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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Vice-presidente preocupado Mourão com as ideologias - Patrick Camporez, Terra Notícias

 Se o General Mourão está realmente preocupado com as ideologias, ele deveria tentar diminuir o componente ideológico extremamente exacerbado — com perdão do pleonasmo — que existe no governo do qual ele faz parte, em especial no terreno da política externa, onde o que existe é uma diplomacia olavista inspirada nos piores fundamentalistas ideológicos movidos por teorias conspiratórias sobre um fantasmagórico globalismo.

Paulo Roberto de Almeida

Mourão: Jovens têm sido vítimas de "intérpretes ideológicos"

Para o vice-presidente, ao longo das últimas quatro décadas juventude brasileira vem sendo alvo de 'visão deformada'


Patrik Camporez

Terra Notícias, 22/12/2020


BRASÍLIA - O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira, 21, que a juventude brasileira tem sido "vítima de uma visão deformada" da história, nas últimas quatro décadas, período que praticamente coincide com o fim da ditadura militar. Em evento promovido pelo Instituto General Villas Boas, do qual participou de forma virtual, Mourão afirmou que "os grandes autores desapareceram" e, no lugar deles, entraram "intérpretes ideológicos".


"Ao longo das últimas quatro décadas, nossa juventude tem sido vítima de uma visão deformada, que, esquecendo os valores onde foi assentada a nossa nacionalidade, buscou pura e simplesmente apagar a riqueza da história do Brasil", disse o vice-presidente. "Os grandes autores simplesmente desapareceram, substituídos que foram por intérpretes ideológicos dos 520 anos em que essa Nação foi esculpida."


A um público composto majoritariamente por militares, Mourão disse que o instituto com o nome do ex-comandante do Exército assumiu um papel de vanguarda e elogiou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que também participou do lançamento da coleção de livros "Pensadores do Brasil".


"As ideias conformam uma percepção da realidade mais ou menos correta, representando um esforço efetivo para captar e desenvolver o seu potencial. As ideologias, não. Exteriorizam o desejo de alterar realidades, razão pela qual as tentativas de aplicá-las correspondem sempre a um fracasso. As ideias constroem. As ideologias destroem", argumentou Mourão.


Ao finalizar sua participação, o vice-presidente parabenizou o instituto pela iniciativa. "Com a grandeza da alma, (o projeto) faz justiça ao nosso passado histórico e oferece às novas gerações um conhecimento diferenciado sobre os problemas nacionais", observou.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Hamilton Mourao fala sobre a politica externa, racionalmente...

Mourão defende que política externa do Brasil seja flexível e pragmática

Rio de Janeiro, 15 jul 2019 (EFE). 

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta segunda-feira que o Brasil adote uma política externa flexível e pragmática, que permita que o país se relacione com todo o mundo, independente de posições ideológicas.
"Na política externa, em um mundo conflituoso como o de hoje, com países competindo por mercados, com protecionismo, migrações, problemas climáticos e outros conflitos, temos que ser flexíveis e pragmáticos", afirmou Mourão em entrevista concedida a correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro.
O vice-presidente afirmou que essa estratégia torna possível não só a aproximação do Brasil aos Estados Unidos, como desejado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas também de outros países não tão ideologicamente alinhados ao governo, como China e Rússia.
"Temos que ser flexíveis para não ficarmos presos a uma só linha de ação e poder aproveitar a melhor linha para o país, assim como temos que ser pragmáticos, porque as relações têm que ser de Estado com Estado", explicou o vice-presidente.
Por dar prioridade aos assuntos de Estado, Mourão disse que o Brasil terá relação com qualquer que seja o presidente da Argentina no ano que vem, apesar de Bolsonaro ter declarado em várias oportunidades que apoia a reeleição de Mauricio Macri.
Mourão também destacou que o Brasil aprecia as relações que têm com a China, mesmo com as declarações de Bolsonaro na campanha eleitoral, que davam a entender que o governo buscaria um alinhamento automático com os Estados Unidos.
"Temos que conversar com todas as nações do mundo e sermos pragmáticos para buscar o benefício mútuo em todas as relações", frisou o vice-presidente.
Segundo Mourão, esse pragmatismo permitirá ao Brasil fazer negócios com todos os países no mundo, elevando assim participação nacional no comércio internacional, atualmente limitada a 0,2% do total movimentado no mundo.
"Isso é baixíssimo para um país como o nosso", ressaltou.
Para o vice-presidente, a maior parte dos mal-entendidos sobre a política externa brasileira desde a chegada de Bolsonaro ao poder tem relação com a imagem negativa do governo no exterior.
"Existe uma má vontade com a figura dele. Foi criada a imagem que Bolsonaro era o Átila que tinha chegado para arrasar o Brasil. Mas ele não é, em absoluto, uma pessoa totalmente fora dos padrões aos quais estamos acostumados", garantiu.
Mourão revelou que uma das principais missões que recebeu de Bolsonaro foi viajar à China para reativar a Comissão Chinês-Brasileira de Cooperação, levando a Pequim uma mensagem política para dissipar as dúvidas surgidas durante a campanha eleitoral.
"A missão foi muito bem-sucedida, e a mensagem foi transmitida. Fui recebido pelo próprio presidente da China (Xi Jinping) e estamos conversando diretamente com os chineses, que querem participar das licitações e dos leilões para desenvolver projetos de infraestrutura no Brasil", disse Mourão.
"Ninguém pode prescindir de negociar com a China, cujo mercado é maior que o da União Europeia e o Mercosul juntos. Ninguém pode fugir de negociar com a China. Não podemos desprezar uma relação com nosso maior parceiro comercial, com o qual tivemos no ano passado um comércio de mais de US$ 100 bilhões", acrescentou Mourão.
O vice-presidente afirmou que Bolsonaro deve realizar visita oficial à China em outubro, uma viagem na qual passará por vários países do Oriente Médio e do Japão, onde participará da coroação do novo imperador Naruhito.
Mourão também disse que recebeu de Bolsonaro a missão de reativar as relações de alto nível entre Brasil e Rússia, tarefa que pretende cumprir em outubro, quando receberá o vice-primeiro-ministro russo, Anton Siluanov, para um diálogo bilateral. 
EFE

sábado, 6 de julho de 2019

O vice-presidente em versão light - Crusoé

O vice em versão light
Hamilton Mourão revela que recebeu um pedido de Jair Bolsonaro para agir com mais moderação e rechaça a desconfiança do entorno do presidente de que os militares estariam interessados em tomar o poder

