terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

847) Uma universidade popular do Mercosul?

Tenho dúvidas sobre se uma universidade desse tipo que pretendem algumas "lideranças populares" pode receber o título de universidade.
Recebido de um colega que também se espantou.
Desconheço a origem exata e a autoria intelectual, mas não é difícil definir o universo mental no qual viceja este tipo de concepção.
PRA

A UNIVERSIDADE QUE QUEREMOS

1. Universidade Pública e Popular que atenda as populações da Mesorregião Grande Fronteira do Mercosul e seu entorno.

2. Estrutura multicampi, contemplando os estados da Região Sul, garantindo oferta de vagas para atender a demanda.

3. Integração do ensino, da pesquisa e da extensão com o foco voltado para a agricultura sustentável, economia solidária, preservação ambiental, ciências sociais e humanas, políticas públicas, o desenvolvimento regional e os sistemas locais de produção e serviços. Indispensável é a inclusão dos saberes e da cultura popular nos currículos dos cursos.

4. Na gestão, a nova universidade, deve romper com a lógica atual, permitindo a participação dos atores sociais e populares nos processos decisórios da instituição, adotando princípios de gestão efetivamente democráticos.

5. Acesso aos cursos com novos critérios de seleção privilegiando os estudantes oriundos das camadas sociais de baixa renda como da agricultura familiar e camponesa, trabalhadores urbanos, excluídos, micro e pequenos empresários, índios, quilombolas e outras.

6. Identificação com a região, construída na relação com a história do seu povo, que valorize a memória de sua gente e que implemente projetos coletivos visando ao desenvolvimento sustentável da região e a integração com os povos e movimento sociais da América Latina.

846) Portugal, antes do Brasil...

O Brasil não tem absolutamente nada a ver com a exposição. O título deste post é puro "brasilocentrismo" deste blog.
A exposição, sim, é lusocêntrica e excepcional. Transcrevo matéria da imprensa.

Brasília: Exposição revela passado de Portugal
Exposição revela passado de Portugal, no aniversário de 200 anos - A galeria
circular recebe, no térreo, os ambientes dedicados à Presença Islâmica,
Cristianismo Medieval e Presença Judaica.
Revista Fator


Exposição revela passado de Portugal, no aniversário de 200 anos da chegada
da família real ao Brasil

