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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Impostos e gastos publicos: muito pior do que se imagina

A situação atual e futura das contas públicas no Brasil é muito pior do se imaginava até aqui. Esse é o legado de uma Constituição esquizofrênica, agravada por um  comportamento irresponsável do partido totalitário, que além de não fazer reformas estruturais, como vinha fazendo o governo anterior, e de cometer equívocos de política econômica -- que eu chamo de "crimes econômicos" --, foram os autores dos piores crimes comuns e de corrupção jamais cometidos no Brasil. A herança maldita não conseguirá ser superada, por exigir um esforço muito grande por parte dos criadores de riqueza, permanentemente extorquidos por marajás do Estado, por corruptos do partido totalitário e sobretudo por seus dirigentes mafiosos. Uma situação inédita no Brasil e que levará o país ao declínio por longos anos. 
Paulo Roberto de Almeida 

21/07/2015

 às 6:32 \ EconomiaMercado de ideias

O ‘paper’ sobre economia que está chocando quem o lê

É bem pior do que você imagina.

Um artigo de nove páginas escrito por três economistas com trânsito junto à academia, empresários e políticos está causando choque e depressão em quem o lê.

Em “O ajuste inevitável,” Mansueto Almeida Jr., Marcos Lisboa e Samuel Pessôa tentam quantificar, pela primeira vez, o aumento do gasto público já contratado para os próximos 15 anos.Mansueto Almeida Jr

Até 2030 — ou seja, antes que um brasileiro nascendo este ano possa votar — o gasto anual do Estado brasileiro terá subido 300 bilhões de reais, uma aumento de 20 bilhões de reais por ano.

Para neutralizar este aumento de despesas, será preciso criar um imposto equivalente a uma nova CPMF a cada mandato presidencial de quatro anos (entre este ano e 2030). Para ficar claro: não se trata de renovar a CPMF a cada quatro anos, e sim de cobrar uma nova CPMF em cima da anterior, sucessivamente, a cada novo governo.

Este aumento de 300 bilhões é a soma apenas dos aumentos nos gastos com previdência, educação e saúde já contratados por conta da legislação vigente.

Mas antes disso, há o desafio atual: para estabilizar o tamanho da dívida pública como percentual do PIB, o Brasil tem que transformar o rombo de 32 bilhões de reais no ano passado em um superávit de 3% do PIB (quase 170 bilhões de reais). Isto significa que a sociedade terá que achar 200 bilhões de reais por ano para passar do ‘vermelho augustín’ para o ‘azul levy’. E, até 2030, achar aqueles outros 300 bilhões por ano.

Em outras palavras, se a cultura de ’taxar e gastar’ não for mudada, daqui a 15 anos o Estado brasileiro estará demandando da sociedade 500 bilhões de reais a mais — por ano — para honrar com suas obrigações.

O ‘paper’ de Almeida, Lisboa e Pessôa destrói a análise superficial que diz que o problema fiscal brasileiro é apenas uma questão de ajustar a rota depois de alguns anos de gastos exorbitantes.

Se o desafio conjuntural chega a ser paralisante, o problema estrutural das contas públicas é mortal.

Os economistas mostram que, desde 1991, a despesa pública cresce a uma taxa maior do que a renda do País, em parte porque o Estado está sempre distribuindo novos benefícios a grupos organizados.

Para bancar estes gastos, o Executivo e o Congresso se uniram e aumentaram a chamada carga tributária (o conjunto dos impostos pagos pelos eleitores) de 25% do PIB em 1991 para cerca de 35% do PIB no ano passado. É para isso que você trabalha um terço do ano: para financiar os gastos com programas sociais, inclusive a Previdência, e para manter a União, Estados e municípios funcionando.

Marcos LisboaE, como há os tais aumentos de gasto encomendados; a única forma de financiá-los será aumentar ainda mais os impostos.

Além da rigidez do gasto público — que só pode ser alterada com vontade política e emendas constitucionais — o problema fiscal brasileiro vai se agravar também por conta do fim do chamado bônus demográfico, o período em que o país tinha tantos jovens na força de trabalho que eles conseguiam pagar pela previdência dos mais velhos. Como a taxa de natalidade caiu, o Brasil envelheceu, e um ‘velho’ custa duas vezes o que o Estado paga para manter a população na escola. (A conta é feita comparando-se os gastos da previdência com os gastos em educação pública.)

Ao contrário do que pode parecer, esta não é uma conta que dê para pagar com uma grande privatização. Pausa para checar o dicionário.

[Privatização: s.f. Tentativa de levantar caixa ou melhorar o desempenho da economia, mas que produz, no imaginário político de países atrasados, ‘entreguistas’ de um lado, ‘verdadeiros patriotas’ do outro, e ‘iludidos’ no meio.]

O Brasil tem hoje um problema de fluxo, além do estoque de dívida — da mesma forma que alguém que gaste mensalmente 1,5 vez o seu salário pode até vender a casa e abater a dívida, mas continuará para sempre fadado ao cheque especial.

De onde vem tanta gastança?

“O Brasil tem uma tradição de concessão desenfreada de benefícios, de forma descentralizada, e sem analisar o conjunto da obra e o impacto que isto tem na sociedade,” diz Lisboa, já conhecido no debate público por alertar sobre o problema da ‘meia entrada’, os benefícios que grupos de interesse conseguem do Estado e que são bancados por toda a sociedade. “Se isto não for resolvido de alguma forma, o Brasil pode enfrentar um problema como o da Grécia na próxima década.”

Samuel Pessoa z copiaEm tese, haveria uma saída para o Brasil conseguir financiar o aumento do gasto público já contratado até 2030 sem mexer no ‘pacote de bondades’ que o Estado oferece e sem aumentar impostos. Mas neste cenário, a economia teria que crescer 5% ao ano daqui até lá para turbinar a arrecadação e, mesmo assim, algumas despesas vinculadas ao PIB teriam que ser alteradas. Obviamente, as chances disto acontecer são remotas, dada a ausência de reformas na estrutura do Estado.

Essas reformas teriam que atacar benefícios concedidos por Brasilia que não custam dinheiro diretamente — ou seja, não tem impacto fiscal —, mas que reduzem a concorrência e sufocam a produtividade da economia, desde regras de conteúdo nacional a barreiras não-tarifárias que criam reservas de mercado, incluindo os inúmeros benefícios tributários dados a setores ‘estratégicos’.

Como é que o Brasil ainda não havia se dado conta de que o buraco fiscal era tão mais embaixo?

“Um ponto essencial do nosso argumento é o entorpecimento que a arrecadação excepcional entre 2000 e 2010 produziu na sociedade e nos analistas,” diz Pessôa. “Nós ‘congelamos’ um setor público que somente se sustenta se a arrecadação crescer acima do PIB para sempre.”

E como no Brasil os gastos públicos são fixados como um percentual do PIB, nem uma inflação mais alta resolve o problema. Além do que, “a inflação só não é pior que uma guerra civil como forma de gestão do conflito distributivo,” diz Pessôa.

Talvez a maior contribuição do artigo — cuja íntegra está aqui — seja mostrar que serão necessárias coragem e visão de Estado para o País fazer o que tem que ser feito.

Para além de todo o barulho de curto prazo sobre o destino deste ou daquele político, as pessoas responsáveis — nos partidos, nas empresas e na sociedade — deveriam usar este diagnóstico como o ponto de partida de uma conversa séria e urgente.

Por Geraldo Samor

Acordo nuclear iraniano: síntese analítica pelo J.P.Morgan

 


 

 

J.P. Morgan Logo

MENA Emerging Markets Research


Iran nuclear deal paves way to reintegration into world economy

·         Historical breakthrough between Iran and the P5+1 group sets ambitious roadmap to reintegrate Iran into the world economy

·         Recovery in Iranian crude production will be gradual but competition for market share may increase

·         Implementation Day is likely to kick start in early 2016 when most nuclear-related sanctions will be removed; US sanctions are complex as they also involve terrorist-related sanctions and will thus require further clarification

Iran and the P5+1 group have agreed to a breakthrough nuclear deal on July 14 following two years of intense negotiations. The nuclear agreement marks the first step to reverse Iran’s international isolation. It also highlights the role of far-reaching international sanctions combined with active diplomacy. The final agreement will be implemented in distinct phases and is set to face several hurdles, which we expect to be overcome. 

Nuclear negotiations since late 2013 have involved the highest level diplomacy between Iran and the US since the Iranian revolution in 1979. The election of President Rouhani in June 2013 —Iran’s key negotiator in 2003-05—had been critical to such rapprochement. Rouhani had simultaneously attempted to warm up relationships with countries of the Gulf Cooperation Council. We previously argued that the election of President Rouhani represented a structural change in Iran’s foreign policy (see Reformist Rouhani wins presidential elections, MENA Today June 17, 2013) which highlights the likely commitment to the terms of the nuclear agreement in coming years. 