Igor Gadelha, Rodrigo Rangel
Revista Crusoé, 05.07.2019

Hamilton Mourão agora foge de confusão. Se na campanha ele fazia coro às ideias mais radicais dos apoiadores de Jair Bolsonaro, depois de assumir a cadeira de vice-presidente, o general de 65 anos passou a se comportar como uma espécie de reserva de equilíbrio em um governo afeito a cabeçadas e estridências. Por diversas vezes, entrou em rota de colisão com o próprio Jair Bolsonaro. Quando partidários do presidente, especialmente os evangélicos, defendiam meios para se combater o aborto, ele disse que cabe a cada mulher decidir se deve ou não abortar. Quando o presidente baixou o decreto das armas, afirmou que armar a população não é o melhor caminho para se combater a violência. Quando Bolsonaro fez o ministro da Justiça, Sergio Moro, voltar atrás na nomeação de uma cientista política para um conselho, por diferenças ideológicas, o vice declarou que o país perde quando pessoas que divergem não podem sentar-se à mesma mesa. Quando Bolsonaro afagava Israel e o premiê Benjamin Netanyahu, ele se reunia com o embaixador da Palestina. A sucessão de divergências públicas fez Bolsonaro e seu núcleo mais próximo desconfiarem. Não faltaram suspeitas de que o vice estaria pavimentando um caminho alternativo para alcançar o poder. Mourão passou a ser atacado frontalmente pelas alas mais radicais do bolsonarismo. A relação entre ele e o presidente, que nunca foi das melhores, só fez piorar. Até que, recentemente, Bolsonaro lhe pediu para falar menos e agir com mais moderação.

Na terça-feira, 2, o vice-presidente recebeu Crusoé em seu gabinete, no andar térreo de um dos anexos do Palácio do Planalto. Pela primeira vez, ele admitiu publicamente ter ouvido do presidente o apelo para se expor menos e adotar um perfil, digamos, mais light. “Vamos diminuir um pouco a exposição, vamos manter um perfil moderado nas coisas. Foi um pedido dele”, afirma. Embora não diga, Mourão claramente se ressente por não receber do presidente atribuições claras na máquina do governo. E não esconde a contrariedade por ser, com alguma frequência, alvo de ataques de gente muito próxima do presidente, como Carlos Bolsonaro, o filho 02 de Bolsonaro. “Não sei o que deu na cabeça desses caras. Mas o presidente já entendeu há muito tempo que sou uma linha auxiliar dele.” Sobre a mesa do vice, livros que dizem muito. Um deles, a leitura do momento de Mourão, é Leadership: In Turbulent Times (Liderança em tempos turbulentos, em tradução livre), em que a historiadora Doris Kearns Goodwin, a partir da experiência de quatro dos mais proeminentes presidentes da história americana, discute de onde vem a ambição pelo poder e se líderes são construídos ou já nascem líderes. Logo ao lado, repousa Apelo à razão – A reconciliação com a lógica econômica, no qual os economistas Fabio Giambiagi e Rodrigo Zeidan defendem que o Brasil “deixe de flertar com o populismo, com o atraso e com o absurdo”. Mesmo na nova fase, mais comedida, o vice-presidente não deixa de surpreender. A seguir, ele também conta o motivo pelo qual o general Carlos Alberto Santos Cruz foi demitido por Bolsonaro: “O Santos Cruz ficou chateado com aquela história das mensagens montadas e pediu para abrir um inquérito. Acho que ali eles andaram se estressando”. Eis o que ele disse a Crusoé.

Como o sr. enxerga a leitura de que haveria intenção do governo de pressionar, por meio de seus apoiadores nas ruas, os outros poderes?
Não vejo que a coisa ocorra dessa forma. Não vejo que o governo atue nesse sentido. Se o governo atuasse nesse sentido, teria que dar dinheiro. Nessa militância que, digamos, é mais aguerrida, que tem ido à rua nessas últimas manifestações, vejo uma coisa mais espontânea. Vem desde aqueles movimentos que foram criados em 2013, e aí eles ficaram mais organizados depois. O MBL, o Vem Pra Rua, o Nas Ruas…

Não há, então, a intenção de emparedar o Supremo e o Congresso?
Não. Se houvesse, o governo estaria sendo antidemocrático, e o governo não é antidemocrático. Agora, eu falo sempre: o governo tem três vetores em que temos que atuar o tempo todo. Um deles é a clareza. Temos que demonstrar por que nós viemos, a situação que estamos enfrentando, todo mundo tem que entender isso. Também é preciso ter determinação para superar isso aí. E tem que ter paciência. É um jogo de paciência. Paciência no sentido que você tem que negociar, conversar, ir lá para dentro do Congresso. Não adianta você se exasperar e dizer: por que não aprovaram a Previdência até agora? Eles vão aprovar. Mas vão aprovar no tempo que lhes convêm.

Falta jogo de cintura do governo nessas relações?
Acho que não. Acho que, por exemplo, o coitado do Onyx (Lorenzoni, ministro da Casa Civil) sofre muita crítica, mas tem procurado fazer o trabalho dele. Fala com os ministros para que atendam os parlamentares. Em toda reunião ele volta a esse tema: olha aí, minha gente, vamos atender os parlamentares, vamos conversar, vamos receber.