A cultura brasileira é um mosaico de múltiplas influências. Todo brasileiro aprende, já no primário, que estamos assentados sobre uma tríplice ancestralidade: os ameríndios (povos que primitivamente ocupavam o território), os europeus (que chegaram ao país em 1500) e os negros (trazidos como escravos). É certo que neste caleidoscópio entram ainda várias outras raças e etnias que foram desembarcando nestas terras, como
aventureiros ou como trabalhadores e que, a exemplo dos demais, integraram o processo de miscigenação. Desde 2002, o Centro Cultural Banco do Brasil tem se dedicado a explorar as matrizes da cultura brasileira, primeiro com a exposição Arte da África e, em seguida, com Antes - Histórias da Pré-História e Por Ti América. Agora, uma mostra vai revelar um pouco da matriz européia que primeiro se envolveu neste caldeirão cultural.
É LUSA: a matriz portuguesa, uma grande exposição que abre as portas no próximo dia 26 de fevereiro, no CCBB em Brasília e fica montada até o dia 4 de maio, com visitações sempre de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. A abertura para convidados acontecerá no dia 25 de fevereiro, com a presença do curador Ivo Castro, conferencista internacional especializado em História da Língua Portuguesa. Professor da Universidade de Lisboa, Ivo Castro faz palestra sobre Língua portuguesa: de onde veio? para onde vai?, aberta ao público no próprio dia 26 de fevereiro, no auditório do CCBB, a partir das 19h30, com entrada gratuita. O mestre promete falar da formação
da língua portuguesa e das variações que sofreu nos diferentes países que adotaram o idioma.
Idealizada por Marcello Dantas, LUSA: a matriz portuguesa apresenta o componente que faltava neste passeio pela formação étnico-cultural do Brasil, o elemento europeu e particularmente o português. O espectador terá a oportunidade de conhecer a cultura e a história de Portugal, antes mesmo da era dos Descobrimentos, através da exibição de cerca de 150 peças do acervo de algumas das mais prestigiadas instituições portuguesas. Embora permaneça praticamente desconhecido no Brasil, o passado de Portugal é riquíssimo e começa bem antes da conquista romana, ainda com povos
pré-históricos.
A exposição busca reunir esse passado de séculos, organizando as diferentes camadas que formaram a etnia, a cultura e a identidade do povo português. Para contar esta história de uma forma narrativa, foram criadas salas dedicadas a períodos e temas, que proporcionam uma imersão nas origens de Portugal, falam da formação de suas fronteiras, mostram sua preparação para uma das maiores aventuras de todos os tempos: o período dos Descobrimentos.
Esta trajetória é apresentada através de 147 peças do acervo de 38 das mais prestigiadas instituições portuguesas. Estarão em exposição 39 tesouros nacionais de Portugal, que nunca tinham atravessado antes o Atlântico e muitos sequer haviam deixado o país. Exemplos são um guerreiro calaico de granito (datado provavelmente do século I a.C.), com quase dois metros de altura e pesando uma tonelada, e um torques, que é um colar de ouro maciço usado por estes guerreiros. Um grande percurso pela história antiga, medieval, renascentista, que dá início às comemorações pelos 200 anos da vinda da família real para o Brasil. LUSA esteve montada no CCBB do Rio de
Janeiro (de outubro do ano passado a fevereiro deste) e recebeu um público
superior a 600 mil pessoas.
A Exposição: LUSA - a matriz portuguesa apresenta uma coleção fascinante, com obras emprestadas por instituições de prestígio como o Museu Nacional Arqueológico de Lisboa, o Museu Islâmico de Mértola, a Torre do Tombo, o Museu da Marinha, a Biblioteca Nacional de Lisboa, o Museu Nacional de Arte Antiga, o Museu Nacional de Arqueologia, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Arqueológico de Sines e o Museu Arqueológico de Silves. São peças em pedra, mármore, cerâmica, ouro, azulejos, pinturas, esculturas, achados arqueológicos, mapas e até projetos multimídia que exploram a formação da língua portuguesa e apresentam a palavra de especialistas.
Esta imersão nas origens de Portugal, da pré-história aos Descobrimentos, é feita através de ambientes históricos e temáticos. Dentre os históricos estão aqueles dedicados aos períodos e influências religiosas: Pré-história, Presença Romana, Alta Idade Média, Presença Islâmica, Cristianismo Medieval e Presença Judaica.
Os espaços temáticos abordam assuntos centrais na história de Portugal, como as Descobertas Científicas e os Descobrimentos, além de destacarem a importância do Comércio e da Língua como elementos de afirmação, identidade e unidade lusitana, motivo e conseqüência da expansão. Há ainda um ambiente que serve como sala para consulta de referências literárias e históricas, assim como espaço educativo. Ali, o espectador pode se situar numa detalhada linha do tempo.
As salas traçam um itinerário cronológico e conceitual da mostra. Estão presentes objetos ligados à navegação, pesos e medidas, à matemática, arquitetura, astronomia, agricultura e exemplares que revelam a nova geografia do mundo ("a terra é redonda"). Já no ambiente dedicado à Língua e Comércio, a exposição apresentará potes de vidro contendo exemplares das especiarias que motivaram tantas jornadas, além de reproduções de livros fundamentais para o entendimento da formação lingüística e cultural
portuguesa, como Os Lusíadas, de Luís de Camões, e A formação do Estado de Portugal, considerado o primeiro documento escrito em português, em edições fac-símiles que o público pode manusear.
Ema cada sala há ainda um espaço dedicado à projeção de vídeos com depoimentos de especialistas - historiadores, arqueólogos, lingüistas - que explicam a formação de Portugal e sua própria matriz miscigenada. Os curadores estão "presentes" nas salas, ilustrando o background histórico e cultural das peças em mostra.
