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domingo, 6 de setembro de 2015

Flavio Rocha: um empresario de mercado, pelo mercado... - Entrevista OESP

Segundo empresário, outra opção é de uma ‘agonia longa’, com a presidente mais três anos e meio no poder

'Com impeachment, a agonia seria curta'

  • Alexa Salomão e Fernando Scheller
O Estado de S.Paulo, 05 Setembro 2015 | 17h 00
Sem projeto e sem propósito. É assim que o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, define a economia brasileira hoje. O empresário, dono da terceira maior rede de moda do País, atrás da C&A e da Renner, atribui a crise que se instalou no País à política do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. 
E fala, abertamente, que a atual gestão da presidente cria dois cenários para a economia: “Um é o de uma agonia curta, com impeachment. O outro, de agonia longa, cumprindo três anos e meio de mandato.” Em sua opinião, é urgente uma “cirurgia profunda” no Estado brasileiro, que vai muito além do ajuste fiscal, algo que o governo atual não tem condições ou vontade de fazer. A seguir, os principais trechos da entrevista de Rocha ao Estado.
Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, terceira maior varejista têxtil do País
Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, terceira maior varejista têxtil do País
Como o sr. vê a economia?
Vamos começar com uma boa notícia. Encerrou-se um ciclo. Um ciclo de ideias ruins, insustentável. A gente já vê os indícios fortes da mudança. A mudança vem da cabeça do eleitor, de um novo personagem que vai mudar a história do País: o eleitor-consumidor-cidadão. Ele sucedeu o eleitor súdito, que era o fiel da balança e representava uma grande base de 60% de pobreza. Ficava com o pires na mão para o Estado. Houve uma transformação demográfica e econômica. Hoje, o fiel da balança não é mais a base da pobreza. É o novo consumidor, com condição de resolver as paradas eleitorais que vêm pela frente. Ele enxerga o Estado de uma outra forma. Não cai mais no mito do Estado que resolve todos os problemas. Ele vê o Estado como vê a sua operadora de telefonia celular, de TV a cabo. Paga e exige reciprocidade. Esse novo perfil vai ser o estopim da mudança.
Para o sr., as manifestações contra o governo são promovidas pela nova classe média? 
Sim. O povo não está pedindo mais Estado. Está pedindo menos Estado. Está pedindo eficiência do gasto público, menos clientelismo, menos paternalismo. Em 2013, não. Ali acho que tinha uma confusão, tinha no meio os black blocs (grupo que ataca símbolos do capitalismo), uma coisa de movimentos sociais. Mas agora as manifestações dizem isso.
Para muitos, as manifestações são promovidas pelo pessoal da “varanda gourmet”.
As pesquisas desmentem isso. O conflito que está instalado não é pobre contra rico. Não é patrão contra empregado. Não é Nordeste contra Sudeste. Não é trabalhador rural contra MST. Um país é como uma carruagem. As forças de tração dessa carruagem são o trabalhador e o empresário. E existe o Estado. Quando eu era deputado, na Constituinte (Assembleia Nacional Constituinte, entre 1987 e 1988), defendia a tese do imposto único. Subia na tribuna para me rebelar contra a carga tributária escorchante de 22% do PIB. Pois ela foi de 22% para 37%, mais 7% de déficit. Quer dizer: temos um Estado escandinavo no tamanho e centro-africano na eficiência. Ter esse nível de carga tributária com essa ineficiência é condenar o Brasil a ficar fora do jogo competitivo. Nós competimos com países onde as carruagens sustentam 15%, 17%, 20% do PIB de carga tributária. São carruagens que andam. 
O sr. disse que está se encerrando um ciclo ruim. Pode explicar melhor? 
Um período de inchaço desmesurado da máquina do Estado e de ideias que levavam à crença de que existia outra saída para a prosperidade que não o trabalho. Que você podia ter uma casa, que é o bem mais desejado de uma família, sem trabalhar. Encerra-se um ciclo estatizante, socializante. O mundo todo já decidiu a questão ideológica sobre se os bens de produção devem estar nas mãos do Estado ou da iniciativa privada. Eu já tinha preguiça desse tema quando fazia faculdade. Hoje, mais ainda. Mas isso está em pauta. 
O sr. acredita que o Estado pode ficar menor na gestão do atual governo?
Acho que não. Ajuste fiscal é uma palavra muito suave para a gravidade do problema. A gente não precisa de ajuste fiscal. Precisamos de uma cirurgia de grande porte no Estado, que faça o Estado mudar de propósito. O Estado hoje existe em função de si mesmo. Ganhou vida própria. Há muito tempo, o Estado não existe em função da sociedade. Tornou-se intocável, blindado em si mesmo. Olhe o corporativismo dos professores. Outro dia, um secretário de Educação, de algum Estado, disse que teve uma reunião de três horas com o sindicato dos professores e não se falou uma vez a palavra aluno. Quer dizer: o aluno é um detalhe, está lá para atrapalhar. O que interessa é o corporativismo da máquina. Então, isso tem de ser respaldado pelas urnas. Infelizmente, o projeto que foi aprovado – se é que existia algum projeto – prega o contrário disso, desautoriza qualquer um que queira fazer uma cirurgia mais profunda. Mas, pela primeira vez, existe a perspectiva de um projeto liberalizante.
Como o sr. vê a discussão sobre o impeachment da Dilma, que foi pedido em algumas manifestações?
Nós temos aí duas alternativas. Eu não acho que vai ser este o governo que fará o que tem de ser feito. O orçamento já é assumidamente deficitário e toda tentativa de cortes que é feita, a presidente bloqueia. Então, acho que existem dois cenários: um é o de uma agonia curta, com impeachment. O outro de agonia longa, cumprindo três anos e meio de mandato. Mas será uma agonia que não vai mudar nada. Há uma paralisia e qualquer um dos cenários – de aumento de impostos ou de diminuição do Estado – envolve retaguarda política, que não existe.
Mas o sr. é contra ou a favor do impeachment da Dilma?
Se as contas forem rejeitadas e não houver o impeachment, é melhor rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal. É a pior sinalização que pode haver. Aí é o caos. A sinalização que isso traz para todos os governadores e prefeitos é devastadora. É chutar o pau da barraca. Neste momento, uma agonia curta seria um trauma menor.
O que seria a essa agonia?
É o momento que nós estamos vivendo agora, a máquina parando, o desemprego aumentando, sem crescimento, sem investimento.
O sr. é empresário, o que está acontecendo que nós não estamos tendo investimento?
Falta de propósito.
Foi isso que causou a paralisia?
Primeiro, foi a falta de propósito. Propósito é fundamental. Você tem de olhar para a cara do seu governante, até do presidente da sua empresa, e enxergar adiante: “A Riachuelo daqui a dez anos vai ser isso, nessa Riachuelo daqui a dez anos tem lugar para mim, eu vou estar melhor, eu me identifico com o propósito da Riachuelo, que quer alargar as portas da moda, a moda que melhora a vida das pessoas”. Tem de ter essa identidade de propósito. 
