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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 5 de maio de 2016

As patentes sao um, ou o problema para paises em desenvolvimento? - Philip Stevens (CapX)

A dose of reality on drug patents

By Philip Stevens 
Debates on how to improve healthcare in developing countries often start from the same premise: patents can potentially raise drug prices, so they should be abolished for better public health.
In the early 2000s this argument drove the campaign against patents on HIV drugs in South Africa. This month, it anchors new NGO campaigns against a proposed EU-India Free Trade Agreement and the Regional Comprehensive Economic Partnership in Asia – both of which may include heightened intellectual property provisions.
NGO disquiet about drug patents has even led to the creation of a UN High Level panel on access to medicines, due to report its recommendations in New York next month.
Such concerns may in fact be overblown. This is an implication of an interesting new study by researchers at the University of Ottawa and published in April by the World Intellectual Property Organization (WIPO) in Geneva.
To better understand how patents impact access to medicines, the researchers counted how many of the World Health Organization’s (WHO) List of Essential Medicines are subject to patent protection in developing countries. This list contains 375 or so medicines considered most important by WHO experts.
It’s a hugely influential list, and one based purely on the clinical usefulness of a medicine, not cost or patent status. Developing country governments and large international donors use it to guide which medicines they will procure.
The researchers checked national patent registries in developing countries and double-checked with manufacturers. They found that patents for 95% medicines on the list had expired.
Put simply, patents are not relevant to the vast majority of drugs typically used by physicians in developing countries.
Most of the remaining 5% of medicines – around 20 products – on the WHO list with patent protection are for HIV/AIDS. But patent owners either don’t register or enforce their patents in the poorest countries. For middle-income countries, manufacturers often enter into voluntary licensing deals with generic manufacturers to broaden access, meaning there are cheap generic copies on the international market.
The one medicine with no generic equivalent is the cancer drug, bevacizumab (marketed as Avastin by Swiss patent-owner Roche). This modern so-called ‘biologic’ drug is used against many cancers, and works by starving tumours of their blood supply through blocking a key protein.
Patented or not, these biologic drugs are difficult for generic competitors to copy cheaply.
Unlike most drugs, which are chemically synthesised and made from just a few molecules, biologic drugs are manufactured in living systems such as plant or animal cells, and have complex molecular structures. Their manufacture demands significant investment and technical know-how, meaning such drugs will never be as cheap as, say, generic aspirin.
One implication of the study is that if patents were abolished tomorrow it would make little difference to the cost or availability of most medicines used in developing countries.
Even so, these medicines are frequently unavailable in public health systems.
In 2014, researchers at the University of Utrecht in the Netherlands found that, on average, essential medicines are available in public sector facilities in developing countries only 40% of the time.
While generic medicines are cheap to make with no royalties to pay, they are still too costly for most people in developing countries.
One example from the WHO list is budesonide, commonly used by asthma sufferers. A single inhaler costs a staggering 50 days wages in Mozambique. In the US, one inhaler costs only $5 to $7 – around 30 minutes work on the median hourly wage.
The reasons behind the expense and scarcity of essential medicines in developing countries are complex, but failures of governance loom large.
Mark-ups along the distribution chain inflate the final price of medicines and include import tariffs, sales taxes, value-added taxes and retailers’ and wholesalers’ margins. In Kenya, mark-ups add 300% to the manufacturer’s price; in Brazil it’s 200%, says IMS, the global healthcare data provider.
Dysfunctional medicine supply chain management is another culprit. A 2015 survey by humanitarian NGO Medecins Sans Frontières reported one in three health facilities in South Africa have shortages of key HIV and tuberculosis drugs. The drugs are imported in sufficient quantities but fail to reach patients due to “local logistical and management problems, ranging from inaccurate forecasting to storage or transport issues”, said MSF.
Governments under-invest in health too. While most European Union countries commit 8% to 11% of GDP to health, few Asian and African countries spend more than 5%: not nearly enough given their enormous health challenges.
These are the major influences on access to medicines. Public health would be best served if the political focus were on these issues, rather than patents.