A difficult balancing act

The final nuclear deal has successfully struck a difficult balancing act between several red lines set by both parties. Iranian officials have vehemently defended the country’s right to enrich uranium as a member of the Non-Proliferation Treaty (NPT). As such, the Joint Comprehensive Plan of Action (JCPA) of July 14, which extends the interim agreement on April 2, officially recognizes Iran’s right to nuclear enrichment for peaceful purposes, subject to the successful implementation of the nuclear agreement. Consequently, Iran will keep most of its nuclear infrastructure and no enriched uranium will be shipped overseas. Negotiations also faced a difficult balancing act to build trust involving continuous nuclear enrichment for peaceful purposes with strong guarantees that Iran will not acquire the nuclear bomb.

The final nuclear agreement can be summarized in three phases. During a first and relatively short phase (six to nine months), terms of the final deal will be implemented from both sides. This will be followed by a much longer second phase (at least 15 years) aimed at building trust. Once Iran has complied with its full obligations and its nuclear programme has been recognized for peaceful purposes, the country will be treated equally to any other non-nuclear-weapon state part of the NPT. The different timelines of the nuclear deal had also to strike a balance between quickly removing nuclear proliferation-related sanctions (a critical demand for Iran) and maintaining international pressure (crucial for the credibility of the deal). A “snapback” plan was hence introduced in order to restore international sanctions in 65 days in case Iran violates the terms of the final deal. If members of the United Nations Security Council (UNSC) cannot agree on new sanctions within 30 days (for example due to a veto), previous sanctions will automatically be re-imposed. 

Implementation and hurdles facing the nuclear deal 

Five key dates will characterise the implementation of the final nuclear agreement. After the finalization of the deal, the UNSC is expected to adopt a resolution to approve the JCPA as soon as next week. Such a vote will define the Adoption Day which will be 90 days (or earlier subject to the consent of all JCPA participants) following the endorsement of the Joint Comprehensive Action Plan. Iran and the P5+1 group will start implementing commitments in the JCPA following the Adoption Day which will also be the anchor for several future timelines that will shape the phasing out of sanctions. The UNSC resolution will terminate seven previous resolutions against Iran which will come into effect only after Implementation Day. The latter marks the start of easing sanctions which will be critical to the Iranian economy.

The EU and the US will lift nuclear-related sanctions on Implementation Day. In other words, any sanction-related legislation and waivers that could be adopted after the Adoption Day will come into effect after Implementation Day. The latter will closely depend on the IAEA report verifying implementation by Iran of the nuclear-related measures including the clarification of past and present outstanding issues. Such process will involve intrusive inspections by the IAEA in coming months and the final assessment about past and present outstanding issues will be presented to the Board of Governors by December 15. This suggests that Implementation Day will likely kick start in early 2016 when oil exports can be increased and financial sanctions phased out.

Implementation Day will be followed by a protracted period aimed at building trust that will end on Transition Day or 8 years after Adoption Day. Such transition can be shortened if the IAEA is able to draw the so-called ‘Broader Conclusion’ that all Iranian nuclear activities are for peaceful purposes. Ten years after Adoption Day, the UN Security Council will terminate all resolutions relating to Iran. The nuclear deal will cap Iran’s ability to enrich uranium above 3.67% and to add heavy water reactors for 15 years. Iran will also refrain from uranium enrichment at Fordow site during this period. Although Iran will become a threshold nuclear state after a period of 15 years, the IAEA will continue monitoring of the production of uranium ore concentrate during an extended period of 25 years as well as centrifuge rotors and bellows for 20 years. 

Implementation of the nuclear deal will likely be tested in the coming years. In particular, the inspection of military sites may become contentious again. Yet, the largest hurdles that could face the nuclear agreement are related to domestic political developments in Iran and the US. While the agreement that has been reached with the P5+1 is strongly backed by the Iranian population, it may be impacted by Iranian presidential election cycle and power transition from Ayatollah Khamenei. For example, the election of President Ahmadinejad in 2005 highlights such risks. Yet, the JCPA terms have substantially reduced the likelihood of a repeat of 2005 when nuclear negotiations had come to a halt.

US Congress represents the largest immediate hurdle facing the final nuclear deal. As the July 9 deadline was missed, the period of Congressional review has doubled to 60 days. During this period, the JCPA will come under close scrutiny, especially that most House Republicans have expressed opposition to the deal. If the nuclear agreement is not backed by US Congress, President Obama will veto the vote as he publicly expressed on several occasions. Under this scenario, a two-third supermajority will be required in both houses of Congress in order to override the Presidential veto. Historically, only 4.3% of vetoed bills since 1789 have been successfully overriden. In our view, the nuclear deal is unlikely to be blocked despite public criticism. 

Oil production to recover gradually

Sanctions against the import and transport of Iranian crude oil severely hit the economy more than most other sanctions. The removal of the ban on insuring tankers transporting Iranian oil along with efforts to reduce the country’s crude oil sales will be cornerstone to redress economic hardship. Iran will be able to regain crude market share only after Implementation Day in early 2016. Iranian officials have repeatedly stressed the country’s ability to increase crude exports by 1mbd back to pre-2012 levels. However, we believe Iran will add 300-500kbd of crude exports and production to increase gradually thereafter due to the lack of investment in previous years. Iran is estimated to have as much as 40mn barrels of crude and condensate floating offshore that may be sold into Asian markets potentially adding further near-term downward pressure on crude oil prices (see Oil Market Weekly: Negative price risks crystallize, but pillars of support still remaining, Martin et al., July 10

Over the medium-term, potential for Iranian crude supply is substantial thanks to the fourth largest proven reserves in the world. The end of financial sanctions related to the nuclear programme, especially in hydrocarbon investments, will encourage International Oil Companies (IOCs) to explore opportunities in Iran. The country is currently revisiting the terms of oil contracts that will offer greater participation in all phases of upstream projects compared to old buyback contracts which are similar to service contracts. In our view, the cycle of new investments in the upstream sector will be protracted and the country’s market share in global crude supply should stay well below its historical level. In the meanwhile, the return of Iranian crude to oil markets will increase pressure on other MENA oil producers to defend market share. The below chart shows how Saudi Arabia has substantially increased the share of its production in world output since mid-2014 when the Kingdom signalled that it will no longer be the swing crude producer. The kingdom increased crude supply to a historical high of 10.56mb/d in June and we believe risks remain to the upside. 

Figure 1: Iran’s oil market share still low

GPSWebNote Image

Source: JODI and J.P. Morgan

 

Trade channel to benefit most from sanction relief

The removal of sanctions against the central bank should free about US$100bn of frozen foreign assets and boost the trade channel especially after the removal of sanctions on letters of credit. In addition, the likely reintegration of Iranian banks into SWIFT in early 2016 and the removal of broader sanctions against banks should boost domestic liquidity and economic recovery. The trade channel is set to benefit the most from the immediate relief of sanctions that should boost bilateral trade with UAE and Turkey (see Iran: Nuclear deal to boost trade with UAE and Turkey, GDW, June 26). Iranian automotive industry is also likely to largely benefit from the removal of sanctions which cut domestic car production by 55% between 2011 and 2013. With an economic size close to UAE and larger than South Africa, Iran will likely emerge as a new regional economic hub by the end of the decade.

Terms of the nuclear deal highlight that US sanctions on the purchase, subscription to, or facilitation of the issuance of Iranian sovereign debt will be removed, among other measures. Iran may thus be allowed to issue sovereign debt in coming years, especially to finance the expansion in the hydrocarbon sector. It is noteworthy that only US nuclear-related sanctions will be removed. In fact, several US sanctions are related to the financing of terrorism which will likely remain over the medium term. For example, the 1987 Executive Order 12613 imposed an embargo on Iranian-origin goods and services as the country was accused of supporting international terrorism. Similarly, the Executive Order of 1997 confirmed that all trade and investment activities with Iran by US persons, wherever located, are prohibited. Furthermore, some assets of the central bank of Iran (US$12bn in government bank deposits, gold and other properties) were frozen following the seizure of the American Embassy in Tehran in 1979. The removal of US sanctions after Implementation Day will thus require further clarification about which US sanctions will not be removed. 




terça-feira, 21 de julho de 2015

Banco dos Brics: concorrencia saudavel ou capitalismo estatal de compadres?

