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domingo, 26 de julho de 2015

Revista Veja, numero historico: A Vez Delle, sim o proprio, o grande chefe

Esta afirmação do procurador: 
 "Essas acusações são o símbolo de que ninguém está acima da lei", disse o procurador da República Deltan Dallagnol.
mostram que, finalmente, depois de 800 anos, o Brasil parece estar chegando à Magna Carta.  Vamos esperar para que o retratado seja levado à cadeia. Apenas depois poderemos dizer que o Brasil chegou, finalmente, onde estava a Inglaterra em 1215. Até lá, cabe esperar, para ver se o processo se confirma. Eu mantenho meu ceticismo, pois os bandidos ainda são mais poderosos no Brasil do que as pessoas de bem...
 Paulo Roberto de Almeida
VEJA
Executivo da OAS se oferece para contar à Lava Jato segredos devastadores sobre Lula
Léo e Lula são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom português, comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas. O operador esteve há até pouco tempo preso em uma penitencRiária em Curitiba. Em prisão domiciliar, continua enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado está assustado, mas em liberdade. Em breve, Léo, o operador, vai relatar ao Ministério Público Federal os detalhes de sua simbiótica convivência com Lula, o operado. Agora o ganho de um significará a ruína do outro. Léo quer se valer da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de Lula no petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras para financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.
Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e altos executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que podem levar à condenação de dois ex-ministros da era lulista, Antonio Palocci e José Dirceu. Delatores premiados relataram operações que põem em dúvida até mesmo a santidade dos recursos doados às campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e à de Lula em 2006. As informações prestadas permitiram a procuradores e delegados desenhar com precisão inédita na história judicial brasileira o funcionamento do esquema de sangria de dinheiro da Petrobras com o objetivo de financiar a manutenção do grupo político petista no poder.
É nessa teia finamente tecida pelos procuradores da Operação Lava-Jato que Léo e Lula se encontram. Amigo e confidente de Lula, o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro autorizou seus advogados a negociar com o Ministério Público Federal um acordo de colaboração. As conversas estão em curso e o cardápio sobre a mesa. Com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro prometeu fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na Petrobras, exatamente como afirmara o doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano passado. O executivo da OAS se dispôs a explicar como o ex-presidente se beneficiou fartamente da farra do dinheiro público roubado da Petrobras.
MP denuncia Marcelo Odebrecht e mais 21 por corrupção, lavagem e organização criminosa
O Ministério Público Federal apresentou nesta sexta-feira à Justiça a mais importante denúncia da Lava Jato desde o início da operação, em março de 2014, e formalizou a acusação contra o presidente da construtora Norberto Odebrecht, Marcelo Odebrecht, contra o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e contra outros vinte executivos e ex-funcionários das duas empresas, lobistas e contra investigados como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Entre os crimes apontados estão corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Com a apresentação da denúncia, o próximo passo é o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos relacionados ao petrolão em Curitiba (PR), analisar os indícios apresentados pelo Ministério Público e decidir se transforma ou não os investigados em réus. Sem contar as apresentadas nesta sexta, a Lava Jato já conta com 24 denúncias formais contra empreiteiros, doleiros, ex-deputados, lobistas e ex-diretores da Petrobras. Até o final de maio, 117 pessoas haviam sido denunciadas pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Outras autoridades, como deputados e senadores, que têm direito a foro privilegiado, são investigadas em Brasília (DF).
Nesta sexta-feira foram denunciadas as seguintes pessoas: Alberto Youssef, Alexandrino Alencar, Antônio Campello Dias, Armando Furlan, Bernardo Freiburghaus, Celso Araripe, Cesar Ramos Rocha, Eduardo Freitas Filho, Elton Negrão, Fernando Baiano, Flávio Machado Filho, Lucélio Goes, Marcio Faria, Mario Goes, Otávio Maques de Azevedo, Paulo Roberto Costa, Paulo Dalmazzo, Paulo Sérgio Boghossian, Pedro Barusco, Renato Duque e Rogério Araújo.
"Essas acusações são o símbolo de que ninguém está acima da lei", disse o procurador da República Deltan Dallagnol.
