo e muito crítico (sobretudo de alguns dogmas duvidosos), hoje apenas um observador isento de seus caminhos incertos e inquietantes.
Ao reler o livrinho, excluindo o caráter prolixo de algumas passagens, muito intelectualoides, descobri que ele oferece um retrato fiel do que foram os dois anos nos quais um chanceler acidental, tresloucado por seus fundamentalismos exóticos, conseguiu destruir muito do capital intelectual, e também humano, pelo qual a minha ex-Santa Casa (do Barão, melhor dito) era conhecida.
Um ano depois de publicar esse livro, tentei um exercício de recuperação de nosso capital intelectual, convidando mais de meia centena de colegas a um exercício clandestino (ou seja, secreto e discreto) de “planejamento de uma política externa pós-bolsonarista”, algo que uma instituição respeitável como sempre foi o Itamaraty pideria facilmente fazer. Talvez pelo fato da pandemia, ou por excesso de temores da parte dessas cinco dezenas de colegas, as respostas foram exígua, menos de cinco, o que me levou a cancelar a iniciativa. Continuei exercendo solitariamente meu trabalho de resistência intelectual ao besteirol bolsolavista, não só no âmbito da política externa e da diplomacia.
Um dia vou relatar como foi essa frustrada tentativa minha de resgatar a dignidade do Itamaraty em face do arbítrio imbecil dos amadores que destruiram a nossa diplomacia, depois dos desvios lulopetistas da fase anterior, a diplomacia partidária de aliança com regimes liberticidas.
Por enquanto, convido todos os interessados a ler, se desejarem, o meu primeiro libelo contra a burrice erigida em diretrizes diplomáticas.
Todos os livros da série estão disponíveis em minha página da plataforma Academia.edu.
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 8/03/2025
https://www.academia.edu/40000881/A_Destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_Edição_do_Autor_2019_
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Diplomacia em Frangalhos - Hélio Schwartsman (FSP)
DIPLOMACIA EM FRANGALHOS
Quando fala de improviso, Lula parece mais diretor de grêmio estudantil do que presidente da República
Hélio Schwartsman
FOLHA DE S. PAULO, 19/02/2924
"Ah, Luiz Inácio Lula da Silva...
Quando ele segue o roteiro preparado pelo Itamaraty, ainda é possível enxergar uma posição minimamente coerente com a tradição diplomática brasileira. Foi o caso do discurso que ele fez no sábado (17) na abertura da cúpula da União Africana em Adis Abeba. Ali, sem deixar de criticar Israel, também condenou os ataques do Hamas e pediu a libertação imediata de todos os reféns.
Basta, porém, que Lula comece a falar de improviso para comportar-se não como presidente da República mas como diretor de grêmio estudantil, desfiando os mais ignorantes chavões da esquerda. Foi o que ele fez no domingo (18), ao equiparar as operações de Israel em Gaza ao Holocausto nazista. É difícil até listar o número de instâncias em que a comparação é errada. Hitler, com base numa concepção essencialista de hierarquias raciais, se pôs a eliminar todos os judeus da Europa. Israel reage, ainda que desproporcionalmente, a um ataque terrorista.
Não estou sugerindo que Israel seja inimputável. Eu mesmo critico quase que semanalmente a mão pesada do governo Netanyahu. Penso que imperativos morais e legais exigiriam que as ações militares fossem muito mais cuidadosas, mesmo que isso implique retardar o objetivo legítimo de reduzir a capacidade do Hamas de atacar Israel.
Lula, ao dizer que Tel Aviv repete Hitler, desfere contra os israelenses um golpe abaixo da cintura. É algo que contradiz o argumento que o próprio presidente sempre invoca para justificar a mansidão com que trata violações cometidas por aliados seus, como Maduro e Putin: não se pode ser muito veemente nas declarações para não perder o poder de influenciar.
Na administração Bolsonaro padecíamos do problema oposto, que era a adesão automática às mais extremas posições do governo Netanyahu. Para quem olha de fora esse zigue-zague, a conclusão inescapável é que o Brasil não mantém uma política externa séria.
quinta-feira, 4 de março de 2021
Por que se perpetram tantas loucuras diplomáticas a partir da Casa de Rio Branco? - Paulo Roberto de Almeida
Por que se perpetram tantas loucuras diplomáticas a partir da Casa de Rio Branco?
Paulo Roberto de Almeida
(inspirado no Past Imperfect, de Tony Judt)
O Itamaraty está literalmente sufocado.
Os diplomatas continuam exercendo suas habilidades, mas sabendo que suas instruções serão deformadas no gabinete do chanceler capacho, segundo ordens que recebe de amadores ignaros em política externa e estranhos à Casa.
É uma espécie de intervenção!
E existe um Quisling no comando aparente da Casa: na verdade, é apenas um serviçal de uma força de ocupação.
Como sempre acontece nesse tipo de situação, não faltam os colaboracionistas, alguns até entusiasmados com a perspectiva de promoção, postos e chefias. A maioria assiste passiva aos abusos e violações das forças de ocupação, pois teme retaliações.
