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segunda-feira, 26 de março de 2012

Que delicia de reuniao! Esses empresarios fantasticos e suas sugestoes maravilhosas...

Parece que o PIB brasileiro está contente de ser recebido pela soberana. Ele aguarda ansiosamente medidas que permitam aos empresários ficarem um pouco mais ricos.
Ops, ricos eles já são. Eles só querem sobreviver à maré chinesa.
Que coisa hem?!
E eu pensava que eles estivessem submergidos é pela maré, pelo tsunami de impostos no Brasil.
Pelas dificuldades burocráticas, pelo fascismo da Receita, pela precariedade da infraestrutura, pelo chamado custo Brasil.
Por que esses empresários maravilhosos não fazem uma "fronda", como seus antigos colegas aristocráticos da Inglaterra e da França, quando confrontados à espoliação dos respectivos soberanos?
Eles são covardes?
Ou apenas acomodados?
Poltrões...
Paulo Roberto de Almeida 



O que quer Dilma, o que querem os empresários
Coluna/ Sergio Leo
Valor Econômico, 26/03/2012

Joesley Batista, da JBS /Friboi, pavoneou-se com sua fábrica de celulose, "a maior fábrica de celulose do mundo"; um diferente Batista, Eike, alardeou que investirá no Brasil R$ 56 bilhões até 2016; investimentos de US$ 46 bilhões até 2015 foram anunciados por outros dos 28 empresários, banqueiros e representantes de associações empresariais convidados na quinta-feira para uma reunião com a presidente Dilma Rousseff. Ela não quis uma reunião com empresas, mas com líderes empresariais. Abílio Diniz, de viagem, tentou mandar representante do Pão de Açúcar e lhe informaram que o convite era intransferível.
A reunião coincidiu com uma semana infernal para Dilma, que sofreu derrotas no Congresso impostas por supostos aliados insatisfeitos com seu jeito de lidar com políticos. Marcado antes da rebelião parlamentar, a pedido do empresário Jorge Gerdau, que convenceu Dilma da necessidade de melhorar a interlocução com os empresários, o encontro juntou, no Planalto, expressiva coleção de figurões do setor privado, interessados em desencalhar decisões atoladas em terrenos pouco republicanos no Congresso.
Se como disse a presidente à revista "Veja" no fim de semana, crises institucionais se alimentam da "perda de legitimidade do governante", os empresários indicaram que essa perda, no caso dela, não está no roteiro da vida real. Como comparação, às vésperas da queda de Fernando Collor (que, recentemente, advertiu Dilma sobre os riscos de perder apoio parlamentar) Brasília foi palco de um almoço promovido pelas associações da indústria, com guardanapos e toalhas de mesa pretas, a cor da campanha pelo impeachment.
Dilma foi convencida a melhorar interlocução com os empresários
A intenção explícita da reunião no Planalto foi a de animar os empresários a manter e ampliar seus planos de investimento, dando a todos a garantia de que o governo tem, sim, um plano de longo prazo e compromisso em enfrentar os principais entraves à competitividade do Brasil e de suas empresas. Implicitamente, Dilma, com seu discurso e o encontro, reconheceu que não pode querer que a taxa de investimento no país chegue aos desejados 24% do Produto Interno Bruto mantendo como linha de ação as descoordenadas iniciativas pontuais do governo, em resposta a demandas setoriais ou eventos inesperados.
Os empresários desfiaram a pauta tradicional de queixas, expurgada, talvez, das reclamações habituais contra a taxa de câmbio, que já é alvo público das ações do governo, inclusive do Banco Central. Se houve um consenso gritante, foi a condução da política tributária. Os empresários veem como grande barreira às decisões de investimento e à sobrevivência das empresas o regime complexo, burocrático e opressivo de impostos.
O governo, até agora, apresenta como grande feito, na área, a promessa de "desoneração" das folhas de pagamento em troca de aumento da tributação sobre o faturamento. Os líderes do setor privado prestigiados pela presidente acham que se deveria ir bem além, reduzindo a carga de imposto e simplificando sua atuação. Deixaram claro que uma medida que reduzisse imposto em toda a cadeia de produção, não apenas em algumas de suas pontas seria bem-vinda.
Pragmático, Josué Gomes, da Coteminas, propôs a criação de uma meta de redução da carga tributária, dando prazo à máquina pública para acostumar-se com maior moderação nos gastos. André Esteves, do BTG Pactual, foi mais ambicioso: por que não um corte linear em todas as alíquotas? Dilma anotou, o que dá esperanças - tênues - de que cobre de sua equipe econômica resposta à demanda.
O absurdo custo da energia no Brasil também foi, como se esperaria, um tema de destaque. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu aproveitar o fim das atuais concessões do setor elétrico para atrair a competição e operadores com menores preços. Outros empresários aceitam medida mais modesta, com uma renegociação dura das tarifas na renovação das concessões, como parece ser o caminho do governo.
Também na manifestação das preocupações dos empresários, a coincidência entre a reunião com Dilma e a crise no Congresso serve para ressaltar a preocupante dissonância entre o que o setor privado considera as grandes questões nacionais e a lógica dos parlamentares, que, ao debater a questão tributária, por exemplo, levantam a voz com mais firmeza quando falam em receitas e distribuição de verbas. A necessidade de pressionar o Congresso surgiu na reunião de maneira discreta, até porque empresários já fazem isso.
Ao fim da reunião, o governo deixou claro que, na volta da viagem à Índia, onde estará nesta semana, Dilma anunciará medidas de apoio aos investimentos. Até agora, de certo há a receita pontual e insuficiente, com decisões como prorrogação de isenção do IPI de eletrodomésticos e "desoneração" parcial da folha. O compromisso de encontros trimestrais com os empresários obrigará o governo a maior ousadia, se não quiser transformar as reuniões em constrangedores sessões de desabafo do setor privado.

Bye bye Brazil! Viva o protecionismo...

Os empresários brasileiros -- todos a favor do protecionismo -- dizem que só querem "isonomia" com a produção importada.
Ué! Só isso?
Mas é fácil: é só exigir do Estado brasileiro uma carga tributária igualzinha à que vigora nos países exportadores para o Brasil.
Isso não seria uma perfeita isonomia?
Eu acho que sim...
Mas tem gente que não.
Eles querem que os exportadores tenham uma carga fiscal igual à dos burros de carga do Brasil. ENORME.
E se ela não existe, não tem problema: eles CRIAM.
Colocam impostos, tributos, contribuições, taxas, barreiras de todos os tipos até que os produtos estrangeiros fiquem igualzinhos de caro como os do Brasil.
Não é uma solução genial?
Eles não são inteligentes todos esses empresários e burocratas brasileiros?
Geniais, mesmo?
O que seria de nós se eles não implantassem a isonomia???!!!
Paulo Roberto de Almeida 


Notícias deste dia da graça (mas não de graça) de 26/03/2012:



O Estado de S. Paulo - Governo edita 40 medidas protecionistas / Primeira página

O governo da presidente Dilma Rousseff prepara, ou já baixou, 40 medidas para proteger a indústria nacional contra importados. O protecionismo brasileiro provoca apreensão nos parceiros comerciais, mas os empresários reclamam que é pouco.
Dilma baixa 40 medidas protecionistas e os empresários querem bem mais
RAQUEL LANDIM - A presidente Dilma Rousseff já adotou uma avalanche de iniciativas para proteger a indústria nacional da invasão dos importados. Levantamento feito pelo "Estado" identificou 40 medidas aplicadas ou em análise. O protecionismo brasileiro provoca apreensão nos parceiros comerciais, mas os empresários reclamam que as medidas são pontuais e não resolvem o problema.
O esforço engloba desde medidas abrangentes como intervenção no câmbio, maior fiscalização nos portos e preferência a produtos nacionais em licitações, até sobretaxas para produtos específicos, elevação de impostos só para importados e a renegociação do acordo automotivo com o México.
Desde o início da crise em 2008, o ministério da Fazenda já alterou 13 vezes a alíquota e/ou o prazo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para frear a entrada de dólares - seis só no governo Dilma. O Banco Central também intervém rotineiramente no mercado de câmbio para impedir a alta do real.
A equipe do ministro Guido Mantega adotou medidas heterodoxas no comércio exterior como a alta de 30 pontos porcentuais do IPI dos carros importados ou a transformação do imposto de importação do vestuário em valor fixo (a medida já é lei, mas não foi regulamentada).
A Receita Federal se tornou protagonista no esforço de defender a indústria. Na semana passada, deflagrou a operação Maré Vermelha, que torna mais rigorosa a importação de vários bens de consumo. "Com 200 servidores envolvidos, a mobilização da operação é histórica", disse Ernani Argolo Checcucci Filho, subsecretário de aduanas e relações internacionais.
O órgão discute convênio com o Inmetro para verificar se os produtos importados respeitam normas de qualidade e segurança. Importadores temem que fiscalização vire barreira técnica.
Reforço. Os mecanismos de defesa comercial tradicionais foram reforçados. O governo Dilma aplicou 14 taxas antidumping e outras 11 investigações estão em curso. Também retomou a utilização das salvaguardas e implementou novos instrumentos, como combate a triangulação e investigação de subsídios.
Para Rubens Ricupero, ex-secretário-geral da Unctad, "o Brasil segue o caminho da Argentina" - país criticado pelo protecionismo. Ele diz que a desindustrialização é grave e que as medidas seriam aceitáveis se fossem temporárias e acompanhadas de reformas estruturais.
Vera Thorstensen, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), argumenta que o Brasil não é protecionista, porque utiliza mecanismos previstos nas regras internacionais. Além disso, a valorização do real anula as tarifas de importação. "A não ser que se discuta a manipulação do câmbio na OMC, o País vai ter que inventar medidas cinzentas para se defender".

O Estado de S. Paulo - Indústria afirma que só quer isonomia

Empresários reclamam que há muitas demandas que ainda não foram atendidas pelo governo e dizem que querem isonomia com importados
RAQUEL LANDIM - Apesar do grande número de medidas do governo Dilma Rousseff para proteger a indústria nacional, os empresários ainda consideram o esforço "insuficiente" e reclamam que há muitas demandas que não foram atendidas. Os representantes da indústria enfatizam que não precisam de "proteção", mas de isonomia para competir com os importados.
"São muitas medidas pontuais. Fica parecendo que fizeram muita coisa, mas não é verdade", disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. "Queremos uma ruptura com as medidas pontuais e a adoção de reformas eficazes", completou.
Skaf participou na quinta-feira do encontro de Dilma, em Brasília, com 28 comandantes de empresas de grande porte. Hoje recebe na Fiesp o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Skaf pediu ao governo que a desoneração da folha de pagamento abranja toda a indústria, sem a contrapartida da criação de um novo imposto.
Mantega vem discutindo com alguns setores, como bens de capital e a indústria naval, a desoneração da contribuição patronal do INSS, que seria substituída por um imposto de cerca de 1% sobre o faturamento. O presidente da Fiesp solicitou ainda esforço para reduzir o custo da energia elétrica brasileira, "que é o segundo mais alto do mundo".
Para Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o diagnóstico do governo sobre os problemas da indústria está correto, mas as medidas são lentas e adotadas a conta-gotas. "Quando uma medida é aplicada, o problema já está maior", disse.
Ele dá o exemplo do antidumping contra a importação de calçados chineses. Segundo o executivo, quando a sobretaxa foi adotada, os importadores estavam trazendo os tênis via Vietnã, Malásia e Tailândia.
O governo iniciou então um processo para apurar se há triangulação de calçados, que ainda não foi concluído, enquanto os importadores já começam a trazer o produto desmontado.
Guerra. Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), diz que a indústria precisa de medidas de "curtíssimo, médio e longo prazos". "Queremos a reforma tributária, mas também precisamos de medidas urgentes. O mundo vive uma guerra comercial", argumentou.
Diniz está especialmente preocupado com a "guerra dos portos", em que alguns Estados concedem redução de ICMS ao produto importado. O governo tenta acabar com problema por meio de uma minirreforma tributária no Congresso.
O dirigente da Abit diz que "não falta vontade política ao governo Dilma para atender os pleitos da indústria", enfatizando a disponibilidade dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, em receber os empresários.
Outros setores não estão tão satisfeitos com a postura do governo. Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), reclama que nunca recebeu uma resposta do pleito do setor para elevar as tarifas de importação para 35%.
A Abinee tenta agora incluir os fabricantes de aparelhos de geração e distribuição de energia nas desonerações da folha de pagamentos, mas ainda não foi chamada por Guido Mantega para conversar.

O Estado de S. Paulo - Medidas de proteção comercial do Brasil preocupam europeus

Autoridades e estudiosos se queixam das atitudes adotadas pelo governo Dilma para proteger o mercado interno
JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - A onda de medidas no Brasil tem preocupado parceiros comerciais, analistas e acadêmicos. "Já deixamos claro ao Brasil nossas preocupações", declarou ao Estado o comissário de Comércio da União Europeia (UE), Karel de Gucht. "O Brasil está liderando uma tendência na economia mundial que, se for mantida, será desastrosa", disse Simon Evennet, especialista em comércio da Universidade de Saint Gallen (Suíça), um dos principais estudiosos do protecionismo hoje.
"O Brasil entrou em uma lógica muito negativa e tomou um caminho perigoso para sua própria economia e para a economia internacional. O mundo está segurando a respiração para ver qual será o próximo passo tomado pelo governo de Dilma Rousseff", alertou.
De acordo com ele, a grande preocupação de especialistas e exportadores em todo o mundo é o "efeito cascata" que o Brasil pode causar pelo mundo. "O Brasil é uma democracia e um país que quer dar uma imagem de modernidade. Mas, quando se volta ao protecionismo da forma que está fazendo, está abrindo as possibilidades para que outros países em desenvolvimento também caminhem nessa direção", afirmou Evennet. "Muitos na África e outras regiões já dizem: se o Brasil pode, por que eu também não posso?"
Evennet acha que pode não demorar até que uma onda de queixas comece a aparecer. "A paciência dos principais parceiros comerciais do Brasil está acabando e estamos à beira de ver uma eclosão de ações contra o País."
O que tem evitado a guerra comercial com o Brasil por enquanto é o fato de o País estar elevando suas tarifas de importação dentro do que a Organização Mundial do Comércio (OMC) permite. "Por enquanto, não vi nenhuma tarifa que tenha passado o teto (estabelecido legalmente)", disse o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy há cerca de uma semana.
Em média, as tarifas de importação no Brasil estavam em 2011 na faixa de 12%. Mas, legalmente, o País tem o direito de eleva-las até 35% sem violar as regras internacionais.
Insustentável. Mas, dentro do próprio governo, a onda protecionista tem criado fricções importantes entre o Ministério da Fazenda, de um lado, e o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, de outro. Fontes na chancelaria admitem que estão freando parte dos projetos de elevação de tarifas sugerido pela pasta comandada por Guido Mantega.
Entre o setor privado mundial, a percepção é de que a onda protecionista no Brasil não será sustentável. "Não há como crescer implementando barreiras", alertou Harold McGraw, presidente do Conselho para Negócios Internacionais dos Estados Unidos, entidade que reúne algumas das maiores empresas americana.
Mas o comportamento do País já começa a se refletir em seus acordos comerciais e em negociações com outros governos. Além de suspender e revisar o acordo automotivo com o México, o governo brasileiro praticamente abandonou a ideia de qualquer avanço em outras frentes.
Na OMC, o Brasil, que por anos foi um dos principais protagonistas da Rodada Doha, hoje apenas atua para evitar que haja pressões para que abra ainda mais seu mercado.
Nesta semana, o Brasil vai liderar um debate na entidade, mas justamente no sentido contrário: até que ponto seria justificável adotar sanções ou elevar barreiras? Mas vai escutar um recado claro de Lamy. Problemas da área financeira não necessariamente conseguirão ser resolvidos com medidas comerciais.
Na negociação com a União Europeia para a criação de uma área de livre comércio com o Mercosul, o Brasil também não vê pressa nenhuma em fechar um acordo. Em projetos que haviam iniciado no fim do governo Lula, como uma aproximação com os países da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), não existe nada hoje na agenda.
Outra negociação que não caminha é a iniciativa do Brasil de 2010 de conseguir que 30 países emergentes reduzissem tarifas entre suas economias. Hoje, o grupo sequer se reúne para debater as áreas de liberalização.