O Ministério Público conseguiu documentar a prática de 56 atos de corrupção e 136 lavagens de dinheiro para beneficiar a Odebrecht. Foram movimentados 389 milhões de reais em corrupção e 1,063 bilhão de reais com a lavagem. Segundo Deltan Dallagnol, o pedido de ressarcimento aos cofres públicos é de 6,7 bilhões de reais. Só o contrato de fornecimento de nafta pela subsidiária Brasken à Petrobras causou danos de 6 bilhões de reais.
Embora a construtora Odebrecht sempre tenha estado no radar dos investigadores da Lava Jato, indícios mais contundentes contra a construtora ganharam corpo depois do depoimento de delatores como o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco, que indicaram a empresa como uma das pagadoras de propina a agentes públicos. O cerco contra a maior empreiteira do país se fechou ainda mais depois de os investigadores da Lava Jato terem detectado mensagens cifradas de Marcelo Odebrecht e encontrado seis novas contas correntes ligadas ao grupo abertas em nome das offshores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional e utilizadas para pagar propina a ex-funcionários da Petrobras.
Além dessas contas, referências à Constructora Del Sur e Klienfeld já haviam sido mapeadas nas investigações como mecanismo para distribuir propina no exterior. Aliado a isso, uma análise das mensagens telefônicas de Marcelo Odebrecht aponta que o executivo escreveu textos com referência a "dissidentes PF" junto com o trecho "trabalhar para parar/anular" a investigação. A possibilidade de as palavras indicarem que Odebrecht poderia estar atuando para derrubar a Operação Lava Jato foi considerada "perturbadora" pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos relacionados ao escândalo do petrolão na primeira instância. Nesta sexta, com base em novas provas colhidas ao longo da Lava Jato, Moro decretou nova prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e de outros quatro executivos ligados à construtora.
"Nos aproximamos da verdade por meio de fatos e provas. As provas que chegaram da Suíça nos mostram o contrario do que dizia a Odebrecht. Não existe espaço na nossa investigação para teorias da conspiração. Temos o sonho de que todos sejam tratados de forma igual perante a lei", disse o procurador.
Os procuradores também descreveram pagamentos de propina na construção do centro administrativo da Petrobras em Vitória (ES). "A Petrobras falhou e pode ter controbuido para que esquema criminoso se perpetuasse por tanto tempo", disse o delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat.
Segundo o MPF, a Andrade Gutierrez movimentou 243 milhões de reais em desvios entre 2007 e 2010 - a força-tarefa quer o ressarcimento do dobro desse valor (486 milhões de reais). Os procuradores apontaram a prática de 106 atos de corrupção ativa, 61 de corrupção passiva, 62 lavagens de dinheiro.
O Ministério Público apresentou três esquemas criminosos da Andrade Gutierrez com apoio de Alberto Youssef, Fernando Baiano e Armando Furlan, além de falsas consultorias. Os operadores Mário e Lúcelio Góes também atuaram em esquemas da empresa, por meio da RioMarine. Os recursos eram enviados para contas no exterior como a Maranelle e Phad. "Uma vez no exterior, nas contas dos operadores, o dinheiro era repassado para as contas de Pedro Barusco. Ele também recebeia valores de 300.000 a 400.000 reais em mochilas por meio de Mário Góes.
Os procuradores disseram que sempre tentaram uma aproximação para que as empreiteiras colaborassem com as investigações e realizassem apurações internas para trazer dados e esclarecer fatos. "Isso não aconteceu, só parcilamente com a Câmargo Corrêa. Em relação à Odebrecht, detectamos uma atitude de negação. Não foi feito apuração interna de investigação porque atingiriam altos escalões da empresa. Quanto à estratégia dela, não adianta martelar uma mentira 1.000 vezes, que o Ministério Público, a PF e a Receita vão mostrar que é uma mentira", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, VEJA revela os motivos da iminente separação da dupla Lula e Léo
A iminente separação da dupla formada pelo ex-presidente Lula e por Léo Pinheiro, diretor da empreiteira OAS, reafirma que sábado é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório. Como informa a reportagem de capa de VEJA, o executivo alcançado pela Operação Lava Jato foi instado a escolher entre a lealdade ao parceiro e a colaboração com a Justiça. A manchete de três palavras ─ A VEZ DELE. ─ avisa que o empreiteiro do rei já se decidiu pela delação premiada.