Há quem diga que Onyx está com a cabeça a prêmio…
Não, acho que não. Pelas demonstrações que o presidente tem dado, ele não está com a cabeça a prêmio, não. Não vejo dessa forma. Não vejo.

E o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, será demitido?
O ministro do Turismo é aquela história: o presidente já foi claro, já conversou com o (ministro da Justiça, Sergio) Moro, chamou o Moro, e (não demitirá) enquanto não houver a culpabilidade ou indício realmente forte de que ele está metido nisso aí. Na realidade, vamos colocar assim, os valores envolvidos são muito pequenos. É aquela velha história: se você desviou mil ou um milhão, o desvio é igual. Mas são valores pequenos envolvidos nessa guerra toda. Então, enquanto não houver provas conclusivas sobre o ministro, o presidente vai mantê-lo.

De alguma forma, isso não é seguir a cartilha que o PT adotava?
Não. A Dilma, por exemplo, passou o rodo ali no começo daquele segundo governo dela. Pegou oito caras ali e mandou tudo para a rua. Virou a faxineira. No caso do Marcelo, o presidente tem os elementos dele, eu não disponho dos elementos que o presidente tem. O presidente me perguntou a respeito. Eu emiti a minha opinião, que vou me reservar de falar aqui para vocês.

A posição do sr. foi pela demissão?
Não. Não foi por aí, não. Então, o presidente vai decidir quando achar necessário. Ele já respondeu isso.

Como está sua relação hoje com o presidente?
Nossa relação é ótima. Tivemos aqueles problemas ali na época que o Olavo de Carvalho resolveu me atacar, (o deputado Marco) Feliciano, não sei mais o quê. Não sei o que deu na cabeça desses caras. Mas o presidente já entendeu há muito tempo que sou uma linha auxiliar dele. Que eu tenho uma tarefa aqui com determinados segmentos, que eu posso levar a mensagem dele de uma forma bem clara. Ele já entendeu isso.

O presidente lhe deu alguma missão específica, como, por exemplo, ajudar na aprovação da reforma da Previdência?
Não, ele não me deu nenhuma missão nisso porque essa missão está nas mãos do Onyx.

Qual foi o momento mais crítico desse período de estresse com o presidente?
Não tivemos conversa estressante, na realidade. Mas o que aconteceu? Quando você é bombardeado por gente que seria nossos aliados, você fica preocupado com isso aí. E aí as únicas coisas que tratamos ali foi: vamos diminuir um pouco a exposição, vamos manter um perfil moderado nas coisas. Foi um pedido dele.

Como recebeu esse pedido?
De forma normal. Essa é uma orientação que o comandante passa para seu subordinado. É normal isso aí.

Como enxergou a demissão do general Santos Cruz e de outros militares? O presidente quer evitar sombras ao poder dele?
Não. O que vejo é que há uma interpretação errada de parte da imprensa como um todo sobre a questão de núcleo militar. Não existe esse núcleo militar. Existem militares que foram convocados pelo presidente. A imensa maioria de vocês não consegue fazer uma leitura correta do que é o pensamento militar, porque não tiveram vida de caserna. Durante muito tempo os militares estiveram afastados da política. Então, não era preocupação para ninguém saber como é que a gente é formado, como é que vivemos. Então, há essa leitura errada. Quando você chama um militar, coloca o cara lá de ministro-chefe da Secretaria de Governo, ele está focado naquilo ali. Ele não está olhando para os lados. É diferente do político. O político está sempre olhando assim, porque daquilo depende a sobrevivência dele, do prosseguimento dele dentro da carreira política. Nós, não. Nós já temos uma carreira. Então, o cara foca naquela tarefa que ele recebeu. O caso específico das demissões não passou por mim. O presidente, em nenhum momento, discutiu comigo a saída do general Santos Cruz, a saída do (general) Juarez dos Correios e aí o Floriano Peixoto ter ido para lá (para os Correios). Mas, ele tirou o Santos Cruz e está trazendo o (general) Ramos. O que vejo é que ele procurou, num segundo momento, organizar melhor, dentro da visão dele, aquele núcleo duro que fica em volta dele no palácio.

Chamou atenção o sr. ter tomado conhecimento da demissão do general Santos Cruz pela imprensa. Não gostaria de ter sido consultado?
Olha, é aquela história: o presidente é o decisor. Se ele quisesse a minha opinião, ele me consultava. Acho que ele vinha amadurecendo essa ideia. Ele conversa muito com o general Heleno, tem outros conselheiros dele ali mais próximos. Eu não fico preocupado com isso aí, não.

Mas gostaria de ter sido ouvido?
Não era o caso. Não era o caso de eu ter sido ouvido, porque não fui eu que o escolhi. Se fosse uma pessoa escolhida por mim, acho que aí sim.

Mas houve críticas de alguns colegas, militares, pela forma como se deu a demissão.
Ministro é aquela história. Você chama o cara e diz: “Olha, não estou mais gostando do seu trabalho, você, por favor, apresenta uma carta de demissão”. E aí o cara, normalmente, diz assim: “Eu não vou me demitir, você que me demita”. A coisa, mais ou menos, rola dessa forma. Não sei como foi a conversa entre eles. Então, não posso fazer nenhuma ilação sobre isso.

Fica a percepção de que o presidente estaria tirando do próprio entorno militares que poderiam criar sombra para o poder dele.
Não. Do entorno dele, ele só tirou o Santos Cruz. Acho que a questão que pode ter havido entre o Bolsonaro e o Santos Cruz foi que o Santos Cruz ficou chateado com aquela história das mensagens montadas e pediu para abrir um inquérito. Acho que ali eles andaram se estressando. Era montagem. A Polícia Federal está com inquérito aberto, investigando.