Philip Stevens is director of Geneva Network, a research organization focusing on health, intellectual property and trade.
This article is an exclusive for CapX, and is available for syndication. Please contact editors@capx.co to discuss details.

terça-feira, 21 de julho de 2015

OMC: Brasil prefere continuar eternamente pais em desenvolvimento

Vejamos: o Brasil quer avanços, mas pretende continuar no mesmo lugar, certo?
Ou seja, nessa categoria que mistura super-pobres, remediados e emergentes candidatos a grandes potências.
Seria essa a atitude de um país que diz pretender assumir novas responsabilidades na agenda internacional? Ficar permanentemente sendo tratado como pobrezinho econômico?
Que coisa...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil rejeita ideia de criação de uma nova categoria para grandes países emergentes
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 21/07/2015

O Brasil sinaliza que continua a confiar na possibilidade de compromissos de liberalização na conferência ministerial da Organização Mundial do Comercio (OMC) em dezembro, em Nairóbi (Quênia). Mas rechaça a eventual criação de nova categoria de emergentes para serem tratados como países avançados nas barganhas.
Os países deverão reconhecer nos próximos dias, numa reunião convocada pelo diretor-geral, Roberto Azevêdo, que não dará para definir até o fim deste mês o programa de trabalho com temas pendentes para uma tentativa de conclusão da Rodada Doha. Em meio ao impasse, o plano agora será continuar negociando, com a expectativa de obter resultados na capital do Quênia, no fim do ano.
Em entrevista ao Valor, o embaixador brasileiro junto à OMC, Marcos Galvão, afirmou que há anos não havia engajamento como existe agora na discussão de Doha, mas admitiu que a aprovação do programa de trabalho agora talvez fosse prematuro, pois exigiria tomar certas decisões até o fim deste mês. Além da dificuldade normal de avanços numa negociação multilateral, com mais de 160 países, Galvão observa que o contexto atual da economia mundial "tem elementos adversos e desafiadores".
No entanto, o Brasil continua vendo possibilidade de "se alcançar um resultado significativo em Nairóbi, com melhora em relação ao status quo". "Não será provavelmente tudo o que se almejou no passado, mas continuamos a trabalhar num resultado que seja um avanço em relação ao que temos hoje", afirmou Galvão.
O embaixador reiterou que o Brasil está "intensamente engajado" em obter resultados nos três pilares da agricultura - acesso a mercado, controle dos subsídios à produção e proibição definitiva dos subsídios a exportação. Galvão é incisivo, por outro lado, na rejeição das ideias de reclassificação de grandes emergentes, afim de assumirem maiores compromissos de liberalização. "Seria um desdobramento inaceitável para os países em desenvolvimento em geral e para Brasil, Índia e China, por exemplo, em especial", disse Galvão. "Graduação seria inaceitável para países emergentes."
Pelo princípio de graduação, elimina-se ou diminui benefícios, como tratamento especial e diferenciado (corte menor de tarifa, prazo maior para abrir seu mercado), para países que alcançaram outro estágio de competitividade. Países ricos insistem que o Brasil de hoje não é o mesmo de 20 anos atrás.
"A tese da graduação é algo com que os países em desenvolvimento não podem conviver", afirmou Galvão. "Se é verdade que existem diferenças de estágio de desenvolvimento, por outro lado os países não se definem como em desenvolvimento gratuitamente. Eles têm enormes desafios sociais, enormes deficiências em infraestrutura etc."
Galvão observa que "continuamos a ter características de país em desenvolvimento". E que já há diferença entre economias de menor desenvolvimento relativo e economias pequenas e vulneráveis em termos de concessões nas negociações comerciais. "Criar nova categoria de grandes emergentes, que passem a ser tratados como os países avançados, é inconcebível e, insisto, inaceitável para o Brasil e vários outros", disse o representante brasileiro na OMC.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

1998 crisis and now: differences and similarities - Ye Xie (Bloomberg News)

Why 1998 Was Different, and Same, to Emerging-Market Crisis Now

Oil prices were tanking. Emerging-market currencies were in a freefall. Venezuela was mired in a financial crisis and Russia had sunk into a debt default and devaluation. 
The year was 1998.
Emerging markets today look a lot like they did back then. Yet there have been key changes that could help most of them escape full-blown crises. Here’s a look at the similarities and differences between now and then. 

