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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Relatorio de atividades do IPRI, 3/08/2016 a 31/12/2017 - Paulo Roberto de Almeida


(período: 3/08/2016 a 31/12/2017)



Paulo Roberto de Almeida

Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag

Marco Túlio Scarpelli Cabral

Coordenador de Estudos e Pesquisas do IPRI

[Lista sumária dos principais eventos realizados desde 3 de agosto de 2016, a partir da posse do novo diretor, até 31 de dezembro de 2017]
Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/35743257/Relatorio_de_Atividades_2016-2017_Instituto_de_Pesquisa_de_Relacoes_Internacionais_IPRI_).





2016

22/08: Palestra Professor James G. Hershberg, Universidade George Washington: “Secret Brazilian Diplomacy, the Cuban Revolution, and the 1962 Cuban Missile Crisis: Unearthing Hidden History”;

13/10: Palestra do Dr. Diego Solis, Diretor da Stratfor: “Tendências geopolíticas na América do Sul”;

14/11: Apresentação-debate do livro “Brazil in the World” com o prof. Sean W Burges;

23/11: Entrevista com embaixador Marcelo Rafaelli; no âmbito do Projeto Relações Internacionais em Pauta;

23/11: Palestra do professor Thomas Andrew O’Keefe: “O que pode o Brasil esperar de um governo Donald Trump nos EUA”;

12/11: Embaixador Yin Hengman , representante do governo da República Popular da China para a América Latina: “A Política da China para a América Latina”;

13/12: Palestra do professor Oliver Stuenkel: “Rumo ao mundo sinocêntrico? As transformações globais e suas implicações para o Brasil”;

15/12: Palestra do Embaixador Sérgio Queiroz Duarte: “Desarmamento nuclear: uma visão brasileira”.





2017

23/02: Reunião sobre “Venezuela: situação e perspectivas”, com o embaixador do Brasil na Venezuela, Ruy Carlos Pereira. Local: Sala “C”.

15/03: Apresentação e debate sobre o livro "Desafios da Política Externa Brasileira", editado pelos consultores do CEBRI Matias Spektor e Oliver Stuenkel. Local: sala San Thiago Dantas.

16/03: Palestra-Debate "Recuperação Econômica do Japão e Integração Regional na Ásia-Pacífico" com o professor Shujiro Urata, da Universidade de Waseda, Japão. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

17/03: Palestra “Percursos Diplomáticos”, proferida pelo embaixador Rubens Ricupero no âmbito dos “Encontros IPRI-IRBr”. Local: auditório do IRBr.

21/03: Palestra-Debate "Stefan Zweig e o Brasil" com os professores Celso Lafer, Kristina Michahelles e Israel Belloch. Local: auditório do IRBr.

31/03: Palestra-Debate “Nacionalismo Acadêmico Brasileiro e Brasilianismo: produção intelectual”, com o historiador José Carlos Sebe Bom Meihy. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

03/04: Palestra-Debate “As Ideias das Revoluções Pernambucanas do século XIX: 1817, 1824 e 1848”, com o professor Vamireh Chachon e os embaixadores Gonçalo Mourão e Tarcísio Costa. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

11/04: Palestra-Debate “A situação atual no Oriente Médio: uma equação complexa com múltiplas variáveis”, com o professor Amine Ait-Chaalal da Université Catholique de Louvain – Bélgica. Local: sala “C”.

18/04: Seminário “Centenário de Roberto Campos: o homem que pensou o Brasil”. Local: Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro.

05/05: Palestra-Debate “Fronteiras do Brasil, uma história que deu certo”, proferida pelo embaixador Synesio Sampaio Goes. Local: auditório do IRBr.

10/05: Palestra-Debate “Desglobalização: crônica de um mundo em mudança” com o economista Marcos Prado Troyjo. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

18/05: Palestra-Debate “The United States, Peace, and World Order" com o professor Frank J. Gavin, diretor do Centro Henry Kissinger para Assuntos Globais, Universidade Johns Hopkins, Washington. Local: auditório do IRBr

19/05: Palestra-Debate “Brasil para Refugiados: contexto histórico” com o historiador Fábio Koifmann e o cientista político Charles P. Gomes. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

26/05: Palestra “Percursos Diplomáticos”, proferida pelo embaixador Marcos Azambuja no âmbito dos “Encontros IPRI-IRBr”. Local: auditório do IRBr.

30/05: Palestra-Debate “Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira” proferida pelo diplomata Gustavo Westmann. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

02/06: Palestra-Debate “A Política Externa Brasileira no Contexto Internacional, 1987-2017” proferida pelo embaixador Sérgio Florêncio Sobrinho. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

14/06: Seminário “South American and European Perspectives on Diplomacy and Defense”, realizado em parceria com o Egmont Institute. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

12/07: Palestra-Debate “Global Crises and Humanitarian Challenges: the work of the International Committee of the Red Cross” com o Sr. Dominik Stillhart, diretor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Brasil. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

21/07: Palestra “Percursos Diplomáticos”, proferida pelo embaixador José Alfredo Graça Lima no âmbito dos “Encontros IPRI-IRBr”. Local: auditório do IRBr.