O primeiro parágrafo da reportagem recorda que a parceria prestes a soçobrar parecia eterna enquanto durou:
Léo e Lula são bons amigos. Mais do que amizade, eles se uniram por interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom português, comprar. Agora operador e operado estão enfrentam circunstâncias amargas. O operador esteve até pouco tempo preso em uma penitenciária em Curitiba. Temporariamente solto, continua  enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado está assustado, mas em liberdade. Em breve, Léo, o operador, vai relatar ao Ministério Público Federal, os detalhes de sua simbiótica convivência com Lula, o operado. Agora o ganho de um significará a ruína do outro. Léo quer se valer da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de Lula no Petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras para financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.
Aparentemente, nenhum dos empreiteiros do Petrolão conviveu tão intimamente com Lula, nem afagou a família do ex-presidente com tantos e tão custosos favores. Mas Léo Pinheiro não é o único que tem muito a dizer sobre o grande ausente do desfile de patifarias promovido pelo juiz Sérgio Moro e pelo Ministério Público Federal. Candidatos à delação premiada têm de contar o que os investigadores ignoram. A participação do chefão do PT no escândalo da Petrobras é uma das poucas peças que faltam para completar-se o mosaico do bilionário caso de polícia.
Léo Pinheiro teme que outro comparsa use segredos que envolvem Lula para livrar-se da prisão em regime fechado. Sabe que a derradeira porta de saída pode ser aberta por um informante mais ágil. E está convencido de que a perda de qualquer parceiro é infinitamente menos dolorosa do que a perda da liberdade.
MP cobra pagamento de R$ 7,2 bi da Odebrecht e Andrade
O Ministério Público Federal (MPF) cobra das duas maiores empreiteiras do país, Odebrecht e Andrade Gutierrez, o ressarcimento de 7,2 bilhões de reais aos cofres públicos. O valor supera o que já foi pago até agora em ações cíveis e criminais na Operação Lava Jato: 6,7 bilhões de reais em multas e ressarcimentos, conforme balanço divulgado pelos procuradores nesta sexta-feira. Já foram devolvidos aos cofres públicos 870,2 milhões de reais - sendo 484,7 milhões de reais repatriados.
As acusações formais a 22 investigados da Operação Lava Jato, entre eles os presidentes das empresas, respectivamente, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, foram apresentadas nesta sexta à Justiça Federal, em Curitiba (PR). Se a denúncia for aceita, eles passarão a responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e associação criminosa.
Os procuradores pedem a devolução do dinheiro à Petrobras. Da Andrade Gutierrez, eles exigem o pagamento de 486.468.755,21 reais, o dobro da propina paga em todos os contratos e aditivos a empregados da estatal. "Tal valor é estimado com base no fato de que é possível supor que os denunciados causaram danos à Petrobras de pelo menos o dobro da propina que foi paga a agentes públicos e privados, em decorrência desses contratos", explica a força-tarefa.
A denúncia descreve uma série de operações de repasses de dinheiro para empresas de consultorias frias de operadores como Fernando Baiano, Armando Fulan, Mário Góes e Lucélio Góes. Góes era responsável por entregar mochilas com até 400.000 reais a Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, para quem também repassou 20,4 milhões de dólares em contas no exterior. Góes emitia notas falsas de prestação de serviços e usava empresas offshore como a Zagope, em Angola, e Phad Corporation, no Panamá. Até o doleiro Alberto Youssef intermediou repasses: ele buscou pessoalmente 1,5 milhão de reais, em três parcelas em espécie, em 2010, na sede da Andrade Gutierrez em São Paulo. O dinheiro se destinava ao PP.
O Ministério Público Federal (MPF) cobra das duas maiores empreiteiras do país, Odebrecht e Andrade Gutierrez, o ressarcimento de 7,2 bilhões de reais aos cofres públicos. O valor supera o que já foi pago até agora em ações cíveis e criminais na Operação Lava Jato: 6,7 bilhões de reais em multas e ressarcimentos, conforme balanço divulgado pelos procuradores nesta sexta-feira. Já foram devolvidos aos cofres públicos 870,2 milhões de reais - sendo 484,7 milhões de reais repatriados.