Na última segunda-feira, o vereador Carlos Bolsonaro voltou a criticar os militares, com foco agora no GSI. Como o sr. enxerga essa desconfiança?
Olha, eu não conheço o Carlos Bolsonaro. Nunca tive a oportunidade de conversar com ele. Os outros dois filhos conheço superficialmente, e não posso emitir uma opinião sobre eles. Então, o Carlos, ele, pô, é um vereador, está há 20 anos na política. Ele tem as opiniões dele. Então eu deixo o Carlos falar. Fala. O cara quer falar, quer emitir suas críticas, emite. Deixa para lá.

Incomoda essa leitura do Carlos de que há um movimento de militares para usurpar o poder do pai dele?
Acho que, talvez, isso esteja na cabeça dele, do Carlos. Mas, se existe um grupo leal, é o grupo militar, pô. Esse ele pode ter certeza que estará com ele até o último dia, não importa o que acontecer.

Há alguma razão na crítica que ele faz ao GSI?
Não. Ele desconhece. Porque o episódio da droga era algo afeito à Força Aérea. A Força Aérea é que era responsável pelo controle do pessoal que embarca na aeronave. Não era uma aeronave onde o presidente estaria. Era uma aeronave que estava levando a turma de apoio. Então, é um controle que a Força Aérea tem que estabelecer. Não tem nada a ver com o GSI. O GSI não controla essa aeronave. Ele controla quem vai embarcar na aeronave do presidente. Inclusive, a coisa funciona da seguinte forma: o VC1 levanta voo, faz um circuito de 10 minutos para ver se está tudo bem, toca o solo, e aí ele é lacrado. É chamado de “o voo da bomba” (refere-se ao procedimento de rotina adotado antes das viagens do VC1A, o avião que transporta o presidente da República).

Mas todos que viajam em aviões da FAB passam por revista?
Não. Pois é. A nossa visão é que todo mundo que for embarcar numa aeronave da Força Aérea tem que passar. Quando tu vai embarcar na TAM, na Gol, não tem que botar tua malinha no raio-X? Então, bota a malinha no raio-X.

Mas todo mundo tem passado? O sr., como vice-presidente, não é obrigado a passar, certo?
Agora começa por mim. Passa por mim primeiro. O burro puxa a fila.

O governo já tem alguma informação se o sargento faz parte de um esquema maior?
Não. Isso aí está dentro de um inquérito. Tem um inquérito que a Força Aérea está conduzindo, que é para olhar o lado de cá. E a polícia espanhola está conduzindo a parte dela lá, para saber para quem que o cara ia entregar essa droga. Agora, vocês já viram que o cara é todo enrolado, né? Todo enrolado. O cara tinha se separado da mulher, deixou a mulher morando com os filhos no Próprio Nacional Residencial (PNR, como são chamadas as residências oficiais destinadas a militares), o que não podia, se juntou com outra criatura e foi morar lá em Taguatinga. Ou seja, é um poço de problemas. É um alvo fácil.

Fale um pouco das delícias e também dos desafios da vida de vice-presidente da República.
Vivemos uma vida de presos albergados. Eu ainda tenho mais liberdade que ele (o presidente). Mas, realmente, em qualquer lugar que você chega, daqui a pouco o pessoal começa a tirar foto. Hoje você atrai a simpatia das pessoas. Vamos ver quando começarem a vaiar e jogar pedra (risos).

Qual foi o momento mais desafiador desse seu período na vice-presidência?
É você entender a tarefa. A partir do momento em que entendi perfeitamente qual era a minha tarefa e qual era, vamos dizer assim, o canal que eu tinha para prosseguir, ficou tranquilo. Sem mistério.

O que o sr., como vice-presidente, já sabe a respeito da onda de invasões de celulares de autoridades da Lava Jato?
Não sei de nada. Porque é aquela história: a área de inteligência trabalha de forma compartimentada. Quem está investigando isso aí não está vazando ou falando aos quatro cantos. Eu não tenho necessidade de conhecer, não sou escalão decisório para isso. Não preciso saber de nada.

Aposta que será possível chegar ao hacker?
Acho que sim.

É a Lava Jato que está sob ataque?
Olha, não sei se é a Lava Jato ou as pessoas que compõem a Lava Jato. Não sei se é a operação em si ou as pessoas que a compõem. Agora, uma coisa é muita clara: existe um crime continuado sendo executado. Vejo muito claro: se eu tomo conhecimento de coisas que poderiam ser irregulares que chegam para mim, eu vou ao Ministério Público e digo: “Está aqui, investigue isso aqui. Era isso que teria que ser feito” (refere-se à informação de que Sergio Moro indicou uma testemunha aos procuradores). E você vê nitidamente que existe um vazamento de mensagens que você não sabe se são verdadeiras, não sabe o contexto em que elas foram trocadas. E mesmo as que estão sendo divulgadas não indicam conduta irregular por parte dos ministros e dos procuradores. Ou seja, está se fazendo uma celeuma política em torno de um crime.

O sr. vê uma segunda intenção por trás desse movimento? Libertar o ex-presidente Lula, por exemplo?
Pode ser que o Lula seja, vamos colocar assim, o efeito colateral disso aí. Mas acho que talvez a maior coisa é destruir a imagem do ministro Moro. É um ataque ao maior patrimônio dele, que são a honra e a integridade dele.

O sr. confia no ministro Moro?
Plenamente.

Agora que o presidente já anunciou que poderá disputar reeleição, o sr. já conversou com ele sobre repetir a chapa?
Não. Vamos lembrar o seguinte: o presidente Bolsonaro buscou vários parceiros antes para compor a chapa dele. Sempre me disse: olha, você fica em condições porque posso precisar de você. Foi sempre o nosso acerto. Na hora em que ele precisou, muito bem. Se em 2022, ele efetivamente for concorrer e não precisar de mim, tranquilamente volto para minha vida, sem problema nenhum.

O sr. considera que foi um acidente de percurso na vida de Jair Bolsonaro?
Não, acidente de percurso não porque ele vem falando comigo há cinco anos. Então, não houve acidente de percurso. Eu não tenho ambições políticas. Nunca tive.