O percurso - Os ambientes foram montados seguindo um código cenográfico cuja disposição é caracterizada pelas cores predominantes em cada período. Assim, o espaço dedicado a explorar a influência romana será marcado pela cor branca, no ambiente islâmico predominará o azul, o vermelho no cristão, o negro no judaico e assim por diante. Além disso, o roteiro de LUSA se distingue por três momentos experienciais: o primeiro é histórico, formal, cronológico. O segundo, vivencial, de identidade, imersivo e lúdico. E o terceiro e último oferece uma perspectiva conceitual, de interpretação, reflexão e leitura.
Um dos espaços mais curiosos da exposição é a Cama Sonora. A palavra cama é uma das únicas que permaneceram na língua desde o período ancestral, anterior à chegada dos romanos. Cama é um dos objetos do mundo rural dos antepassados portugueses que não tinham equivalente na língua latina. Por isso, a palavra se conservou no idioma, sobrevivendo às diversas invasões e imposições lingüísticas. Assim, Dantas concebeu uma imensa cama sonora que convidará os visitantes a se deitarem nela. Uma vez deitados, poderão ouvir as diversas sonoridades lingüísticas do português, as palavras de origem árabe, as latinas, indo-européias, indígenas, africanas, etc.
Cada área explorada na mega-exposição recebeu uma curadoria específica, feita por especialistas portugueses. No total, são nove os curadores da mostra: Luís Raposo (Pré-História) , Conceição Lopes (Presença Romana), Santiago Macias e Paulo Almeida Fernandes (Alta Idade Média), José Custódio Vieira da Silva (Cristianismo Medieval), Cláudio Torres (Presença Islâmica), Maria José Ferro Tavares (Presença Judaica), Jorge Couto (Ciência e Descobrimentos) e Ivo Castro (Língua e Comércio).
A mega-exposição ocupa todos os principais espaços expositivos do CCBB. Em cada um deles, vídeos com depoimentos dos curadores explicam o período ao qual o espaço e as peças se referem e dão detalhes das obras expostas. A galeria circular recebe, no térreo, os ambientes dedicados à Presença Islâmica, Cristianismo Medieval e Presença Judaica. No subsolo, estão montadas as salas dos Descobrimentos e Descobertas Científicas. A galeria retangular foi reservada para os períodos da Pré-História, Presença Romana e Alta Idade Média. Já no Pavilhão de Vidro poderão ser vistos o ambiente da Língua e Comércio, a Cama Sonora e o espaço direcionado ao estudo das
referências cronológicas e bibliográficas. Para a Sala de Vídeo ficaram reservados o Livro das Aves (o único exemplar em português do manuscrito do século XIV) e o filme Finisterra, vídeo-projeção realizada em Portugal, reunindo depoimentos dos historiadores em formato de instalação.
Uma história feita de conquistas - Em 2008, Portugal está em evidência global. São comemorados os 200 anos da vinda da corte portuguesa ao Brasil, acontecimento fundamental para a criação das instituições que habilitaram a colônia a se tornar independente 14 anos depois. Em Washington, o Smithsonian, maior complexo de museus do mundo, realizou, no segundo semestre de 2007, uma gigantesca exposição, dedicada a falar das aventuras marítimas e das descobertas de Portugal nos séculos 16 e 17. A mostra recebeu quase 5 mil pessoas só no primeiro dia de visitação. Em Berlim e
Bruxelas duas outras exposições sobre o tema serão destaque nas agendas de 2008. LUSA vem se somar a outras iniciativas que ocorrem em solo brasileiro.
A origem dos brasileiros é tão diversificada quanto a dos portugueses. No território português existiu uma população antiga, anterior à chegada dos romanos na Península Ibérica. Eram povos dos quais não se sabe nem o nome, pois não deixaram registro escrito, mas que aprenderam a falar latim quando os romanos chegaram. Com a decadência do Império Romano, juntou-se uma terceira camada: os chamados povos germânicos. Em seguida, vieram os árabes, que entraram pelo sul, ocuparam dois terços da Península Ibérica em poucos anos e tiveram no território de Portugal 500 anos de "convívio" com os cristãos do norte. Os árabes foram os introdutores na Península Ibérica de
contribuições muito significativas da navegação à filosofia, do conceito de miscigenação à música e à arte. Há uma percentagem quase de 20% de palavras de origem árabe no vocabulário português tradicional. Em Portugal aconteceu uma islamização.
Foi no período islâmico que as bases da identidade portuguesa se formaram.
Desse momento ficaram as noções de comércio, a miscigenação, a expressão artística na arquitetura, nas artes e conceitos hoje identificados como "essencialmente portugueses" são na verdade heranças do período árabe e islâmico de Portugal. É a partir de 1249, data em que se estabeleceu a supremacia do cristianismo de língua portuguesa, e também das populações do norte que paulatinamente foram conquistando as várias cidades do sul, até aí sob poder árabe, que terminou oficialmente a "Reconquista" . A partir desse momento deu-se a fusão das culturas árabe e européia. Os árabes não foram massivamente afastados do território. Foram ficando e misturaram-se muito lentamente.
As fronteiras de Portugal ficaram definidas e consolidadas oficialmente em 1297 (Tratado de Alcanices). No início do século XV Portugal estava em condições de aproveitar toda a experiência do passado e todos os conhecimentos que foram desenvolvidos até então, aproveitando a rara situação de vivências partilhadas de cristãos, árabes e judeus, e vocacioná-los para o Sul. Foi essa circunstância portuguesa, única, que permitiu que os avanços tecnológicos, náuticos, financeiros, políticos fossem aproveitados e acontecessem no início do séc. XV, levando ao
"arranque" dos Descobrimentos. A partir daí, a concepção do mundo mudou radicalmente.