As acusações formais a 22 investigados da Operação Lava Jato, entre eles os presidentes das empresas, respectivamente, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, foram apresentadas nesta sexta à Justiça Federal, em Curitiba (PR). Se a denúncia for aceita, eles passarão a responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e associação criminosa.
Os procuradores pedem a devolução do dinheiro à Petrobras. Da Andrade Gutierrez, eles exigem o pagamento de 486.468.755,21 reais, o dobro da propina paga em todos os contratos e aditivos a empregados da estatal. "Tal valor é estimado com base no fato de que é possível supor que os denunciados causaram danos à Petrobras de pelo menos o dobro da propina que foi paga a agentes públicos e privados, em decorrência desses contratos", explica a força-tarefa.
A denúncia descreve uma série de operações de repasses de dinheiro para empresas de consultorias frias de operadores como Fernando Baiano, Armando Fulan, Mário Góes e Lucélio Góes. Góes era responsável por entregar mochilas com até 400.000 reais a Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, para quem também repassou 20,4 milhões de dólares em contas no exterior. Góes emitia notas falsas de prestação de serviços e usava empresas offshore como a Zagope, em Angola, e Phad Corporation, no Panamá. Até o doleiro Alberto Youssef intermediou repasses: ele buscou pessoalmente 1,5 milhão de reais, em três parcelas em espécie, em 2010, na sede da Andrade Gutierrez em São Paulo. O dinheiro se destinava ao PP.
Documentos da Suíça indicam pagamentos da Odebrecht a ex-diretores da Petrobras
O novo decreto de prisão preventiva do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, decorre da descoberta de oito novas contas ligadas ao grupo abertas em nome de empresas offshores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional. Documentos enviados pela Suíça ao Ministério Público Federal brasileiro apontam pagamentos de 10.924.390,04 dólares aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços), Pedro Barusco (gerência de Engenharia), Jorge Zelada (Internacional) e Nestor Cerveró (Internacional) por meio dessas contas.
A decisão de Moro, tomada diante de novas provas que se acumularam desde a prisão do empresário e dos outros executivos ligados ao grupo, abrange, além do presidente da empreiteira, os executivos Márcio Faria, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar - afastados após as prisões, em 19 de junho. "Na data de ontem, o MPF apresentou a este Juízo documentação bancária recebida, em cooperação jurídica internacional, da Suíça relativamente às contas e transações da Odebrecht com as contas controladas por dirigentes da Petrobras", registrou o juiz federal Sérgio Moro, no novo decreto de prisão dos executivos da empreiteira.
Os documentos apresentados e os resumos das autoridades suíças feitos à força-tarefa da Lava Jato indicam que a Odebrecht teria realizado depósitos via 10 empresas offshores nas contas dos dirigentes da Petrobras de duas formas. Duas delas já eram conhecidas, a Constructora Del Dur e a Klienfeld. "Diretamente, pela utilização de contas em nome das off-shores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, das quais é a beneficiária econômica final e, portanto, controladora, com transferências diretas dessas contas para contas controladas por dirigentes da Petrobras."
A outra forma de pagamentos seria feita de maneira indireta. "Pela realização de depósitos por meio das contas acima e igualmente das contas em nome das off-shore Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional, das quais também é a beneficiária econômica final e, portanto, controladora, em contas em nome de outras off-shores controladas por terceiros", acrescenta o juiz, em sua decisão.
São elas as offshores Constructora International Del Sur, Klienfeld Services e Innovation Research. "Tendo os valores em seguida sido transferidos para contas controladas por dirigentes da Petrobras." Duas dessas empresas já eram alvo das investigações, com base nos depoimentos dos delatores e nos primeiros documentos fornecidos por autoridades da Suíça.
Beneficiários - Os documentos suíços revelaram, segundo sustenta o MPF, que a "conta em nome da off-shore Smith & Nash Engeinnering Company, que tem por beneficiário econômico a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta em nome da Sagar Holdings controlada por Paulo Roberto Costa". Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras confessou ter recebido 23 milhões de dólares da Odebrecht, mantidos em contas secretas na Suíça. A partir dos dados de suas contas e de outros delatores, como Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Petrobras) e o lobista Julio Gerin Camargo foram possíveis o cruzamento de dados das autoridades brasileiras e suíças.