Em algum momento do futuro haverá o restabelecimento da normalidade, mas sem fuzilamentos ou tribunais. O Petain da nova Vichy será posto de lado de forma acomodada, mas terá de suportar essa vergonha como sombra pelo resto da carreira.
Noel Rosa perguntaria: “Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?”
Na verdade, há pouco espaço para um samba: a situação está mais para “tangos e tragédias”.
Terminando por uma frase abusada, de um autor renomado: assim caminha a humanidade.
E eu acrescento: nem sempre com dignidade...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4/03/2021
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
A diplomacia brasileira vive o seu PIOR momento - Editorial Estadão (19/02/2021)
‘É parte da cura o desejo de ser curado’
É muito triste constatar que a diplomacia brasileira vive o seu pior momento
Editorial Estadão | 19/02/2021, 3h
Sábias palavras do filósofo romano Sêneca, o Jovem, ainda no distante século 1.º. Pena que essa antiga máxima não tenha sido adotada pelo governo brasileiro ao tratar a pandemia de covid-19. Ao contrário, assumindo explícito negacionismo o presidente Jair Bolsonaro só colecionou atos contrários ao fundamental “desejo de ser curado”: o rebaixamento de uma doença nova, desconhecida e por vezes mortal a “gripezinha”, a demissão dos ministros Mandetta e Teich, culminando com a convocação de um militar especializado em logística para a pasta da Saúde. Apesar de sua “expertise”, o planejamento do atual ministro mostrou-se caótico e obscurantista: recomendou medicamentos não apropriados e foi negligente com a necessária pressa na compra de vacinas, sobretudo pelas interferências do presidente.
Não bastasse, foi de enorme gravidade o vergonhoso papel desempenhado pelo Brasil na defesa de seus próprios interesses e de potenciais aliados em causas comuns na cena internacional. Em outubro, Índia e África do Sul propuseram à Organização Mundial do Comércio (OMC) a liberação do licenciamento compulsório e temporário de patentes com vista às pesquisas de vacinas e medicamentos de combate à epidemia. O Brasil votou contra a proposta dos parceiros do Brics, contrariando uma tradição de pioneirismo nesse assunto nas últimas décadas, preferindo seguir a orientação de Donald Trump. Dado o apoio chinês e russo à proposta de liberação, o Brasil ficou totalmente isolado na entidade que agrega as potências emergentes.
A ideia de licença compulsória obrigatória de patentes numa circunstância grave que a justifique não é modismo atual. Essa possibilidade de suspensão temporária de um direito de propriedade intelectual diante de um motivo de grande interesse público foi prevista na legislação britânica contida no Estatuto dos Monopólios do Reino Unido, votado no Parlamento em 1624. Posteriormente o tema foi tratado em acordo internacional firmado em Paris em 1883, quando foram estabelecidas regras gerais de licença contra o exercício abusivo de direitos sobre patentes. Só em 1967 foram estabelecidas regras específicas, num congresso em Estocolmo.
Por fim, em 1994 foi firmado na OMC o Trade-Related Aspects in Intelectual Property Rights (Trips), ou direitos sobre propriedade intelectual relacionados ao comércio. O Trips prevê a quebra de patentes em situações emergenciais, mas antes deve ser feita uma tentativa de negociação entre governo e empresa detentora. Caso não cheguem a acordo, está prevista a liberação temporária da patente e uma compensação em royalties ao proprietário intelectual.
Rússia e China não assinaram o tratado. Índia firmou, mas conseguiu exercer por dez anos uma carência de suspensão temporária, durante a qual montou sua próspera indústria farmacêutica atual.
Já o Brasil não exigiu a carência e perdeu o bonde industrial que a Índia pegou. Mas fez insistente pressão para enfrentar as patentes dos medicamentos contra a aids, conseguindo grandes conquistas com os genéricos, liberações e preços junto aos grandes laboratórios detentores da propriedade intelectual. Essa atitude constante brasileira foi elogiada e admirada pelo mundo todo, tendo a Índia como apoiadora de primeira hora nessa direção. Dentro desse contexto histórico, foi grande a decepção na África do Sul e na Índia com a posição brasileira em plena pandemia, alinhada com os grandes laboratórios norte-americanos e europeus na reunião da OMC. Até manifestações de rua houve nesses países criticando o Brasil. Embora derrotada pelas pressões americanas e europeias, a proposta foi apoiada por mais de cem países e cerca de 400 entidades internacionais.
É realmente muito triste constatar que a diplomacia brasileira vive erraticamente seu pior momento em sua respeitada história. Herdeira da eficiente diplomacia portuguesa do século 18, conduzida por brilhantes diplomatas como dom Luís da Cunha e Alexandre de Gusmão e continuada no século 19 pelos não menos brilhantes visconde do Rio Branco e seu filho, o barão. Este último e Joaquim Nabuco adentrariam o século 20 com um trabalho decisivo na discussão e consolidação de nossas fronteiras. E no decorrer do século o Itamaraty firmou-se no cenário internacional como exemplo de boas práticas diplomáticas para todo o mundo, despertando admiração e respeito. Prestígio confirmado pela atuação de Oswaldo Aranha no comando da Assembleia-Geral da ONU em 1947/48.