LUSA: a matriz portuguesa, de 26 de fevereiro a 4 de maio de 2008, de terça a domingo, das 9h às 21h no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília (DF). Entrada franca. Informações: (61) 3310-7087. Objeto Sim Projetos Culturais, telefone e fax (61) 3443- 8891 e 3242- 9805 | E-mail. Site.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

845) Curso sobre teoria das relacoes internacionais

Normalmente, eu não faço propaganda, nem divulgo "oportunidades comerciais", mas como se trata de um empreendimento acadêmico, talvez caiba a exceção...

CURSO DE EXTENSÃO
TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: DO IDEALISMO AO PÓS-ESTRUTURALISMO

Unidade Promotora: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – FFCH
Local: PUC-RS
Ministrante: Prof. Hugo Arend
Período: 29 de março a 31 de maio (Sábados, das 08:00 às 12:00).
Carga horária: 40 horas/aula

Público Alvo: Estudantes e Graduados em Relações Internacionais, História, Direito, Ciências Sociais, Ciência Política, Comércio Exterior e Comunicação.
Pré-requisito: Estar matriculado ou ser graduado em uma das áreas acima.

Informações e inscrições: Prédio 40 (PUCRS) – Sala 201 – De segunda a sexta-feira – 08h às 19h (Entre 15/12/07 – 01/03/2008). www.pucrs.br/cursoseeventos/

Plano de Estudos:
O objetivo do curso é apresentar de forma crítica as principais teorias e escolas das Relações Internacionais bem como problematizar cada uma delas de acordo com suas contribuições para a construção e institucionalização da disciplina ao longo do século 20. Para tanto, serão estudados alguns dos mais significativos autores da disciplina: de E. H. Carr a Samuel Huntington, de Norman Angell a Robert Keohane e Joseph Nye, passando por Kenneth Waltz até as críticas pós-estruturalistas de Richard Ashley, Robert Walker, entre outros. O debate moderno/pós-moderno perpassará toda a problematização do curso com vistas a apresentar aos alunos os fundamentos da disciplina bem como os desafios epistemológicos por ela enfrentados no dealbar do século 21.