Se o novo banco plurilateral -- de cinco países altamente desiguais, com políticas econômicas divergentes -- representar um acréscimo ao que vem sendo feito pelos demais bancos multilaterais, no sentido de examinar cuidadosamente, com base em estudos técnicos independentes, cada novo projeto de infraestrutura a ser implementado nos países em desenvolvimento, segundo critérios de mercados e obedecendo a análises de custo-benefício e de retorno dos investimento, então ele poderá ser algo útil no panorama dos bancos multilaterais. Mas a verdade é que atualmente os mercados de capitais de investimento e de financiamento, em bases de mercado, se tornaram muito mais importantes do que essas burocracias pesadas, que, por vezes, se deixam embalar por interesses políticos oportunistas, quando não pela corrupção pura e simples, que penetra, inclusive, as instituições multilaterais mais sólidas.
Mas, se ele se deixar levar pelo canto de sereia de capitalistas promíscuos, de burocratas corruptos, e de políticos idem, financiando projetos mal concebidos, custosos e sem retorno definido, então ele vai continuar a história sumamente infeliz dos últimos 60 anos de ajuda ao desenvolvimento e de cooperação Norte-Sul, ainda que ele se pretenda Sul-Sul (o que não quer dizer que seja melhor do que um banco de e para países desenvolvidos).
Tenho minhas sinceras dúvidas, conhecendo a maneira de fazer negócios dos chineses, sobretudo na África, e as tendências inerentemente corruptas das empresas estatais e das burocracias dos países membros, sobretudo quando guiados por lideranças que desprezam determinados princípios e valores, prevejo que será mais um banco, a promover negócios aqui e ali, sem realmente contribuir para o atingimento de seus objetivos estatutários, que aliás são sempre definidos no linguajar politicamente correto de todos os governos atualmente.
Os dois economistas citados na matéria do Shanghai Daily parece exibir uma ingenuidade ilusória e totalmente inadequada a pessoas que lidam com a análise econômica:
" Joseph Stiglitz and Nicholas Stern congratulated the bank on its launch and said they hoped it would help address some “central problems” of modern society concerning wealth distribution, climate change and environmental protection."
Bem, se for assim, o banco já começa mal.
Banco é para atuar no mercado de capitais, fazendo a ponte entre a oferta e a demanda de capitais, só isso, ponto e nada mais. Se ele pretende atuar na "distribuição de renda" já começa mal, pois esta não é uma função de bancos, que não criam riqueza, apenas circulam a riqueza. Ele pode até emprestar mais recursos para os pobres e é para isso que ele existe, mas esse dinheiro é apenas um meio para criar riqueza -- desde que aplicado ou investidos racionalmente -- não sendo ele mesmo riqueza nova. O dinheiro saiu de algum lugar antes de ser aplicado ou emprestado.
Tampouco deve ele atuar em mudança climática: essa é uma agenda ideológica, politicamente correta, que tem pouco a ver com as funções de um banco. O mesmo se aplica à tal de proteção ambiental, o que é puro bullshit politicamente correto.
Banco é feito para emprestar dinheiro com alguma, ou total, perspectiva de retorno, ponto, apenas, isto. Pretender que ele seja agente de justiça social, distribuindo riquezas, é uma grande ilusão.
Então, minhas saudações ao novo banco, mas não acho que ele era indispensável nem de uma necessidade absoluta.
Vamos ver...
Paulo Roberto de Almeida

BRICS’ new bank open for business


OFFICIALS from China and several of the world’s other largest developing nations launched the New Development Bank in Shanghai yesterday.
At the opening ceremony, Chinese Finance Minister Lou Jiwei said the bank will encourage all-inclusive cooperation among developing countries, led by the BRICS nations of Brazil, Russia, India, China and South Africa.
“It is to meet the urgent demand of such countries in infrastructure construction and beyond,” Lou said, adding that it will complement the existing international banking system, rather than challenge it.
KV Kamath, the bank’s president, said he is confident it will deliver people’s expectations.
“We have seen countries closely cooperating, and we hope to collaborate with like-minded institutions like the Asian Infrastructure Investment Bank,” Kamath said. “We will listen carefully to our members and try to offer tailor-made services.”
Shanghai Mayor Yang Xiong said the city will do its best to facilitate growth of the new bank, which may in turn bolster the city’s development.
A BRICS bank was first suggested by economists Nicholas Stern and Joseph Stiglitz in 2011, and the five countries signed an agreement last year which said the bank’s purpose is to “mobilize resources for infrastructure and sustainable development projects in BRICS and other emerging economies and developing countries, complementing the existing efforts of multilateral and regional financial institutions for global growth and development.”
In a video message screened at yesterday’s ceremony, Stiglitz and Stern congratulated the bank on its launch and said they hoped it would help address some “central problems” of modern society concerning wealth distribution, climate change and environmental protection.
The bank, headquartered in Shanghai, will have initial authorized capital of US$100 billion, and its initial subscribed capital of US$50 billion will be shared equally among the five founding members.
In a statement issued yesterday, Jim Yong Kim, president of the World Bank Group, said he was committed to working closely with the bank and other multilateral institutions and offered to share knowledge and to co-finance infrastructure projects.
“These types of partnerships will be essential to reach our common goals to end extreme poverty by 2030, boost shared prosperity, and to reduce inequalities,” Kim said.
The new bank, as well as the AIIB set up earlier this year, aims to address the world’s huge infrastructure needs, which are estimated to have an annual gap of US$1 trillion to US1.5 trillion in emerging markets and low-income countries.
Asian Development Bank President Takehiko Nakao also issued a statement yesterday saying his bank “looks forward to working with this new member of the global family of multilateral development banks in areas of common interest in Asia and Pacific.”
The BRICS economies have fueled more than half of the world’s economic growth over the past decade and are carrying out structural reforms to create balanced, sustainable growth in order to unlock domestic demand.
Economic ties have improved within the BRICS framework over the past six years since the bloc’s first summit. Trade among BRICS nations in 2013 totaled US$350 billion, 2.5 times the value six years ago. China is now the largest trading partner of Brazil, Russia and South Africa, and India’s second-largest trading partner.
At the end of last year, China’s accumulative investment in the other four countries exceeded US$55 billion.
The five nations, with 42.6 percent of the world’s population and roughly a third of the world’s land area, have a combined GDP of about a fifth of the global total.

Ideologia diplomatica: um trabalho que ainda vai ser escrito - Paulo Roberto de Almeida

Hoje, um leitor deste blog me lembrou do trabalho que vai abaixo transcrito novamente.
Hoje, o Brasil, ou os representantes autorizados do governo confirmaram, pela "enésima" vez, que o Brasil quer continuar sendo um "país em desenvolvimento", para fins de acordos comerciais e negociações multilaterais no âmbito da OMC.
Esse é o mesmo Brasil que pretende ser uma potência global, e que só consegue ser patético...
Ainda estou devendo o desenvolvimento desse trabalho...
Paulo Roberto de Almeida 


Ideologia Diplomática:
Quatro ilusões em relações internacionais e um modesto posicionamento pessoal

Paulo Roberto de Almeida
(Esquema em 8/12/05)

            Desde o surgimento do sistema onusiano, no segundo pós-guerra, e a partir de seu desenvolvimento conceitual ao longo das duas décadas seguintes, a comunidade internacional que vive da administração das relações intraestatais (isto é, os diplomatas) elaborou e disseminou uma ideologia específica, a que poderíamos chamar de “ideologia do desenvolvimento”, ou “ideologia desenvolvimentista”. Ela é, obviamente, bem mais identificada com os países em desenvolvimento do que com os desenvolvidos, et pour cause...
Nada mais natural que ela atraia antes os primeiros do que os segundos. Mas ela atraia, também, os intelectuais progressistas dos países desenvolvidos, que se mobilizam em favor das teses e causas dos países em desenvolvimento. Essa comunidade vive em torno das ideias consagradas na doutrina desenvolvimentista, cujos argumentos principais eu me esforçarei em apresentar e discutir. Essa ideologia diplomática possui alguns supostos muito bem firmados, dos quais eu destacaria quatro como sendo os mais relevantes e a propósito dos quais eu tentarei justificar minha acusação – feita no subtítulo deste trabalho – de serem “ilusões” (o que, aliás, corresponde inteiramente ao sentido original, de origem marxista, do conceito de ideologia).
Quais seriam as quatro ilusões da ideologia desenvolvimentista?

1) A diplomacia deve trabalhar prioritariamente por uma maior equanimidade nas relações internacionais, isto é, esforçar-se por diminuir as assimetrias existentes nas relações de poder e nas relações internacionais;

2) A diplomacia deve lutar por uma globalização mais humana, solidária e não-excludente, o que significa colocar condicionantes, certos limites ou parâmetros de atuação ao processo de globalização;

3) A diplomacia deve esforçar-se para que não ocorra uma dissociação da paz e da segurança internacionais de iniciativas em prol do desenvolvimento e da justiça social, uma vez que a verdadeira paz só tem chances efetivas num mundo desenvolvido, sem injustiças sociais gritantes;

4) A principal função da diplomacia internacional na atualidade é a promoção do desenvolvimento social; as instituições internacionais devem ser mobilizadas para essa tarefa da promoção ativa do processo de desenvolvimento econômico e social.

Brasília (UnB), 8 de dezembro de 2005

Ideologia diplomatica: teses para um futuro trabalho (PRA, 2005)

Mais um trabalho, ou melhor, notas para desenvolver um trabalho, que nunca chegou a ser escrito. Mas, com um pouco de tempo e boa vontade, eu chego lá.