O mais surpreendente nessa guinada ideológica inconsequente da nossa diplomacia é que ela contraria até a política externa praticada pelo regime militar a partir de março de 1974, no governo Ernesto Geisel. O então chanceler Antônio Azeredo da Silveira, notabilizado como Silveirinha, anunciou a nova postura diplomática do “pragmatismo responsável”, em oposição ao anterior alinhamento automático aos Estados Unidos. Ironicamente, o Brasil adotava o mesmo pragmatismo comercial praticado pelos Estados Unidos em relação aos seus interesses. Ou como dizia John Foster Dulles, experiente diplomata conservador norte-americano dos anos 1950, “não existe amizade entre os países, apenas interesses comuns”.
domingo, 27 de dezembro de 2020
O Itamaraty rebaixado pelo bando de aloprados: reconstruiremos a política externa e a diplomacia - Paulo Roberto de Almeida
Desde quando começou a EA no Brasil – a Era dos Absurdos, mas que também é a Era das Aberrações coletivas, que no caso do Itamaraty pode ser chamada de Era das Alucinações exteriores –, tenho me colocado frontalmente contrário ao festival de besteiras que brota da mente deteriorada do "chefe" de governo, e também, com consequências vergonhosas para todos nós, diplomatas profissionais, da mente alucinada do chanceler acidental.
Pouco depois de eu ter sido demitido do cargo de Diretor do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais, logo no começo do desgoverno bolsonarista, e de ter publicado um livro resumindo os anos finais da diplomacia lulopetista e a do governo de transição – Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Appris, 2019) – comecei uma série de livros que não deveriam existir, não fossem os horrores perpetrados contra a política externa e a diplomacia do Brasil, que afundaram a imagem do Brasil na região e no mundo inteiro e destruiram a reputação de nossa diplomacia.
O primeiro da série foi este: Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (edição de autor; junho de 2019), livremente disponível a partir de meu blog Diplomatizzando, o meu quilombo de resistência intelectual.
O segundo, vários meses depois (mas eu não estava planejando que fosse uma série; e ele só foi montado e publicado porque os atentados continuaram), foi um que deveria ter tido como título "Um ornitorrinco no Itamaraty", nome descartado (apesar de um capítulo nele existente) porque seria dar muita distinção a quem não merece nenhuma; ele acabou sendo chamado, com um significado muito claro, O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (também da minha "editora" Diplomatizzando; desta vez em formato Kindle).
O terceiro da série, desta vez com esse propósito, foi este aqui: Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (nas mesmas bases editoriais do primeiro, em livre disponibilidade a partir de meu blog), cujo prólogo eu transcrevo mais abaixo
Já terminei o quarto livro da série, com o título provisório de Apogeu e demolição da política externa brasileira: reflexões de um diplomata não convencional, ainda em revisão e preparação para publicação. Dele eu ofereço o sumário, abaixo do prefácio do terceiro livro, como informado (mas o link acima também remete a um prefácio provisório).
Sinceramente, eu espero que não tenho de haver um quinto livro desta miserável série, que não precisaria existir se os novos bárbaros não estivessem destruindo a política externa, a diplomacia e um pouco de todo o resto do Brasil.
Prólogo ao livro Uma certa ideia do Itamaraty
Uma certa ideia do Itamaraty
À diferença de meus dois livros anteriores nesta área – Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019; livremente disponível a partir do blog Diplomatizzando) e O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (2020; edição Kindle) –, esta nova obra se dedica não tanto a criticar o que existe atualmente, quanto a construir o que ainda não existe: um novo Itamaraty, uma nova política externa, uma nova postura do Brasil no cenário mundial, uma nova imagem para o país no contexto internacional. O que temos hoje não nos serve, não serve ao Brasil, não serve aos brasileiros, pelo menos aos que se preocupam com a nossa imagem externa, com a maneira pela qual o Brasil atual está sendo visto lá fora, mas aqui dentro também.
Qualquer leitor bem informado, qualquer cidadão que acompanha regularmente a mídia nacional e internacional, qualquer pessoa conectada às redes de comunicação social já viu, já leu, já recebeu alguma notícia, artigo de opinião, vídeos, fotos, textos ou imagens, chamando a atenção para algo grave acontecendo no Brasil, em quaisquer áreas: número de mortos, pelo banditismo ou por excessos policiais, destruição ambiental, queimadas e desmatamento na Amazônia e no Pantanal, corrupção generalizada nas esferas públicas, enfim todo tipo de problema, acidentes e tragédias que invadem cotidianamente nossas folhas, revistas ou telas dos aparelhos conectados às emissoras de informações ou às redes de interações sociais.
