Hoje, um leitor deste blog me lembrou do trabalho que vai abaixo transcrito novamente.
Hoje, o Brasil, ou os representantes autorizados do governo confirmaram, pela "enésima" vez, que o Brasil quer continuar sendo um "país em desenvolvimento", para fins de acordos comerciais e negociações multilaterais no âmbito da OMC.
Esse é o mesmo Brasil que pretende ser uma potência global, e que só consegue ser patético...
Ainda estou devendo o desenvolvimento desse trabalho...
Paulo Roberto de Almeida
Ideologia
Diplomática:
Quatro ilusões em relações internacionais e um modesto
posicionamento pessoal
Paulo
Roberto de Almeida
(Esquema
em 8/12/05)
Desde o surgimento do sistema
onusiano, no segundo pós-guerra, e a partir de seu desenvolvimento conceitual
ao longo das duas décadas seguintes, a comunidade internacional que vive da administração
das relações intraestatais (isto é, os diplomatas) elaborou e disseminou uma
ideologia específica, a que poderíamos chamar de “ideologia do
desenvolvimento”, ou “ideologia desenvolvimentista”. Ela é, obviamente, bem
mais identificada com os países em desenvolvimento do que com os desenvolvidos,
et pour cause...
Nada mais natural que ela atraia antes os primeiros do que os
segundos. Mas ela atraia, também, os intelectuais progressistas dos países
desenvolvidos, que se mobilizam em favor das teses e causas dos países em
desenvolvimento. Essa comunidade vive em torno das ideias consagradas na
doutrina desenvolvimentista, cujos argumentos principais eu me esforçarei em
apresentar e discutir. Essa ideologia diplomática possui alguns supostos muito
bem firmados, dos quais eu destacaria quatro como sendo os mais relevantes e a
propósito dos quais eu tentarei justificar minha acusação – feita no subtítulo
deste trabalho – de serem “ilusões” (o que, aliás, corresponde inteiramente ao
sentido original, de origem marxista, do conceito de ideologia).
Quais seriam as quatro ilusões da ideologia desenvolvimentista?
1) A diplomacia deve trabalhar prioritariamente por uma maior
equanimidade nas relações internacionais, isto é, esforçar-se por diminuir as
assimetrias existentes nas relações de poder e nas relações internacionais;
2) A diplomacia deve lutar por uma globalização mais humana,
solidária e não-excludente, o que significa colocar condicionantes, certos
limites ou parâmetros de atuação ao processo de globalização;
3) A diplomacia deve esforçar-se para que não ocorra uma dissociação
da paz e da segurança internacionais de iniciativas em prol do desenvolvimento
e da justiça social, uma vez que a verdadeira paz só tem chances efetivas num
mundo desenvolvido, sem injustiças sociais gritantes;
4) A principal função da diplomacia internacional na atualidade é a
promoção do desenvolvimento social; as instituições internacionais devem ser
mobilizadas para essa tarefa da promoção ativa do processo de desenvolvimento
econômico e social.
Brasília
(UnB), 8 de dezembro de 2005
Ideologia diplomatica: teses para um futuro trabalho (PRA, 2005)
Mais
um trabalho, ou melhor, notas para desenvolver um trabalho, que nunca
chegou a ser escrito. Mas, com um pouco de tempo e boa vontade, eu chego
lá.
Ideologia
Diplomática:
Quatro ilusões em relações internacionais e um modesto
posicionamento pessoal
Paulo
Roberto de Almeida
(Esquema
em 8/12/05)
Desde o surgimento do sistema
onusiano, no segundo pós-guerra, e a partir de seu desenvolvimento conceitual
ao longo das duas décadas seguintes, a comunidade internacional que vive da administração
das relações intra-estatais (isto é, os diplomatas) elaborou e disseminou uma
ideologia específica, a que poderíamos chamar de “ideologia do
desenvolvimento”, ou “ideologia desenvolvimentista”. Ela é, obviamente, bem
mais identificada com os países em desenvolvimento do que com os desenvolvidos,
et pour cause...
Nada mais natural que ela atraia antes os primeiros do que os
segundos. Mas ela atraia, também, os intelectuais progressistas dos países
desenvolvidos, que se mobilizam em favor das teses e causas dos países em
desenvolvimento. Essa comunidade vive em torno das ideias consagradas na
doutrina desenvolvimentista, cujos argumentos principais eu me esforçarei em
apresentar e discutir. Essa ideologia diplomática possui alguns supostos muito
bem firmados, dos quais eu destacaria quatro como sendo os mais relevantes e a
propósito dos quais eu tentarei justificar minha acusação – feita no subtítulo
deste trabalho – de serem “ilusões” (o que, aliás, corresponde inteiramente ao
sentido original, de origem marxista, do conceito de ideologia).
Quais seriam as quatro ilusões da ideologia desenvolvimentista?
1) A diplomacia deve trabalhar prioritariamente por uma maior equanimidade
nas relações internacionais, isto é, esforçar-se por diminuir as assimetrias
existentes nas relações de poder e nas relações internacionais;
2) A diplomacia deve lutar por uma globalização mais humana,
solidária e não-excludente, o que significa colocar condicionantes, certos
limites ou parâmetros de atuação ao processo de globalização;
3) A diplomacia deve esforçar-se para que não ocorra uma dissociação
da paz e da segurança internacionais de iniciativas em prol do desenvolvimento
e da justiça social, uma vez que a verdadeira paz só tem chances efetivas num
mundo desenvolvido, sem injustiças sociais gritantes;
4) A principal função da diplomacia internacional na atualidade é a
promoção do desenvolvimento social; as instituições internacionais devem ser
mobilizadas para essa tarefa da promoção ativa do processo de desenvolvimento
econômico e social.
Brasília
(UnB), 8 de dezembro de 2005
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