Ideologia Diplomática:
Quatro ilusões em relações internacionais e um modesto posicionamento pessoal
Paulo Roberto de Almeida
(Esquema em 8/12/05)
            Desde o surgimento do sistema onusiano, no segundo pós-guerra, e a partir de seu desenvolvimento conceitual ao longo das duas décadas seguintes, a comunidade internacional que vive da administração das relações intra-estatais (isto é, os diplomatas) elaborou e disseminou uma ideologia específica, a que poderíamos chamar de “ideologia do desenvolvimento”, ou “ideologia desenvolvimentista”. Ela é, obviamente, bem mais identificada com os países em desenvolvimento do que com os desenvolvidos, et pour cause...
Nada mais natural que ela atraia antes os primeiros do que os segundos. Mas ela atraia, também, os intelectuais progressistas dos países desenvolvidos, que se mobilizam em favor das teses e causas dos países em desenvolvimento. Essa comunidade vive em torno das ideias consagradas na doutrina desenvolvimentista, cujos argumentos principais eu me esforçarei em apresentar e discutir. Essa ideologia diplomática possui alguns supostos muito bem firmados, dos quais eu destacaria quatro como sendo os mais relevantes e a propósito dos quais eu tentarei justificar minha acusação – feita no subtítulo deste trabalho – de serem “ilusões” (o que, aliás, corresponde inteiramente ao sentido original, de origem marxista, do conceito de ideologia).
Quais seriam as quatro ilusões da ideologia desenvolvimentista?
1) A diplomacia deve trabalhar prioritariamente por uma maior equanimidade nas relações internacionais, isto é, esforçar-se por diminuir as assimetrias existentes nas relações de poder e nas relações internacionais;
2) A diplomacia deve lutar por uma globalização mais humana, solidária e não-excludente, o que significa colocar condicionantes, certos limites ou parâmetros de atuação ao processo de globalização;
3) A diplomacia deve esforçar-se para que não ocorra uma dissociação da paz e da segurança internacionais de iniciativas em prol do desenvolvimento e da justiça social, uma vez que a verdadeira paz só tem chances efetivas num mundo desenvolvido, sem injustiças sociais gritantes;
4) A principal função da diplomacia internacional na atualidade é a promoção do desenvolvimento social; as instituições internacionais devem ser mobilizadas para essa tarefa da promoção ativa do processo de desenvolvimento econômico e social.
Brasília (UnB), 8 de dezembro de 2005
- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2012/07/ideologia-diplomatica-teses-para-um.html?google_comment_id=z12jf1ypsnj1yhvj204cizey4mi1jrci34o&google_view_type#gpluscomments

Impeachment: quase dois tercos dos brasileiros a favor; e agora?

Parece que ainda existe espaço, tanto para a diminuição de índices ainda mais ridículos de aprovação -- digamos, abaixo de 5% -- quanto para o aumento dos favoráveis ao impedimento constitucional.
Os brasileiros não se interessam em saber se vai ser por crime de responsabilidade -- as famosas pedaladas fiscais, por exemplo -- ou por crime eleitoral -- dinheiro sujo, extorquido pelos mafiosos do partido de empresas privadas e de empresas estatais -- o que eles querem é punir quem mentiu, quem produziu inflação, quem está tirando o emprego e deixando todos mais pobres.
Ainda há espaço: allons enfants...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma supera FHC e atinge pior nível de aprovação em pesquisa CNT/MDA
MARIANA HAUBERT
DE BRASÍLIA
Folh de S. Paulo, 21/07/2015

Mesmo diante da tentativa de recuperar a sua popularidade, a avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff atingiu o menor nível histórico na pesquisa CNT/MDA, marcando 7,7% de aprovação com quem o considera ótimo ou bom e com 70,9% que consideram seu governo ruim ou péssimo, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira (21).

Outros 20,5% consideram o governo apenas regular e 0,9% não souberam responder. Em relação a um eventual pedido de impeachment da presidente, 62,8% dos entrevistados se disseram a favor da saída da petista enquanto 32,1% disseram ser contra. Nesta questão, 5,1% das pessoas não souberam ou não quiseram responder.

Na pesquisa anterior, de março, 64,8% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo contra 10,8% que o avaliam como ótimo ou bom.

Infográfico Avaliação do governo da presidente Dilma, em % - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

O pior índice registrado pela pesquisa até então havia sido em setembro de 1999, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, o governo do tucano foi avaliado positivamente por apenas 8% dos entrevistados, e 65% fizeram avaliação negativa de sua gestão. O levantamento é feito desde julho de 1998.

Para 60,4% dos entrevistados, a crise econômica é a mais grave crise pela qual o país passa no momento. Já a crise política foi considerada mais grave por 36,2% das pessoas questionadas.

IMPEACHMENT

Em relação a um eventual pedido de impeachment da presidente, 62,8% dos entrevistados se disseram a favor da saída da petista, enquanto 32,1% disseram ser contra. Nessa questão, 5,1% não souberam ou não quiseram responder.

Para a maioria dos entrevistados (26,8%), a principal justificativa para um impedimento de Dilma seriam irregularidades nas prestações de contas do governo, as chamadas pedaladas fiscais, sendo seguido por outro motivo, o da corrupção na Petrobras (25%). Outra justificativa para o impeachment seria a comprovação de irregularidades nas contas de campanha presidencial de 2014, motivo considerado por 14,2% dos entrevistados.

A aprovação do desempenho pessoal de Dilma registrou 15,3% de aprovação, contra 79,9% de desaprovação. Nesta pergunta, 4,8% dos entrevistados não soube ou não quis responder. Este também é o menor nível histórico registrado pela pesquisa CNT/MDA para a avaliação pessoal da petista.

Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 137 municípios de 25 estados nas cinco regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.

ELEIÇÕES

A pesquisa simulou cenários eleitorais, com três possíveis candidatos do PSDB, considerando que as eleições poderiam ser hoje. Em perguntas estimuladas, em que os pesquisadores indicam os nomes dos candidatos, apenas o senador Aécio Neves (MG) poderia ficar a frente de ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o senador José Serra (SP) ficariam em terceiro lugar, atrás da ex-senadora Marina Silva.

No primeiro cenário, Aécio registrou 35,1% das intenções de voto, sendo seguido por Lula, com 22,8%. Marina Silva aparece em terceiro lugar com 15,6% das intenções de voto. A pesquisa citou ainda o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que ficou com 4,6% neste cenário.

Com Alckmin na disputa, Lula registra 24,9% das intenções de voto e Marina Silva, 23,1%. O tucano aparece em terceiro, com 21,5% dos votos. Bolsonaro registrou 5,1% dos votos.

Já no terceiro cenário, com o senador José Serra (PSDB-SP), disputando a eleição. Lula aparece novamente em primeiro lugar, com 25% sendo seguido novamente por Marina Silva, com 23,3%. Serra registrou 21,2% das intenções de voto e Bolsonaro, 5,5%.

O presidente da CNT, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-RJ), explicou que a inclusão do nome de Bolsonaro se deu porque a pesquisa costuma citar possíveis candidatos de menor expressão. "Em pesquisas passadas, citamos outros nomes e agora incluímos o dele", disse em entrevista após a divulgação da pesquisa.

Apesar de Marina Silva ter ficado em segundo lugar em dois cenários, a pesquisa registrou simulações de um segundo turno apenas entre os três candidatos do PSDB e Lula. Nos três cenários, Lula perderia as eleições. Aécio poderia vencer o petista com 49,6% das intenções de voto, contra 28,5% de Lula; Alckmin poderia vencer com 39,9%, contra 32,3%; e Serra registraria 40,3%, contra 31,8% dos votos. Andrade admitiu que os cenários estimulados foram uma "falha da pesquisa".

A pesquisa também mediu a percepção de como estaria um governo de Aécio Neves em relação ao da presidente Dilma, caso ele tivesse vencido as eleições de 2014. Para 44,8%, ele seria melhor e para 10,9%, pior. Já para 36,5% dos entrevistados, os governos seriam iguais.

Questionado sobre o por que de a pesquisa não ter feito uma pergunta livre sobre intenção de voto, sem sugerir nomes de candidatos, Andrade afirmou apenas que a sondagem segue "um padrão e esse padrão tem sido mantido, independente de questões locais e regionais".

CORRUPÇÃO

Para metade dos entrevistados (53,4%), a corrupção é um dos principais problemas do país. Para 37,1%, ela é o principal problema e para 7,8%, ela não está entre os principais problemas. Apenas 0,3% não a consideram como um problema.

Grande parte dos entrevistados (78,3%) declarou já ter ouvido falar sobre as investigações da Operação Lava Jato e sobre o envolvimento da Petrobras e para maior parte deles, Dilma tem mais culpa no caso de corrupção do que Lula, sendo que 69,2% consideram que a presidente é culpada pela corrupção que está sendo investigada na estatal e 23,7% disseram que ela não tem culpa. Já os que consideram Lula como culpado, somaram 65%, contra 27,2% que o eximem de culpa.