Então, estamos à deriva?
Você olha para a Dilma e vê qual é o propósito? Se tem, não consegue transmitir, e se transmite é um propósito que hoje é extremamente minoritário. A capacidade, a energia do Brasil está adormecida, mas voltará quando surgir um novo projeto – e vai surgir porque nenhum espaço fica vazio por muito tempo na política.
E onde a presidente errou?
Eu vi uma frase interessante no começo do governo Lula. Foi nas primeiras semanas: “Este governo vai dar certo porque está fazendo tudo que Fernando Henrique (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) fez, e sem o PT para atrapalhar”. E foi o que aconteceu. Mas a Dilma reverteu tudo o que tinha sido feito. 
Como assim?
Começou a acreditar em artificialismo. Ouvi uma colocação, acho que do Arminio Fraga (ex-presidente do Banco Central no governo de FHC). Ele disse: “Esse é um governo que não acredita em preços”. Quando você vê o preço do tomate aumentar é um alerta importante que denuncia uma escassez localizada. E o que se faz nessa hora? Nada. Deixa a ganância empresarial atuar. O produtor vai descobrir que tomate está dando lucro, mais gente vai produzir tomate, aumentar a oferta e o preço volta para onde estava. Dilma ignorou essas delicadas engrenagens da economia, jogou areia nas delicadas engrenagens, com intervenções de todo tipo, artificialismos.
O que o sr. acha das manifestações de empresários em favor do governo Dilma? 
Quando você fala do setor empresarial, existe muita confusão. Tem dois mundos completamente distintos. Tem o empresário de mercado e tem o empresário de conluio. Existe aqui o “cronismo”: termo que o Gustavo Franco (ex-presidente do Banco Central no governo de FHC) lançou em um artigo dele sobre o capitalismo crony (em tradução livre, capitalismo de apadrinhados, pois a palavra em inglês, derivada do grego, é uma gíria para amigo, afilhado). O PT, quando pensa em capitalismo, é: “Fulaninho, o que você quer?” O termo campeões nacionais, até outro dia, fazia parte do discurso nacional. Um absurdo. Vou eleger este aqui o rei da proteína animal, este aqui o rei da construção civil e este aqui o rei do óleo e gás. Isso é de uma arrogância, de uma onipotência... O mercado não conta. O governo torna irrelevante a opinião do mercado, força de cima para baixo com instrumentos de financiamentos, de juros subsidiados, que é mais uma perversa forma de intervencionismo. É assim: eu escolho você, dou dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e tal. Isso é a antítese do capitalismo. Muitas vezes, você olha e diz: ah, são os empresários. Mas vai ver e o que tem é o clubinho do capitalismo de conluio.
E como é o outro grupo de empresários?
O outro, do qual eu muito me orgulho de fazer parte, é aquele que vive do mercado, do consumidor. Se eu vou crescer mais do que Marisa, Pernambucanas ou Renner, só devo a um juiz: a dona Maria, que entra na loja e paga sua prestação de R$ 15. Somos escolhidos pelo mercado.
O sr. fala da necessidade de mudança, mas o Congresso não tem mostrado disposição em ajudar. 
Por falta de propósito (do governo atual). Por que a oposição vai se sacrificar, votar medidas antipáticas, quando o partido do governo quer fazer papel de mocinho? Tenho certeza de que esses mesmos deputados, com um novo propósito, uma nova sinalização, um novo chamamento, teriam um comportamento completamente diferente. O propósito tem o dom de fazer milagre.
O sr. não mencionou a Lava Jato. Não está no seu radar?
A Lava Jato é a grande contribuição que sai desse episódio todo. A luta contra a corrupção não é feita apenas com leis, afastando pessoas sem éticas e colocando no lugar pessoas de boa índole. O que faz a corrupção são as regras do jogo. O estatismo é um convite à corrupção. O Estado grande é o habitat natural da corrupção.
E o que evita a corrupção? 
O antídoto à corrupção é o livre mercado. Para usar um exemplo simples: se eu tiver aqui na Riachuelo um comprador de gravatas corrupto, que recebe propina de um fabricante de gravatas da esquina, graças aos freios e contra pesos do mercado, a gravata da Riachuelo vai ser mais feia, de pior qualidade. Vou perder participação no mercado de gravatas e meu concorrente vai ganhar. Isso é o que Ronald Reagan (ex-presidente dos Estados Unidos) chamava de freios e contrapesos do mercado. O Estado, tão sabedor das suas limitações como gestor, quando entra num setor, a primeira coisa que faz é delimitar o mercado. Isso tira todos os freios à corrupção. Abre a porta para o superfaturamento. Começa com 10%, vai para 100% e para 1.000%, como estamos vendo. Se esse episódio nos tirar a cruz que repousa sobre o povo brasileiro, que é o monopólio do mercado de petróleo, entre tantos outros que temos no Brasil, a energia de criação de riqueza paga essa conta rapidamente, porque petróleo é um setor transversal. Os absurdos, os superfaturamentos impactam todos os demais setores. Todos dependem de frete, todos têm transporte. A Lava Jato é uma bênção para o Brasil, vem para limpar. É um sinalizador de que o Estado deve ser menor.
Qual a sua previsão para o varejo? 
O varejo teve o primeiro trimestre negativo depois de uma década em que cresceu sempre muito mais que a média do PIB. No primeiro semestre, fechou no negativo. Isso atinge de forma diferente os três subsetores. O de duráveis, onde estão os eletroeletrônicos, tem empresas com 20%, 30% de queda. Depois vem o setor de alimentos – até os alimentos estão sofrendo muito por causa da inflação. O que está sofrendo menos é o de semiduráveis – farmácia, têxteis, calçados, que têm até um certo crescimento. Nós estamos crescendo graças à expansão física (com novas unidades). Nas lojas abertas há mais de um ano, estamos estagnados. O que já é uma boa notícia, porque todo mundo está negativo nas mesmas lojas. 
Geralmente, o segundo semestre tende a ser melhor. Isso não vai ocorrer em 2015?
Será melhor em relação ao primeiro semestre, mas sempre fazemos a comparação com igual período do ano passado. Então, vai ser pior. O Dia dos Pais foi fraco. No Natal, vai se manter o marasmo. Não temos expectativa de recuperações. A carruagem está parando. A força de tração não é suficiente. O resultado disso é crescimento zero. 
O sr. está pessimista?
O empresário tem de partir do pressuposto que crise, por definição, é um episódio passageiro. Não se pode dimensionar a sua empresa para a crise, porque a crise passa e sua empresa fica despreparada para a bonança que, por definição também, vem depois das crises. Estamos abrindo lojas, construindo um centro de distribuição que é o estado da arte do setor. O “capex” (investimento na melhoria de bens de capital uma empresa) chega a R$ 500 milhões neste ano. No Brasil, só pode ser pessimista quem está com os olhos no curto prazo.