Costa era braço do PP, no esquema de controle políticos de diretorias da Petrobras para desvios de 1% a 3% em contratos. No caso do PT e do PMDB, outros dois partidos que controlavam o esquema, foram identificados os caminhos dos recursos que pagaram propina para os ex-diretores de Serviços Renato Duque (braço do PT) e Internacional Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos do PMDB). "A conta em nome da off-shore Arcadex Corporation, que tem como beneficiária econômica a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta em nome da Milzart Overseas controlada por Renato Duque e na conta Tudor Advisory controlada por Jorge Luiz Zelada", informa Moro.
"A conta em nome da off-shore Havinsur S/A, que tem como beneficiária econômica a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta em nome da Milzart Overseas controlada por Renato Duque", acrescentou o juiz. Os documentos da Suíça teriam comprovado que as contas da Smith & Nash, Arcadex, Havinsur e Golac "têm como fonte de recursos depósitos que lhe foram repassados por contas no exterior de empresas do Grupo Odebrecht, como a Construtora Norberto Odebrecht, Osel Odebrecht, Osela Angola Odebrecht e CO Construtora Norberto Odebrecht".
Para o juiz da Lava Jato, "pelo relato das autoridades suíças e documentos apresentados, há prova, em cognição sumária, de fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas pela Odebrecht e contas secretas mantidas no exterior por dirigentes da Petrobras". "Trata-se de prova material e documental do pagamento efetivo de vantagem indevida pela Odebrecht para os dirigentes da Petrobras, especificamente Paulo Costa, Pedro Barusco, Renato Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada."
Dinheiro - Pela Smith & Nash, apurou-se as entradas e de saídas de recursos da conta, entre 2006 e 2011. Em dólar, houve entrada de 45.404.373,84 e saída de 15.234.200,00. Houve saída também de recursos em francos suíços no total de 1.925.100,00 para Sagar Holding S.A. "Em relação às saídas de recursos da conta Smith & Nash identificadas na documentação, ressalta-se como beneficiários as contas das offshores Constructora Internacional Del Sur SA, Klienfeld Services INC e Sagar Holding S.A. (de Paulo Roberto Costa)", aponta o MPF. Na conta Havinsur S.A., segundo a Procuradoria, há demonstrativo de operação de débito, realizada em 25/3/2010 no valor de 565.000 dólares para a Milzart Overseas Holdings INC, de Renato Duque. Foram levantados também os valores de entradas e de saídas de recursos, em 2009, da conta Arcadex Corp. Chegou-se ao montante de 25.251.444,42 dólares (entrada) e 2.053.672,68 dólares (saída). Ocorreu, ainda, saída de recursos em euro no total de 63.684,09 para Tudor Advisory INC, ligada a Jorge Zelada.
De acordo com o documento, a offshore Klienfeld Services recebeu 3.403.000,00 dólares da Smith & Nash, entre 2008 e 2010, 82.696.500,00 dólares, da Sjerkson Internacional, entre 2012 e 2014, e 31.200.000,00 dólares da Golac Projects, entre 2008 e 2009. Todas vinculadas à Odebrecht. "A Klienfeld Services também é identificada como repassadora de 2.618.171,87, entre 2007 e 2010, para as offshores vinculadas aos ex-diretores e gerente da Petrobras, Milzart Overseas (Renato Duque), Quinus Services (Paulo Roberto Costa) e Pexo Corporation (Pedro Barusco)", aponta o documento.
A offshore Arcadex Corp, da Suíça, repassou 2.053.672,68 dólares para conta homônima para uma conta na Áustria. 'Coincidentemente', afirma o MPF, uma conta Arcadex Corporation, existente na Áustria, remeteu 434.980,00 dólares para a conta Milzart Overseas de Renato Duque. A offshore Innovation Research Engineering And Development recebeu 3.398.100,00 dólares, em Antígua e Barbuda, da Golac Projects, vinculada à Odebrecht, em 2010. "Essa mesma offshore Innovation, repassou 286.311,17 dólares para a Pexo Corporation (de Pedro Barusco), em 2009, e 4.005.800,00 dólares para a Sygnus Assets (de Paulo Roberto Costa), em 2011."