Em que medida a reforma da Previdência, se aprovada, vai contribuir para solucionar a crise econômica?
A reforma da Previdência, o Paulo Guedes explica bem isso aí, e a gente fala também, não é a solução dos nossos problemas de hoje para manhã. Pelo contrário. Ela é a solução de médio prazo. A imagem melhor é a de o país que está dentro de uma garrafa. Estamos presos nessa garrafa e tem um gargalo para a gente sair dela. O gargalo é a reforma da Previdência. Então, a gente passa a reforma da Previdência e você sai da garrafa, e aí tem campo aberto para as outras reformas que serão colocadas. A (reforma da) Previdência vai te dar uma previsibilidade. Este ano, por exemplo, o déficit da Previdência é de 370 bilhões. A partir do momento em que você diminui esse déficit, vai pagar menos juros da dívida. Estamos pagando 400 bilhões. Se eu pagar menos 30 bilhões, são mais 30 bilhões que tenho para investir. A lógica é essa.

O governo está fazendo toma lá, dá cá para aprovar a reforma da Previdência?
Isso não passa por mim. Então, não posso chegar e responder que isso daí está sendo feito, que foram prometidas emendas, porque estou tomando conhecimento disso pelas próprias publicações da imprensa. Essa negociação não é afeta a mim. Agora, acho que a liberação de emenda… A emenda é uma coisa obrigatória, foi colocada como uma coisa obrigatória. A liberação de emendas faz parte do jogo político.

E os cargos?
Eu sei que o presidente sofre pressão por cargos. Mas ele tem procurado se manter dentro da linha de ação que traçou de não entregar o governo de mão beijada.

terça-feira, 23 de abril de 2019

A batalha ridícula do momento: o Rasputin de subúrbio conta os militares - Estadão

Nem se deveria emprestar qualquer importância a esses enfrentamentos ridículos, mas tudo é motivo de divertimento...
Paulo Roberto de Almeida

Sob pressão de militares, Bolsonaro critica Olavo de Carvalho

Após ataque ao vice e representantes das Forças no Planalto, presidente afirma em nota que declarações de ‘guru’ ‘não contribuem’ com os objetivos do governo

Tânia Monteiro e Mariana Haubert, O Estado de S.Paulo 
22 de abril de 2019 | 18h57 
Atualizado 23 de abril de 2019 | 00h48

BRASÍLIA  – A constante troca de acusações e provocações entre o “guru” bolsonarista Olavo de Carvalho e o vice-presidente Hamilton Mourão levaram o presidente Jair Bolsonaro a se posicionar nesta segunda-feira, 22, pela primeira vez, contra as manifestações do escritor. Em nota lida pelo porta-voz, general Rêgo Barros, Bolsonaro reconheceu que as “recentes declarações” de Olavo “não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento de objetivos propostos” no “projeto de governo”. O comunicado do presidente tenta cessar os ataques do escritor que têm provocado divisões na base bolsonarista e no núcleo central do governo.  
O presidente, no entanto, não quis criticar seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), responsável pelas suas postagens em redes sociais e defensor fiel de Olavo. Nesta segunda-feira, o consenso no Planalto, a despeito das publicações do filho de Bolsonaro, é de que o escritor “passou do ponto”. Ele fez uma série de acusações aos militares por meio de um vídeo veiculado nas redes sociais. 
Já no fim de semana, a postagem incomodou o presidente, que passou parte do feriado no Guarujá (SP). Bolsonaro foi surpreendido com a mensagem que trazia ataques aos militares, publicada no canal do presidente no YouTube. Ele mandou apagar o post, mas a polêmica prosseguiu com o compartilhamento do vídeo por seu filho.  
O fato provocou reação da cúpula militar, que já havia alertado Bolsonaro da inconveniência de o guru ficar alimentando “polêmicas descabidas” em um momento em que todos os esforços estão voltados para a aprovação da reforma da Previdência no Congresso. 
Nesta segunda, desde cedo, o tema tomou conta das reuniões no Planalto, inclusive aquelas das quais participaram o próprio presidente. O primeiro a reagir publicamente foi Mourão, que já havia dito reservadamente estar “de saco cheio” das “agressões” e avisado que não aguentaria mais calado novos ataques. 
No vídeo, o escritor faz duras críticas aos militares e questiona: “Qual a última contribuição das escolas militares à alta cultura nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então, foi só cabelo pintado e voz impostada. E cagada, cagada”, disse, acrescentando que eles entregaram o País aos “comunistas”. 
Em resposta, Mourão afirmou que Olavo deveria se concentrar no exercício da “função de astrólogo”, por ser a que ele “desempenha bem”.  
Sabedor da personalidade explosiva de seu apoiador, Bolsonaro mediu as palavras ao se referir a ele na nota, fazendo questão de reconhecer sua contribuição para seu triunfo eleitoral.  
“O professor Olavo de Carvalho teve um papel considerável na exposição das ideias conservadoras que se contrapuseram à mensagem anacrônica cultuada pela esquerda e que tanto mal fez ao País”, afirmou o presidente, passando a se queixar dos ataques e citando a divisão provocada pela sua fala no seu governo. No mesmo comunicado, Bolsonaro afirmou que “tem convicção de que o professor, com seu espírito patriótico, está tentando contribuir com a mudança e com o futuro do Brasil”. 
O porta-voz do Planalto evitou responder se o presidente foi quem postou o vídeo no YouTube ou se sabia de seu conteúdo. Limitou-se a dizer que “o presidente entende que é muito importante ele assumir a responsabilidade por sua redes sociais”. De acordo com fontes ouvidas pelo Estado, Bolsonaro não sabia do conteúdo e, por isso, mandou retirá-lo do ar. 
Desde o início do governo, tem aumentado a tensão entre a ala olavista e os militares. Houve um enorme descontentamento quando, um dia após Olavo xingar Mourão de “idiota” e dizer que o seu governo ia mal, o presidente compareceu a um evento em Nova York no qual se sentou o lado do “guru”.  
A divisão entre olavistas e militares atingiu até a administração do Ministério da Educação, o que levou à demissão de Ricardo Vélez Rodríguez, alinhado com as ideias do escritor. Mesmo com a disputa, um outro seguidor de Olavo, Abraham Weintraub, acabou alçado ao cargo de ministro. Em inúmeras reuniões, Bolsonaro foi advertido dos problemas que a influência do escritor e as seguidas postagens de Carlos na internet têm causado ao Planalto.  
Bolsonaro já chegou a sinalizar que poderia limitar a ação de seu filho em suas redes sociais. No entanto, sempre que surgia algum novo problema, o presidente reiterava que só tinha vencido a eleição por causa da “expertise” de Carlos nessas mídias. 