Crise politica: suseranos e vassalos - Pedro Logomarcino


Suseranos e vassalos
Pedro Lagomarcino, Advogado. 
 
Uma das relações de poder e política mais deploráveis que a história registrou foi a relação de suserania e vassalagem. Produto do feudalismo, para alguns historiadores esta seria uma evolução pedestre da relação escravista greco-romana; ao passo que para outros a relação significava apenas o fato do suserano “oferecer” suas terras para quem aceitasse produzir, cuidá-las, auxiliar em guerras e a pagar impostos. Nestes casos, quem aceitasse tal condição passava a ser considerado vassalo.
Em tempos de República e em plena vigência do Estado Democrático de Direito, constitucionalistas e historiadores são unânimes ao dizer que a relação de suserania e vassalagem não guarda mais espaço no tempo atual. Entretanto, em se tratando de política e poder, a relação que é modificada ou substituída deixa traços inconfundíveis na relação modificante ou substituinte. É como se substituíssemos apenas o rótulo e houvessem pequenas alterações no “sabor” e “aroma” no seu produto, a ponto do “paladar” e o “olfato”, habitualmente, reportarem-se ao que era o produto original, embora agora ambos estejam um tanto diferentes.
Ao passarmos a visualizar que o Suserano de ontem é a autoridade Estatal de hoje e o vassalo do passado é o cidadão atual, nos parece que o pensar unânime dos constitucionalistas e historiadores foi colocado em xeque. É que por um lado o suserano não oferece mais as terras ao vassalo, mas diz lhe “conceder” a liberdade e “reconhecer” sua cidadania. Por outro lado o vassalo segue tendo de pagar tributos, para habitar em uma terra que não lhe pertence, nem irá lhe pertencer, dado que a República é de todos. Tributos estes que não sabemos mais em troca de que, dada a ineficiência e o pouco caso que lhe faz o Suserano. Mesmo em tempos de República seguem no sistema atual dois traços característicos do sistema anterior: o pagamento de impostos (cada vez maiores, em níveis nunca antes vistos) e a obrigação de “lutar” em guerras. De lutar em guerras? Sim, porque não há guerra maior para o vassalo (ou cidadão, se preferirem) da que ter de trabalhar comprovados 4 meses do ano, para sobreviver e para custear a carga dos tributos que lhe impõe o Suserano (ou Estado, como queiram).
Como vimos, trocam-se os rótulos, modifica-se um pouco a roupagem, mas tudo segue lembrando o que era o produto original. Em se tratando de Brasil, o “gosto” historicamente é sempre ácido e o não se pode falar em “aroma”, e sim em “odor”. Uma Lei praticamente irrevogável. Uma sina. Um paradoxo: tudo muda, mas ao mesmo tempo nada muda. Os suseranos de ontem senão ou foram os Presidentes dos últimos 12 anos, ou foram e são Ministros do Executivo de hoje durante o mesmo tempo. E os vassalos de outrora, seguem sendo os cidadãos de hoje.
Mas será que nos últimos 12 anos de história, o Brasil não produziu nada de novo?
Sim, produziu: o vassalo-mor.
Diferentemente do vassalo comum, o vassalo-mor aceita um jugo que ao lhe ser imposto, chega ao ponto de revelar um determinismo natural: o de trabalhar por terras inférteis e combater em guerras ímpias. É o que podemos observar de muitos Ministros do Poder Executivo, nos últimos 12 anos. Embora o pronome de tratamento nos exija trata-los por Excelências, muitos não fazer por merecer tratamento algum, esta é a verdade. Dentre os predicados de muitos não estão conhecimentos e sim o fato de possuírem as qualificações, diga-se de passagem, as piores, como investigados ou denunciados, em inquéritos da Polícia Federal ou em denúncias que lhes promovem o Ministério Público. Há outros Ministros que têm mais predicados desabonadores, qual sejam, os de condenados, por usurparem o poder, desviarem-se completamente de suas funções, praticarem improbidade (leia-se: o oposto da probidade), crimes dos mais diversos como verdadeiros representantes de seus mentores. Uma espécie de via do ilícito, engendrada de modo que os “negócios” que passassem por ela, fossem tratados ares de normalidade, mesmo que em tais casos todos saibam que a ilicitude é manifesta.
O poder sempre foi um atributo da autoridade e possui o traço de ungir e revelar grandes homens e ou estadistas, ou pequenos homens e vermes. Exatamente, porque o poder corrompe e o homem é corrompível. Que o digam ou aqueles que frequentam com habitualidade o balcão de negócios, através do “toma lá, dá cá”. Hoje, articuladores políticos com pseudo-prestígio. Amanhã, investigados, denunciados, réus implorando pela delação, condenados e ímprobos. Algo que passa ao largo das noções mais elementares da República e da Democracia. Pelo contrário, são os exemplos vivos da violação de ambas e da inobservância estreita dos Princípios Constitucionais da Administração Pública (da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, da publicidade e da eficiência). Aliás, não precisa ser jurista, para saber que os atos atentatórios a estes Princípios, todos, sem exceção, produzem ao fim e ao cabo o Brasil que temos: um case de má gestão de políticas públicas e, em que pese este país tenha uma das mais altas cargas tributárias do mundo (atualmente a 8ª), é um dos que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em prol da sociedade. Para se ter uma ideia o Brasil arrecada mais tributos que os EUA, que a Suíça e que o Reino Unido. É ou não é de se questionar como eles são tão desenvolvidos e prósperos e nós tão atávicos? A resposta é curta e simples: pela má gestão pública e pelos vassalos-mores que temos. Mais ainda, se somos indiferentes ou omissos, pois em tais casos criamos o habitat necessário para que se reproduzam e deixem seus aprendizes.
É exatamente no momento em que cada autoridade ou agente público acha que pode fazer das atribuições que está investido um balcão de negócios, através do “toma lá, dá cá”, que passa a existir, dentro do próprio Brasil, milhares de sucursais de “outros escritórios”, nos quais os “donos” são exatamente as próprias autoridades. Consequentemente, interesses manifestamente privados, passam a ser travestidos de interesses públicos. Eis os porquês de norte a sul existem muitos “brasis”, dentro do próprio Brasil. Eis os porquês a Polícia e o Ministério Público tenham de se esforçar, para achar nomes impactantes que possam dar a devida conotação do escárnio praticado contra a nação, a exemplo da Operação Cosa Nostra, da Operação Castelo de Areia, da Operação Anaconda, Operação Lava-Jato, da Operação Rodin. E o produto dos crimes comprovados nestas operações e praticados pelos Vassalos-mores é que faz o Brasil não sair do estado de letargia nunca. O Brasil fica sempre para amanhã, fica sempre por acontecer. O estado e a atual situação da falta de gestão, destacamos, eficiente, no ensino público, nas escolas públicas, na segurança pública, no sistema de saúde, na ciência e tecnologia faz do nosso país um ente imediatista, autóctone, sem planejamento, nem alinhamento estratégico, ingovernável e talidomídico.
O grupo de suseranos que dita as ordens é o mesmo há 12 anos e o avião que ensaiava manter a estabilidade, em tempos de plano real, está em queda livre. Não há alternância deste sistema completamente esgotado, marcado pelo locupletamento ilícito, a malversação de verbas públicas e pela corrupção. Não bastasse tudo isso a casta dos vassalos-mores cada vez a aumentar mais.
Ao que tudo indica o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, parece estar em vias de pleitear seu ingresso nesta nova casta. Chega a ser contraditório, pois recentemente, referido Procurador-Geral nos dava provas de que não iria declinar de exercer suas atribuições, em prol da República, enfatizo, República, do latim, res publica, coisa de todos. Era o que todo brasileiro pensava ao ver a manifestação de Janot diante dos questionamentos e dos olhos de fogo do Senador Collor, perante a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Resultado? Janot se posicionou de forma exemplar e a votação lhe rendeu 26 votos favoráveis e apenas 1 desfavorável, de modo a não deixar dúvidas, tanto do êxito de seus posicionamentos e, provavelmente, que o único voto contrário, seja do Senador que teve sua Lamborghini apreendida pela Polícia Federal em uma investigação atualmente em curso. Mas, infelizmente, não demorou muito para que algo emergisse dentro de Rodrigo Janot. Simplesmente do dia para a noite, o Procurador-Geral “decidiu”, ou melhor, achou que tinha poderes, para se sobrepor a mais alta Corte, em matéria de legislação eleitoral do Brasil, o TSE – Tribunal Superior Eleitoral. Simplesmente com um “canetaço” Janot arquivou a investigação da campanha que reelegeu a Presidenta Dilma Rousseff. Janot parece mesmo estar de fraldas, quando o assunto é exercer as atribuições de Procurador-Geral da República e não a de advogado de campanha de Dilma, a ponto do Ministro Gilmar Mendes dizer que a fundamentação para o arquivamento, “vai de infantil a pueril” (nestas palavras).
Desde há muito se sabe que no tempo do feudalismo, os senhores feudais não costumavam sujar as mãos e determinavam aos seus vassalos o cumprimento de suas ordens. Será que Janot está se habilitando a vassalo-mor, ao confundir as atribuições de Procurador-Geral da República, com as de advogado particular de Dilma Rousseff? Fato é que com tal “canetaço” Janot é um cristal quebrado e já inicia seu novo mandato por negar-se a cumprir não uma simples decisão, mas um acórdão do TSE.
Embora eu seja um tanto avesso a Karl Marx, foi o referido pensador que nos disse “todo produto guarda em si os traços vestígios do sistema que o engendrou”. Sou mais próximo das ideias de Milton Friedman e Ludwig Von Mises, mas não posso deixar de dizer que, neste caso, a lição de Karl Marx veste como uma luva.
Dr. Pedro Lagomarcino
OAB/RS 63.784