Similarities

*Falling Oil Prices 
Crude has dropped 48 percent since June to about $55 a barrel, squeezing exporters from Venezuela to Russia and Nigeria. Credit default swaps show a 97 percent probability that Venezuela will default on its bonds within five years, according to data compiled by Bloomberg. The Russian economy, which is under sanctions by the U.S. and the European Union over the Ukraine conflict, will contract as much as 4.7 percent next year if oil remains at $60, the central bank said. 
*Currencies Sink 
A Bloomberg index tracking 20 of the most traded emerging-market currencies fell to the lowest since 2003 on Dec. 15. The ruble tumbled past 64 per dollar for the first time, Turkey’s lira fell to an all-time low while Indonesia’s rupiah retreated to levels last seen in 1998. 
During the Asian financial crisis in 1997 and 1998, countries from Thailand to Malaysia capitulated on defending their currency pegs, leading the Thai baht to lose half its value in six months. South Koreans lined up in the streets to donate gold jewelry to help the government refill their depleting foreign reserves amid the currency slump. 
*Fed Policy
The U.S. Federal Reserve is laying the ground for its first interest rate increase since 2006, threatening to drain capital from developing nations. The World Bank estimated last year that private capital inflows to developing nations could drop 50 percent should long-term U.S. bond yields rise one percentage point. 
Countries with large current account deficits, including Turkey, South Africa and Brazil, are vulnerable, according to Credit Agricole CIB. So are nations such as Malaysia, where foreign investors account for 30 percent of local government debt. A series of Fed rate increases in the mid-1990s helped trigger the run on Asian currencies that would in turn lead to Russia’s default. 
Differences
*Flexible Exchange Rates 
Developing countries have allowed their exchange rates to fluctuate, moving away from the fixed exchange-rate regimes prevailing during the crisis in the late 1990s. While weaker currencies fuel inflation, they can also stimulate economic growth by making exports cheaper. 
*Foreign Reserves 
Developing countries’ foreign reserves dwarf the amount they had in the late 1990s, which will help them weather the volatility in financial markets. As a group, emerging markets hold $8.1 trillion, compared with $659 billion in 1999, according to data compiled by the International Monetary Fund. 
*Debt
Instead of borrowing in dollars, the governments now mostly raise financing in local currencies, allowing them to pay back the debt without having to draw down foreign reserves. External debt amounted to 26 percent of developing nations’ gross domestic product last year, down from 40 percent in 1999, the IMF data show. 
One caveat is that companies have replaced governments as a source of concern on debt issuance. Corporations in developing countries sold about $375 billion of international debt between 2009 and 2012, more than double the amount in the four years before the 2008 financial crisis, the Bank for International Settlements said in September. 
*Interest Rates 
While rates are rising in some developing nations, they remain a fraction of the levels seen in 1998. Russia raised its benchmark rate 6.5 percentage points to 17 percent effective Dec. 16 at a late-night meeting. Some short-term rates soared over 100 percent back in 1998. In Brazil, policy makers have raised benchmark rates to 11.75 percent. That’s still less than half the rate levels from 1998. 
To contact the reporter on this story: Ye Xie in New York at yxie6@bloomberg.net
To contact the editors responsible for this story: Nikolaj Gammeltoft at ngammeltoft@bloomberg.net David Papadopoulos

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Entrevista a Radio France Culture - Emissao "Les Enjeux Internationaux" - Paulo Roberto de Almeida

A convite do meu amigo jornalista e professor francês, Thierry Garcin, animador do programa "Les Enjeux Internationaux", que está comemorando 30 anos de emissões continuas, participei na manha de hoje, 9/05/2014, de uma emissão especial sobre os países emergentes.
A emissão ainda não foi ao ar, e quando for vou receber o link.
Mas, como sempre faço, tinha preparado algumas notas para guiar minha participação.
Acabei não usando, como também sempre acontece, porque as perguntas são um pouco diferentes daquilo que se estabelece como temática geral, mas o que vai escrito abaixo é o que penso sobre a questão.
Apenas em Francês...
Paulo Roberto de Almeida

