Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Bozo parte para visitar os únicos três “amigos” que pensa que tem na Europa.
O papel internacional do Bozo (mas todos já sabem disso) tem sido o de secundar mediocremente o que fazia antes o mentecapto do Trump: destruir todos os fundamentos do multilateralismo e do Direito Internacional. Pode ser que volte a fazê-lo, mas Bozo não estará mais aqui.
Bozo já destruiu a credibilidade da política externa brasileira e desmantelou a nossa diplomacia. Tem se empenhado nisso e continua nessa missão celerada!
O Itamaraty vai ter um imenso trabalho de recuperação da imagem do Brasil no exterior e de restauração dos fundamentos de uma política externa sensata e ponderada como sempre foi a nossa, com a possível exceção do lulopetismo diplomático.
Esperemos que o retorno do Grande Guia ao comando do país não signifique justamente a volta das bobagens ideológicas e da miopia geográfica do “Sul Global”, essa fantasmagoria alucinada que desempenhou o mesmo papel ridículo no lulopetismo diplomático que o antiglobalismo idiota teve para o bolsolavismo diplomático na primeira diplomacia aloprada do Bozo.
O Itamaraty não merece tanta burrice, aliás partilhada por boa parte da academia, que se encantou com a fantasia do Sul Global. Boa parte das bobagens diplomáticas do lulopetismo vem de certa academia…
Por que se perpetram tantas loucuras diplomáticas a partir da Casa de Rio Branco?
Paulo Roberto de Almeida
(inspirado no Past Imperfect, de Tony Judt)
O Itamaraty está literalmente sufocado.
Os diplomatas continuam exercendo suas habilidades, mas sabendo que suas instruções serão deformadas no gabinete do chanceler capacho, segundo ordens que recebe de amadores ignaros em política externa e estranhos à Casa.
É uma espécie de intervenção!
E existe um Quisling no comando aparente da Casa: na verdade, é apenas um serviçal de uma força de ocupação.
Como sempre acontece nesse tipo de situação, não faltam os colaboracionistas, alguns até entusiasmados com a perspectiva de promoção, postos e chefias. A maioria assiste passiva aos abusos e violações das forças de ocupação, pois teme retaliações.
Em algum momento do futuro haverá o restabelecimento da normalidade, mas sem fuzilamentos ou tribunais. O Petain da nova Vichy será posto de lado de forma acomodada, mas terá de suportar essa vergonha como sombra pelo resto da carreira.
Noel Rosa perguntaria: “Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?”
Na verdade, há pouco espaço para um samba: a situação está mais para “tangos e tragédias”.
Terminando por uma frase abusada, de um autor renomado: assim caminha a humanidade.
Inacreditável o que leio hoje na imprensa brasileira.
Estupefação minha com a matéria transcrita mais abaixo: Todas as pessoas minimamente informadas sobre temas de política externa sabem que a inconsciência diplomática do governo Bolsonaro é incomensurável. Agora, descobrir que o ministro da Economia se revela também um imenso ignorante nessas matérias é mais do que preocupante: é propriamente devastador para o futuro do Mercosul e para a própria credibilidade da diplomacia brasileira. Será que estamos entregues a um bando de neófitos, inconscientes, ignorantes? Paulo Roberto de Almeida
Guedes: Brasil pode sair do Mercosul se oposição vencer na Argentina O governo brasileiro cogita deixar o Mercosul caso a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner vença a eleição presidencial da Argentina, afirmou o ministro Paulo Guedes (Economia). Uma eventual saída dependeria, segundo Guedes, da intenção da chapa de “fechar a economia” do país vizinho. Assim como presidente Jair Bolsonaro, o ministro disse que a reeleição de Maurício Macri facilitaria a relação, mas emendou: “Desde quando o Brasil precisou da Argentina?”. Importante parceiro comercial, os argentinos vivem turbulências na economia há 19 anos.
Matéria completa:
Guedes diz que Brasil pode sair do Mercosul se Kirchner vencer eleição e fechar economia da Argentina
'Desde quando o Brasil precisou da Argentina?' pergunta ministro sobre o país que é o terceiro maior parceiro comercial brasileiro
Leo Branco
O Globo, 15/08/2019 - 16:23 / Atualizado em 15/08/2019 - 22:04
SÃO PAULO - OministroPaulo Guedes disse nesta quinta-feira que o Brasil podesairdoMercosulcaso a candidatura do peronista Alberto Fernández, em que a ex-presidente Cristina Kirchner é candidata a vice, vença aseleiçõespresidenciais da Argentina, marcadas para outubro.