A grave crise de governança no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Não se trata de comemoração do 7 de Setembro, talvez o contrário: nunca o panorama pareceu tão sombrio...
Um trabalho rapidamente composto a partir de reflexões efetuadas ao início do poder companheiro.
Paulo Roberto de Almeida


A grave crise de governança no Brasil
Duas ou três coisas que eu sei dela e algumas maneiras de superá-la

Paulo Roberto de Almeida

Um problema grave de governança
O Brasil enfrenta atualmente uma das mais graves crises econômicas de toda a sua história, sendo que ela mesma, reconhecidamente, está na origem de outra grave crise, de natureza política, que teve início nas próprias eleições de outubro de 2014, e que se acentuou desde o primeiro dia do governo atual, inaugurado em janeiro de 2015 (sem prazo certo para terminar). Na verdade, quero demonstrar que, independentemente dos contornos mais ou menos graves dessas duas crises, a econômica, e sua consequência “natural”, a política, o país tem, sim, uma séria e grave crise de governança, que:
(a) paralisa a máquina pública;
(b) aumenta a volatilidade do ciclo econômico;
(c) diminui a confiabilidade do (e no) sistema judiciário; e
(d) influencia de modo negativo o quadro político-institucional.

Essa situação redunda:
(e) no acirramento dos conflitos entre os poderes, essencialmente entre o Executivo e o Legislativo, mas envolvendo igualmente o Judiciário; e, obviamente,
(f) na redução dramática das perspectivas de melhoria da mesma governança política.

Desejo, desde já, sublinhar o adjetivo “grave”, pois o quadro compromete a possibilidade de quaisquer políticas de correção parcial dos problemas existentes, uma vez que, no centro da crise, se situa a incapacidade completa da mais alta autoridade do Executivo de encaminhar, de modo racional e legítimo, soluções razoáveis às duas crises setoriais referidas. Não há governança porque não há governante legítimo, sendo que o atual perdeu a confiança de mais de quatro quintos da cidadania, que já demonstrou ter preferência pelo impeachment ou pela renúncia. No momento em que escrevo, não existem perspectivas muito claras quanto ao desenlace das crises conjugadas, ou sequer o vislumbre de uma solução positiva quanto à falta completa de governança política, por incapacidade própria e por uma visível carência de legitimidade da atual incumbente do poder político.

A crise latente em perspectiva histórica
Os contornos da crise econômica parecem evidentes no país. Registra-se, de forma aparentemente delongada, um ciclo de crescimento negativo do PIB, de aumento do desemprego, de fragilidade continuada nas contas públicas, de depreciação crescente da moeda nacional e de incapacidade do atual governo de enfrentar novas demandas por recursos públicos por parte dos agentes públicos e da própria sociedade. Tudo isso se reflete em indicadores negativos que nos remetem às semanas e meses de outro ciclo de falta de confiança que foi aquele despertado pela conjuntura eleitoral de 2002, quando o mesmo grupo dirigente da atualidade apresentou-se para dirigir o país, prometendo mudar tudo e alterar profundamente as regras do jogo.
O cenário, naquela conjuntura, era complicado por causa dos problemas existentes em escala regional, a partir da crise argentina do regime de conversibilidade, que se manifestava desde antes da derrocada fatal das políticas econômicas em curso no país vizinho, no final de 2001. O próprio Brasil tinha problemas de fragilidade interna e externa desde alguns anos, praticamente desde a fase da redemocratização – que jamais produziu anos de crescimento sólido e sustentável – e vinha penosamente, ao longo dos anos 1990, tentando colocar em ordem esses desequilíbrios, com base em políticas consistentes e adeptas do rigor fiscal, com maior ênfase a partir da mudança no regime cambial em 1999.
Quando o Brasil, finalmente, parecia ter colocado a casa em ordem, no decorrer do ano seguinte, a crise argentina e uma crise interna de abastecimento energético, ambas em 2001, vieram novamente testar a capacidade das lideranças políticas em conduzir políticas adaptativas e corretivas dos desafios mais prementes. Mais grave ainda, as promessas econômicas esquizofrênicas da oposição companheira ameaçavam desfazer o edifício macroeconômico das políticas que vinham sendo montadas para tentar colocar novamente o Brasil no itinerário de um processo de crescimento sustentado: flutuação cambial, regime de metas de inflação, Lei de Responsabilidade Fiscal e, conectado à ela, liberação de superávits fiscais para o pagamento da dívida pública, de acordo com entendimentos mantidos com o FMI, que sustentou o esforço fiscal e de reequilíbrio do balanço de pagamentos mediante acordos stand-by que se desenvolveram em várias etapas desde 1998. Em meados de 2002, em plena campanha presidencial, o governo de FHC negociou mais um acordo de sustentação financeira com o FMI, que foi acatado por todos os candidatos no processo eleitoral, inclusive o de oposição ao governo, que acabou sendo eleito poucos meses depois, em outubro.
A retomada de um processo de crescimento sustentado, compatível com as taxas historicamente registradas no passado, dependia então da manutenção daquelas políticas, o que entretanto tinha sido colocado em dúvida na conjuntura eleitoral de 2002. O Brasil pagou um alto preço em função da campanha demagógica do candidato principal, que prometia mudar tudo, o que se refletiu nos juros, no câmbio e nos valores dos títulos governamentais da dívida externa brasileira. Cabe reconhecer que a democracia tem um preço, em termos de aumento da cacofonia no processo decisório e de volatilidade das políticas de curto prazo, mas ela sempre é, em qualquer hipótese, infinitamente mais saudável, inclusive no plano econômico, do que qualquer sistema autoritário de debates (restritos) e de tomada (arbitrária) de decisões, como era o caso durante o período militar.
O sistema político precisaria estar preparado para acomodar qualquer aumento na dispersão de opiniões, típico nos regimes democráticos, mas é um fato que qualquer melhoria na institucionalidade do Estado depende dramaticamente da qualidade dos homens públicos, fator notoriamente carente na tradição social e cultural brasileira. Não se pode sempre dispor de condições ideais para o processo de desenvolvimento, mas as improvisações e voluntarismos podem por vezes custar caro.
Foi o que o Brasil passou a enfrentar a partir de janeiro de 2003, quando uma nova equipe chegou ao poder e começou a alterar de maneira por vezes radical a forma de funcionamento do Estado e suas políticas setoriais. O Estado, aliás, foi tomado de assalto por uma horda de militantes obedientes, disciplinados às ordens superiores, mas claramente incompetentes para fins de administração pública. Esse aparelhamento tinha inclusive um sentido “orçamentário” para o partido companheiro, pois cada um dos disciplinados militantes e, a partir de então, dos novos “funcionários” públicos, passou a contribuir para o partido com um percentual de seus salários individuais, enquanto outros deixavam uma parte dos subsídios adquiridos a título de cargos de confiança. Reconheça-se, de imediato, que a política econômica permaneceu praticamente intocada, uma vez que, sem dispor de pessoal competente, o partido companheiro teve de admitir a continuidade de alguns membros da equipe anterior, bem mais realista, preparada e competente, e inimiga declarada de qualquer improvisação ou magia econômica.
Ao longo do tempo, no entanto, a equipe foi sendo alterada, e a qualidade das políticas econômicas, macro e setoriais, foi sendo erodida, com um aumento contínuo nos gastos correntes – vários tornados permanentes –, o crescimento da máquina pública, o aparelhamento do Estado pelos companheiros de formação muito tosca, o que se refletiu na deterioração da governabilidade em várias áreas da administração pública, e em todos os demais setores que dependem do governo, como os de saúde, educação, infraestrutura, segurança, justiça e processo legislativo. A deterioração administrativa e o descalabro econômico se tornaram bem mais acentuados a partir do segundo governo companheiro, a partir de 2007, mas as raízes do problema já tinham sido colocadas desde o início, aliás refletidas nos primeiros escândalos que começaram a pipocar ainda em 2004.
O sistema político-partidário, assim como o próprio regime representativo apresentam, no Brasil, baixa qualidade intrínseca e baixíssimos níveis de eficiência, assim como não se teve, ao longo dos anos, qualquer melhoria em seu funcionamento, especialmente no Legislativo. As relações entre o Executivo e o Legislativo passaram a se caracterizar por uma chantagem recíproca, o que ficou evidente no curso do Mensalão, que se acreditava, naquele momento (2005), ser o maior caso de corrupção da história política brasileira. Todos, a começar pela alta cúpula do Judiciário, que começou a investigar o processo do Mensalão, a partir de 2006, e só veio a conclui-lo em 2012, consideravam que o Mensalão seria um marco corretor da governança política no Brasil, o que se revelou de uma ingenuidade exemplar. Paralelamente se desenvolvia um outro processo ainda mais insidioso de corrupção mafiosa na alta cúpula do Estado, que só seria revelado a partir de 2014, com os primeiros passos da Operação Lava Jato. O chamado Petrolão superou exponencialmente o Mensalão e já se converteu, não apenas no maior caso de corrupção da história brasileira, como também numa ocorrência de dimensões gigantescas, aparentemente ainda não rivalizado em qualquer outro país.