Les Pays Emergents à Trente Ans de Grands Changements Mondiaux

Paulo Roberto de Almeida
Notes prises pour une émission commémorative
du trentième anniversaire de l’émission quotidienne
« Les Enjeux internationaux », radio France Culture
Journaliste et Professeur Thierry Garcin
Enregistrement : Vendredi, 9 Mai 2014, à 11hs, depuis Hartford, CT

            En 1984, on est en plein dans la crise de la dette latino-américaine, après que le Mexique ait fait default en septembre 1982, suivit tout de suite après par le Brésil ainsi que d’autres pays Latino-américains, beaucoup de pays Africains et quelques Asiatiques. La crise de plusieurs pays émergents a eu deux causes principales, l’une médiate, l’autre immédiate. La première a consisté dans les deux super-relèvements des prix du pétrole, en 1973 et en 1979, pour des raisons politiques chaque fois : la guerre du Youm-Kippur et la révolution iranienne, même si, pour le premier mouvement, la fin du régime de Bretton Woods, en 1971, et la dévaluation du dollar, ensuite, ne sont pas étrangers aux énormes transferts de revenu qui se sont enclenchés entre les pays exportateurs de pétrole, et le pays importateurs, dont le Brésil, qui dépendait à plus de 80% du pétrole du Moyen Orient.
            La seconde raison, immédiate, dérivée du relèvement des taux d’intérêt aux Etats-Unis, par Paul Volcker, le nouveau président de la Federal Reserve, à la fin de la présidence Jimmy Carter, terrassé aussi bien par l’inflation de plus de 10% (du jamais vu), que par l’échec de l’opération de sauvetage des diplomates américains, séquestrés dans leur Ambassade de Teheran par les gardes révolutionnaires et les étudiants de Khomeiny. L’envolée des taux d’intérêt a sonné le glas pour beaucoup de pays de l’Amérique Latine, même pour le Mexique, qui pourtant était un exportateur de pétrole. Le Brésil – en plein milieu de son « miracle économique » voulu par ses technocrates obéissant à la volonté du régime militaire, qui voulait faire le pays devenir une grande puissance, au lieu de faire un ajustement comme la plupart des autres importateurs – a vu sa dette extérieure tripler a partir de 1974, ce qui l’a conduit directement à la crise de 1982. En 1984, on était déjà au deuxième ou troisième accord avec un comité de banques créancières, avant de plonger dans plusieurs accords stand-by avec le FMI.
En 1984, on est aussi dans la pente ascensionnelle du Thatchérisme et de la Reaganomics, les programmes orthodoxes de politique économique menés en Grande-Bretagne par la première-ministre conservatrice Margareth Thatcher, et aux Etats-Unis par le président républicain Ronald Reagan, tous les deux responsables par le grand bouleversement qui interviendra dans les relations économiques internationales. C’est la fin du « nouvel ordre économique international », promu à l’ONU par des pays émergents leaders du Tiers Monde, dont l’Inde, le Brésil, l’Algérie, le Mexique, et beaucoup d’autres. C’est la fin d’une époque, et le début d’une autre, tout à fait différente, même si certaines constances continueront à se manifester.
Déjà, dix ans auparavant, avec la stagflation, on avait assisté à la fin des Trente Glorieuses, les trente années de croissance soutenue après la récupération de l’après-guerre : différemment de ce que prédisait Keynes, on avait du chômage, et de l’inflation ; sur le plan théorique, donc, c’est aussi la fin du keynesianisme, et le début de l’ascension des idées libérales, avec Hayek retiré de son oubli par Thatcher et par quelques conservateurs britanniques. Reagan, quant à lui, s’appuyait plutôt sur Milton Friedman, de l’école d’économie de Chicago : les monétaristes ont donné quelques leçons, via les Chicago boys, aux réformistes du Chili et du Mexique. Il n’empêche que Reagan n’a pas suivi Friedman dans ses conseils pratiques : avec le programme Guerre dans les Étoiles, il a mené un énorme effort de keynesianisme militaire à outrance, ce qui a aussi sonne le glas du pouvoir soviétique, déjà sclérosé sur le plan économique. 
