Por que se perpetram tantas loucuras diplomáticas a partir da Casa de Rio Branco?
Paulo Roberto de Almeida
(inspirado no Past Imperfect, de Tony Judt)
O Itamaraty está literalmente sufocado.
Os diplomatas continuam exercendo suas habilidades, mas sabendo que suas instruções serão deformadas no gabinete do chanceler capacho, segundo ordens que recebe de amadores ignaros em política externa e estranhos à Casa.
É uma espécie de intervenção!
E existe um Quisling no comando aparente da Casa: na verdade, é apenas um serviçal de uma força de ocupação.
Como sempre acontece nesse tipo de situação, não faltam os colaboracionistas, alguns até entusiasmados com a perspectiva de promoção, postos e chefias. A maioria assiste passiva aos abusos e violações das forças de ocupação, pois teme retaliações.
Em algum momento do futuro haverá o restabelecimento da normalidade, mas sem fuzilamentos ou tribunais. O Petain da nova Vichy será posto de lado de forma acomodada, mas terá de suportar essa vergonha como sombra pelo resto da carreira.
Noel Rosa perguntaria: “Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?”
Na verdade, há pouco espaço para um samba: a situação está mais para “tangos e tragédias”.
Terminando por uma frase abusada, de um autor renomado: assim caminha a humanidade.
E eu acrescento: nem sempre com dignidade...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4/03/2021