Quais são os elementos da crise de governança no Brasil?
Retomando a caracterização central adotada na presente análise, não parece haver dúvida em afirmar que o atual cenário brasileiro não se caracteriza por uma “simples” crise econômica, ou por sua deriva inevitável para o terreno político, ainda que possam existir indicadores preocupantes na primeira vertente e “ruídos” (atualmente muito mais “ruidosos”) na segunda. O que parece, sim, constituir o núcleo central e o vetor principal dos atuais problemas brasileiros é o dramático quadro de falta de governança política, já caminhando para um cenário de anomia institucional, cujos elementos principais podem ser registrados a partir de agora.

Constitui um dos truísmos da vida prática, e até da teoria política, o fato de que o poder especificamente político, na sua esfera executiva, não pode ser dividido, nem deve ser dispersado, devendo existir de forma concentrada numa única fonte de autoridade. Esta tem de deter, legítima e incontestavelmente, por delegação dos eleitores, o comando do processo decisório, que deve então funcionar de maneira eficiente a partir dessa fonte unitária de decisões. Não é uma revelação inédita o fato de que, no Brasil atual, as fontes de poder estão dilaceradas em vários centros de decisão, e relativamente dispersas, ainda que de maneira informal. Sobre a incumbente atual, e esse quadro não vem da presente conjuntura, paira uma imensa sombra de poder, que parece sugar as forças da mandatária.
Não se trata de situação dos últimos meses, neste primeiro ano do segundo mandato da atual incumbente, mas de um cenário que se desenvolve desde antes do início do terceiro mandato companheiro, desta vez por delegação claramente reconhecida, depois de dois mandatos aparentemente bem sucedidos do demiurgo salvador que se considerava acima de quaisquer outros líderes brasileiros do último meio século. O líder populista se considerava um segundo Getúlio Vargas, talvez até com pretensões de alcançar um reconhecimento inigualado na história política brasileira. Desejoso de continuar seu reinado por preposto devidamente mandatado, o carismático sindicalista encarregou-se de selecionar ele mesmo seu sucessor, fora das fileiras tradicionais do partido companheiro, aliás, de maneira a assegurar que sua vontade seria feita em quaisquer circunstâncias, independentemente de sua ausência (temporária?) do poder.
Não surpreende, assim, que as fontes legítimas e reconhecidas de poder passaram a estar diluídas em diversas instâncias, o que parece ter sido aceito como “natural” pela atual incumbente. Sua figuração no comando central do governo apresentou-se, assim, exatamente como uma figuração, o que lhe fragilizou as bases de seu poder político desde o início do primeiro mandato. Havia ministros da cota do ex-presidente, outros que foram designados por partidos e que a incumbente sequer conhecia (e que nunca chamou para despacho) e vários que se revelaram envolvidos em falcatruas desde sempre, e que foi preciso demitir não por vontade própria, mas por pressão da imprensa. Ou seja, um governo saqueado por aventureiros políticos, fragmentado pela coalizão heteróclita que lhe garantia uma grande base de apoio congressual – aliás ainda maior do que a anterior,  sob o chefe inconteste do jogo político – e um potencial imenso para o desgoverno econômico e a confusão política.
De fato, o primeiro mandato já tinha sido caracterizado por problemas de governança, que foram sendo disfarçados pela tradicional mobilização das ferramentas de comunicação social – setor onde são gastos recursos superiores a diversos programas sociais – e pelo apoio congressual a despeito de tudo, já que sempre comprado a golpes de subsídios aos projetos e emendas provincianas dos parlamentares da base de sustentação do governo, cuja elasticidade é medida exatamente em função dessas transferências de verbas e de cargos que alimentam a promiscuidade política no país. O que não se sabia, ou não se conhecia exatamente a extensão, era a promiscuidade mantida com os meios empresariais, e que só veio completamente à tona com o deslanchar da Operação Lava Jato, revelando a enorme devastação companheira conduzida pelos companheiros pela maior empresa estatal do país. Mas também esse episódio revela a enorme diluição das bases do poder presidencial da incumbente, uma vez que a partilha dos despojos econômicos associados ao poder se fazia com o seu mero consentimento, mas não sob a sua direção ou total conhecimento. As bases do poder mafioso sobre a Petrobras tinham sido implantadas desde o início do governo companheiro, tinha passado incólume pelo episódio grotesco do Mensalão, e continuou se desenvolvendo, livre, leve e solto, durante todo o segundo mandato do demiurgo e no primeiro da incumbente.
Além de ser o retrato perfeito da corrupção companheira, o processo de sangria, drenagem, esquartejamento e dilapidação dos recursos da Petrobras constitui igualmente o espelho da fragmentação de poder sob a qual vive o Brasil desde 2011, pelo menos. Não será fácil sanar essa grave problema de governança, pois faltam totalmente à atual incumbente condições para corrigir sua total falta de poder sobre áreas inteiras de administração estatal, ainda sob o controle dos verdadeiros chefes da organização criminosa que tomou de assalto o Brasil em 2003.
A recomposição de uma única autoridade central e a existência de um comando político reconhecido constituem, obviamente, condições indispensáveis para a superação da atual crise de governança no Brasil. Sem isso, todo o mais, em termos de políticas públicas e setoriais, está e ficará comprometido pelo resto do período de governo (qualquer que seja ele). Não é preciso dizer que autoridade não se proclama, e sim se exerce, de modo claro e direto. Nas atuais condições de governança, em que o jogo político e as principais decisões da área econômica fogem completamente ao controle da incumbente, não se pode esperar que tal autoridade possa ser exercida, em qualquer extensão significativa para enfrentar os graves desafios colocados ao país.