Les pays émergents abandonnent, donc, leurs projets de développement national basé sur le soutien à l’industrie, la protection commerciale, les contrôles sur les capitaux et les investissements étrangers, pour commencer, eux aussi, une ouverture économique et des projets plus ou moins réussis de libéralisation commerciale. Ils n’ont pas tous réussi, comme l’ont fait les Asiatiques dynamiques, qui se sont liés étroitement aux principaux marchés occidentaux et japonais, et se sont ouverts à leurs investissements, surtout et principalement la Chine du dernier empereur, Deng Xiao-ping, qui a mené l’une des plus importantes révolutions économiques au XXème siècle, depuis la collectivisation bolchévique et maoïste de quelques décennies auparavant.
Quant à l’Amérique Latine, elle a sombré, dans la plupart des cas, dans le marasme économique, la décennie perdue, en fait deux décennies pour le Brésil, qui a vu pas moins de cinq changements de monnaie en sept ans, avec une inflation cumulée chiffrée par des nombres astronomiques. Mais, la crise a aussi précipité des changements de régime, avec le retour à la démocratie dans beaucoup de pays qui avaient connue la vague des régimes militaires de la Guerre Froide. Même si la stabilité a tardé a être confirmé, on a commencé avec des nouveaux expériences d’intégration, dont un projet de marché commun entre le Brésil et l’Argentine déjà en 1988, qui s’est transformé dans le Mercosur en 1991. Le Paraguay et l’Uruguay ont alors joint leurs deux grands voisins, avec l’espoir de répéter l’expérience européenne en moins de temps. Hélas, ils ne l’ont pas fait, mas tout de même la démocratie s’est raffermie dans la région, ce qui n’a pas empêché quelques dérapages dans certains pays.
Les vulnérabilités des pays émergents n’ont pourtant pas cessé avec les accords financiers du début des années 1990, puisque déjà dans sa deuxième moitié ont était à nouveau replongé dans des nouvelles crises financières – Asie, Russie, Brésil –, dues à la largesses des créanciers et des investissements en excés dans des projets parfois pharaoniques dans certains pays. Les inégalités internes ne sont pas moins importantes et elles ont continué à s’accroître pendant la phase de croissance induite de l’extérieur. Le Brésil continuait d’être un cas négativement exemplaire, même en ayant réussi à dominer l’inflation avec le très ingénieux Plan Réal de Fernando Henrique Cardoso et sa troupe d’économistes : depuis vingt ans, on est avec le real (et 250% d’inflation).
La globalisation, ou la mondialisation, prends un nouvel essor, surtout avec l’ascension vertigineuse de la Chine, à partir du milieu des années 1990 et pendant toute la première décennie du XXIème siècle ; en fait jusqu’aujourd’hui, avec un petit tremblement pendant la grande crise déclenchée aux Etats-Unis à partir de 2007, avec l’éclatement de la boule immobilière de 2007, et la crise bancaire tout de suite après. L’Europe, en fait, en a beaucoup plus souffert, mais les cas des pays méditerranéens, avec leurs crises d’endettement, sont très différents des pays nordiques, avec leurs crises bancaires et de régulation. Un pays qui a aussi beaucoup déçu, depuis le début des années 1990, c’est le Japon, le champion des taux de croissance pendant la période de l’après-guerre, et qui reste plongé, depuis plus de vingt ans, dans une demi-récession.