O Estado de S. Paulo - Brasil é o país mais fechado do G-20

Em meio à crise mundial, País passou a ser líder na adoção de medidas protecionistas
JAMIL CHADE/GENEBRA, FERNANDO DANTAS/RIO - De campeão do liberalismo ao posto de país mais fechado do G-20. Em quatro anos de crise internacional, o Brasil revolucionou sua política comercial, abandonou o discurso de defesa da abertura de mercados, suspendeu acordos e passou a ser um dos líderes na aplicação de tarifas e medidas protecionistas.
De 2008 a junho de 2011, o Brasil foi o segundo país que mais iniciou ações antidumping contra importações, com um total de 80, só sendo superado pela Índia, com 137. Naquele período, o Brasil iniciou mais ações antidumping do que Estados Unidos (48), União Europeia (57) e até a Argentina (65), conhecida por sua postura protecionista.
Além disso, dados obtidos pelo Estado apontam que, desde o início da crise em 2008, o Brasil é o quinto país a adotar o maior número de barreiras no mundo. Em termos de impacto, porém, essas medidas colocam o Brasil na liderança entre os países mais protecionista hoje do G-20.
No total, o Brasil já adotou ou anunciou pelo menos 85 medidas claramente protecionistas desde o início da crise. Em média, uma nova barreira é criada a cada 15 dias no país desde 2008. Só Rússia, China, Índia e Estados Unidos adotaram em números absolutos um volume maior de medidas protecionistas. Mas a realidade é que o impacto das novas barreiras brasileiras tem ido além de qualquer outro país.
Segundo um levantamento do Centro para a Pesquisa de Políticas Econômicas, financiado pelo Banco Mundial, as ações brasileiras já atingiram as exportações de 131 países. O grande foco é a China, com mais de um quarto de todas as medidas, 25, seguida pelas barreiras contra produtos americanos (22), alemães (14), italianos (11) e japoneses (10).
No total, as medidas brasileiras já afetam 254 produtos e a constatação de especialistas é de que as barreiras são as mais básicas, como a elevação de tarifas, e sem qualquer elaboração para dar maior competitividade às indústrias nacionais que estejam sofrendo. Tais medidas, segundo funcionários da OMC, são típicas dos países mais pobres do mundo, que não têm outro instrumento senão a criação de muros contra o comércio.
A proliferação de medidas é uma reviravolta em comparação à situação do País nos primeiros meses após o colapso do Lehman Brothers, em setembro de 2008. Naquele momento, o ex-presidente Lula apelava para que países não recorressem a barreiras e chegou a ser considerado publicamente pelo diretor da OMC, Pascal Lamy, como o "campeão na resistência contra o protecionismo".
"Logo depois da crise, a reação brasileira não foi protecionista, e o diagnóstico era mais ligado ao acesso a crédito", analisa a economista Sandra Rios, do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes, "think tank" de comércio internacional no Rio).
Mas Sandra acrescenta que, a partir de 2010, e principalmente após o lançamento pelo governo do "pacote de competitividade" naquele ano, começou a ênfase em medidas protecionistas, incluindo uma série de iniciativas para incentivar o conteúdo nacional nas cadeias produtivas.
Em 2010, o Brasil iniciou 37 ações antidumping, novamente só perdendo para a Índia, com 41. A União Europeia, a terceira colocada, deu entrada a apenas 15 ações.
Em 2011, até junho, houve uma aparente desaceleração, com a abertura de 11 ações antidumping pelo Brasil. Mas, no final do ano passado, a escalada protecionista ganhou força, e o Brasil recusou-se a fazer parte de uma iniciativa que estabelecia que países congelariam suas tarifas e não aumentariam suas barreiras.
Em setembro, foi anunciado o aumento de 30 pontos porcentuais no IPI de veículos importados de países fora do Mercosul ou fabricados no bloco, mas com índice insuficiente de nacionalização de componentes e etapas de produção. "Essa medida claramente fere as regras da OMC, porque atrela um subsídio a conteúdo nacional, o que é proibido", diz Sandra, acrescentando que já houve pedido de consultas de alguns países orientais.
No final de 2011, o Mercosul decidiu que cada país poderia criar uma lista de 100 novos produtos que poderiam ter suas tarifas elevadas, mesmo não estando na lista de exceções à tarifa externa comum (TEC).
A gota d"água, para Sandra, é a tentativa de o Brasil renegociar o acordo automotivo com o México, depois de ter usufruído de superávits comerciais com o parceiro por quatro ou cinco anos. "Quando o negócio começa a virar, dizemos que não estamos mais de acordo e queremos impor uma cota de importação que é a metade do valor exportado por eles no ano passado - não tem o menor cabimento, como é que o Brasil pode querer ter credibilidade desse jeito?", critica.
Dessa forma, não é surpresa que um levantamento realizado pela Câmara Internacional de Comércio tenha indicado que o Brasil chegou ao final de 2011 como a economia mais fechada do G-20, apesar das promessas realizadas em cada uma das cúpulas de que iria manter aberto seu mercado. O ranking avalia a abertura dos mercados a produtos importados, nível tarifário, regras internas, exigências de conteúdo local, as políticas comerciais, infraestrutura ao comércio e a abertura do país a investimentos estrangeiros.
Entre as 75 maiores economias do mundo, só sete são mais protecionistas que o Brasil. O País tem praticamente a mesma abertura de mercado que a Venezuela, do presidente Hugo Chávez, e está próximo dos níveis do Paquistão, Argélia e Sudão.