Carlos Bolsonaro volta defender Olavo

Após as críticas de Mourão, Carlos voltou ao Twitter para dizer que Olavo “é uma gigantesca referência do que vem acontecendo há tempos no Brasil”. Segundo ele, desprezar isso significa “total desconhecimento, se lixando para os reais problemas do Brasil” ou achar “que o mundo gira em torno de seu umbigo por motivos que prefiro que reflitam”. 
. @opropriolavo é uma gigantesca referência do que vem acontecendo há tempos no Brasil. Desprezar isto só têm três motivos: total desconhecimento, se lixando para os reais problemas do Brasil ou acha que o mundo gira em torno de seu umbigo por motivos que prefiro que reflitam. — Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 22 de abril de 2019
Mais tarde, o vereador recorreu a um tuíte que Mourão curtiu e compartilhou no qual a jornalista Rachel Sheherazade elogia uma palestra do vice. Trata-se do mesmo tuíte que levou o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP) a pedir o impeachment de Mourão. Carlos postou a curtida do general com a frase: “Tirem suas conclusões”. 
A mensagem de Rachel diz: “Finalmente um representante do governo que não nos causa vergonha. O vice mostrou como ele e o presidente são diferentes, um é o vinho, o outro vinagre”. 
Tirem suas conclusões: pic.twitter.com/48x9xRpWCX — Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 23 de abril de 2019

Carlos ainda demonstrou indignação com um convite para uma palestra de Mourão. O documento, em inglês, diz que o País vive uma crise generalizada, mas que o vice surge como “voz da razão e da moderação”. “Inacreditável!”, afirmou o vereador. 
Olavo também manteve o enfrentamento com o general. “Não estranho que a direita anti-Bolsonaro faça frente única com o general Mourão. O oposto disso é que seria espantoso”, postou o escritor na noite de ontem. / COLABORARAM FELIPE FRAZÃO E ANDRÉ BORGES

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Mourao, o Conciliador - Ishaan Tharoor (WP)