En Amérique Latine, le Mexique et le Chili ont donné le départ aux réformes libérales, mais c’est ce dernier qui a confirmé sa vocation de tigre asiatique dans un continent encore dominé par l’extrême nationalisme économique et l’intervention de l’État dans la vie des entreprises. Le Mexique est entré à l’OCDE par les mais des Etats-Unis en 1994, en même qu’il signait son adhésion à l’Alena, l’accord de libre échange de l’Amérique du Nord, mais c’est le Chili, qui n’est entré à l’OCDE que depuis trois ans, qui s’est distingué dans les taux de croissance, dans la stabilité monétaire et dans les accords de libre échange avec pratiquement 80% du PIB mondial, y compris l’UE, la Chine et la plupart des pays de l’hémisphère américain.
Que faut-il espérer maintenant d’un Tiers Monde très fragmenté, très divisé, surtout idéologiquement, et qui n’a plus ses vielles recettes dirigistes, voire socialistes, qui ne servaient, en fait, que pour légitimer certains dictatures aussi sclérosées que l’ancien totalitarisme soviétique ? Probablement, la continuité de la fragmentation, de la diversification économique, et une insertion très inégale dans les rouages toujours incertains, et forcément inégaux, de la mondialisation. Ceux des pays émergents qui ont réussi à s’insérer productivement dans les nouvelles donnes de l’économie mondiale, ont pu, grâce à des taux soutenus de croissance, retirer des millions de personnes d’une misère extrême et les faire arriver à une pauvreté convenable, ou  raisonnable, si l’on pense au sort qui était le leur avant la troisième vague de la mondialisation.
En Amérique Latine, le résultat est plus contrasté, avec des pays qui ont adhéré aux nouvelles règles – comme ceux de l’Alliance du Pacifique, le Chili, le Pérou, la Colombie et le Mexique – d’autres qui ont essayé un retour en arrière – frustré dans la plupart des cas, comme on le constate chez le Bolivariens, le Venezuela en tête – et ceux qui hésitent, qui restent au milieu du chemin, qui n’avancent pas dans les réformes et qui sont réticents quant aux chemins à prendre, dont le Brésil, qui n’est pas plongé dans la récession, mais qui semble condamné a des taux médiocres de croissance, faute de réformes et de plus d’ouverture internationale.
Qu’est ce qui va se passer dans les prochains trente ans ? Difficile à deviner, mais l’Asie, certains pays plus que d’autres, semble tourné décisivement vers l’avenir, tandis que l’Afrique continuera de susciter des préoccupations de tous les dirigeants mondiaux, qui semblent décidés à continuer à commettre les mêmes erreurs du passé : donner de l’aide, au lieu d’ouvrir leurs marchés à ses exportations agricoles et minières. L’Afrique n’a pas besoin d’aide, pas au moins l’assistance officielle qui vicie et déforme les structures économiques nationales et les gouvernements locaux. Comme l’Amérique Latine, elle a besoin de réformes, de bonne gouvernance, de moins de corruption, de marchés libres et des entrepreneurs, plutôt que des bureaucrates de l’aide extérieures et des militants des ONGs bien intentionnées.
Le principal défi n’est pas le manque de capitaux, et si le manque d’éducation.
Il suffit de regarder les résultats du PISA de l’OCDE pour le confirmer. Par ailleurs, le Brésil et l’Argentine occupent les dernières places, avec quelques pays de l’Asie centrale et du Moyen-Orient.
Y a-t-il là une nouveauté quelconque ? Difficilement…