Mas o quadro é ainda mais grave quando se passa da autoridade “para dentro” para a autoridade “para fora”, isto é, em direção de fontes concorrentes de poder ou no âmbito do exercício real da autoridade legítima, delegada pela sociedade e pelo sistema constitucional, para o cumprimento das leis. Ora, não é preciso muito esforço visual, para se constatar que diminuiu enormemente o respeito à lei e aos contratos nos últimos anos. Sem considerar questões partidárias ou mesmo de cunho ideológico (e persiste uma certa confusão aqui), deve-se reconhecer que essa situação faz aumentar, tremendamente, a volatilidade do cenário econômico, além de agregar custos reais ao funcionamento do sistema como um todo e de contribuir para agravar o quadro de anomia social e de desrespeito generalizado ao quadro legal no País.
A justiça, em si, já constitui um ônus terrível, direto e indireto, para o sistema econômico, diminuindo o PIB potencial. Mas o desrespeito à lei, endossado inclusive por ministros de Estado, constitui um imenso desincentivo aos investimentos (estrangeiros e nacionais) e à iniciativa privada, únicos capazes de criar empregos e disseminar renda no país. É dramático saber, por exemplo, que juízes de província podem criar obrigações para o Executivo sem qualquer amparo na legislação em vigor, que governadores podem promulgar leis anticonstitucionais ou que os mandatários, em geral, se eximem de fazer cumprir a lei em casos claríssimos de violação de direitos dos cidadãos (como as muitas invasões de propriedades). O desrespeito à legalidade chegou a níveis preocupantes no Brasil, mas isso não parece preocupar nem o sistema judiciário nem o próprio Executivo.

A desgovernança existente aparece em primeiro lugar na própria máquina pública, hoje ineficiente e descoordenada ao ponto da paralisia. Algo pode ser debitado aos custos do aparelhamento, ao cabo do qual parte da tecnocracia foi substituída pela militância, dedicada e entusiasmada com a causa da mudança, mas nem sempre habilitada a lidar com as reais complexidades da administração pública. Se o ministro da área não possui competências executivas, ou não dispõe de prévia experiência anterior no seu setor, o quadro pode ficar ainda mais dramático, dando a impressão de que os ministérios atuam em ordem dispersa, cada um com suas próprias prioridades políticas e um escasso comprometimento com as diretrizes gerais do governo (quando elas existem).
Não há uma solução simples a esse problema, pois qualquer estrutura ministerial, grande, média ou pequena – e a atual é desmesurada –, só pode funcionar bem se a qualidade da gestão, em suas diferentes vertentes, for razoavelmente satisfatória, com metas claras e cobranças regulares. A continuidade da atual lógica político-partidária na montagem ministerial significa a continuidade da inoperância administrativa na mesma proporção. Seria necessário uma completa reestruturação ministerial, com todos os custos que isso pode acarretar nas frentes congressual e partidária. Cabe ao supremo mandatário julgar o que seria possível fazer para aumentar a eficiência da “sua” máquina executiva.

A ausência de prioridades claras de governo e sobretudo a dispersão do comando central, têm atuado para aumentar a volatilidade do ciclo econômico, pois os agentes são levados a adotar um compasso de espera (seja para precaver-se contra uma possível mudança de regras, seja no aguardo de medidas que possam representar uma melhoria relativa das condições da atividade econômica). O problema aqui é tanto a falta de uma clara manifestação em favor da política econômica atual, com o engajamento do conjunto do governo, quanto o próprio fato de que agentes do Estado ainda determinam, por vezes de modo arbitrário, o comportamento de vários setores da economia, o que obviamente dá margem à manutenção do já referido quadro de incertezas. Ninguém sabe, com certeza, que tipo de política econômica se pretende imprimir ao país, à frente e além do processo de ajuste fiscal que tem necessariamente de ser feito, para evitar o agravamento ainda mais dramático da situação econômica.

A situação da justiça e do ordenamento legal é provavelmente um dos fatores mais negativos que afetam a governabilidade do e no país, aumentando dramaticamente os custos da atividade econômica. Não me refiro apenas à possível e provável existência de descoordenação no aparato judicial, com manifestações de corrupção e nepotismos que podem e devem ser coibidos por alguma forma de controle externo (como aliás deve ser o caso com qualquer poder: não é possível, por exemplo, que o Legislativo e o Judiciário possam criar fontes de despesas sem qualquer tipo de disciplina orçamentária). O que desejo destacar é a própria anomia dos processos jurídicos, nas três esferas da federação e em vários setores de atividade (nas relações de trabalho, por exemplo). Mais: controles internos e externos devem ser implementados para coibir a extraordinária profusão de medidas liminares, várias dotadas de escasso ou nenhum embasamento legal.