CRONOGRAMA DE ESTUDOS
AULA 1
As Teorias de Relações Internacionais e o Debate Moderno/Pós-moderno: as bases para a reflexão
AULA 2
A Primeira Guerra Mundial e a Crise do Progresso Linear: o idealismo de Norman Angell
AULA 3
As Fissuras do Mundo Liberal e a Ascensão dos Totalitarismos: o realismo integrativo de E. H. Carr
AULA 4
A Segunda Guerra Mundial e a Reconfiguração do Mundo: o realismo de Hans Morgenthau e Raymond Aron e Henry Kissinger e as fundações da Guerra Fria
AULA 5
A Institucionalização da Disciplina de Relações Internacionais e Seus Novos Métodos: o Behaviorismo de Marcel Merle e a Teoria Crítica de Robert Cox
AULA 6
A Década de 70 e a Virada Paradigmática: o pós-moderno e as relações internacionais
AULA 7
A Década de 70 e a Flexibilização da Guerra Fria: o equilíbrio de poder em Martin Wight e Kenneth Waltz e as teorias da interdependência em Robert Keohane e Joseph Nye
AULA 8
A Cultura Importa: as teorias da sociedade internacional em Adam Watson e Hedley Bull e do choque de civilizações em Samuel Huntington.
AULA 9
O Mundo Pós-Guerra Fria e as Novas Perspectivas em RI (I): a questão da soberania em Richard Ashley e Robert Walker.
AULA 10
O Mundo Pós-Guerra Fria e as Novas Perspectivas em RI (II): relações internacionais e teoria cinemática em Michael Shapiro, o construtivismo de Nicholas Onuf , a teoria social de Alexander Wendt e o feminismo em J. Ann Tickner

844) Seminario sobre comercio internacional em Brasilia

Meu mestrado me avisa de um evento do qual vou participar.
Faz parte da logica dos avisos circulares. Imaginem se eles não formassem profissionais de verdade.
Para brasilienses, gregos e goianos...
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Seminário internacional sobre comércio exterior no UniCEUB

O curso de Mestrado em Direito do UniCEUB realiza o Seminário Internacional sobre Comércio Exterior com o tema O comércio mundial em face do multilateralismo e do regionalismo .

O evento conta com as seguintes presenças:
• Hélène Ruiz-Fabri, professora da Universidade de Paris
• Welber Barral, secretário de Comércio Exterior
• Paulo Roberto de Almeida, professor do UniCEUB
• Marcelo Dias Varella, professor do UniCEUB

As inscrições estão abertas no Núcleo de Extensão e Atividades Complementares do curso de Direito – NEAC.

O evento acontece no dia 25 de fevereiro, das 19h às 22h, no auditório do bloco 3.

Você está convidado a participar.

UniCEUB: mestrado@uniceub.br

Centro Universitário de Brasília
SEPN 707/907 - Campus do UniCEUB - 70790-075 - Brasília - DF
www.uniceub.br

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

843) Subdesenvolvendo a Africa...

É o que fazem todos esses artistas (Angelina Jolie, Bono e outras almas piedosas), cada vez que eles pretendem "ajudar" a África...
Desde que eu li os trabalhos do economista britânico Peter Bauer, ainda nos anos 1970, convenci-me de que todos esses programas de ajuda oficial ao desenvolvimento, em especial de assistêncai à África, eram eminentemente negativos do ponto de vista de seu desenvolvimento, na medida em que aprofundavam a dependência desses países da suposta ajuda do Ocidente (sem mencionar o desvio de recursos pelas ditaduras habituais).
O tema vem sendo retomado, recentemente, pelo economista William Easterly, que já trabalhou na África para o Banco Mundial, e voltou convencido de que todos esses programas fazem mais mal do que bem ao continente (e presumivelmente, também, a outros países pobres em outras regiões).
Abaixo um transcript da revista Foreign Policy, que discute a questão:

Are Angelina, Bono, and the U.N. hurting Africa?
Foreign Policy, 06/02/08
Christine Y. Chen

