Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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quarta-feira, 28 de maio de 2014
Ditadura cubana: os que a apoiam sao cumplices, mesmo Premio Nobel - Enrique Krauze sobre Gabo
Al Capone, para prefeito de Chicago, ou governador do Illinois. Faz sentido?
Luiz Moura, do PT, deputado estadual em São Paulo (cima), deve discursar hoje na Assembleia Legislativa. Ele vai tentar explicar o que fazia numa reunião com membros do PCC, o partido do crime.
Refresco a memória de vocês. Em março, no auge dos incêndios a ônibus na capital, a Polícia Civil estourou uma reunião que acontecia na sede da Transcooper, uma cooperativa de vans e micro-ônibus, em que se planejavam justamente os ataques. Lá estavam, acreditem!, 13 membros do PCC. E quem mais participava do encontro? Ninguém menos do que Luiz Moura, que é presidente de honra da Transcooper. Atenção, queridos leitores! Em três anos, essa cooperativa faturou, em contratos com a Prefeitura, R$ 1,8 bilhão. Sim, vocês leram direito: um bilhão e oitocentos milhões de reais! Há muito tempo a polícia investiga a infiltração do PCC no sistema de transportes da cidade. Só para registro: as dezenas de ônibus incendiados pertenciam, invariavelmente, às empresas privadas; nunca às cooperativas.
Luiz Moura é irmão do vereador Senival Moura, também do PT e igualmente ligado a associação de perueiros. Ambos são considerados subordinados políticos do secretário dos Transportes da cidade, o deputado federal petista licenciado Jilmar Tatto — aquele senhor que, durante greve recente de motoristas de ônibus, preferiu criticar a Polícia Militar. Tatto, ora vejam!, no papel ao menos, doou, sozinho, R$ 201 mil para a campanha de Moura, o homem que estava na reunião com o PCC. Entendo. Tatto prefere atacar outra sigla: a PM!
E o que vai dizer o deputado? Petista não é exatamente criativo em situações assim: vai jurar de pés juntos que não sabia que aqueles com quem se reunia eram membros da facção criminosa. Eles nunca sabem de nada. Os termos do discurso foram combinados numa reunião com a bancada petista nesta terça. O partido criou uma comissão interna para analisar o seu caso. Depois que a reunião veio a público, Tatto, o chefe político de Moura, preferiu silenciar.
Moura tem um biografia controversa. Foi condenado a 12 anos de cadeia por vários assaltos a mão armada. Não cumpriu pena porque fugiu e foragido permaneceu por mais de dez anos. Ao sair dessa forma particular de clandestinidade, solicitou e obteve o perdão judicial. Em 2005, assinou, imaginem, uma declaração de pobreza.
Cinco anos depois, na disputa eleitoral de 2010, já declarava bens superiores a R$ 5 milhões. Em 2012, disputou a Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos. Nesse caso, seus bens eram de pouco mais de R$ 1 milhão. Qual vale? Não sei.
Na Assembleia, Moura é dado a praticas heterodoxas. Apresentou, por exemplo, o recibo de compra de combustível a que tem direito. O fornecedor, ora vejam!, é um posto de gasolina de que ele próprio é sócio.
Não é uma figura pequena no partido, não! Tanto é assim que, na festança de seu aniversário, a etrela foi ninguém menos do que Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. O vereador Jair Tatto, irmão do Jilmar, também estava lá. Compreensível! Não é todo diz que se tem a chance de prestigiar o presidente de honra de uma cooperativa que fatura R$ 1,8 bilhão em três anos em contratos com a Prefeitura. Padilha deve ser saber o que faz e por quê.
Padilha discursa animadaço na festa de aniversário do deputado que participou de reunião com membros do PCC
Texto publicado originalmente às 3h55
Venezuela: socialismo = delinquencia social
Venezuela: crise e escassez fazem roubos de alimentos
Veja.com,
Rubens Ricupero: a cegueira brasileira e o bom-senso mexicano
Rubens
Ricupero
Folha de S.Paulo, 26/05/2014
Nada
na política brasileira para a América Latina possui a urgência de conceder
finalmente ao México a prioridade que merece. Nesse sentido, é uma pena que
os ciclos políticos dos dois países estejam sempre fora de sincronia.
Agora
mesmo o México vive os primeiros tempos de um presidente jovem e dinâmico. Em
poucos meses, o país votou cinco ou seis reformas que se consideravam
impossíveis, inclusive a do petróleo.
Prepara
terreno para vigoroso ciclo de crescimento com base em algo inimaginável no
Brasil de hoje: um pacto negociado entre os três maiores partidos com vistas
apenas ao interesse nacional.
O
presidente Enrique Peña Nieto visitou o Brasil logo depois de eleito,
suprimiu a exigência de vistos, mostrou-se convencido de que deveríamos nos
tratar como sócios estratégicos preferenciais.
Nomeou
para isso uma embaixadora de luxo, Beatriz Paredes, intelectual respeitada,
ex-governadora de seu estado, ex-presidente do PRI, o partido no poder.
Havendo
vontade política, seria a pessoa ideal para inaugurar a relação privilegiada
que faz falta entre os dois países latino-americanos de maior população e
economia mais expressiva.
Infelizmente,
por aqui se vive clima de fim de reino, vazio de esperança e de sonho. O
Brasil parece imitar o pior do México do passado, quando o PRI mantinha
perpétuo controle do poder por meio da co-optação e da corrupção.
O
nosso monstruoso presidencialismo de coalizão pode contar com 80 % do
Congresso (em teoria), mas jamais seria capaz de aprovar um pacto em
favor do Brasil.
Quando
comecei a lidar como diplomata com os assuntos mexicanos, nos anos 1970,
possuíamos indústria e capacidade empresarial incomparavelmente mais
adiantadas.
Tudo
isso acabou. Hoje, o México é o maior exportador de automóveis para os EUA e
o terceiro maior para o resto do mundo. Enfrentou e venceu o choque de
competitividade da China: conseguiu a proeza de ter custo de trabalho 15%
inferior ao chinês.
Quatro
anos atrás era moda exaltar o Brasil, onde se tinha a impressão de que tudo
dava certo e descartar o México, à beira do colapso devido à guerra bárbara
que o governo parecia estar perdendo contra o narcotráfico.
Hoje
a situação se inverteu: o México ganha aplausos enquanto o Brasil só
comparece na mídia internacional em razão das atrocidades dos presídios ou da
incompetência nos preparativos da Copa.
Altos
e baixos desse tipo ora favorecem um país, ora o outro. O importante é não
ceder a uma rivalidade infantil e perceber que entre o maior latino-americano
da Aliança do Pacífico e o maior do Mercosul deve haver coordenação em
benefício mútuo e dos demais.
Não
será com a China e a Ásia que vamos integrar nossas cadeias produtivas. Com o
México, que já dispõe de acesso privilegiado ao mercado dos EUA e do Canadá,
o projeto seria exequível.
Desde
que não se repita o "diktat" da presidente Dilma que, em março de
2012, impôs ao México uma cota restritiva de automóveis, fazendo com os
mexicanos o que fazem conosco os argentinos. O resultado, dois anos depois, é
que não conseguimos mais vender automóveis nem à Argentina, nem ao México,
nem a ninguém.
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