— Não podemos ficar pendurados na crise da Argentina. O Mercosul, claro, é um veículo de inserção do Brasil no comércio internacional. Mas, se a (Cristina) Kirchner quiser entrar e fechar a economia deles? Se quiser fechar a gente sai do Mercosul. Se ela quiser ficar aberta? Beleza, continuamos. O Brasil é uma economia continental. Temos que recuperar a nossa economia — disse Guedes, em evento a empresários e investidores promovido pelo banco Santander, em São Paulo.
Para Guedes, uma continuidade do governo Macri facilitaria a abertura comercial do Brasil, inclusive com os Estados Unidos, por causa da proximidade entre Macri, Bolsonaro e o presidente americano Donald Trump.
— Evidentemente há química excelente do (Mauricio) Macri com o presidente Bolsonaro, e os dois com Trump. Isso tudo facilita as coisas (para uma abertura comercial). Agora, o destino é dos argentinos. Nós somos um país continental e precisamos resolver a nossa dinâmica de crescimento. Desde quando o Brasil precisou da Argentina? — disse Guedes, dizendo que o governo tem preocupação “zero” com um eventual aprofundamento da crise no país vizinho.
À tarde, em palestra durante seminário de gás natural no Rio, Guedes disse que não teme efeitos de uma eventual crise na Argentina ou no mundo, e que o Brasil poderá se aproveitar de eventuais oportunidades em tal cenário — promovendo, por exemplo, o crescimento da atividade de setores da indústria.
— Não vai ser nenhum ventinho do Sul, ou ventania do mundo inteiro que vai dessincronizar o Brasil — disse Guedes. — Não tenho nenhuma preocupação. É evidente que, quando se tem o vento favorável, fica melhor para o país. Mas nós temos muita convicção de que a dinâmica de crescimento da economia brasileira é própria. O Brasil é uma economia continental. Durante os últimos 15 anos o mundo estava crescendo aceleradamente e nós não estávamos participando disso. Agora pode ser o contrário, o mundo pode desacelerar e podemos acelerar.
De acordo com o ministro, o país sempre teve uma dinâmica própria de crescimento.
— O Brasil foi até um pouco desindustrializado durante o período em que o câmbio se valorizou — disse Guedes. — Agora pode ser o contrário, se o mundo desacelera e caem os preços das commodities, o dólar pode subir um pouco menos e em compensação, com energia mais barata e o câmbio um pouco mais alto, você vai reindustrializar vários setores, como autopeças, móveis, sapatos, indústria têxtil. Nós não devemos temer o efeito contágio, o Brasil tem uma dinâmica própria. É uma ventania que incomoda um pouquinho.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos. Atualmente, a Argentina compra mais do Brasil do que países como Alemanha e Holanda, e é a principal compradora de produtos manufaturados brasileiros.
No domingo, a candidatura de Fernández ficou com 47% dos votos nas primárias obrigatórias, uma espécie de prévia da votação de 27 de outubro. A chapa do presidente Maurício Macri, de cunho liberal, ficou com 32% dos votos.
O fraco desempenho de Macri, muito abaixo das previsões de analistas, provocou pânico no mercado financeiro na Argentina e com repercussões no Brasil. O risco, para muitos analistas, é de que a volta de Cristina ao poder prejudique a abertura comercial e a liberalização econômica promovida por Macri e, também, o acordo comercial assinado entre Mercosul e a União Europeia, assinado em julho.
Guedes avaliou ainda que o Brasil está preparado para a turbulência global causada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, e agravada entre os países do Mercosul pela incerteza causada pelo resultado pré-eleitoral da Argentina. Para o ministro, a economia brasileira tem uma “dinâmica de crescimento própria” por ser uma das mais fechadas do mundo.
— Vamos continuar abrindo a nossa economia. Não somos dependentes da crise. Fechamos a nossa economia e por isso somos uma ilha, temos uma dinâmica própria de crescimento — disse à plateia.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo,não quis fazer uma previsão sobre o futurodo Mercosul caso Alberto Fernández vença a eleição presidencial na Argentina. Fernández e Cristina são tratados por Jair Bolsonaro como “bandidos de esquerda”. Em resposta, o candidato da oposição argentina chamou o brasileiro de "racista, misógino e violento".
— Temos que ver qual a plataforma que eles trariam nesta hipótese — disse o ministro.
Após três dias de perdas, amoeda argentina se valorizou 4,88%nesta quinta-feira, fechando a 57,10 pesos, um dia depois que Macri e o candidato opositor Alberto Fernández pediram calma aos mercados. Os papeis das empresas argentinas em Wall Street também subiram, e risco país, que mede o risco de não pagamento da dívida, caiu 8,5%, para 1.780 pontos — uma queda de 166 pontos em relação ao fechamento anterior.