Paulo Roberto de Almeida

Hartford, 8 Mai 2014.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Paises emergentes NAO sao as locomotivas da economia mundial - WSJ

The Wall Street Journal, August 12, 2013

A força da economia mundial está se deslocando para o mundo desenvolvido, afastando-se das economias emergentes que deram impulso ao crescimento desde a crise financeira.
Pela primeira vez desde meados de 2007, as economias avançadas, incluindo o Japão, os Estados Unidos e a Europa, estão contribuindo coletivamente mais para o crescimento da economia global — que movimenta US$ 74 trilhões — do que países emergentes como a China, a Índia e o Brasil, segundo dados compilados pela firma de investimentos Bridgewater Associates LP.
Getty Images
Sao Paulo
A reviravolta pode redistribuir os fluxos de capital mundiais e derrubar as previsões que grandes empresas acalentaram baseadas numa visão otimista dos mercados emergentes.
Entre as forças motrizes da mudança está um ressurgimento do Japão, que durante anos esteve entre os países de mais fraco desempenho da economia mundial. Economistas projetam que o PIB do Japão cresceu a uma taxa anualizada de 3,6% no último trimestre, um pouco mais lento do que o ritmo de 4,1% do primeiro, mas ainda assim uma mudança drástica depois de anos de estagnação.
A recuperação da economia americana tem produzido um crescimento constante, embora lento. E espera-se que relatórios a serem divulgados esta semana mostrem que a Europa teve ligeira expansão no último trimestre, após uma longa recessão.
Ao mesmo tempo, os países mais fortes do mundo emergente — como Brasil, Rússia, Índia e China — enfrentam dificuldades ou recuam depois de um desempenho estelar nos últimos anos.
A virada poderia criar novos desafios para as empresas ao redor do mundo que mantêm grandes operações globais.
Empresas que vendem para os mercados emergentes já estão sentindo o aperto. As condições em todo o mundo "abrandaram em um grau muito mais elevado do que tínhamos previsto", diz Richard White, diretor-presidente da Flexible Steel Lacing Co., fabricante americana de peças para correias transportadoras usadas no setor manufatureiro e de mineração. A empresa, de capital fechado, tinha feito planos com base em uma desaceleração no crescimento das vendas anuais dos 20% registrados nos últimos anos para 12%. Em vez disso, as vendas se estagnaram, diz White. Como resultado, o executivo diz que paralisou as contratações nos EUA, onde estão 600 dos seus 900 trabalhadores em todo o mundo.
"A causa parece ser a China", diz White, cuja empresa opera em 10 países e vende produtos em mais de 150. "A demanda que eles tinham — a necessidade de minério de ferro, cobre e carvão — estava alimentando a atividade de mineração na Austrália, África do Sul e América do Sul."
A reorganização do mapa do crescimento mundial é incipiente e poderia ser revertida caso as economias emergentes voltem a se recuperar, mesmo que só um pouco.
Muitas economias de mercados emergentes continuam sendo as de crescimento mais rápido do mundo, mesmo que não estejam se expandindo na mesma velocidade de antes. Os economistas esperam que o PIB da China, a segunda maior economia do mundo, cresça a um ritmo de 7,5% este ano, o mais lento desde 1990, mas que supera de longe o crescimento de cerca de 2% previsto para os EUA. Alguns economistas calculam que a China vai crescer de forma ainda mais lenta do que a meta do governo. Os economistas esperam que economias emergentes menores, desde o Sudeste Asiático até a América do Sul, mantenham taxas de crescimento relativamente robustas.
Um sinal de que as economias emergentes não estão se beneficiando diretamente do ressurgimento em países desenvolvidos é o índice de gerentes de compra nesses países, um indicador do crescimento do PIB. Para os países em desenvolvimento, o índice atingiu seu nível mais baixo desde o início de 2009, segundo um indicador agregado compilado pela consultoria econômica Capital Economics. As mesmas medidas para os EUA, Europa e Japão mostram expansão.
A titubeante recuperação da Europa ainda não se traduziu num aumento da atividade comercial que poderia ajudar as economias emergentes. O renascimento do Japão — ele é hoje o país que cresce mais rápido entre as grandes economias desenvolvidas — também não tem beneficiado seus vizinhos. A recuperação do Japão é acompanhada de um iene acentuadamente mais fraco, o que torna as importações mais caras e faz com que os japoneses estejam mais propensos a comprar produtos feitos localmente.
Os dados compilados pela Bridgewater, baseados em parte numa estimativa das taxas atuais de crescimento, em vez de dados oficiais, mostram os EUA, Japão e outros mercados desenvolvidos contribuindo com cerca de 60% dos cerca de US$ 2,4 trilhões na atividade econômica adicional que o mundo registrará este ano, segundo a previsão de economistas. Os mercados emergentes contribuirão com o restante.