Procuradoria mapeia telefonemas de Odebrecht e diretor
Depois de identificar 135 telefonemas entre o diretor da Odebrecht Rogério Araújo e o operador de propinas da empreiteira Bernardo Freiburghaus, a Operação Lava Jato mapeou que o executivo da construtora manteve conversas com o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, poucas horas depois de ter falado com Freiburghaus. De 17 conversas telefônicas ou mensagens de texto entre Araújo e Odebrecht, quatro delas aconteceram em dias nos quais o executivo também havia conversado com Freiburghaus. No dia 24 de dezembro de 2013, por exemplo, Rogério Araújo e Bernardo Freiburghaus conversaram por três vezes entre 18h52 e 18h59. No mesmo dia, a partir das 20h02, Araújo e Odebrecht se falaram também três vezes. Para os investigadores do petrolão, a coincidência entre os telefonemas e mensagens indica que Marcelo Odebrecht tinha amplo conhecimento e atuação na negociação de propinas pagas pela empreiteira. Odebrecht, Araújo e Freiburghaus foram denunciados nesta sexta-feira por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. (Laryssa Borges, de Curitiba)
O casal fera
Que Beatriz Catta Preta, advogada dos delatores do petrolão, não é conhecida pela simpatia, não é novidade. Nas sessões de depoimentos de seus clientes, raras vezes esboça sorriso. Por trás da esposa fechada, há um marido de personalidade idêntica. Carlos Eduardo de Oliveira Catta Preta Júnior é personagem chave na dinâmica de delação premiada. Se a advogada viabiliza e coordena as confissões, ele faz a 'contabilidade' do negócio: trata dos trâmites de pagamento com as famílias e negocia valores. A estratégia é evitar o desgaste da relação entre advogada e delator, sobretudo diante das quantias vultosas negociadas com cada um dos acusados. Um criminalista, que prestou serviço a alguns clientes que já passaram pelo escritório de Beatriz, relata que o marido, que é ex-policial, usa métodos, digamos, indelicados para negociar pagamentos. Essa era a principal reclamação dos clientes que chegavam a seu escritório. Socos na mesa, gritos e xingamentos eram rotina na dinâmica das cobranças - em especial com famílias já fragilizadas pela prisão dos acusados. A rispidez não encontrava distinção entre os clientes. O mesmo tratamento dado aos donos de quantias vultosas do petrolão também era dispensado aos casos menores. Antes de cuidar com unhas e dentes dos negócios da esposa, Catta Preta, o marido, tinha experiência limitada em administração. Sua última empreitada na área foi no início dos anos 2000, quando abriu, em sociedade com a esposa, uma escolinha de kitesurf em Riviera de São Lourenço, no litoral norte de São Paulo. Àquela época, os negócios jurídicos não iam tão bem. Os ventos mudaram para os Catta Preta, e a escolinha de kite fechou. (Ana Clara Costa, de São Paulo)
Os 'brindes' da Odebrecht
Os ex-presidentes da Petrobras José Sergio Gabrielli e Graça Foster não são formalmente investigados na Operação Lava Jato, mas os nomes dos dois aparecem em uma seleta lista de destinatários de presentes de luxo ofertados pela construtora Odebrecht. Um documento apreendido pela Polícia Federal na sede da empreiteira com os dizeres "Relação de Brindes Especiais - 2010" indica que a empresa presenteava os diretores com pinturas e obras de arte de artistas consagrados como Alfredo Volpi, Gildo Meirelles, Romanelli e Oscar Niemeyer.
O remetente das cobiçadas obras era o diretor da Odebrecht Rogério Araújo, o mesmo que aparece em mensagens cifradas de celular redigidas pelo patrão, Marcelo Odebrecht. Ambos estão presos desde o dia 19 de junho e foram denunciados formalmente pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Além dos dois ex-presidentes da Petrobras, foram destinatários dos "brindes" da construtora os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, além do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Todos eles respondem a processos decorrentes da Lava Jato.
RADAR
A PDVSA, petroleira estatal da Venezuela, micou no Brasil
O desmoronamento da Venezuela e a crise econômica no Brasil (fora os problemas com a refinaria Abreu e Lima), atingiram em cheio a PDVSA por aqui.