A pesquisa, no entanto, não fez nenhuma pergunta espontânea sobre quem seria o culpado pela corrupção na Petrobras. Nos dois questionamentos sobre culpados, a pesquisa sugeriu primeiro o nome de Dilma e, depois, o nome de Lula.

Questionado sobre a metodologia, Andrade afirmou apenas que a pesquisa considerou o governo atual e o anterior porque eles correspondem ao período das denúncias de corrupção. Andrade foi vice-governador de Aécio Neves, no primeiro mandato, quando ele governou Minas Gerais, entre 2003 e 2010.

Para os que já ouviram falar da operação, o governo é o maior responsável pela corrupção na Petrobras (40,4%), sendo seguido pelos partidos políticos (34,4%), pelos diretores ou funcionários da empresa (14,2%), construtoras (3,5%) e outros fatores (2,8%). Já para 0,4% dos entrevistados, nenhum dos citados é responsável pela corrupção na empresa.

A maioria dos entrevistados (67,1%), no entanto, não acredita que os culpados pela corrupção na Petrobras serão punidos. As penas deverão ser aplicadas apenas segundo 30% dos entrevistados. O cenário piora quando se pergunta se as denúncias prejudicarão a economia do país, em que 86,8% dizem que sim, e apenas 11,9% consideram que elas não têm influência no cenário econômico.

E para metade das pessoas (52,5%), o governo não conseguirá resolver o problema de corrupção na estatal. Apenas 8% consideram que a corrupção pode ser extirpada da empresa e 37% acham que os problemas serão resolvidos em parte.

EXPECTATIVAS

A pesquisa registrou também que 55,5% dos entrevistados acreditam que a situação do emprego no país vai piorar nos próximos seis meses, sendo que 15% acreditam em um cenário melhor e 27,5% dizem que não vai haver mudanças. Já em relação à renda mensal para o mesmo período, metade dos entrevistados disseram a situação permanecerá igual.

Dos entrevistados, metade teme ficar desempregado e 43,7% disseram não ter este medo. A sondagem, no entanto, não questionou em quanto tempo eles temiam perder seus empregos. Quase 70% das pessoas disseram conhecer alguém que ficou desempregado nos últimos seis meses.

OMC: Brasil prefere continuar eternamente pais em desenvolvimento

Vejamos: o Brasil quer avanços, mas pretende continuar no mesmo lugar, certo?
Ou seja, nessa categoria que mistura super-pobres, remediados e emergentes candidatos a grandes potências.
Seria essa a atitude de um país que diz pretender assumir novas responsabilidades na agenda internacional? Ficar permanentemente sendo tratado como pobrezinho econômico?
Que coisa...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil rejeita ideia de criação de uma nova categoria para grandes países emergentes
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 21/07/2015

O Brasil sinaliza que continua a confiar na possibilidade de compromissos de liberalização na conferência ministerial da Organização Mundial do Comercio (OMC) em dezembro, em Nairóbi (Quênia). Mas rechaça a eventual criação de nova categoria de emergentes para serem tratados como países avançados nas barganhas.
Os países deverão reconhecer nos próximos dias, numa reunião convocada pelo diretor-geral, Roberto Azevêdo, que não dará para definir até o fim deste mês o programa de trabalho com temas pendentes para uma tentativa de conclusão da Rodada Doha. Em meio ao impasse, o plano agora será continuar negociando, com a expectativa de obter resultados na capital do Quênia, no fim do ano.
Em entrevista ao Valor, o embaixador brasileiro junto à OMC, Marcos Galvão, afirmou que há anos não havia engajamento como existe agora na discussão de Doha, mas admitiu que a aprovação do programa de trabalho agora talvez fosse prematuro, pois exigiria tomar certas decisões até o fim deste mês. Além da dificuldade normal de avanços numa negociação multilateral, com mais de 160 países, Galvão observa que o contexto atual da economia mundial "tem elementos adversos e desafiadores".
No entanto, o Brasil continua vendo possibilidade de "se alcançar um resultado significativo em Nairóbi, com melhora em relação ao status quo". "Não será provavelmente tudo o que se almejou no passado, mas continuamos a trabalhar num resultado que seja um avanço em relação ao que temos hoje", afirmou Galvão.
O embaixador reiterou que o Brasil está "intensamente engajado" em obter resultados nos três pilares da agricultura - acesso a mercado, controle dos subsídios à produção e proibição definitiva dos subsídios a exportação. Galvão é incisivo, por outro lado, na rejeição das ideias de reclassificação de grandes emergentes, afim de assumirem maiores compromissos de liberalização. "Seria um desdobramento inaceitável para os países em desenvolvimento em geral e para Brasil, Índia e China, por exemplo, em especial", disse Galvão. "Graduação seria inaceitável para países emergentes."
Pelo princípio de graduação, elimina-se ou diminui benefícios, como tratamento especial e diferenciado (corte menor de tarifa, prazo maior para abrir seu mercado), para países que alcançaram outro estágio de competitividade. Países ricos insistem que o Brasil de hoje não é o mesmo de 20 anos atrás.
"A tese da graduação é algo com que os países em desenvolvimento não podem conviver", afirmou Galvão. "Se é verdade que existem diferenças de estágio de desenvolvimento, por outro lado os países não se definem como em desenvolvimento gratuitamente. Eles têm enormes desafios sociais, enormes deficiências em infraestrutura etc."
Galvão observa que "continuamos a ter características de país em desenvolvimento". E que já há diferença entre economias de menor desenvolvimento relativo e economias pequenas e vulneráveis em termos de concessões nas negociações comerciais. "Criar nova categoria de grandes emergentes, que passem a ser tratados como os países avançados, é inconcebível e, insisto, inaceitável para o Brasil e vários outros", disse o representante brasileiro na OMC.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Itamaraty: recuando na defesa dos Direitos Humanos - Conectas

Audiência debate posições do Brasil em reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Os deputados Raul Jungmann (PPS-PE) e Arnaldo Jordy (PPS-PA), que pediram a realização do debate, destacam que na reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, realizada em março deste ano, duas importantes resoluções foram aprovadas sob a liderança do Brasil. Uma delas determinou que instâncias de direitos humanos devem participar ativamente de debate global sobre drogas previsto para 2016. A outra prevê a criação da Relatoria Especial sobre Direito à Privacidade, que deverá monitorar, investigar e relatar tópicos sobre privacidade e violações desse direito em todo o mundo, incluindo aí os desafios trazidos pela era digital e as novas tecnologias.

No entanto, ressaltam os deputados, o País se absteve de votar duas outras resoluções que tratam da violação de direitos e da situação humanitária no Irã e na Síria. Para eles, isso “contrasta com um país cuja Constituição determina que deve haver prevalência dos direitos humanos na condução de sua política externa”. Eles citam a repercussão negativa do posicionamento do Brasil, como a declaração da coordenadora de Política Externa e Direitos Humanos do Conectas Direitos Humanos, Camila Asano, de que “não faz nenhum sentido o Brasil se abster, uma vez que o texto da resolução é muito parecido com os aprovados pelo Brasil anteriormente”.

Camila Asano será uma das participantes da audiência, que terá também a presença do diretor do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Alexandre Peña Ghisleni; e do chefe da Assessoria Internacional do Gabinete da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Rodrigo de Oliveira Morais.

Ainda não foi definido o local do debate.

Itamaraty: a grande deformacao - Sean Burges, Fabrício H. Chagas Bastos

Cortes em Brasília, perdas pelo mundo
Fabrício H. Chagas Bastos e Sean W. Burges 
O Estado de S. Paulo, 19/07/2015

A cúpula do Mercosul se reúne em Brasília esta semana para tentar destravar, e de algum modo incrementar, as transações comerciais intrablocos, bem como anunciar a Bolívia como novo membro pleno do acordo depois de quase uma década como membro associado. Fora as formalidades inerentes, há um ponto que as negociações entre as chancelarias perdem de vista e que toca diretamente ao ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Durante os últimos dois anos o Itamaraty tem sofrido cortes orçamentários drásticos, fundamentalmente derivados de uma perda de vigor institucional que não faz jus ao status e tamanho que o país se outorgou ao longo dos últimos doze anos. A prática diplomática não significa somente cerimônias e encontros pomposos, mas também (muitas) negociações de bastidores que demandam recursos para que os custos de transação sejam diminuídos em favor dos ganhos para a política externa. Que fique claro: os ganhos não são apenas políticos, seguramente estão também no campo econômico.

Ao findar de seu primeiro mandato, Rousseff tinha um Ministério de Relações Exteriores quase três vezes maior do que FHC (1995-2002). O número de diplomatas subiu de 1.084 em 2003 para 1.590 em 2014, mas com uma participação orçamentária em queda ante o total do Executivo, caindo quase à metade em 2013 em relação a 2003 (de 0,5% do PIB para 0,28%). Em 2014, os gastos em custeio e pessoal representaram 0,27% (US$ 2,54 bilhões) do orçamento da União.