Qualquer pessoa alfabetizada, medianamente informada, ou mesmo observadora superficial da realidade à sua volta pode rapidamente concluir que o Brasil atravessa atualmente uma das piores crises de sua história, e não só por causa da pandemia do Covid-19. A presente crise brasileira precede, na verdade, essa pandemia, que pode até ter agravado alguns de seus sintomas – como a absoluta falta de estratégia ou de meras linhas diretivas para a simples governança corrente –, mas esta não é sua principal causa, nem cessará caso a pandemia seja vencida (em algum momento do futuro).
A crise, de fato, é inerente ao presente governo e está inextricavelmente vinculada ao seu personagem central. Não hesito em classificá-lo como o pior governante do Brasil desde Tomé de Souza, o primeiro governador-geral da então colônia portuguesa, que aqui chegou em meados do século XVI. O cidadão que ocupa atualmente o maior cargo da República, um político medíocre durante suas três décadas de exercício parlamentar, é um notório despreparado, um inepto total em qualquer área da administração pública, um obsessivo desequilibrado, vivendo numa bolha doentia com seus filhos maiores, cercado por alguns áulicos fiéis, mas tão despreparados quanto ele próprio para as tarefas da governança, todos apenas inspirados pelos instintos primitivos que os animam.
Em resumo: toda a crise brasileira se resume no fato de o país estar sendo desgovernado — mas de forma ativa, arbitrária e atrabiliária — por um personagem afanosamente empenhado em consolidar um poder autocrático que ele se empenha em viabilizar pelos mais diversos meios. Durante algum momento se suspeitou que ele estivesse empenhado a criar as suas próprias milícias, os equivalentes de novos “camisas pardas”, que lhe seriam devotados com a ajuda de armas e pela mobilização de estratos mais baixos das forças de segurança. A força das instituições republicanas e a resistência de setores democráticos sustou, por um momento, tais projetos autoritários.
Tratava-se de um projeto precário de construção de um poder autocrático que não teria muita chance de prosperar, mas que ainda assim arrastou o país, durante várias semanas, para um ambiente de confrontação constante, mas que se prolonga por outros meios, e que impede uma gestão normal dos negócios públicos nas demais esferas da administração do Estado. O Brasil está sendo literalmente asfixiado por crises e mais crises, constantemente deslanchadas por esse personagem nefasto, que tem a seu serviço alguns dos piores auxiliares que já assumiram cargos em diversos ministérios setoriais.
A nação está mais dividida do que jamais esteve em toda a sua história, e assim permanecerá enquanto esse personagem continuar ocupando o centro do poder. Líderes políticos e detentores de altos cargos nos principais escalões do Estado minimamente conscientes da realidade aqui descrita podem — ou pelo menos deveriam — chegar inevitavelmente à conclusão de que o país caminha para uma crise falimentar se tal situação perdurar: o país se apaga, para a nação e para o mundo, e seus filhos podem ser levados, como na canção famosa, a “errarem cegos pelo continente”. Eu não gostaria, de verdade, de ter de escrever um epitáfio para um país evanescente. Essa possibilidade está apenas sugerida, como possível próxima etapa do declínio da nação.
O governo atual, a partir das suas muitas promessas da campanha eleitoral, é certamente excepcional, mas não apenas pelo que deixou de fazer, e sim, sobretudo, pelo que ativamente desfez, pelo que destruiu, sem colocar absolutamente nada no lugar. Uma confrontação entre o que foi prometido, na campanha eleitoral, e o que ocorreu depois, verdadeiramente, uma vez instalado o governo, surpreende pela amplitude, pela extensão do desmantelamento institucional. Na área econômica, as promessas foram grandiosas: privatização no valor de um trilhão de reais; fechamento de estatais inúteis; eliminação do déficit público; reformas da Previdência, tributária, laboral, educacional; diplomacia sem ideologia, comércio exterior idem; redução do Estado; diminuição do número de ministérios; mais Brasil e menos Brasília; defesa intransigente da soberania; nacionalismo; fim da velha política; bandido na cadeia e segurança nas ruas; luta contra a corrupção; retomada do crescimento; fim do desemprego; atração de investimentos; reconstrução do Mercosul; abertura econômica e liberalização comercial.
Qualquer atento observador do cenário nacional pode constatar o que de fato foi realizado, e o que foi abandonado ou simplesmente revertido. Na área do meio ambiente, por exemplo, o quadro é devastador: destruição, pura e simples, um ativismo absolutamente excepcional e arrasador em todas as formas e estilos: nunca antes em nossa história se desmatou, se queimou, se depredou com tanta volúpia e satisfação, mata virgem e reservas indígenas, sem discriminação; a ordem é, literalmente, “passar a boiada”, ou seja, derrogar leis e normas em prol de uma insana destruição.
Mas isso não foi tudo. Em nenhuma outra área como na política externa e na da diplomacia, a destruição se exerceu contra a própria política, contra a própria instituição, com um requinte excepcional. Praticamente, todas as linhas mestras pelas quais se guiavam todas as políticas externas anteriores — e elas eram múltiplas e diferentes —, todas as tradições da antiga diplomacia foram sistemática e deliberadamente postas de lado e substituídas por uma assemblagem insossa e bizarra de ideias exóticas, sem qualquer correspondência com o mundo real ou com os interesses nacionais brasileiros.