BY ISHAAN THAROOR

BY ISHAAN THAROOR
 

The tough job of Brazil’s vice president

(Eraldo Peres/AP)</p>
(Eraldo Peres/AP)
Brazilian President Jair Bolsonaro marked 100 days in office last week. A far-right firebrand and former army captain, Bolsonaro emerged from the fringes of the National Congress to sweep presidential elections in 2018, riding a wave of popular disenchantment with the country’s sagging economy and its widely reviled political establishment. But he has struggled in his first months on the job.
A controversial restructuring of the country’s pensions system, as well as other measures to curb corruption and crime, hit legislative roadblocks. Bolsonaro, who is recovering from an assassination attempt that nearly killed him last year, suffered health setbacks following a third surgery related to the incident, keeping him for an extended period in the hospital and on orders not to even speak. At home, members of Bolsonaro’s family were implicated in a series of ongoing investigations, which include allegations of suspicious kickbacks and ties to paramilitary gangs in Rio de Janeiro. It’s a troubling development for a president who staked his political legitimacy on a supposedly squeaky-clean record. Polls show that support from Brazilian evangelical voters — a key plank of his base — is starting to slip.
Through it all, the notoriously brash Bolsonaro has stuck to his rhetorical guns, coloring the early days of his presidency with a slew of incendiary remarks. Last month, to the chagrin of many, he moved to honor a 1964 military coup that ushered in two decades of brutal dictatorship. During Brazil’s Carnival he circulated a pornographic video on his Twitter account, in a misfiring attempt to attack the left and stoke outrage toward LGBTQ Brazilians.
On a visit to Israel this month, he declared Nazism to be a leftist creed, a claim that historians reject outright but one that fits Bolsonaro’s political posturing. To compound the matter, in an address to evangelical pastors in Rio on Thursday night, Bolsonaro said that one could “forgive” the perpetrators of the Holocaust, but not “forget” its horrors. The remarks earned swift repudiation from Israel’s president and the country’s Yad Vashem Holocaust memorial, while critics pointed to earlier occasions when Bolsonaro had dabbled in a kind of Nazi apologia.
These apparent gaffes may reflect the missteps of a new president habituating himself to power. But they also reflect a stubbornly ideological streak coursing through the Bolsonaro presidency. Analysts point to the president’s embrace of a broader far-right, nationalist zeitgeist, one that’s amplified by a clique of supporters around him, including Foreign Minister Ernesto Araújo, who subscribe to a similar “antiglobalist” worldview.
But not everyone in Bolsonaro’s circle is on the same page. Most notably, Finance Minister Paulo Guedes, in the United States on a diplomatic visit, and Vice President Hamilton Mourão, have attempted to steer governance along a more “normal” track and have gently pushed back against Bolsonaro in the news media. “They are not a monolith, but they generally favor a more pragmatic approach to foreign policy, noting for example that China is Brazil’s biggest trading partner,” wrote Brian Winter of Americas Quarterly about the cabinet officials in Mourão’s camp. “Many couldn’t care less about the social issues — ‘gender ideology,’ ‘cultural Marxism’ and so on — that tend to animate Bolsonaro’s hard core base.”
Speaking to Today’s WorldView last week during an official visit to Washington, Mourão sought to play down the significance of his president’s words.
“Sometimes he has some hard expressions,” Mourão said of Bolsonaro, adding that the comment in Israel on Nazism and the left was perhaps made so that Araújo — who had originally made the claim — “did not feel alone.” Mourão contended that Bolsonaro probably “doesn’t fully believe” the line he seemed to endorse.
“I think he wanted to make a point, and maybe he went in a wrong direction,” Mourão said. “But these are things of the past. We have to understand that in this new world that we’re living in, these questions of right and left must be left behind.”
Mourão, a retired four-star general, was not keen to look backward. Bolsonaro’s fondness for the 1964 coup, Mourão said, was simply about “history” and satisfying some members of his base who may have nostalgia for that era. But he said the new Brazilian government was “marching in a good way” toward the implementation of its desired changes, including the pension and public security bills held up in Congress, as well as plans toward further deregulation of the Brazilian economy.
Far from the heated nationalism that characterized Bolsonaro’s election campaign — and the soft bigotry toward minorities, indigenous groups and other vulnerable communities that shaped much of Bolsonaro’s political career — Mourão insisted that the true creed of the Bolsonaro administration is “liberalism.” That is, he claimed, a set of democratic values at odds with those “who believe the state should intervene in the markets.”
Bolsonaro is “under the constitution, and he fully respects our institutions,” Mourão said. “He’s a politician and understands very well that as president he’s president of all Brazilians, those who voted for him and those who didn’t.”
Despite his conciliatory pose, the vice president has grown quite accustomed to checking his boss. In February, he called on the president to rein in his sons, outspoken politicians in their own right who have courted ties with far-right figures such as former Trump adviser Stephen K. Bannon and are particularly active on social media. After Bolsonaro celebrated the departure of Jean Wyllys, a prominent LGBT congressman who left the country out of security fears, Mourão said that the threats faced by Wyllys constituted “a crime against democracy.”
When Bolsonaro toured Israel and floated the possibility of moving the Brazilian Embassy to Jerusalem, Mourão met with the Palestinian ambassador in Brazil to offer assurances that it might not happen. While Bolsonaro, possibly in a fit of Trumpist pique, has so far shunned China, Mourão has plans to visit China next month and told Today’s WorldView that Brazil “can’t run away” from a market that may soon eclipse Europe. And even though Bolsonaro has refused to rule out backing a possible U.S. military intervention in Venezuela, his vice president was more categorical in his rejection of the idea.
“A classic invasion of Venezuela to overthrow [President Nicolás] Maduro — I don’t see this as a solution,” Mourão said. “Because we know how it’s going to begin, but we don’t know how it’s going to end.”
Unsurprisingly, Bolsonaro’s backers aren’t especially pleased with the role played by Mourão. “Everyone is pissed off at Mourão, who has turned out to be a real pain in the a--, as well as a media hog,” Gerald Brant, a New York-based hedge-fund executive and a friend of the Bolsonaros, told the New Yorker last month.
But Mourão — who on the campaign trail was seen as even more of a hard-liner than Bolsonaro — shrugs at the suggestion that he is a “moderating” influence on the presidency. “We were elected to govern for the whole of Brazil. We do politics by dialogue,” he said. “I don’t think this is moderation. This is just good politics.”

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Mourao at the Wilson Center, in Washington

A Conversation with His Excellency Hamilton Mourão, Vice President of the Republic of Brazil

The first 100 days of the Bolsonaro administration have been marked by political paralysis, in large part due to the successive crises generated by the President’s own inner circle, if not by himself. Amidst the political noise, Vice President Hamilton Mourão has emerged as a voice of reason and moderation, capable of providing direction in domestic and foreign affairs alike. Vice President Mourão has taken over management of the crisis in Venezuela and has been increasingly sought after by officials from China, Europe, and the Middle East, as well as the business community, to act as an interlocutor for the government. The former four-star general has also become a favorite of Brazilian journalists—who are frequently critical of the new administration—for his willingness to engage with the media and for his important remarks on the need for government to value a diversity of opinions. 

Selected Quotes from Vice President Mourão

“We are committed to restoring the confidence in the country and in its institutions so we can resume the path to our social and economic development. From the outset, our government has taken steps toward reform of the State: We reduced the number of ministries, appointing a cabinet without political influence, far from the practice that sold the government to political parties. We have also cut more than twenty thousand positions in different levels of the federal government, the so-called ‘commissioned positions’, which are open for non-career appointments, and therefore were part of the give and take game of old politics.”
“The armed forces will keep as they are, and as they have been in the last 34 years since the end of the military regime in Brazil in 1985. We have received the task from the Brazilian people to run the government for the next four years and to do our best, our big efforts, to change the course of action that Brazil was taking and to restore our economy and to restore the security of our people and to put the country back on its tracks so that we can reach sustainable development.”
"We have to do all that is in our hands to press the Maduro government to call new elections, to get out. And, okay, they don’t have the capacity to solve what is happening there. The country is shattered economically, the population is suffering because they don’t have access to food, they don’t have access to medicines. The problem now of electric power has reached the point of no return… What can we do? It is what we are doing through the Group of Lima. We have to apply [political and economic] pressure… The political pressure is being applied since the moment that we did not recognize anymore Maduro as the real government in Venezuela. And the economic pressure… the great pressure comes from the U.S.”
“…There is no question about the change [in climate], it’s changed. In Rio, any rain is a big problem. By the typography of the city, by the disorganization of and occupation of the city, so we have to deal with this. Of course, at first there was all that talk about the Paris Agreement, okay, we are going to stay in the Paris Agreement, we have to fulfill the Paris Agreement, and I think that we in Brazil can pass a good word to everybody once we do our homework on this problem of sustainability and the environmental question. Also I look forward, because there is going to be a market for carbon credits in the nearby future. Well, we will have a lot of carbon credits to sell.”
The Brazil Institute was honored to welcome Vice President Mourão at the Wilson Center on April 9, for a conversation on the political outlook for Brazil in the coming year and beyond. 
04-09-2019 A Conversation with His Excellency Hamilton Mourão, Vice President of the Republic of Brazil
Header image by Agência Brasil

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Mourao: o presidente NÃO acidental - Marina Dias (FSP)

Prezados Senhores

Por que o general Mourão não interpelou judicialmente o Olavo de Carvalho?