Em abril de 2015, o MRE recebeu o aval para gastar R$ 58 milhões mensais, mais uma autorização para gastos suplementares de R$ 38,46 milhões, menos R$ 40,7 milhões cortados em maio. Isto é, entre mortos e feridos o ministério conta hoje (julho de 2015) com um orçamento de R$ 693,76 milhões. Cifras muito diferentes das apresentadas pelo Projeto de Lei Orçamentária para 2015 (PL Nº 13, de 2014-CN) que alocava R$ 2,5 bilhões para a pasta, sendo: administração geral (49,3%), relações diplomáticas (29,4%), previdência do regime estatutário (11,8%), atenção básica (4,3%), cooperação internacional (2,3%), difusão cultural (1,3%), promoção comercial (0,7%) etc.

Se considerarmos o crescimento da máquina do ministério desde 2003, com a criação de 77 novas embaixadas, consulados e representações, correspondendo a mais da metade dos 150 postos existentes, a redução de capacidade de engajamento internacional do país é dramática. Esta rede de novos pontos de conexão com o mundo é que fazem com que contratos sejam firmados, problemas com cidadãos brasileiros sejam resolvidos mais rapidamente, empresas encontrem no Brasil condições de investimento (com informações seguras oriundas dos postos do país no exterior), entre outros.

O Itamaraty é um alvo fácil para os cortes orçamentários, e também para alguns setores da Esplanada amealharem pontos no jogo político. Afinal, os diplomatas vivem uma vida privilegiada ante o cenário de cortes necessários. Suas belas casas subsidiadas pelos contribuintes nas mais diversas capitais do mundo, os convites para jantares suntuosos e recepções espumantes. O que se deve ter em conta é que tais casas não são propriedades adquiridas com o dinheiro público, não são fruto de uma ostentação inútil, e os compromissos sociais não uma questão brilhar no novo circuito de Elizabeth Arden.

Cada interação por um diplomata em serviço, seja profissional ou social, produz laços que se dirigem diretamente ao avanço do interesse nacional brasileiro. As ligações construídas por meio das vidas dos funcionários do serviço exterior brasileiro são as chaves que abrem as portas para a obtenção de tratados assinados e contratos garantidos por empresas e para o Estado brasileiro.

Uma comparação simples pode ser feita, válida especialmente para o momento de cortes de orçamento, entre o orçamento do Itamaraty e o potencial dos contratos que empreiteiras e outras empresas brasileiras podem receber ao expandirem-se além das fronteiras nacionais. Alguns poucos contratos de USD 1 bilhão em construções no exterior, com lucros internalizados e impostos pagos, seguramente valeriam os esforços de manter a máquina diplomática funcionando - e possivelmente cobririam os custos de contatos diplomáticos 'off the record' para alavancar algumas negociações.

Os grandes atores globais como os Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, China e até mesmo Austrália e Canadá tem substancial engajamento no orçamento público e suporte fiscal para ajudar seus diplomatas a construírem estas redes de 'soft power', essenciais na moderna diplomacia. Ao longo dos últimos doze anos o Brasil lucrou tremendamente com o trabalho duro do corpo diplomático, que se valeu de seu estilo de vida privilegiado para, diligentemente, abrir portas para companhias brasileiras e para construir coalizões que bloqueassem as reiteradas tentativas imperialistas dos norte-americanos e europeus.

É certo que os diplomatas e o Itamaraty precisam prestar contas de sua atividades ao contribuinte. Entretanto, também é certo que isso é uma atividade a ser conduzida pelo Congresso de modo equilibrado, com engajamento, e não com inspirações populistas. Como  lembra Dawisson Lopes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, "a relação entre política externa e democracia possui um potencial elevado para alterar a consistência entre os relacionamento do Estado brasileiro e seus cidadãos".

O Brasil sempre foi conhecido como um parceiro de braços abertos, mas a trajetória de sucessivos cortes orçamentários ameaçam a transformar o país em um país amigo, mas com os braços fechados.

Fabrício H. Chagas Bastos é pesquisador do Australian National Centre for Latin American Studies da Australian National University. Doutor pela Universidade de São Paulo. E-mail: fabricio.chagasbastos@anu.edu.au

Sean W. Burges Vice-Diretor do Australian National Centre for Latin American Studies da Australian National University e autor do livro Brazilian Foreign Policy After the Cold War. E-mail: sean.burges @anu.edu.au


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Campanha presidencial petralha: os mafiosos aproveitaram para enriquecer

Claro: quais os devotados militantes que não aproveitariam o maná capitalista para melhorar seu tesouro pessoal?


Brasil
|  N° Edição:  2381 |  17.Jul.15 - 20:00 |  Atualizado em 19.Jul.15 - 17:43 

O rastro da propina da campanha de Dilma

Levantamento nas contas da presidente mostra relação entre pagamentos de propina e remessas de dinheiro do PT para empresas de fachada. Notas subfaturadas também serviram para fraudar o custo oficial da eleição

Claudio Dantas Sequeira (claudiodantas@istoe.com.br)

Na semana passada, ISTOÉ revelou que por determinação do ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a Polícia Federal deverá fazer uma apuração sobre alguns gastos realizados pela campanha de Dilma Rousseff em 2014. Há a suspeita de diversos pagamentos feitos a empresas que seriam apenas de fechada. Ou seja, haveria no esquema oficial de doação de recursos para a campanha uma espécie de lavanderia de dinheiro proveniente de propinas do petrolão. A reportagem também mostrou que as propinas da UTC entregues à campanha de forma oficial, como delatado pelo empresário Ricardo Pessoa, abasteceram boa parte dessas empresas de fachada (leia quadro na pág. 38). Agora, um novo levantamento feito pela revista indica que essas mesmas empresas podem ter sido aquinhoadas com propinas depositadas na campanha de Dilma pela Camargo Corrêa e pela Engevix, cujos executivos já admitiram a participação no petrolão em acordos de delação premiada.

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Com base nos depoimentos dos executivos que colaboraram com a Justiça Federal em Curitiba, a reportagem levantou dezenas de recibos de doações dessas companhias, cruzando-os com as ordens de pagamento aos fornecedores que o TSE trata como “suspeitos”. Todas as empresas arroladas pelo ministro Gilmar Mendes serviram de destino para parte do dinheiro proveniente do petrolão. A análise nos documentos de receitas e despesas apresentados pelo PT evidencia, ainda, fortes indícios da emissão de notas fiscais subfaturadas para evitar a violação do limite de gastos da campanha. São elementos que reforçam a tese da Operação Lava-Jato de que o PT usou o caixa 1 para lavagem de dinheiro.

Gerson Almada, ex vice-presidente da Engevix, confirmou ao juiz Sérgio Moro que pagou propina ao PT por meio de doações de campanha, solicitadas pelo ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto e pelo lobista Milton Pascowitch, operador do ex-ministro José Dirceu – todos são réus na Justiça Federal de Curitiba. Pressionada pelos protagonistas do escândalo, a Engevix doou R$ 1,5 milhão para a campanha de Dilma em 2014. O recibo do depósito data de 2 de outubro e foi assinado pelo então tesoureiro da campanha, Edinho Silva, hoje ministro de Comunicação Social. No mesmo dia 2, a campanha repassou R$ 156 mil para a UMTI, empresa de suporte de informática investigada pelo TSE por suspeita de não ter prestado qualquer serviço à campanha. Outros R$ 64,7 mil foram depositados na conta da Dialógica Comunicação, empresa de Keffin Gracher, recém-nomeado assessor especial pelo ministro de Comunicação Social. Há ainda vários pagamentos a empresas sem atividade aparente, segundo as suspeitas do TSE. Chama atenção o pagamento de R$ 1,66 milhão à Ageis Gráfica e Editora, que funciona no mesmo endereço de uma empresa de comércio de equipamentos, no município catarinense de São José. Mais R$ 280 mil foram para a Promo Gráfica, sediada num imóvel comercial de muros altos no bairro do Lixeira, em Cuiabá (MT). Os telefones de ambas empresas estão desativados. A Dialógica foi fechada há alguns meses. A UMTI diz que prestou os serviços

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Dias antes da doação da Engevix, a campanha de Dilma recebeu um aporte de R$ 2 milhões da Camargo Corrêa. Vice-presidente da empreiteira, Eduardo Leite, confirmou para o Ministério Público o uso do caixa oficial da campanha para o pagamento de propina e alegou que a doação foi feita para garantir seus contratos com a Petrobras. À Justiça Federal, Leite relatou que Vaccari lhe sugeriu que quitasse “compromissos atrasados”, por meio de doações eleitorais. Na campanha da reeleição de Dilma, o dinheiro da Camargo serviu a uma série de pagamentos volumosos. No dia 1º de outubro, a campanha repassou R$ 800 mil à gráfica VTPB e outros R$ 405 mil à Focal Comunicação. As duas empresas estão na mira das apurações feitas pelo TSE e agora pela Polícia Federal. Elas foram os maiores destinatários de recursos da campanha, amealhando juntas quase R$ 50 milhões, atrás apenas da Polis Propaganda, do publicitário João Santana, que recebeu R$ 70 milhões. No dia do pagamento à VTPB e à Focal, o PT também depositou R$ 225 mil à gráfica “Souza & Souza”, uma empresa individual aberta em março de 2014, quatro meses antes do início oficial da campanha.