Brasil quer a socializacao dos custos de sua politica cambial!

Em suma, é isso que pretende o Brasil, ou melhor, o atual governo brasileiro.
Ele quer dividir com todos os demais países os "prejuízos", para seus exportadores, de ter uma moeda valorizada.
Curioso que nunca se fala nos benefícios de se ter uma moeda valorizada.
Por exemplo: as importações ficam mais baratas, e assim o sistema produtivo nacional, ou brasileiro, pode trabalhar com custos menores.
Outro benefício: os brasileiros ficam um pouco mais ricos, e podem passear em Paris e Londres, e ir duas vezes por ano à DisneyWorld.
Por que só se vêem os prejuízos?
Por que os produtores nacionais e os exportadores estão reclamando? Seria isso?
Frequentemente ouço, até de economistas bem postos, que NENHUM -- com essa ênfase -- se desenvolveu com câmbio valorizado.
MENTIRA! (minha ênfase).
Dou dois exemplos magníficos. Alemanha e Japão, durante todo o pós guerra, cresceram enormemente, se tornaram grandes máquinas exportadoras, a despeito, e até com o benefício de moedas constantemente valorizadas. O marco alemão, por exemplo, começou sua trajetória, no final dos anos 1940, acima de 6 DM por dólar; quando terminou, em 1999, ou 2002, estava a menos de 1,2 deutsche marks por dólar. Da mesma forma, o iene caiu de mais de 550 por dólar, para menos de 80 atualmente,  e nem por isso o Japão deixou de exportar e retirar benefícios de uma moeda valorizada, o que barateia importações e permite utilizar ao máximo esse desafio para obter ganhos de produtividade, justamente.
E o que lemos na matéria abaixo?:


"Os mecanismos atuais da OMC são muito poucos e muito limitados numa situação de câmbio desalinhado. As regras foram desenhadas ainda nos tempos de moeda fixa e são insuficientes para garantir proteção à indústria nessas circunstâncias. Não existe na OMC um mecanismo específico, como salvaguarda, por exemplo, para reagir a desvalorizações competitivas de moedas."


Mas, os mecanismos da OMC não foram concebidos para conceder proteção à indústria. Eles foram concebidos para facilitar o comércio, o que se consegue liberalizando fluxos, baixando tarifas, produzindo facilitações alfandegárias, etc. Proteção é um conceito que não deveria ser invocado como mecanismo da OMC, e sim como solução emergencial e temporária, e em condições muito limitadas.
Seria a OMC, ou os seus membros responsáveis pelo câmbio desalinhado de um país qualquer?
Claro que não! Por que então se pretende socializar os prejuízos de uma decisão inteiramente nacional. 
Vamos ser claros. Depois do fim de Bretton Woods, ou seja, os regimes de taxas estáveis, cada país é inteiramente livre para fazer o que desejar com a sua moeda: fixar, ancorar, desvalorizar, flutuar, estabilizar, enfim, pode adotar qualquer regime que desejar, sem limitações. Sabendo que qualquer desvalorização torna sua população mais pobre...
Será que EUA e UUEM estão fazendo "desvalorizações competitivas" de suas moedas?
Não consta que seja assim.
A injeção de recursos corresponde a programas específicos de ajuda interna, não a estímulos à exportação.
E foi a própria presidente Dilma quem pediu, expressamente, aos líderes da Europa e dos EUA que estimulassem suas economias, que reinflassem os setores produtivos, para trazer de volta o crescimento e evitar assim maiores problemas ao Brasil.
Como reclamar agora que eles estejam fazendo exatamente o que ela recomendou em suas lições de economia política?


Lemos ainda nesta matéria: 


"...o que queremos é um desafogo para momentos de valorização cambial excessiva."


OK, mas quem é o responsável por essa situação. São os EUA e a Europa responsáveis pela taxa de juros do Brasil, que atrai muitos capitais e assim valoriza sua moeda? Ou os chineses?
Vamos culpá-los, todos, por estarem comprando nossos produtos, aliás commodities, com preços valorizados, e assim ganhando muito dinheiro com isso?
Vamos reclamar de estar ficando ricos?
Por que o Brasil não baixa a taxa de juros, ou se volta para o seu mercado interno, como ele (e outros) recomenda para a China?
Os demais países precisam pagar pelo "desafogo" do Brasil?


Curiosa maneira de ver o mundo.
Quando o Brasil fez um acordo automotivo com o México, este não reclamou que o Brasil tivesse, durante anos seguidos, superávit nas transações bilaterais. Agora que a corrente se inverteu, o Brasil reclama e exige superávit ou equilíbrio politicamente administrado?
Parece aquele menino dono da bola que reclama do resultado do jogo, só aceitando partidas em que ele possa ganhar.
Tudo isso deve ser encarado com seriedade?
Duvido.
E duvido que dessa reunião da OMC saia algo mais do que... palavras...
Paulo Roberto de Almeida 



Brasil busca alívio cambial na OMC
Entrevista / Roberto Azevedo
Primeira Página
Valor Econômico, 26/03/2012

Por Assis Moreira - O Brasil quer pavimentar o terreno na Organização Mundial do Comércio (OMC) para a criação de um mecanismo de desafogo para um momento de valorização cambial excessiva, permitindo impor sobretaxa na importação para proteger sua indústria. A primeira grande discussão ocorrerá amanhã e quarta-feira, reunindo setor privado, governos, instituições internacionais e acadêmicos, na sede do xerife do comércio, em Genebra, num ambiente de fricções crescentes, causadas por desvalorizações competitivas de moedas e retração da demanda global.
Em entrevista, o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, diz que o Brasil precisaria de uma tarifa de importação de 180% para dar a mesma proteção que a tarifa de 35% oferecia antes da Rodada Doha, em 2001. É com essas cifras que ele enfatizará amanhã na OMC a que ponto o câmbio deteriorou a competitividade da indústria brasileira.
Nesse cenário, Azevedo reage com vigor à afirmação do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, de que não estaria claro se o câmbio afeta o comércio. Para o representante brasileiro, trata-se de argumento de quem "quer conturbar e confundir" a discussão. Afinal, nota ele, estudo da própria OMC mostrou o impacto dos desalinhamentos cambiais no curto prazo para setores específicos da economia. "E isso exige remédio", disse.
Na mesma linha, a Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) discutirá já hoje mudanças no comércio internacional, com ênfase no câmbio no Brasil. O estudo para discussão estima que a excessiva valorização do real chegou a 80% em abril de 2011 em relação a um nível "ótimo" de longo prazo. Os autores, os economistas André Nassif, do BNDES e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carmem Feijó, da UFF, e Eliane Araújo, da Universidade Estadual de Maringá, sugerem uma meta para o câmbio, para o país alcançar a taxa "ótima" real de longo prazo, definida como aquela que induz à alocação de recursos para os setores de maior produtividade da economia. A seguir, os principais trechos da entrevista com Azevedo:

Valor: O que o Brasil espera dessa discussão sobre câmbio na OMC?
Roberto Azevedo: Os mecanismos atuais da OMC são muito poucos e muito limitados numa situação de câmbio desalinhado. As regras foram desenhadas ainda nos tempos de moeda fixa e são insuficientes para garantir proteção à indústria nessas circunstâncias. Não existe na OMC um mecanismo específico, como salvaguarda, por exemplo, para reagir a desvalorizações competitivas de moedas. É necessário atualizar as disciplinas da OMC e isso só acontece negociando regras também sobre câmbio.