Política externa sem ideologia? Acho que alguém se enganou de slogan. As únicas viagens e visitas foram com líderes de direita ou de extrema-direita. Não houve nenhuma defesa da independência nacional; ao contrário, o que se ouviu foi um sonoro “I love you Trump”. Soberania nacional? Mas por que o chanceler acidental viajou aos EUA para combinar com o Departamento de Estado os pontos do discurso do presidente na abertura dos debates na Assembleia Geral da ONU de 2019? Não intervenção nos assuntos internos de outros países? E a Venezuela? E as eleições argentinas? E o antiglobalismo ridículo? O anticlimatismo canhestro? A oposição vergonhosa a qualquer direito da mulher e das minorias nos foros pertinentes da ONU?
A nova agenda da Fundação Alexandre de Gusmão, o braço teoricamente intelectual do Itamaraty, limitou-se a convites aos representantes medíocres do olavismo extremado para falar sem qualquer competência sobre assuntos que ignoram, o que certamente deve angustiar os preparadíssimos estudantes do Instituto Rio Branco. A cessação de qualquer contato mais amplo com pesquisadores acadêmicos das área de relações internacionais, de história ou de ciência política revela uma introversão ressentida e um enclausuramento autocentrado jamais visto na história da Fundação.
A eliminação dos dois boletins diários de notícias — clippings da mídia nacional e da internacional — sobre os temas mais cruciais de trabalho dos diplomatas representa um censura criminosa em detrimento da disponibilidade e da qualidade da informação, o alimento diário de todos os servidores do Serviço Exterior. Aliás, o Itamaraty não tem mais porta-voz – nem a Presidência, por sinal –, não mantém diálogo regular com jornalistas, com correspondentes estrangeiros, não se abre a um debate não controlado com interlocutores dos mais diversos meios políticos e intelectuais. As ONGs são entidades mal encaradas, senão maléficas, do ponto de vista dos novos donos de poder. A censura se exerce sobre a informação, sobre os meios de informação, sobre as comunicações no sentido amplo.
A intimidação exercida contra todos aqueles que ousam dissentir das orientações esdrúxulas, a maior parte delas ridículas, quando não vergonhosas, constitui o elemento mais grave do atual processo de destruição do Itamaraty, cujas principais diretrizes de políticas são feitas fora da Casa, por amadores ineptos. O chanceler acidental é um elo secundário, provavelmente terceiro ou quarto, na cadeia decisória, e o menos importante de todos. Existem sobejas provas a esse respeito, a começar por certas notas formalmente emitidas pelo Itamaraty, mas que pelo Português estropiado, por certos conceitos bizarros e por lacunas inacreditáveis em sua substância – falta de referência a normas consagradas do direito internacional, por exemplo –, não podem ter sido elaboradas por diplomatas experientes, ou que, então, foram deformadas e estropiadas por amadores ignorantes.
Esse último aspecto é suficientemente grave para que ele mereça uma ênfase adicional nesta avaliação crítica do que se refere, ainda, à mera processualística da cadeia decisória: várias tomadas de posição da diplomacia bolsolavista em assuntos relevantes do multilateralismo político — voto sobre sanções unilaterais na ONU, “plano de paz” de Trump para a Palestina, eliminação de um general iraniano no Iraque, mudança da embaixada para Jerusalém, entre vários outros — não exibem menção a elementos de direito internacional ou a resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que são implícitos a esses assuntos, objetos de relevante atenção da diplomacia brasileira em mais de meio século de uma cuidadosa construção das posturas brasileiras nos foros mais importantes abertos ao engenho e arte de nossos diplomatas profissionais, assim como ao escrutínio preliminar dos Consultores Jurídicos da Casa, e também por meio de um diálogo ponderado com outros governos, antes de qualquer tomada de posição sobre cada um deles. Como indicado acima, o fato de que algumas dessas tomadas de posição tenham sido apoiadas em mal traçadas “notas”, redigidas num Português tão canhestro e tão singularmente desprovido de conceitos próprios à diplomacia profissional, permite supor que elas foram mesmo fabricadas fora da Casa, pelos mesmos ineptos que estão destruindo uma diplomacia tida outrora como de excelente qualidade. Mas este é apenas o lado dos procedimentos próprios aos métodos de trabalho dos diplomatas brasileiros.
No terreno propriamente substantivo – no que concerne o comércio exterior, as relações políticas, diplomáticas e econômicas com os grandes parceiros do Brasil, a postura em relação a acordos já concluídos (no meio ambiente, por exemplo) ou em curso de tramitação, algumas decisões de grande impacto para o futuro tecnológico do país, as escolhas que vão determinar o perfil geográfico ou político da interface externa da nação –, algo semelhante pode estar acontecendo, com impacto potencial sobre milhões de dólares de intercâmbios externos, em dezenas de milhares de empregos, e não só no agronegócio, mas também no campo das associações tecnológicas e produtivas.