Os casos da Engevix e da Camargo Corrêa se somam ao da UTC. O dono da empreiteira Ricardo Pessoa, que firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público, garantiu que os R$ 7,5 milhões doados à campanha de Dilma tiveram origem no petrolão. Pessoa realizou três repasses de R$ 2,5 milhões: o primeiro, no dia 5 de agosto, serviu para bancar parte dos honorários de João Santana; o segundo, no dia 27, cobriu notas fiscais emitidas pela VTPB e Focal. Também foram destinos dos recursos da UTC a gráfica virtual Souza & Souza, que recebeu R$ 670 mil, e a Prospere Industria e Comércio (R$ 330 mil), outra empresa sem atividade aparente, segundo informações iniciais da PF. A gráfica Red Seg, também uma “empresa individual”, foi destino de R$ 1,8 milhão.

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Há outros indícios de que possa ter ocorrido lavagem de recursos por meio de serviços gráficos. No dia 29 de agosto, a campanha de Dilma recebeu 1,2 milhão de santinhos da Bangraf. No recibo de doação consta como origem do material a campanha para deputado federal de Luiz Cláudio Marcolino, ex-dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado a Vaccari. A Bangraf não existe legalmente, usa o mesmo CNPJ do Sindicato dos Bancários, que, por sua vez, aparece como sócio – ao lado do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da gráfica Atitude, citada na Operação Lava Jato como destino de propina do petrolão para o próprio Vaccari. Marcolino, em sua campanha, recebeu R$ 360 mil doados pela UTC. No TSE a suspeita é que a UTC pagou os santinhos doados para a campanha de Dilma, numa espécie de financiamento indireto ou ainda de uma simulação de prestação de serviços.

Na prestação de contas, há centenas de recibos eleitorais de doações de materiais e serviços. Parte deles está em nome dos mesmos financiadores diretos da campanha. Ou seja, o “produto” doado é produzido pelas mesmas empresas suspeitas, mas leva o carimbo de outra campanha, como no caso do deputado Vicentinho, que encomendou à Focal Comunicação a produção de centenas de faixas para a campanha da presidente. É curioso que o petista, que arrecadou pouco mais de R$ 1,4 milhão, tenha ainda contribuído materialmente para a reeleição de Dilma com R$ 350 milhões. Mas a campanha dilmista também fez centenas de doações de “bens e serviços” a candidatos aliados. Há ainda um terceiro caso mais complicado, quando o doador do material de campanha é o próprio Comitê Financeiro. No recibo da doação, consta o prestador do serviço, a quantia do material de propaganda produzido e o valor. Mas nada a respeito da origem do recurso usado. Dessa forma, burla-se os controles de fiscalização.

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NOTAS SUBFATURADAS – Chama a atenção dos técnicos que já tiveram acesso aos documentos da campanha o fato de valores declarados nos recibos de doação de materiais serem muitas vezes bem abaixo do valor praticado no mercado. Essa seria, segundo esses técnicos, uma forma de burlar o TSE subfaturando notas para evitar a extrapolação do teto de gastos da campanha. Um exemplo é a doação de santinhos produzidos pela Axis Grafica, de São Caetano do Sul (RS). O Comitê Financeiro do PT doou para a campanha de Dilma 6,5% de um total de 30 mil santinhos, ou 1.950 itens. O valor declarado pela campanha foi de apenas R$ 14,62. Mas uma pesquisa realizada no setor gráfico indica um valor médio de R$ 1,8 mil para a quantidade total encomendada e de R$ 121 equivalente ao percentual doado. Ou seja, quase nove vezes o que foi registrado na prestação de contas. Outro exemplo é a encomenda de 355 mil santinhos (modelo card) feita pela campanha de Dilma à gráfica VTPB. Segundo a nota fiscal, o material custou R$ 22,2 mil. Mas uma consulta a outras quatro gráficas do mercado indica um custo real de R$ 41,8 mil, quase o dobro. Um terço do total dos santinhos da VTPB foi doado à PCdoB do Acre. Quem assina o recibo é a ex-deputada Perpétua Almeida, candidata derrotada ao Senado. Casos como esses são recorrentes na contabilidade petista de 2014.

Os problemas na prestação de contas de Dilma vão além do suposto subfaturamento. Há notas fiscais que, de tão genéricas, tornam-se indecifráveis para o melhor dos investigadores. Uma nota em nome da Bangraf, por exemplo, indica a produção de 200 mil folhetos, sem registro de medidas, gramatura de papel ou mesmo seu conteúdo. Em nome da Focal, foi emitido recibo referente à confecção de “90 faixas”. Não constam informações sobre tamanho ou material de composição. Generalidades do tipo podem ser apenas simples erro de registro da equipe financeira da campanha ou ação deliberada para evitar dificultar a fiscalização do Tribunal Superior Eleitoral. ISTOÉ também revelou em sua última edição que foram identificadas notas “fantasmas”, outras duplicadas ou mesmo sem correspondência nos registros eletrônicos do TSE. Há também NFs emitidas por gráficas, como a Ultraprint, subcontratada pela VTPB, anexadas à prestação de contas sem a devida descrição da peça publicitária a que se refere, seja folder, santinho, adesivo ou banner.

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LAVANDERIA:
As suspeitas da Operação Lava Jato e do TSE é que o material gráfico tenha
sido usado para legalizar recursos irregulares usados na campanha

A suspeita de que a campanha de Dilma possa ter sido usada para lavar dinheiro sujo do petrolão foi motivo de questionamentos da CPI da Petrobras. Para os integrantes da força-tarefa da Lava Jato, não há dúvidas de que Vaccari, preso desde abril, tinha conhecimento total do esquema. Os procuradores e delegados que investigam o petrolão tentam agora saber até que ponto Dilma e Lula sabiam sobre a origem dos recursos da campanha petista.

Fotos: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo, Eraldo Peres/AP; Pedro Ladeira/Folhapress; Divulgação/STF 

Cruzeiro do Sul: a realidade e a ficcao mercosuliana, em galaxias diferentes

Este é o Cruzeiro do Sul, o real, aquele que está ao alcance dos olhos de todos (em países e cidades não muito poluídos), tal como ele pode ser visto até mesmo sem telescópio, a partir do Brasil, do Mercosul, dos países do Sul em geral:





Todos os demais países do hemisfério sul possuem a mesma percepção do cruzeiro do sul, enquanto constelação, na qual se destaca um estrela intermediária situada à direita, olhando de face, do braço principal da suposta cruz. Por que só o Brasil faz ao contrário?


Nas informações disponíveis em espanhol sobre a famosa constelação, outra não é a posição da quinta estrela, como se pode constatar pela imagem abaixo:


Agora confiram o cruzeiro do sul da casa da moeda do braziu, na capa do novo passaporte que supostamente deve durar dez anos, e que é feito inclusive em nome do mercosul, esse fabuloso bloco de integração, que vive em alguma galáxia distante.
Paulo Roberto de Almeida

Republica Federativa do Escracho? - Marli Goncalves

ESCRACHO, TEU NOME AGORA É BRASIL
MARLI GONÇALVES, 18/07/2015

Digam-me: há palavra melhor para definir o que está acontecendo nesse país para tudo quanto é lado que se olha? Temo que não. Escracho, em todos os seus mais variados sentidos. Um escracho. Um escracha o outro. Nós escrachamos todos. O juiz escracha uns. Os políticos se escracham entre si. O ex escracha a atual. Eu escracho certas pessoas, de um lado, junto de vocês, que também escracham outros e outros; quando não os mesmos, que todos estão se esculachando felizes da vida. Virou Babel


Na boa, isso aqui virou uma esculhambação total. Que até teria um lado divertido se nós também não estivéssemos sendo grandes vítimas desse processo todo. Volto a pensar se não é alguma coisa que estão pondo na água, tão desmedida e pouco produtiva está essa já muito vergonhosa esculhambação geral que assola o Brasil, e que ultrapassa em muito o antigo Febeapá - o festival de besteiras.

Desde muito criança tinha na Dercy Gonçalves, a Rainha do Escracho com faixa e tudo, e a quem se associa imediatamente a palavra, uma ídola. Imaginava até na minha cacholinha que ela bem que podia ser minha parente. Adorava vê-la fazendo aquelas caras de esgares, a boca de caçapa, da qual vertiam impropérios e impropérios. Adorava, não. Adoro ainda, porque a cada dia que passa ela está mais atual, embora tenha morrido há exatos 7 anos, completados agora neste 19 de julho. Na época, assistia a ela onde aparecia, na tevê; enchi e bati pé para que me levassem ao teatro para vê-la e, já jornalista, sempre que podia tentava ouvi-la sobre algum acontecimento.