Algumas grandes multinacionais afirmam que a desaceleração não é problema. Os emergentes "continuam a ser uma fonte fantástica de oportunidade", disse Herbert Hainer, diretor-presidente da gigante alemã de produtos esportivos Adidas AG,ADS.XE -0.04% a analistas na semana passada.
Mas os resultados da Adidas mostram um impacto de curto prazo. A desaceleração da Rússia pesou sobre seus resultados, disse Hainer, e sua receita na China cresceu 6% no primeiro semestre, em comparação com um crescimento de 19% em igual período do ano passado e de 38% no primeiro semestre de 2011.
Não há uma razão única que explique por que as economias emergentes do mundo estão sofrendo. O aumento das taxas de juros dos EUA, com base em expectativas de que o Federal Reserve vai pisar no freio em seu programa de compra de títulos de dívida, apertou o crédito em algumas partes do mundo emergente que estão expostas aos mercados financeiros globais.
O formato da atual recuperação americana também desempenha um papel. As últimas duas expansões registradas pelos EUA — o boom tecnológico da década de 90 e o boom imobiliário da década de 2000 — foram impulsionadas pela demanda do consumidor, que tem sido relativamente modesta nos últimos anos. Isso significa um crescimento mais lento da demanda por bens estrangeiros.
A atual expansão americana foi impulsionada em parte pela produção doméstica de combustíveis, o que cria demanda para equipamentos feitos nos EUA. E os salários estagnados nos EUA significam que os custos trabalhistas caíram em relação aos de rivais como a China.
A natureza da recuperação americana é um dos indicadores de que o padrão tradicional, em que o crescimento do mundo desenvolvido é apoiado pelos grandes exportadores do mundo emergente, pode estar se rompendo em lugares como a Ásia.
"Nós não podemos andar na carona do Ocidente. A Ásia se tornou muito grande", diz Frederic Neumann, um dos diretores de economia do HSBC HSBA.LN +1.75%para a Ásia.
Indicadores recentes mostram que a desaceleração da China pode estar chegando ao fim, com a produção comercial e industrial dando sinais de recuperação. Mas poucos preveem um retorno às taxas de crescimento de dois dígitos do passado.
E a desaceleração da China tem amortecido a demanda por commodities e outros bens importados, com efeitos de longo alcance na América Latina e no Sudeste Asiático.
O Brasil, a maior economia da América Latina, estagnou em parte devido ao declínio do apetite chinês por produtos como minério de ferro e carvão. O PIB brasileiro cresceu cerca de 1% no ano passado, depois de ter subido notáveis 7,5% em 2010. O real caiu ao longo dos últimos dois anos, somando-se às preocupações com o aumento da inflação. Pelo menos um milhão de manifestantes foram às ruas para protestar em junho deste ano, num reflexo da ansiedade causada pela desaceleração.
Indonésia, a maior economia do Sudeste Asiático, também tem sido golpeada pela desaceleração da China, com uma queda drástica nas exportações de carvão e óleo de palma. O PIB cresceu a um ritmo anualizado de 5,9% no segundo trimestre, o pior resultado desde 2010.
Problemas domésticos também afetam países como a Índia, onde a má administração da economia levou a um declínio da moeda local, a rupia, e a um aumento dos déficits em conta corrente.
Certamente, a desaceleração do crescimento em muitas economias emergentes tem sido suave, aquém de níveis considerados de crise, o que leva algumas multinacionais a manter uma perspectiva positiva.
O lucro da Vale SA, VALE5.BR +3.24% maior produtora de minério de ferro do mundo, caiu por oito trimestres consecutivos. A China é de longe o maior cliente da Vale, mas os chineses vão continuar precisando de minério brasileiro, diz José Carlos Martins, o diretor de estratégia da empresa.
"Há um monte de gente perdendo o sono por causa China", diz ele, "mas eu não".

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Brasil: um pais rico? - Foreign Policy En Espanol

LA RIQUEZA DE LAS NACIONES
Foreign Policy, 27 de junio de 2012

Ya es hora de dejar de denominar a Estados como Brasil o China "países en desarrollo". Deberíamos llamarlos de otra manera: ricos.

AFP/Getty Images
Equipo chino de rescate se prepara para partir hacia Haití tras el terremoto que sacudió la isla en 2009.

¿Qué es un país rico? Esta podría parecer una pregunta inofensivamente simple. Pero no lo es. ¿Lo suficientemente rico para hacer qué? Si definimos rico como la capacidad de permitirse misiles de largo alcance y armas nucleares, entonces incluso la empobrecida Corea del Norte entra en esa categoría (siempre y cuando a uno no le preocupe mucho que los misiles de verdad funcionen). ¿Y qué pasa con ser lo suficientemente rico para garantizar una vida decente a todos los ciudadanos? Muchos en Estados Unidos y Europa alegarían que incluso sus países desarrollados, con los niveles de vida más altos del mundo, no son ricos según esa forma de medir. ¿O qué sucede con ser lo suficientemente rico para ser un buen ciudadano global, proporcionando ayuda a aquellos que la necesitan más desesperadamente?...


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