Valor: Ou seja, um antidumping cambial?
Azevedo: Nossa expectativa é de que os passos sucessivos dessa discussão na OMC conduzam inevitavelmente à negociação de um mecanismo de desafogo em situações de desalinhamento cambial de curto prazo.

Valor: A questão cambial já foi tratada no sistema multilateral de comércio.
Azevedo: Sim, o Gatt (que antecedeu a OMC) tratou e desenvolveu disciplinas sobre o assunto. Por exemplo, nos anos 90 tomou decisão que permite o reajuste de direitos específicos, que são tarifas de importação fixadas em valor monetário por unidade. A decisão permite que o país tenha o direito de aumentar essa tarifa de importação específica, quando uma moeda se desvaloriza rapidamente.

Valor: Por que o Brasil não faz uso então dessa possibilidade?
Azevedo: O Brasil não tem em sua tabela de compromissos nenhuma tarifa desse tipo, somente tarifas ad valorem (percentual). Nada impede que desenvolvamos mecanismo similar para as tarifas ad valorem.

Valor: Como superar suspeitas de alguns parceiros de que o Brasil busca pretexto para as medidas de proteção que vem adotando?
Azevedo: Seria até ingênuo imaginar que reclamações sobre câmbio não têm relação com comércio. Em todas as grandes negociações globais sobre câmbio o comércio estava como pano de fundo. Isso é nítido quando o presidente Nixon, em 1971, deixou de autorizar a conversão do dólar em ouro. No mesmo momento, ele impôs sobretaxa de 10% em todas as importações americanas. A reclamação na época era de que a valorização do dólar estava favorecendo a indústria estrangeira em detrimento do emprego nos EUA. A relação câmbio/comércio nunca deixou de existir. Inclusive em seguida o assunto foi para o Gatt. A discussão não prosperou porque ali ninguém estava disposto a entrar numa guerra comercial. Tentou-se encontrar uma acomodação, que resultou num acordo internacional, o Acordo Smithsonian, levando a um realinhamento cambial, desvalorizando o dólar. Em 1985, o Acordo Plaza levou a uma desvalorização do dólar entre 20% e 50% contra o marco alemão, o iene japonês e o franco francês. Dois anos depois foi necessário outro acordo, o do Louvre, para estabilizar a moeda americana, que já estava em franco declínio. Todas essas negociações tiveram início com reclamações fortíssimas dos setores industrial e laboral dos EUA.

Valor: Como o Brasil reage então ao diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que diz que não está claro se o câmbio afeta o comércio?
Azevedo: Isso é querer tapar o sol com a peneira. Estudos da própria da OMC, publicados em setembro de 2011, deixam inequívoco que desalinhamentos cambiais têm claro impacto no curto prazo para setores específicos da economia. Quando se quer conturbar e confundir essa discussão, argumenta-se que no longo prazo não há consenso de que o desalinhamento cambial é nocivo e retira a competitividade etc. Mas esse longo prazo aí é coisa de 15, 20 anos e até lá todo o sistema produtivo já se ajustou ou quebrou de vez. Outro argumento é de que a volatilidade do câmbio ao longo dos anos não diminui os fluxos de comércio. Isso pode até ser verdade. Mas não é isso o que o Brasil está procurando tratar na OMC. O que queremos é que a OMC reconheça, como seu próprio estudo diz, que, quando há uma mudança significativa de patamar na taxa de câmbio, seguramente há um impacto de perda de competitividade em determinados segmentos da indústria do país que sofreu a valorização. Isso exige remédio. É evidente que nem todos os setores da economia são afetados da mesma forma. Isso não significa que não existam empresas ou setores que precisam de algum tipo de proteção mais imediata.

Valor: Qual a dimensão do impacto do câmbio sobre as exportações, que o país mostrará na OMC?
Azevedo: Vamos mostrar que a forte perda de competitividade, no rastro do desalinhamento cambial no Brasil pode conduzir a fechamento de empresas e aumento do desemprego. A cadeia de efeitos é ampla sobre o nosso parque produtivo. É por isso que desejamos algum mecanismo de alívio na OMC. O Brasil vai mostrar uma desvalorização cambial de magnitude várias vezes superior à proteção tarifária máxima de 35% que tem como compromisso na OMC. Fizemos um cálculo no ano passado que apontou que o Brasil precisaria de tarifa de importação de 180% para dar a mesma proteção que a tarifa de 35% oferecia antes da Rodada Doha, em 2001. Com a desvalorização recente do real, passando para um patamar de 1,80 por dólar, esse percentual terá caído. Mas a proteção que nossa indústria precisaria é de vários múltiplos de 35%.

Valor: Nesse cenário, o Brasil poderá aumentar para além de 35% o teto das tarifas de importação?
Azevedo: Com exceção dos mecanismos de defesa comercial (salvaguarda, antidumping, direitos compensatórios), isso apenas é possível com a reconsolidação da tarifa que consta da nossa tabela de compromissos na OMC. A reconsolidação acontece na OMC, mas é muito pontual, para um ou outro produto. Numa situação de desalinhamento cambial, é muito difícil resolver o problema por aí. Primeiro, teríamos que aumentar milhares de tarifas. Segundo, teríamos de pagar compensações aos parceiros, e não são pequenas. Seria muito difícil manobrar uma reconsolidação dessa envergadura. Além disso, a reconsolidação tarifária, para mais de 35%, se tornaria permanente. Ora, o que queremos é um desafogo para momentos de valorização cambial excessiva.

Valor: Não existe o risco de o antidumping cambial deflagrar mais guerra comercial, com barreiras por todo lado?
Azevedo: Não, porque inevitavelmente a discussão sobre esse mecanismo vai procurar circunscrever ao máximo sua utilização e diminuir ao máximo seu impacto sobre o comércio. Não se pode ter uma visão imediatista, na situação em que estamos vivendo apenas hoje. O real é hoje uma moeda muito valorizada, como a de outros emergentes. Mas, historicamente, a situação foi inversa, como nas crises do México, da Rússia, dos asiáticos, em que os capitais saíram subitamente e nossas moedas despencaram. O mecanismo tem que ser adequado para as duas situações, de câmbio alto ou baixo. Não queremos que, mais adiante, as exportações brasileiras sofram barreiras desnecessárias quando o câmbio estiver em patamares mais baixos.

Valor: Qual o apoio que o Brasil tem sobre câmbio na OMC?
Azevedo: No começo, foi muito pouco. Num esforço enorme, tivemos que convencer cada delegação de que estávamos criando uma oportunidade e não mais polêmicas. Felizmente conseguimos que boa parte apoiasse a abertura do debate e outros não objetassem. Na medida em que os parceiros percebem que não buscamos uma negociação açodada, de afogadilho, e sim bem pensada, com objetivos sistêmicos bem definidos, a cautela e receio diminuem. No começo era só o Brasil que falava, os outros ficavam na escuta. Existem delegações cautelosas, mas o quadro está mudando.

Valor: Só que os EUA e a China, com fricções bilaterais sobre câmbio, também não querem o tema na OMC. Isso já não mata a iniciativa?
Azevedo: Esse quadro é muito fluido. Mesmo esses dois países têm evoluído em suas abordagens. Posturas mais reativas vêm muito do temor de que a discussão saia do controle e seja usada para fins políticos, apontar culpados, recriminar determinadas ações no mercado financeiro. Não é o que buscamos.