Imaginam o que ela diria se estivesse acompanhando o atual momento político nacional? Bippi, xxx, bi,bi,biiii, asteriscos - certamente tudo seria impublicável, tantos falsos moralistas estamos criando sobre este chão e que ela apontaria satisfeita. O engraçado é que sei que ela era até meio reacionária depois de tudo o que passou para se firmar na vida artística, mas imagino o que diria agora ouvindo os discursos da presidente, a falação (ah, aqui ela trocaria uma letra, certamente) das CPIs que a cada dia mais parecem espetáculos burlescos de um cabaré viciado, vendo os cabelos asas de graúna tentando se explicar se roubaram mas não sabiam. Depois de tanta luta pelo respeito à mulher artista, queria saber o que ela pensaria da glamorização absurda da prostituição. Dos pitacos religiosos de plantão. Da gargalhada que soltaria acompanhando os passos da oposição. Ou o topete do prefeito modernudo que se acha o coco da cocada (aqui, ela poria um acento, ah, poria sim).

Imagino-a falando a palavra impeachment de todas as formas, menos a normal, e terminando com um sonoro palavrão e gargalhada sempre. Achei um relato, achei sim, de um centro espírita, onde ela teria "baixado" e os médiuns a repreenderam por todos esses palavrões ditos durante toda a sua vida, e até sobre os oito abortos que sempre admitiu ter feito. Não acreditei que esse espírito era ela mesmo, não xingou ninguém nesta sessão! Acho que a gente quando morre leva pro espírito o que temos de melhor.

Pena que Dercy não tenha vivido esses 108 anos completos; só 101. Embora antes de morrer já tenha visto o país começar a virar uma curva esquisita, não imaginaria como tanta coisa se degringolaria e tornaria difícil até diferenciar o ético, o saudável, o progresso quase forçado dos costumes. Veria sendo mantidos os destratos, o racismo, a homofobia, a violência contra a mulher, esse gênero que sempre tem alguém controlando o que faz com a vagina, seus buracos, diria Dercy. "A perereca da vizinha tá presa na gaiola! Xô, perereca! Xô, perereca!"

"Represento exatamente o escracho do Brasil", disse certa vez, completando: "Eu posso ser escrachada, mas não sou bandalha". Não era mesmo, Dercy. Bandalha é essa gente que está comandando cadeiras importantes de vários poderes.

E escracho é o que estão fazendo primeiro para perguntar depois - polícia escracha; imprensa escracha. A gente escracha, mostra o quão desmoralizados são, não usamos mais nem meias palavras para nos referir até às pessoas às quais deveríamos guardar certo pudor, certo respeito. Mas elas próprias também se escracham, e acabam desmascaradas em seus atos. Provocam nosso escrachamento.

Escracho aqui é tão escracho e tem tanto que perde até um de seus sentidos, o político, aquele de ser o protesto que se faz diante da casa de quem desrespeita os direitos humanos.

Afinal, é ou não é um escracho esse mundo estar dividido em partes? PT e os outros. O PT também estar em polvorosa, o PT puro e o sujo? As debandadas sem ideologia para viver. A oposição apoiar o Eduardo Cunha que é uma síntese do atraso? Cada um correndo para um lado? O país à deriva? O ordenamento jurídico sendo estilhaçado numa primeira instância; juiz endeusado e promovido a herói?

Em cima desse palco tem muita gente, e o assoalho não está firme. Tem ator querendo matar outro para pegar o papel. Nem tudo se pode falar. Nas coxias tem gente sabotando até a comida do camarim. E isso não é uma comédia. Está mais para ópera bufa.

Falta uma Dercy para falar umas poucas e boas - definitivas - ela sim, escracharia de verdade tudo isso, com seu palavrório picante.

São Paulo, 2015.


Marli Gonçalves é jornalista -- - - As pessoas que falavam as verdades na lata, com linguagem pro povo entender, sem rodeios, nos deixam e não estão sendo substituídas. Dá saudades. Da Dercy, de Adoniran, de Cazuza. Esses tantos que merecem ser lembrados, porque nos ajudariam agora pelo menos a escrachar mais bonito.
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E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

Ex-SG do MRE ganha 56 mil para dizer que a politica do governo para o Mercosul continua perfeita

Nunca antes no Brasil, um dinheiro público foi tão pouco merecido (salvo as consultorias da empresa JD, claro, mas essas e outras fazem parte do mundo dos crimes petralhas, que ainda não haviam alcançado o Itamaraty).
Pois alguém imagina que o SG SPG vai dizer alguma coisa de diferente do que vem sendo feito até aqui, e que foi ele mesmo quem concebeu, junto com o aspone da PR?
Impossível. Ou seja, esperam o Mercosul afundar mais um pouco...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma contrata ex-ministro de Lula para estudos sobre Mercosul e Brics
16/07/2015 12h46

A secretaria-geral da Presidência da República fechou a contratação do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto para propor subsídios técnicos envolvendo a integração regional e extrarregional do Brasil no Mercosul (Mercado Comum do Sul), Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O valor do contrato é de R$ 56 mil após a entrega e aceitação dos produtos contratados, e tem vigência entre oito de julho de 2015 e 31 de dezembro de 2015.

Ligado ao PT, Guimarães foi secretário-geral do Itamaraty no governo Luiz Inácio Lula da Silva. No governo de Fernando Henrique Cardoso, o embaixador fazia duras críticas as negociações para formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Guimarães acabou afastado pelo então chanceler Celso Laffer de um cargo no ministério responsável pelo desenvolvimento de estudos e pesquisas.

Desde então, ele se tornou uma referência da esquerda e gozava de acesso direto a Lula. Entre 2009 e 2010, foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE); em 2011, já no governo Dilma Rousseff, assumiu o cargo de alto representante do Mercosul.

O extrato do contrato 2015/000118 está publicado no "Diário Oficial da União" (DOU) desta quinta-feira, com o seguinte objeto: "Contratação na modalidade de produto, de profissional especializado para subsidiar a Secretaria-Geral da Presidência da República para propor subsídios técnicos que permitam desenvolver ações e estratégias para a formação teórico-conceitual acerca dos fundamentos da integração regional e extrarregional do Brasil, como também qualificar e aperfeiçoar a participação da sociedade brasileira no contexto dos organismos e mecanismos de integração - MERCOSUL, UNASUL, CELAC e BRICS".
Leia mais em: http://zip.net/bdrC4G

Alemanha nazista: o telegrama que empurrou Hitler ao suicidio (Le Monde)

Etats-Unis : découverte du télégramme qui a poussé Hitler au suicide

Le Monde, Jeudi 16 Juillet 2015
Etats-Unis : découverte du télégramme qui a poussé Hitler au suicide
Tombé aux oubliettes, le télégramme qui a marqué la fin du IIIème Reich a été retrouvé aux Etats-Unis. Il vient d'être vendu aux enchères près de 55 000 dollars.
Alors que le monde fête cette année le 70 ème anniversaire de la Seconde Guerre Mondiale, un détail important a refait surface. Selon le magazine en ligne Slate, il s'agit d'un télégramme écrit par Hermann Göring, commandant en chef de la Luftwaffe, qui aurait précipité le suicide d'Adolf Hitler, le 30 avril 1945. Tombé dans l'oubli, le document est réapparu aux Etats-Unis pendant une vente aux enchères le 11 juillet dernier, dans l'Etat du Maryland. Il a été cédé à un acquéreur anonyme pour la modique somme de 54 675 dollars alors que la prix de départ de la vente était à 15 000 dollars. Le télégramme en question faisait partie de nombreux dossiers, tous récupérés dans le bunker du Führer par le capitaine américain Benjamin Bradin en 1945. Plus d'un mois après le suicide d'Adolph Hitler découragé par son impuissance face aux Alliés, les troupes américaines avaient pris possession de plusieurs points stratégiques des forces de l'Axe. Conservé dans une banque locale en Caroline du Sud (USA), le document n'a été découvert qu'en 1958 par le fils du capitaine, James Bradin. 

Un document historique
James, alors "étudiant et futur colonel de l'armée", a apporté le télégramme à son professeur, Robert Rieke. D'après Slate, ce dernier s'est "(rendu) compte de son importance historique".
 Dans le message envoyé au Führer, Hermann Göring qui s'inquiète pour la situation d'Hitler et sa succession, rappelle à ce dernier qu'il peut disposer des pleins pouvoirs si cela s'avère nécessaire (décret du 29 juin 1941): "vous avez mentionné certaines décisions pour moi et souligné que je serais, si des négociations devenaient nécessaires, en meilleure position que vous à Berlin (...) (si) vous avez perdu votre liberté d'action".
Hitler aurait ainsi mis fin à ses jours, désespéré par sa défaite face aux Alliés et par la trahison de son commandant.