Olavo de Carvalho sugere que Mourão planeja dar um golpe em Bolsonaro

“Estará o Mourão planejando livrar-se do Bolsonaro e usar a eleição dele como mera camuflagem para dar ares de legalidade eleitoral a um golpe militar?”, pergunta o “guru” da família do presidente.
Agora o Steve Bannon faz esses comentários. É tudo muito estranho! 
Cabe lembrar que o general Mourão ficou conhecido pregando um golpe militar e atualmente, num passe de mágica, se transformou em um anjo conciliador das colocações mais radicais do Bolsonaro.
Mourão conversa com a CUT, braço sindical do PT e de Lula.
Assunto para refletir.
Ricardo Bergamini

'Mourão quer mostrar que está preparado se Bolsonaro falhar', diz ex-estrategista de Trump

Steve Bannon critica postura antagônica de vice-presidente e afirma que general deveria renunciar ao cargo

4.abr.2019 às 16h26 
Marina Dias/Folha
WASHINGTON

Estrategista da campanha que elegeu Donald Trump à Casa Branca, Steve Bannon afirma que o vice-presidente brasileiro, o general Hamilton Mourão, tenta se mostrar preparado para assumir o Planalto caso Jair Bolsonaro não dê certo no comando do governo.
Bannon, que participou da visita de Bolsonaro a Washington no mês passado, diz ser inaceitável um vice-presidente manter postura antagônica ao governo. E acrescenta: se tiver princípios, honra e decência, Mourão deve renunciar ao cargo e migrar para a oposição.
"O vice-presidente está tentando mostrar que está preparado se Bolsonaro falhar. E isso não é aceitável. Não é aceitável por ser alguém do governo. Se quiser fazer isso, Mourão deveria renunciar amanhã de manhã e ir para a oposição", afirmou à Folha. 
"Se ele não acha que pode falar a voz do governo, se é um homem de princípios, honra e decência, deveria renunciar e ir para a oposição."
A declaração de Bannon, que se tornou um dos conselheiros de parte da ala ideológica do governo brasileiro, ocorre na véspera da chegada de Mourão aos EUA e em meio a forte crise política no Planalto, que não consegue articular uma base aliada sólida no Congresso.
O vice-presidente desembarca em Boston nesta sexta-feira (5) para participar da Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros das universidades de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology). 
Na cidade, tem encontros com pensadores de esquerda, como Mangabeira Unger, ex-ministro de Lula, além de imigrantes brasileiros—agenda que Bannon classificou como "um tapa na cara do governo".
O roteiro de Mourão nos EUA incomodou aliados de Bolsonaro. Eles avaliam que os compromissos reforçam a tese de que o vice está tentando se firmar como figura plural e dissonante de Bolsonaro. 
Mourão tem se colocado do outro lado do tabuleiro nas principais polêmicas do governo. Na mais recente, enquanto o presidente e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, insistiam na ideia de que o nazismo foi um movimento de esquerda, Mourão disparou: "De esquerda é o comunismo, não resta nenhuma dúvida".
Após a passagem por Boston, o vice-presidente brasileiro segue para Washington, na segunda-feira (8), pouco mais de 20 dias após Bolsonaro ter se encontrado com Trump na capital.
Para Bannon, a proximidade das visitas de um presidente e um vice de um mesmo país é incomum nos EUA e tem gerado dúvidas entre políticos e empresários locais.
"Estou chocado que um militar não está seguindo o comando central do governo. É muito estranho ter uma pessoa do governo vindo para os EUA e marcando seus próprios compromissos. Nos outros países isso não acontece, especialmente porque tivemos uma grande delegação aqui e muito foi feito."
Na passagem pelos EUA, Bolsonaro conseguiu apoio de Trump para o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o status de aliado extra-Otan para o país.
Ainda há dúvidas entre os analistas sobre a concretude desses acordos, mas o governo os viu como um trunfo.
Líder do The Movement, grupo que promove a direita nacionalista e populista no mundo, Bannon saiu da Casa Branca em 2017, depois que seu nome foi citado em um livro sobre o governo chamando um dos filhos de Trump de "traidor" —o ex-assessor nega.
Hoje Bannon diz ser um "observador" do Brasil e tem estreitado laços com o filho caçula de Bolsonaro, Eduardo, que ganhou mais projeção em questões de política externa após a visita do presidente aos EUA. O ex-estrategista de Trump também se aproximou de Filipe Martins, assessor da Presidência para assuntos internacionais.
1.    Esta semana, o jornal britânico "Financial Times" publicou um artigo no qual chamava Mourão de "moderado" — opinião rechaçada por Bannon. Para ele, vice quer ser o "homem dos globalistas", mas é visto como um "palhaço" nos EUA.
"Ele absolutamente não é [moderado]. Bolsonaro, Ernesto e Guedes [Paulo Guedes, ministro da Economia] estão fazendo um movimento para cumprir tudo o que prometeram: reforma da Previdência, política externa. Não há surpresas no que Bolsonaro está dizendo", disse.
"O vice-presidente estava na campanha e se comprometeu com todo o programa de Bolsonaro. Por que isso mudou nos cem primeiros dias de governo? Isso machuca o Brasil e o povo brasileiro."
Em Washington, Mourão tem encontro com empresários e em centros de pesquisa. Ele ainda tenta marcar reunião com o vice-presidente americano, Mike Pence, e com parlamentares.
Quando esteve na cidade, Bolsonaro não conseguiu se encontrar com integrantes do Congresso, que estava em recesso, e cumpriu agenda mais restrita ao encontro de pessoas ligadas a seu campo ideológico conservador.