Valor: Quais serão os próximos passos, após o seminário?
Azevedo: Gostaríamos de examinar já no segundo semestre, como o sistema multilateral do comércio tratou do assunto, como reagiu. Com base nessas análises, caberia passar a olhar para o futuro. Como atualizar as regras da OMC. Para o Brasil, quanto mais rápido melhor. Mas não vai ser fácil. Temos que seguir o ritmo de uma organização com mais de 150 países e que trabalha com base no consenso.

Um bolinho para os comunistas: que gracinha (seria melhor se nao mentissem...)

Os comunistas de todo o Brasil -- cabem em dois ônibus; OK, três -- comemoraram o que eles chamam de "90 anos de vida".
Não tenho certeza de que tenha sido uma vida completa, ou seja, uniforme, pois mudaram várias vezes de posição, de lado, de bandeiras -- não, de bandeiras não, só de slogans -- e, sobretudo, de versões de sua história.
Eles poderiam começar por não mentir, o que já seria um grande avanço para uma história sincera, fiel aos fatos, que pretendem centenária, dentro de dez anos (se sobreviverem até lá, o que é provável, pois contam com fundos públicos e o apoio de uns poucos true believers).
Por exemplo, na matéria que lhes dedica esse pasquim comunista que se chama "Correio do Brasil", lê-se o seguinte, logo na primeira linha:


"Há exatos 90 anos, um grupo de trabalhadores – eram 73 no país todo – fundava o Partido Comunista Brasileiro (PCB). "


Por que razão eles já começam mentindo?
Em 1922 foi fundado, exatamente, o "Partido Comunista do Brasil, seção brasileira da Terceira Internacional". Ou seja, foi fundado o PCdoB, não o PCB. Por que eles escondem isso?
Ele só se transformou em Partido Comunista nos anos 1950, quando pretendiam dar um ar nacional ao que era uma filial do PCUS, o Partido Comunista da União Soviética.
Alguns anos depois, comunistas descontentes com a linha levemente antistalinista do PCUS -- então sob Nikita Kruschev -- e apoiadores daquele outro genocida chamado Mao Tsé-tung resolveram recriar o PCdo, passando a apoiar os chineses, que então se aliavam a qualquer um, desde que fosse contra a União Soviética. Que princípios, hem?


Eles poderiam, também, para serem absolutamente fieis à história, de lembrar que em agosto de 1939, num "volte-face" que surpreendeu muita gente ao redor do mundo, os comunistas soviéticos fizeram um pacto com os nazistas hitleristas. Obedientes como eles são, todos os comunistas, inclusive os do Brasil, apoiaram disciplinadamente o camarada Stalin, e passaram a dizer que Hitler eram um socialista, aliado da causa, e que os socialistas eram, na verdade, "social-fascistas", só um pouco melhores do que os "cães trotsquistas". Essas coisas a história registrou, só que os comunistas se esqueceram, ou não querem contar.
Que coisa hem?! Comunistas e fascistas, aliados, juntinhos, amiguinhos...
Se dependesse deles, continuariam amigos até hoje. Pena que o Hitler, esse safado, traiu a causa e invadiu a União Soviética. Foi pena, de verdade, pois eles se entendiam tão bem.
Aliás até hoje. Não há nada mais parecido do que um fascista do que um comunista, e vice-versa. Na verdade, são a mesma coisa: autoritários, totalitários, amigos de censura, de prisão para seus opositores ideológicos.
Mas continuam gozados. O pessoal do PCdo, por exemplo, chorou copiosamente quando morreu o segundo ditador da Coréia do Norte, dizendo que ele tinha trazido paz e felicidade ao povo daquele país. 
Que gracinha!


Na mesma matéria od 90 anos, por vezes hilariante, podemos ler coisas do gênero:


"...os ideais de Karl Marx e Friedrich Engels estão mais atuais do que nunca e precisam ser implementados no país, de uma vez por todas".


Uau! Eles dizem isso sem corar?
De verdade? E de uma vez por todas?
Vamos lá, pessoal, ainda um pequeno esforço e vocês conseguirão...


E como os comunistas comemoram os seus 90 anos? Bem, eles alugaram uma casa de shows, mas não sei se o espírito comunista foi preservado. Senão vejamos:


"Na chegada à casa de shows alugada pela organização do PCdoB, a retreta recepcionava os convidados, vestidos para festa, aos acordes de clássicos marciais dos mais variados, indo desde um pout pourri de Raul Seixas à The Washington Post March, embora executada com parcimônia por um dos clarinetistas, que a considerava “yankee demais” para o evento."


São divertidos esses comunistas, ainda mais quando escrevem coisas deste tipo: 


"Se uma garrafinha de água, na casa de shows, custava R$ 4, era de graça para os comunistas na ABI. Estes últimos também puderam saborear um cafezinho da casa, enquanto respiravam a odisséia de uma legenda que, embora dividida, aponta para o horizonte do socialismo no Brasil."


Horizonte do socialismo no Brasil? Deveras?
Mas que exploradores do povo os proprietários capitalistas da casa de shows: cobrar R$ 4 por uma garrafinha de água???!!!
Que direito eles têm de explorar comunistas? Justo os comunistas, que são contra a exploração do homem pelo homem...
E essa coisa de água sair de graça, isso não existe. Como diria o capitalista ultraliberal Milton Friedman, "there is no such thing as a free lunch".
Se alguém lhe deu algo de graça, é porque um outro alguém está pagando, neste caso todos os sócios da ABI, mesmo os que não são comunistas.
Que exploração, hem?!


Bem, para encerrar, os comunistas não deixam de ser pateticamente otimistas, como se lê por esta frase: 


"Seja sob o brilho dos holofotes, na festa animada por artistas que simpatizam com o ideário comunista, seja no ambiente simples e austero da ABI, o comunismo chega às raias de seu primeiro século no Brasil com a perspectiva de um crescimento sem par na história republicana brasileira. "


Bem, só podemos desejar saúde e felicidades aos comunistas.
Eles continuam impagáveis.
Literalmente...
Paulo Roberto de Almeida 

Inflacao no Brasil: ainda na terceira divisao - Mansueto Almeida

A verdade, para responder diretamente à questão colocada neste post, é que os dirigentes do Brasil - presidentes, e técnicos da área fiscal e monetária -- mantiveram o país na terceira divisão, ao não colocarem metas progressivamente mais baixas para o centro da inflação, sobretudo quando isso era factível e necessário, no período anterior à crise. 
Agora se escudam na crise para não mover a meta central, que ficou congelada desde seis anos. Na verdade, se deslocou para cima, pois estão mirando no teto, não no centro.
Bando de espoliadores da riqueza individual dos brasileiros todo anos eles roubam 5 a 6% da renda pessoal ao não reduzirem progressivamente a meta...
Paulo Roberto de Almeida 

Time Brasil continua na terceira divisão

Qual seria sua reação se o seu time continuasse na terceira divisão? E se fosse o seu país?