A postura do chefe de Estado no campo do meio ambiente, secundada aliás pelo seu ministro da área e pelo próprio chanceler, pode estar criando as condições para um imenso boicote a produtos brasileiros no exterior, o que trará enormes prejuízos materiais a diversos setores da economia brasileira. Mas não só em relação ao meio ambiente: a insistência numa relação subordinada com o país que ainda representa uma das mais importantes interfaces externas do relacionamento nacional – mas que já perdeu há mais de dez anos o principal posto nas relações comerciais – pode redundar em mais perdas sensíveis para outras esferas da atividade econômica nacional.
Tal aspecto tem causado preocupação entre esses setores, e talvez explique certa marginalização da diplomacia no tratamento de alguns itens da agenda externa, o que já ocorreu, por exemplo, no campo do meio ambiente. O Itamaraty como principal centro de formulação e implementação de políticas para o relacionamento externo do país pode estar deixando de ser operacional, pelo menos virtualmente. Na área dos acordos comerciais e de vários outros assuntos econômicos externos esse rebaixamento já é uma realidade, aliás praticamente desde o início da presente administração. Os diplomatas nunca tiveram o monopólio exclusivo das decisões no campo das relações comerciais bilaterais ou multilaterais – uma vez que vários aspectos, como tarifas, medidas de defesa ou normas setoriais estão afetos a outros ministérios –, mas eles detinham, pelo menos, um comando visível no campo do sistema multilateral de comércio, outra das vítimas da postura absurdamente “antiglobalista” da atual administração. Nessa, como em outras frentes de debate em temas da agenda multilateral, a excessiva aderência da diplomacia bolsolavista às posições dos Estados Unidos – antes, às do governo Trump – pode acarretar uma perda ainda maior de prestígio para nossa diplomacia profissional no plano externo, adicionalmente à imagem já desgastada em diversas outras áreas.
Todos esses tristes aspectos da atual política externa e de sua antidiplomacia confirmam que o trabalho de reconstrução do anterior edifício diplomático, dotado de real prestígio, será duro e longo, haja vista a total perda de credibilidade da imagem do Brasil no exterior. Isso já vinha ocorrendo bem antes e independentemente da postura lamentável assumida pelo país — na verdade pelo chefe de Estado — na luta contra a pandemia, que se faz à margem de, e até contrariamente a, qualquer esforço de coordenação multilateral, um anátema para os novos bárbaros que comandam o atual processo de destruição do Itamaraty e dos seus padrões consagrados de trabalho.
Esse trabalho de reflexão, em prol da reconstrução futura, já começou, inclusive com o envolvimento e participação de diplomatas da ativa, embora ele não possa ainda ser revelado em seus objetivos e extensão. No momento oportuno, os ineptos que infelicitam a diplomacia profissional e rebaixam a credibilidade do Brasil no exterior serão afastados, e o trabalho de reconstrução da política externa será conduzido de maneira mais afirmada. As bases desse trabalho são conhecidas de todos, no Brasil e no mundo. Elas emergirão mais cedo do que se pensa.
Este novo livro pretende oferecer alguns modestos tijolos em prol deste empreendimento de reconstrução. Ele corresponde a uma certa ideia do Itamaraty, que não é exclusivamente minha, mas que é partilhada por uma grande maioria de meus colegas de carreira. As boas ideias, ou as simplesmente sensatas, acabam prevalecendo, mesmo depois de tortuosos e turbulentos caminhos equivocados: a sociedade brasileira já é suficientemente complexa e sofisticada para não deixar que amadores mal informados e despreparados sufoquem completamente uma das principais políticas públicas nacionais. Construiremos um novo Itamaraty.
Paulo Roberto de Almeida
7 de setembro de 2020
Índice do livro Apogeu e demolição da política externa brasileira (capa provisória)
Prefácio:
Uma história sincera do Itamaraty?