William Easterly
If there is a "bad boy of development studies," it's NYU economist Bill Easterly. When he spoke recently on a Davos panel with Bill Gates, Ellen Johnson Sirleaf, and Paul Wolfowitz about the usefulness of foreign aid, moderator Fareed Zakaria gently poked fun at Easterly by calling him the "devil." He may not be the devil, but he's certainly the devil's advocate, constantly questioning whether traditional conceptions of foreign aid are actually helpful to poor countries. He's done it in the pages of FP, in "The Utopian Nightmare" a couple years ago, and more recently in "The Ideology of Development."

Now, Easterly is turning his contrarian guns on the United Nations, asking, "Are the Millennium Development Goals Unfair to Africa?" At a luncheon I attended today at Brookings, his answer was, unequivocally, yes. Virtually everyone agrees, he began, that by the time we hit the MDGs' deadline in 2015, Africa will have failed all of them. Africa will not have reduced its poverty rate by half; it will attain neither universal primary education nor gender equality in schools; child mortality will not be reduced by two thirds, and so on. Easterly then went down the list of goals, claiming they were all unfair and biased to begin with. Africans, he said, never had a chance of attaining them. His argument was pretty wonky—with lots of charts and graphs showing how the U.N. should be measuring rates of change and growth in Africa, rather than absolute figures, and how the MDGs were arbitrarily designed and made Africa look worse than it really is. I found it quite convincing. Eventually you'll be able to download a transcript here to judge for yourself, or you can download the original paper (pdf).

What Easterly said made sense, and yet I couldn't help thinking, "So what?" Easterly says the MDGs paint Africa unfairly. But does that really matter if more attention leads to more investment in Africa? And even if you think the MDGs are just another meaningless U.N. project, the fact that people pay attention to them must stand for something.
Easterly is famous for opposing much of the research of anti-poverty crusader Jeffrey Sachs (in his talk, he even joked that he's mandated to take potshots at Sachs at least once in each speech), and for being highly skeptical of the efforts of celebrities like Bono, Madonna, and Angelina Jolie. He thinks they give off a neocolonial air, the sense that Africa needs the West for salvation. Asked if all the attention brought by such celebrities was helping, Easterly said he didn't think so. Quite the opposite: He thought the kind of attention Africa gets because of celebrities, or because of failing the MDGs, does more harm than good because it reinforces stereotypes that Africa needs to be dependent on the West to be lifted out of poverty.

What do you think? Do celebrities help or hurt? Is the U.N. setting unfair, arbitrary goals? Share your thoughts at passportblog@ceip.org

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

841) Da série: "Poesia?, nesta hora!!!"

Pois é, eu também estou surpreso, tanto comigo mesmo, que não sou de ficar colocando poesias nestes espaços abertos -- a bem da verdade, nem sou de ficar lendo poesia impunemente -- quanto com a "situação".
Pois é, a "situação", assim mesmo entre aspas, pois não sei como descrever a "situaçao". O fato é que eu recebi duas poesias já bem antigas, de um correspondente, e achei que elas cabiam também na atual... "situação".
Trata-se do consagrado poeta Affonso Romano de Sant'Anna, que a fez num momento particularmente infeliz de nossa história, quando a mentira tinha status oficial, e era mesmo promovida a verdade governamental.
Talvez seja o caso...

A Implosão da Mentira
(ou o episódio do Riocentro-fragmentos)
Affonso Romano de Sant'Anna

Fragmento 1.

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.

Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.

Fragmento 2.

Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente.

Mentem. Mentem caricatural-
mente.
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente.
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho.Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente.Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre.Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre.E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.

E assim cada qual
mente industrial? mente,
mente partidária? mente,
mente incivil? mente,
mente tropical?mente,
mente incontinente?mente,
mente hereditária?mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
-diária/mente.

* Este poema foi recitado na voz de Tônia Carrero no CD "Affonso Romano de Sant'Anna por Tônia Carrero" da Coleção "Poesia Falada".

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...