Hoje, arrumando arquivos antigos no computador, me deparei com uma apresentação do economista chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, do dia 16 de fevereiro de 2006 em São Paulo. Como todos sabem, Ilan é um excelente economista que dispensa apresentação.
Em 2006, ele arriscou que o Brasil estava na transição da 3a para 2a divisão na comparação internacional de inflação. Passados seis anos, pena que nosso time “Brasil”não fez essa transição. Não sei se foi culpa da presidência do clube, do “treinador” e da “comissão técnica”, ou dos jogadores.
Nesta mesma apresentação Ilan falava que “seria bom garantir a conquista da inflação em torno de 4.5%, antes de continuar o processo desinflacionário”. O problema é que hoje até garantir 4,5% ficou extremamente difícil. Passados seis anos, com poucas modificações, a apresentação parece que foi feita hoje.
Por exemplo, quando fala das razões para elevada taxa de juros real no Brasil, Ilan destaca três fatores:  (i) ajuste fiscal incompleto: gastos públicos crescentes; (ii) sucessão de choques negativos dificultam a convergência para taxa de juros reais de equilíbrio; e (iii) recente expansão de crédito.
E ai, o que falta ao nosso time? o problema é com a direção do time, com o técnico ou com os jogadores?

domingo, 25 de março de 2012

Argentina: sozinha contra o mundo... - Joaquin Morales Sola

Parece que combina com os argentinos: sempre se creem maiores do que são.
Neste caso, na verdade, não são os argentinos, mas suas lideranças políticas.
Será que depois de se solidarizar com o "bloqueio naval" por causa das Malvinas, o Brasil também vai se solidarizar com o país, nessa sua luta contra o mundo?


La Argentina, enojada con el mundo

La Nación
Buenos Aires, 25 de marzo de 2012
Por JOAQUÍN MORALES SOLÁ*
“Cristina Kirchner quiere un enemigo. Tarde o temprano, siempre lo termina construyendo según la medida de su necesidad política. Ahora le tocó al mundo. Los Estados Unidos están a punto de sacarle a la Argentina las ventajas comerciales para exportaciones nacionales. El rey Juan Carlos viajará en los próximos meses a México, Brasil y Chile. En un recorrido parecido al de Barack Obama en su momento, pasará por el cielo de la Argentina sin aterrizar en Buenos Aires en medio del grave conflicto por el control de YPF, propiedad mayoritaria de la española Repsol.
El Fondo Monetario Internacional podría dictar duras sanciones contra la Argentina en los próximos tres o cuatro meses para castigar sus trastornos estadísticos y económicos, según adelantaron inmejorables fuentes. Los empresarios de Brasil y Chile están presionando fuertemente a sus gobiernos para que tomen distancia de un régimen argentino de importaciones que depende de la voluntad absoluta y contradictoria de un solo hombre. La bronca europea oscila entre las trabas comerciales de Moreno, el caso Repsol y la inexplicable sobreactuación argentina contra los británicos por Malvinas.
¡Qué maravilla! Hemos argentinizado YPF sin poner un peso. La exclamación fue de Néstor Kirchner poco después de que la familia Eskenazi accediera a parte del paquete accionario y al gerenciamiento de la petrolera. Se la dijo a un funcionario que todavía está en la administración. No se hacen esas cosas sin poner un peso. La compra de acciones por parte de los Eskenazi debía ser pagada con sus ganancias en la empresa.
Ese fue el acuerdo de Repsol con los Eskenazi, que Kirchner respaldó y del que luego se ufanó. No es cierto que no se invirtió. YPF invirtió. ¿Pudo invertir más? Sí, pero el acuerdo para argentinizarla obligaba a liquidar las ganancias , recordó otro funcionario que trabajó en el acuerdo. El presidente de Repsol YPF, Antonio Brufau, le recordó los términos de ese pacto al propio representante del Estado, Roberto Baratta, durante una tensa reunión del directorio de la compañía. Los españoles no saben ya qué ha cambiado desde entonces, ni quién es ahora un interlocutor argentino fiable, ni qué es lo que quiere la Presidenta.
Quiere el espectáculo de la guerra, por ahora. En la famosa reunión del directorio en la que no pudieron ingresar Baratta y dos funcionarios nacionales, Axel Kicillof y Daniel Cameron, hubo una mediación frustrada. Un miembro independiente del directorio, Mario Blejer, consiguió que Brufau accediera a que se sentaran en la reunión Cameron y Kicillof; éstos habían aceptado antes la mediación de Blejer. Cuando llegó la invitación, los funcionarios se negaron a ingresar. Habían consultado con Cristina Kirchner y ésta les ordenó rechazar la mediación. Luego, los funcionarios denunciaron ante los periodistas que no se los dejó entrar, lo cual fue cierto en el primer momento, pero no en el último.
En una segunda reunión, los mismos funcionarios, ya en reunión de directorio, aceptaron aprobar la memoria y el balance, aunque pidieron un cuarto intermedio para redactar dos objeciones parciales. Cuando regresaron, anunciaron que votarían en contra de todo el balance y que no le agregarían nada. La Presidenta había vuelto a obturar cualquier posibilidad de acuerdo.
La tercera reunión fue la del miércoles pasado. La mayoría de los accionistas de YPF, Repsol y los Eskenazi anunciaron que no liquidarían dividendos de los años 2010 y 2011, que usarían esos recursos para capitalizar la empresa, que no comprarían dólares y que no girarían divisas al exterior. Era la respuesta perfecta para las quejas presidenciales por la liquidación de ganancias. La Presidenta volvió a rechazar el acuerdo y pidió que ese dinero no sirviera para capitalizar la empresa, sino para crear un “fondo de inversión”.
Una empresa capitalizada está en mejores condiciones de conseguir créditos para inversiones. Es improbable, además, que los dueños de YPF usen esa capitalización para hacerse de dólares en Nueva York, como denunció Kicillof. Incurrirían en una mentira o en una traición. En tal caso, la maquinaria de inteligencia y mediática del Estado les caería encima en el acto.
Los dueños de YPF decidieron no sentar el precedente de un “fondo de inversión”, que luego el Gobierno podría digitar a su antojo. ¿Por qué no reclamaría más recursos para ese fondo? ¿Por qué no podrían pagarse con esos recursos las importaciones de combustibles, que este año podrían oscilar entre los 10.000 y los 12.000 millones de dólares?
Las inversiones de Repsol en la Argentina son las inversiones industriales más importantes de España en el mundo. En la Argentina está la primera colectividad española en el exterior. El rey Juan Carlos tiene una histórica relación con la sociedad argentina y con la propia Presidenta. El monarca rompió todas las reglas del Estado español cuando en 2007, poco antes de las elecciones que ganó Cristina, recibió a ésta en su residencia de verano. El rey no recibe visitas extranjeras durante sus vacaciones ni se reúne con candidatos. La Presidenta nunca le devolvió ningún favor.
Yo no le aconsejaría al rey que viaje ahora a la Argentina , dijo un funcionario español, que aceptó que Buenos Aires es una escala indefinida e inasible para todo el gobierno de su país. El funcionario español había tenido acceso a los informes que revelaron la exasperada reunión de Cristina con el príncipe Felipe durante los fastos de su asunción, en diciembre pasado. ¿Para qué iría el rey ahora a Buenos Aires en medio de la disputa por Repsol, que es una cuestión de Estado para España? , se preguntó el funcionario.
El caso Repsol, que tiene un 20 por ciento de sus acciones en manos de norteamericanos, y las restricciones para acceder al dólar y para liquidar dividendos, han destruido cualquier posibilidad de inversión externa o local. ¿Quién traería dólares al país si después no podría sacarlos? Un prestigioso analista económico fue contratado por dos fondos de inversión, uno en Miami y otro en Bruselas, para dar conferencias ante potenciales inversores. No dio ninguna conferencia. Cobró sus honorarios y se volvió sin poder hablar. No hubo ningún interesado en invertir en la Argentina…”.
Extracto del artículo publicado por el diario La Nación