1. Um novo animal na paisagem: o globalismo e os seus descontentes
1.1. Dos antiglobalizadores aos antiglobalistas?
1.2. À la recherche du globalisme perdu
1.3. Os nacionalismos canhestros: genitores do antiglobalismo
2. As relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica
2.1. Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil
2.2. Etapas das relações internacionais do Brasil
2.2.1. O Império: a construção da nação e as bases da diplomacia
2.2.2. A Velha República: os mitos e as deficiências da política externa
2.2.3. A era Vargas: escolhas estratégicas, a despeito de tudo
2.2.4. O regime militar: consolidação do corporatismo diplomático
2.3. A redemocratização e as relações exteriores do Brasil
2.3.1. Uma periodização diplomática para o período contemporâneo
2.3.2. A restauração constitucional e os erros econômicos
2.3.3. Os anos turbulentos das revisões radicais do momento neoliberal
2.3.4. Estabilização macroeconômica e nova presença internacional
2.3.5. A primeira era do Nunca Antes: a diplomacia personalista de Lula
2.3.6. Uma transição pouco convencional: retornando a padrões anteriores
2.3.7. Uma segunda era do Nunca Antes: a diplomacia bizarra de Bolsonaro
2.4. O que concluir de tudo isto? Que lições ficam de nossa trajetória histórica?
2.5. Nota final: reformas internas e inserção na globalização
3. Processos decisórios na história da política externa brasileira
3.1. O que define um processo decisório: observações preliminares
3.2. A diplomacia brasileira como instituição
3.3. A estrutura orgânica da diplomacia brasileira
3.4. Os processos decisórios na diplomacia brasileira
3.5. Virtudes e defeitos do processo decisório na diplomacia lulopetista
3.6. A degradação da cadeia de decisão no governo Bolsonaro
3.7. Conclusões: como funciona, como talvez devesse funcionar...
4. A política da política externa: as várias diplomacias presidenciais
4.1. Participação dos presidentes em política externa: da omissão ao ativismo
4.2. O início da liderança presidencial em política externa: a era Vargas
4.3. JK e o desenvolvimentismo: a caminho da política externa independente
4.4. O regime militar: tudo pelo “Brasil Grande Potência”
4.5. Redemocratização: crise externa e integração regional
4.6. Os anos FHC: enfim, uma diplomacia presidencial
4.7. Os anos Lula: o ativismo como norma, o personalismo como finalidade
4.8. A tímida diplomacia presidencial de Michel Temer
4.9. A antidiplomacia de Bolsonaro e dos assessores aloprados: afundamento
4.9. Conclusões: caminhos erráticos da diplomacia presidencial brasileira
5. O outro lado da glória: o reverso da medalha da diplomacia brasileira
5.1. Tropeços na independência e durante o império
5.2. Os fracassos da primeira diplomacia republicana
5.3. A difícil construção de uma diplomacia autônoma, e consciente de sê-la
5.4. A diplomacia profissional, como base da diplomacia presidencial
5.5. A deformação da política externa sob a diplomacia bolsolavista
6. Relações com o Big Brother e os vizinhos regionais
Introdução: a importância da descontinuidade, em circunstâncias inéditas
6.1. A importância histórica das relações regionais e hemisféricas
6.2. Da aliança não escrita aos impasses políticos e econômicos
6.3. Bolsonaro e uma inédita relação de alinhamento sem barganha
6.4. A desintegração regional e o desalinhamento com os vizinhos
6.5. Qual o futuro da integração, do Mercosul, da política externa brasileira?
7. Degradação democrática e demolição diplomática
7.1. O destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira?
7.2. A História não se repete, nem mesmo como farsa
7.3. O que fazer na ausência de um estadista circunstancial?
7.4. Uma inédita ruptura nos padrões tradicionais da política externa
7.5. O alinhamento automático ao presidente Trump: um escândalo temporário
7.6. A hostilidade em relação à China como critério da identidade comum
7.7. O isolamento na esfera internacional e no contexto regional
7.8. O caso da tecnologia 5G: prejuízos reais em qualquer hipótese
7.9. O caso da Amazônia: uma extraordinária vocação para o erro
7.10. A postura no caso da pandemia da COVID: negacionismo em toda a linha
7.11. Uma nova Idade das Trevas?
8. Um exercício de planejamento estratégico para a diplomacia
Introdução: demolição e reconstrução da diplomacia brasileira
8.1. A política externa e a diplomacia no desenvolvimento nacional
8.1.1. Etapas percorridas em 200 anos de história institucional
8.1.2. Os desafios: uma matriz dos recursos e das debilidades nacionais
8.2. Campos de atuação da diplomacia e da política externa
8.2.1. Multilateralismo, regionalismo e bilateralismo como instrumentos
8.2.2. A política externa multilateral: interfaces políticas e econômicas
8.2.3. A geografia política e a geoeconomia global das relações exteriores
8.2.4. América do Sul: eixo de um espaço econômico integrado
8.2.5. O multilateralismo econômico: eixo da inserção global do país
8.2.6. Ambientalismo e sustentabilidade: eixos dos padrões produtivos
8.2.7. Direitos humanos e democracia: eixos da proposta ética do país
8.2.8. Blocos e alianças estratégicas na matriz externa
8.2.9. Relações com parceiros bilaterais e regionais
8.2.10. Vantagens comparativas e exploração de novas possibilidades
8.2.11. Integração política externa e políticas de desenvolvimento
8.3. O Itamaraty como força motriz da inserção global do Brasil
8.3.1. Gestão da Casa, com base nas melhores práticas da governança
8.3.2. Responsabilização, abertura e transparência nas funções
8.3.3. Capital humano de alta qualidade: base de uma diplomacia eficaz
8.3.4. Planejamento estratégico como prática contínua da diplomacia
Conclusões:
Um governo dantesco e os desafios de uma diplomacia ideológica
Bibliografia e referências
Nota sobre o autor
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
O Ocidente e seus salvadores (menos o Trump e o chanceler acidental) - Paulo Roberto de Almeida
De "Trump e o Ocidente" a "Biden e o Ocidente" ? -...