As obsessões obsessivas do incompetente poder companheiro
O poder companheiro sempre teve, antes mesmo de ser governo, várias obsessões sociais e diversos arremedos de políticas setoriais que passavam por grandes estratégicas de governança, quando constituíam, no máximo, fantasmas de mudanças radicais sem qualquer consistência intrínseca quanto à necessária adequação entre meios e fins. O distributivismo exacerbado sempre esteve entre essas obsessões, sem qualquer noção clara do que fazer para aumentar dramaticamente produção e produtividade no país, base inquestionável de qualquer programa distributivista sustentável. À falta disso, o aumento contínuo da carga fiscal financiou os programas sociais dos governos companheiros, que não representaram, de fato, diminuição da pobreza, apenas subsídio ao consumo dos mais pobres. As políticas industriais e as de “inclusão social” também representaram outras facetas dessas obsessões, todas elas voltadas para a “criação de um amplo mercado interno de consumo de massas”, como se a atividade exportadora, por exemplo, fosse contrária ao objetivo do aumento de renda para esse “grande mercado interno”.
Um governo, qualquer governo, não é feito para provar teses acadêmicas ou testar programas partidários. Ele tampouco atua com base em “grandes teorias” (aliás mais proclamadas do que reais). Ele é eleito, e constituído, para produzir o máximo de bem estar para os cidadãos, pelos meios os mais pragmáticos e racionais possíveis. Permanece latente no Brasil, desde 2003, uma luta contra o passado, para tentar provar a todos que nunca antes de fez tanto e tão melhor em favor dos subalternos e dos marginalizados. A luta contra o passado se exerce tanto contra antigos “adversários” (o que é revelado pela tese da “herança maldita”), como em relação a teses anteriores (o tal de “neoliberalismo”, essa outra invenção dos companheiros). Derivam dai essas tentativas de formulação de alternativas de políticas econômicas, muitas das quais – foi o caso da “nova matriz econômica – levaram ao caos econômico atualmente em desenvolvimento.
Essa obsessão com um passado mítico, seja para condenar (o dos outros), seja para se justificar (o seu próprio), ocupa uma parte substancial da atividade retórica do governo, o que constitui obviamente um grande perda de energia e um desvio do foco próprio da governança. Mas também existe, hoje, uma grave dispersão de esforços em diferentes áreas de atividade, mesmo quando elas não são prioritárias para o aumento do bem estar do povo, em setores concretos sob responsabilidade governamental.
O exemplo mais conspícuo é, obviamente, o das chamadas políticas industriais, várias delas implementadas ao longo dos três mandatos companheiros, não porque as anteriores estivessem absolutamente erradas, mas porque elas nunca produziram efeitos tangíveis para o aumento da competitividade brasileira internamente ou externamente. O fato é que as diversas políticas industriais criaram poucos empregos (que surgiram bem mais no setor de serviços, de baixa produtividade) e foram neutras em relação à iníqua distribuição de renda. A criação de mais uma agência pública nesse setor, a ABDI, junto com a expansão desmedida do BNDES, representou, por outro lado, mais um cartório de espera para alguns esperançosos em dádivas públicas, o que continuou influenciando negativamente o quadro de expectativas microeconômicas no país (ou seja, em lugar do livre empreendedorismo, o leilão de favores governamentais).
A tentativa de mudar um pouco de tudo, no Brasil e no mundo, que sempre esteve no centro do ativismo governamental, inclusive e principalmente na política externa – aliás mais pelo lado das intenções do que pelo das realizações –, também constituiu um entrave concreto ao exercício de uma boa governança em favor dos mais pobres e dos absolutamente carentes. Como as expectativas eram, de modo legítimo, muito grandes, o governo se esforçou para corresponder a todas elas, dando a impressão de que iria mudar tudo num curto espaço de tempo. Começou com o Fome Zero, como todo mundo se lembra, e ele conseguiu ser um fracasso desde o início, sendo abandonado ao cabo de poucos meses, em favor de um desdobramento das bolsas sociais pré-existentes e sua junção num único programa assistencialista chamado de Bolsa Família. A tentativa de se operacionalizar um “Fome Zero Universal”, com a eventual adoção do malfadado programa brasileiro pela ONU, constituiu outro fracasso companheiro, o que não impediu o governo de continuar insistindo nas instâncias internacionais durante vários anos.
O mesmo ocorreu com inúmeros outros programas de “inclusão social” – Primeiro Emprego, inclusão digital nas favelas, computadores a 100 dólares, incentivo à leitura, etc. – todos eles marcados pela improvisação, por um desperdício inacreditável de recursos para resultados pífios em todas as frentes. O PAC, “Programa de Aceleração do Crescimento”, sempre foi um slogan vazio, uma vez que simplesmente deveria fazer parte dos projetos normais de investimentos setoriais a cargo dos diversos ministérios (mas a propaganda sempre foi o forte em todos os governos companheiros). O “Minha Casa, Minha Vida”, se enquadra na mesma categoria, o de subsídios a construtores em projetos apressadamente costurados, que acabam consumindo muitos recursos pela via estatal quando o setor privado, aliviado de tributos, poderia fazer muito mais em termos de oferta habitacional. O mesmo se poderia dizer da substituição tributária da mão-de-obra por um percentual do faturamento em ramos selecionados da economia, um típico expediente discriminatório improvisadamente introduzido, para ser desmantelado ao sabor da crise fiscal. Outros não foram os resultados da política automotiva adotada para proteger os grandes amigos do poder companheiros – sindicatos de metalúrgicos e construtoras do setor – e que terminou por provocar acusações contra o Brasil no âmbito da OMC. Os exemplos mais recentes consistem no FIES e no Ciência Sem Fronteiras, dois programas eleitoreiros e demagógicos, que desviam recursos de áreas mais carentes na educação – ensino fundamental e estímulo real à ciência e tecnologia – por motivos claramente políticos, sem qualquer consistência sistêmica ou visão estratégica.


No cômputo global, as obsessões companheiras representaram poucos progressos na frente social – ainda assim revertidos a partir do recrudescimento da inflação e dos desequilíbrios acumulados nas contas públicas, provocados pela gastança sem limites – e uma dramática deterioração da institucionalidade no país, ao se combinarem com práticas claramente delituosas que se revelaram tanto no ambiente congressual quanto na (depois revelada) promiscuidade entre grandes capitalistas e os “donos do poder”. A Operação Lava Jato, ainda em curso, promete revelar aspectos ainda mais clamorosos dessa colusão criminosa entre os principais líderes companheiros e capitalistas promíscuos em busca de altos lucros obtidos com a manipulação das compras governamentais.

Um pequeno balanço dos desastres companheiros
Depois de três governos companheiros e do início de um quarto – que não se sabe se ou quando vai terminar – já está na hora de fazer um balanço (impressionista e ainda provisório) do quadro da governança companheira, que poderia ser assim apresentado:

1) Um sofrível, senão desastroso, desempenho macroeconômico, que se revelou por inteiro no quadro dramático de deterioração da maior parte dos indicadores internos e externos: inflação, juros, câmbio, contas públicas, risco Brasil, credibilidade externa (e talvez desinvestimentos maciços se o país perde o chamado investment grade). A destruição da confiança só não foi total porque, numa inversão completa do discurso e da prática do terceiro governo, foram buscar nas hostes “liberais” um típico representante dos “Chicago-boys” para dar sustentação a uma governança moribunda. Mas, a demanda por magia econômica contina alta (e não foi coibida) nas hostes companheiras.

2) Um pífio desempenho administrativo, na maior parte dos ministérios, o que é amplamente reconhecido até dentro dos círculos governamentais. O inchaço da máquina e a seleção dos titulares por critérios alheios a preocupações com o desempenho são os responsáveis por esse quadro lamentável. No início, os governos companheiros tinham um excesso de Antonio Gramsci e uma carência notável de Peter Drucker. Atualmente, é até difícil determinar qual a natureza dos problemas, pois todo o governo é uma grande confusão, sem que saiba exatamente quais são os planos de curto, médio ou longo prazo (e talvez o governo não tenha nenhum). Talvez, uma boa consultoria externa, dessas voltadas para a organização e métodos com metas e resultados, pudesse ajudar um pouco na reorganização da máquina do governo. Mas é duvidoso que esse governo aceite a suprema humilhação (ainda que ele já tenha sido em grande medida terceirizado), ou que alguma consultoria respeitável tenha a coragem de aceitar um encargo impossível.