* Columnista político del diario LA NACION. Comenzó su carrera periodística a los 16 años en La Gaceta de Tucumán. En 1975 entra en el diario Clarín como responsable de la sección Política, más tarde fue jefe de Redacción y autor de la columna política dominical de ese diario. Columnista político del noticiero de Telefé y del programa "Tiempo Nuevo", de Bernardo Neustadt. Durante 1997, condujo "Dos en la noticia" junto con Magdalena Ruiz Guiñazú, por el ex Canal 9. En 1990, el gobierno de Italia lo condecoró con la Orden al Mérito de la República Italiana. Posteriormente, en 1992, España lo distinguió con la Orden de Isabel la Católica. En 1998, recibió la Orden Nacional al Mérito que entrega la república de Francia. En su último libro, "Sin excusas" (Sudamericana), Morales Solá revela diálogos con el ex vicepresidente Chacho Alvarez, sobre la trama secreta de los sobornos en el Senado, las causas de su renuncia y los errores que condujeron al fracaso de la Alianza.

Chavez: que trate de si, olvide la politica - entrevista de medico

Tudo o que sempre se deseja às pessoas em geral é que tenham uma vida plena, bem realizada, se possível feliz, em todo caso normal.
Chávez deveria retirar-se da vida política para cuidar de sua saúde, acredita este médico.
É o que penso, também: antes de tudo, está o próprio Chávez e sua família, que certamente não ficará ao desabrigo...
A Venezuela continuará existindo, ele talvez não.
Em todo caso, nossos votos de restabelecimento, algo duvidosos a crer nesta matéria...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: Chavez tendría metástasis, segun entrevista publicada en ABC


El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, tendría metástasis y el tratamiento recibido no es el adecuado, según afirma el doctor José Rafael Marquina, médico internista venezolano, especializado en cuidados intensivos, de los pulmones y sueño, residente en Florida, y profesor de la Nova University, entrevistado por el diario español ABC.ABC (España)

Caracas, 25 marzo 2012
La entrevista fue realizada telefonicamente y su contenido, que reproducimos a continuación es el siguiente:
” -¿Tras su regreso de La Habana, cuál es el tratamiento que le darán a Chávez en Caracas?
-Le aplicarán unas 30 sesiones de radioterapia y no 25 como se había pensado. En Caracas ya empezó el tratamiento en el Hospital Militar.
-¿Cuántas sesiones se hicieron en Cuba? ¿Dieron algún resultado?
-En Cuba le dieron 10 sesiones y Chávez no ha respondido al tratamiento. El problema en el centro médico cubano es que se lo aplicaron de forma desorganizada. Se lo suspendieron cuando le visitó el presidente colombiano Santos. Fue un desastre. Al presidente le estaban dando la radiación sin tatuaje.
-¿Qué significa eso?
-Hay que marcar la zona donde se va a dar la radiación. Los médicos cubanos empezaron sin tatuarlo, decían que no lo necesitaba. Levantaban al presidente a las 6 de la mañana, lo llevaban al primer piso del centro médico CIMEQ, le hacían la tomografía computarizada y luego la radio. El médico brasileño les recomendó el tatuaje cuando le examinó el jueves 15.
-¿Cuánta radiación le dieron en Cuba?
-En Cuba le han dado 5.000 “rads” por dosis y por área. En Caracas no sé cuánto, todo es un misterio con la radioterapia y no han querido dar información.
-¿Cuál fue el resultado de la biopsia que le sacaron en Cuba?
-No conozco los resultados de la biopsia. Las láminas la mandaron a los EE.UU. y Brasil. Los cubanos asumen que tenía células malignas, cancerígenas.
-¿Finalmente no se operó en Cuba como afirma el norteamericano Roger Noriega o fue una intervención superficial con laparoscopia como dice usted?
-Primero hay que aclarar que Chávez tiene un tumor cancerígeno que ha hecho tres metástasis: en el hígado, en las glándulas suprarrenales y en el área retropiroteneal y la vejiga. Después de que me llamaran para decirme que tenía un nuevo tumor de dos centímetros y que había que operarlo en Caracas, Chávez prefirió hacerlo en La Habana, donde le practicaron la laparoscopia. Ahí vieron lo avanzado del cáncer y decidieron sólo limpiarle los bordes necróticos. No le sacaron el tumor de las glándulas suprarrenales dañadas por temor a complicaciones.
-¿La radioterapia en Caracas le complica a Chávez la campaña electoral?
-Durante la radioterapia perderá peso y se le verá con fatiga.
-¿Cómo candidato no podrá recorrer los barrios populares?
-No podrá en esas condiciones. Es posible que le preparen emisiones televisivas aparentando vigor y fortaleza.
-Ahora luce más delgado lo que complace a la presidente argentina Cristina Fernández, ¿ya no le dan esteroides?
-Darle estimulantes con los esteroides fue un error y yo se los advertí a los médicos cubanos.
-¿Si en La Habana no funcionó la radioterapia por qué en Caracas sí?
-Con la radioterapia le están comprando tiempo. Le frenan la expansión del cáncer pero no se lo eliminan. El problema es que después de esto no va a tener otra alternativa. No hay nada.
-¿Y no le iban a aplicar quimioterapia también?
-Probablemente lo hagan, pero por la confidencialidad que hay en su entorno médico no lo sé. Las hijas de Chávez están llamando a medio mundo para consultar si está bien o no el tratamiento seguido por su padre.
-¿Cómo médico que le recomendaría al presidente Chávez?
-En su condición de presidente que pida 60 días de permiso por el reposo médico para someterse al tratamiento y esperar a ver con la tomografía los resultados de la radioterapia, para luego reincorporarse a la campaña electoral. Si no lo hace así sería irresponsable de su parte como jefe de Estado y padre de familia. Si no hay una mejoría al cabo de 60 días debería pasar los últimos días de su vida con su familia y nombrar al que le reemplazará en la campaña electoral
-¿En el peor de los casos qué plazos le pronostica?
-Si no hay respuesta a la radioterapia Chávez debería estar entre nosotros hasta noviembre o diciembre de este año. Aun respondiendo positivamente la radio viviría hasta abril del 2013.
-¿A qué se debe su protagonismo sobre la enfermedad de Chávez si no es oncólogo ni su médico de cabecera?
-Mi interés en el asunto a través de Twitter surgió en febrero cuando Chávez dijo que tenía dos centímetros de un nuevo tumor. Sabía que estaba mintiendo y empecé a enviar mensajes por la red. Y sin proponérmelo me he convertido en una voz autorizada. Por mi credibilidad y reputación a mí me consultan gente del gobierno que estudió conmigo en la Universidad de Los Andes. Y yo lo hago por ayudar, para que tenga el tratamiento adecuado.
-¿Le han desmentido alguna vez?
-Nadie hasta ahora, pero a Noriega sí le ha desmentido varias veces el gobierno venezolano”.