Hi Paulo Roberto,
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The Academia.edu Team
sábado, 21 de março de 2020
Como o chanceler acidental começou a conquistar a indicação para o Itamaraty
22/08:
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Palestra Professor James G. Hershberg, Universidade George Washington: “Secret Brazilian Diplomacy, the Cuban Revolution, and the 1962 Cuban Missile Crisis: Unearthing Hidden History” –
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13/10
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Palestra do Dr. Diego Solis, Diretor da Stratfor: “Tendências geopolíticas na América do Sul”
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14/11
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Apresentação e debate do livro “Brazil in the World” do professor Sean W Burges.
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23/11
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Entrevista com embaixador Marcelo Rafaelli; no âmbito do Projeto Relações Internacionais em Pauta.
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23/11
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Palestra do professor Thomas Andrew O’Keefe: “O que pode o Brasil esperar de um governo Donald Trump nos EUA”
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12/12
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Embaixador Yin Hengman , representante do governo da República Popular da China para a América Latina: “A Política da China para a América Latina”.
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13/12
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Palestra do professor Oliver Stuenkel: “Rumo ao mundo sinocêntrico? As transformações globais e suas implicações para o Brasil”.
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15/12
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Palestra do Embaixador Sérgio Queiroz Duarte: “Desarmamento nuclear: uma visão brasileira”.
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15/03: Brasília(STD) : Apresentação-debate do livro “Desafios da Política externa Brasileira” coordenada pelos consultores do CEBRI, Matias Spektor e Oliver Stuenkel, sobre política externa brasileira;
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16/03: Brasília(PNB): “Recuperação Econômica do Japão e Integração Regional na Ásia-Pacífico” palestra-debate com o Professor e economista Shujiro Urata da Universidade Waseda, Japão;
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17/03: Brasília (IRBr): Encontros IRBr-IPRI: palestra no Rio Branco do Embaixador Rubens Ricupero;
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21/03: Brasília(IRBr): Stefan Zweig e o Brasil: apresentação de livros e debates -- “Primeira Viagem ao Brasil” e "A Unidade Espiritual do Mundo", de Stefan Zweig --, com participação de Kristina Michahelles e Celso Lafer. O evento foi realizado por ocasião dos 75 anos do suicídio de Zweig, completados em 22 de fevereiro de 2017;
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27/03: Brasília (MRE): Reunião com diplomatas e acadêmicos para debater a elaboração de livro sobre o Pensamento Diplomático Brasileiro, período de 1964 -1985.
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31/03: Brasília: “O nacionalismo acadêmico brasileiro e a produção intelectual dos Brasilianistas”: palestra-debate com o historiador José Carlos Sebe Bom Meihy (USP);
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17-18/04: Rio de Janeiro: Lançamento do livro "O Homem que Pensou o Brasil" e seminário Roberto Campos, no Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro;
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03/4: Brasília: Palestra-debate sobre as ideias das revoluções pernambucanas do Século XIX” com o Professor Vamireh Chacon (UnB) e os embaixadores Tarcísio Costa e Gonçalo Mourão.
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11/4: Brasília(MRE): Palestra-debate com o professor de Relações Internacionais da Universidade Catholique de Louvain (Bélgica), Amine Ait-Chaalal, Sobre “A situação atual no Oriente Médio: uma equação complexa com múltiplas variáveis”.
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05/05, Brasília: Fronteiras do Brasil, uma história que deu certo: palestra do embaixador Synesio Sampaio Goes, Cooperação com o Instituto Rio Branco.
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10/05: Brasília: Palestra-Debate do livro “Desglobalização: Crônica de um Mundo em Mudança”, pelo ex-diplomata e economista Marcos Prado Troyjo.
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18/05: Brasília: Palestra-Debate "The United States, Peace, and World Order" com o Prof. Frank J. Gavin, diretor do Centro Henry Kissinger para Assuntos Globais da Escola de Estudos Internacionais (SAIS) da Universidade Johns Hopkins, em Washington. No Auditório do Instituto Rio Branco.
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19/05: Brasília: O Brasil para refugiados: Contexto Histórico: palestra-debate com o historiador Fabio Koifman (UFRRJ) e o cientista político Charles P. Gomes.
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26/05: Brasília: “Encontros IRBr-Rio Branco – Percursos Diplomáticos”, palestra com o Embaixador Marcos Castrioto de Azambuja. No Auditório do Instituto Rio Branco.
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30/05: Brasília: Apresentação de “Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira”, livro organizado pelo diplomata Gustavo Westmann.
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02/06: Brasília: Palestra “A política externa brasileira no contexto internacional, 1987 - 2017” proferida pelo Embaixador Sérgio Florêncio sobrinho.
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14/06: Brasília: Egmont Institute: paralelamente ao 3º. Simpósio de Segurança Regional EU-América do Sul, no Comando Militar do Planalto.
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12/07: Brasília: Palestra do Sr. Dominik Stillhart - Diretor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha - CICV no Brasil” às 15h.
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21/07: Brasília (IRBr): “Encontros IRBr-Rio Branco – Percursos Diplomáticos”, palestra no Rio Branco do Embaixador Graça Lima.
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1/08: Brasília: Seminário: “BRICS Co-operation: Assessment and Next Steps” em parceria com o Instituto Chongyang de Estudos Financeiros (RDCY).
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