3) Uma deterioração dramática do quadro político-institucional, sobretudo no que se refere ao cumprimento da lei, o respeito à legalidade e à administração de conflitos sociais. O Estado, aos olhos de muitos, não faz cumprir a lei, ou por falta de vontade, ou por falta de capacidade, ou por ambas, o que é, reconheçamos, extremamente grave. Uma caracterização desse tipo, se suficientemente embasada em fatos claramente delimitados, pode prestar-se a uma acusação de crime de responsabilidade, contra qualquer um dos agentes públicos, inclusive o mais alto. A experiência histórica nos ensina que o mais rápido e seguro caminho para a desgovernança prática começa pelo desrespeito à lei.

Não tenho a pretensão de oferecer soluções adequadas a todos os problemas de que padece atualmente (e estruturalmente) o país, em especial na vertente governamental. Tenho consciência, porém, de que um dos requisitos para encontrar respostas apropriadas está na correta formulação das perguntas pertinentes e no oferecimento de um diagnóstico ajustado aos problemas. Creio ter indicado os problemas que me parecem mais graves no Brasil atual, a começar pela crise de governança, que resulta ser uma crise da autoridade legal. Minha conclusão é, infelizmente, totalmente negativa: não vejo como diminuir, nas condições atuais, o quadro nebuloso que dificulta até mesmo visualizar a perspectiva de uma retomada da governança no país. Governança supõe, antes de mais nada, líderes políticos com capacidade de exercê-la, mercadoria dramaticamente faltante no Brasil.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 6 de setembro de 2015
(com base no trabalho n. 1241, Brasília, 9 de abril de 2004)

sábado, 5 de setembro de 2015

O Exercito do MST e as FFAA companheiras: uma foto reveladora

Jaques Wagner - atual Ministro da Defesa, e como tal, Comandante Geral das Forças Armadas Brasileiras, arengando outro tipo de tropas:

Estariam preparando algum assalto ao Palácio de Inverno?
Um capo di tutti i capi já se referiu ao exército de um neobolchevique invasor de terras.
Um desses pilantras de uma máfia sindical também já ameaçou "pegar em armas"...
Assim vai o Brasil em termos de legalidade constitucional e de respeito ao Estado de Direito...
Paulo Roberto de Almeida

Sobre a legalidade do Uber e sobre os desvios fiscais dos taxistas - Otacilio Miranda Guimaraes

Reproduzo aqui um debate que tenho seguido pela internet, com esclarecimentos que me parecem amplamente suficientes e adequados sobre a plataforma Uber.
Paulo Roberto de Almeida 

De: Otacilio Miranda Guimarães
Enviada em: sábado, 5 de setembro de 2015 14:50
Para: xxxxxxxxxx
Cc: xxxxxxx
Assunto: Taxis e Uber

Caros...,

A discussão é válida e esclarecedora. Principalmente no Brasil onde qualquer novidade que surja no mercado contrariando interesses de grupos detentores de reservas de marcado, como é o caso dos taxistas, e de grupos políticos que alimentam essas reservas, ganha logo uma legião de críticos contrários às novidades e aos interesses do consumidor, justamente porque essas novidades gestadas em países evoluidos onde se pratica a verdadeira democracia e o autêntico capitalismo visam principalmente atender aos interesses dos consumidores e, por consequência, reduzir o poder nefasto dos grupos que controlam essas reservas de marcado e usufruem de suas benesses em prejuizo dos consumidores.

Quem não sabe deveria saber que os serviços de taxi no Brasil é uma reserva de mercado copiada do sistema americano e controlada por sindicatos que não estão nem ai para o interesse dos consumidores, os que pagam a conta, juntamente com os órgãos públicos controladores do sistema onde a corrupção campeia. Uma licença de um taxi no Brasil custa dez vezes o preço de um carro médio, ou seja, R$ 500 mil reais. O serviço está organizado em empresas ou cooperativas porque a maioria dos motoristas não têm condições de adquirir uma licença, tornando-se portanto um mero escravo do sistema.

Por um daqueles esquemas políticos em que o Brasil é PHD, os veículos destinados a taxi foram isentados de quase todos os impostos e os motoristas idem, porque como não dão recibo do serviço prestado jamais pagam o imposto de renda, que seria o único que tal serviço geraria para beneficiar o estado. Percebe-se, pelo exposto, que os maiores prejudicados no caso são os usuários dos serviços de taxi e o estado que não arrecada o que deveria, e os maiores beneficiários os organizadores do esquema e os donos dos taxis. Mesmo os taxistas particulares são os principais beneficiários do esquema porque compram seus carros praticamente sem impostos e não pagam imposto de renda, pois jamais declaram o que realmente faturam. Tal esquema gera votos em profusão.

Este é o esquema vigente no Brasil. Agora vamos ao Uber.

É uma empresa norte americana fundada por pessoas dedicadas à inovação que visam facilitar a vida das pessoas e tornar mais econômicas suas atividades. Como está sediada nos Estados Unidos, com certeza não é clandestina e paga todos os impostos exgidos naquele país. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos os fora da lei ou estão na cadeia ou foragidos. Portanto, o UBER é um negócio perfeitamente dentro da lei americana e internacional. Sugiro que acessem o site para ver como funciona o serviço:

https://www.uber.com/pt/about

Os motoristas que aderem aos serviços da Uber compram seus carros pagando todos os escorchantes e imorais impostos cobrados pelo governo brasileiro e também o imposto de renda, uma vez que o pagamento das corridas é feito com cartões de crédito e portanto não podem ser escondidos da receita, como fazem os taxistas brasileiros e de outros países assemelhados.

O Uber também tem uma vantagem em relação aos serviço de taxi tradicional, ou seja, o usuário escolhe o tipo de veículo em que quer se locomover, que pode ser um carro simples ou outro de alto luxo. Com a comodidade de pagar com seu cartão de crédito, coisa rara entre os serviços de taxi brasileiros. E pode chamar um carro da Uber pelo celular de onde estiver, sem precisar ficar procurando nas ruas um taxi que sempre demora de aparecer, quando aparece em determinados horários.

Diante das pressões promovidas pelos incomodados por esta magnífica inovação, o CADE foi consultado e deu a apinião que pode ser vista clicando aqui:

http://www.expressomt.com.br/economia-agronegocio/cade-diz-que-nao-ha-razao-economica-para-138643.html

Quanto a achar que o serviço precisa de uma regulamentação legal, o serviço já é legal porque se trata de uma empresa norte americana e funciona no mundo inteiro sem ferir as normas legais de nenhum país. A Uber não precisa pagar impostos no Brasil, quem tem que pagar são os seus contratados no país. E já o fazem. Nos Estados Unidos, onde está sua sede, com certeza paga todos os impostos sem recorrer as manhas brasileiras para sonegar.

E uma última informação: o valor de mercado da Uber hoje é de aproximadamente U$ 51 bilhões de dólares depois que a Microsoft resolveu investir na empresa. Vejam  aqui:

http://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/07/1663191-microsoft-investe-no-uber-e-eleva-a-empresa-a-valor-recorde-diz-jornal.shtml

Quer queira ou não, e sempre não quer, o Brasil é empurrado para a frente pelas inovações que chegam de fora. O negócio no Brasil é a mandioca, sua  maior invenção tecnológica, segundo nos informou sua sapiens presidenta! Smiley piscando

Espero ter contribuido positivamente para o debate.

Abraços...,

Otacílio