A estatal venezuelana de petróleo está em processo de liquidação extrajudicial no Brasil. A operação brasileira micou e a ideia da empresa é manter somente as operações na região Norte, atuando na área de óleo e lubrificantes.

Janine Ribeiro, apenas uma grife no Ministério da Educação
O Palácio do Planalto tem uma certeza sobre Renato Janine Ribeiro, quase quatro meses após sua posse no MEC: quem toca o ministério é Luiz Cláudio Costa, secretário-executivo e homem de confiança de Aloizio Mercadante.
Janine, muito prestigiado na academia, é mais uma grife.

A doce vida de Pedro Barusco, o ex-gerente que desviou 100 milhões de dólares da Petrobras no petrolão
Com todo o jeito de que a vida está boa e mirando o mar azul de Angra dos Reis. Assim o notório Pedro Barusco curtiu domingo de sol, no dia 19.
Alternando baforadas num charuto e bebendo uma cervejinha, o ex-gerente de Serviços da Petrobras mostrava estar totalmente recuperado, a léguas das “gravíssimas condições de saúde” que o impediram de participar, apenas doze dias antes, de duas acareações marcadas pela CPI da Petrobras, com Renato Duque e João Vaccari – ao menos foi isso que alegou sua advogada para conseguir no STF que Barusco não comparecesse à CPI.
Sua rotina em Angra, segundo vizinhos, continua parecida com a vida que levava antes que suas falcatruas fossem descobertas. Costuma, por exemplo, passear na horta (cujo terreno foi comprado por 2 milhões de reais) que fica ao lado de sua casa, sem seguranças, invariavelmente com um copo de uísque ou cerveja nas mãos.

Zelada negocia delação
Jorge Zelada está negociando uma delação premiada. E já citou aos investigadores um personagem novo na Lava-Jato, hoje em um alto posto da República, como parte do cardápio que ele pode entregar em troca de benefícios penais.
Os investigares que negociam a delação premiada de Zelada encontraram uma transferência saindo de uma off-shore, a Arcadex Corporation, para a conta Tudor Advisory, que pertence a Zelada.
A Arcadex tem como beneficiária econômica a Odebrecht.
Ou seja: o caminho da propina, segundo os investigadores, seria da Odebrecht para a off-shore Arcadex e, daí, para a conta Tudor, de Zelada. Zelada negocia agora contar quem foram os destinatários finais da dinheirama.

Quem te viu, quem te vê
Antes que Marcelo Odebrecht fosse preso na Operação Lava-Jato e viessem à tona suas anotações repletas de nomes, siglas e milhões de reais, e tudo o mais que o MPF revelou hoje, a Odebrecht usava e abusava da veemência ao desmentir seu envolvimento com o cartel que atuava na Petrobras.
O fio condutor das notas oficiais, todas assinadas pelo próprio Marcelo, eram ataques a delatores que citaram a empreiteira, como Pedro Barusco, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
Os textos, quase sempre, começavam com “a Odebrecht nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo réu confesso” e, depois de negarem o pagamento de propinas, terminavam assim: “(os contratos) foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente”.
Citada por outro delator, Eduardo Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, a Odebrecht apelou aos sentimentos da opinião pública, dizendo-se vítima de “vingança concorrencial”.
Enquanto, ainda em liberdade, Marcelo Odebrecht tramava confrontar a Lava-Jato com “utilização de dissidentes” da PF, Dora Cavalcanti, sua advogada, dizia à Folha de S. Paulo que haveria uma “armação” contra a empreiteira.

Tanque cheio
Além de Eduardo Cunha (leia mais aqui), o notório Posto da Torre, marco zero da Operação Lava-Jato, também já teve como cliente o comitê de campanha de Dilma Rousseff em 2010.
De acordo com a prestação de contas eleitorais ao TSE, o posto, que fica na Asa Sul, em Brasília, recebeu 603 reais a título de “Combustíveis e Lubrificantes” do Comitê Nacional para Presidência da República do PT.
Além da campanha de Dilma, o posto do doleiro Carlos Habib Chater faturou 7 184 reais de outros quatorze candidatos em 2010

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