01/08: Seminário “BRICS Co-operation: Assessment and Next Steps”, em parceria com o Instituto Chongyang de Estudos Financeiros, Universidade do Povo, Pequim. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

21/08: Palestra-Debate “Os desafios e oportunidades na relação Brasil–Ásia na perspectiva de jovens diplomatas”, proferida pelo diplomata Pedro Henrique Batista Barbosa. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

24/08: Mesa-Redonda “Políticas Comerciais da Administração Trump: situação atual e perspectivas” com o professor Mark S. Langevin da Universidade George Washington. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

25/08: Seminário “O Brasil e a Corte Permanente de Arbitragem: 110 Anos de Cooperação”. Local: auditório do IRBr.

25/08: Workshop “Arbitragem Internacional” com o Dr. Tulio Di Giacomo Toledo, consultor jurídico e representante da Corte em Mauricio; a professora Nádia de Araújo, PUC-Rio; e o professor Eduardo Grebler, PUC-Minas. Local: auditório do IRBr.

30/08: Seminário "Nuclear Terrorism: Risks and Preventive Strategies", proferida por Irma Argüillo, presidente da Fundação NPS Global. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

12/09: Mesa-Redonda com o embaixador João Cravinho para lançamento do livro “A União Europeia e sua política exterior”, dentro da coleção “Em poucas palavras”. Local: auditório do IRBr.

06/10: Palestra “Percursos Diplomáticos”, proferida pelo embaixador Roberto Abdenur no âmbito dos “Encontros IPRI-IRBr”. Local: auditório do IRBr.

11/10: Palestra-Debate com o pesquisador Rogério de Souza Farias para o lançamento do seu livro “Edmundo P. Barbosa da Silva e a Construção da Diplomacia Econômica Brasileira”. Local: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro.

17/10: Palestra com o embaixador Alessandro Candeas para lançamento do seu livro “A Integração Brasil-Argentina: História de uma ideia na Visão do Outro". Local: Embaixada da Argentina em Brasília.

20/10: Palestra “Percursos Diplomáticos”, proferida pelo embaixador Rubens Barbosa no âmbito dos “Encontros IPRI-IRBr”. Local: auditório do IRBr.

20/10: Lançamento dos livros: “Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro” organizado pelo embaixador Sérgio E. Moreira Lima, pelo ministro Paulo Roberto de Almeida e pelo pesquisador Rogério de Souza Farias; e “Oswaldo Aranha: uma fotobiografia” de Pedro Corrêa do Lago. Local: sala Portinari, Palácio Itamaraty.

24/10: Reunião restrita sobre o tema “Perspectivas do BRICS após Xiamen”. Local: sala “C”.

25/10: Reunião restrita sobre China, com o professor David Shambaugh. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

30/10: Palestra-Debate “Soberania Nacional e Autoridade da Jurisdição Internacional: problemas emergentes”, proferida pelo jurista Francisco Rezek. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

31/10: Palestra-Debate “Does Emmanuel Macron’s Election Mean The End of Populists in France?” com os professores do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), Marc Lazar e Dominique Reynié. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

06/11: Seminário “O Brasil e a Grande Guerra: diplomacia e história”. Local: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro.

10/11: Reunião de trabalho com coordenadores de cursos de Pós-Graduação em Relações Internacionais, no contexto das comemorações dos 30 anos do IPRI. Local: sala “C”.

20/11: Palestra-Debate "Bertha Lutz e os Direitos das Mulheres na Carta da ONU: Como uma delegada brasileira promoveu com sucesso a igualdade de gênero na Conferência de São Francisco”, com as pesquisadoras Elise Dietrichson, norueguesa, e Fatima Sator, argelina, da Universidade de Londres. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

24/11: Palestra “Percursos Diplomáticos”, proferida pela embaixadora Thereza Quintella no âmbito dos “Encontros IPRI-IRBr”. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.

01/12: Reunião restrita “Política e Comércio Exterior do Japão”, com o professor Yorizumi Watanabe. Local: sala “D”.

14/12: Seminário “Brasil-Noruega sobre cooperação em temas de oceanos”. Local: sala de videoconferência da AIG.

22/12: Conferência do presidente da República Cooperativa da Guiana, David Granger. Local: auditório Paulo Nogueira Batista.





Produção editorial

No ano de 2017, o IPRI editou as seguintes publicações:

Revista Cadernos de Política Exterior - n.º 5.

Livro “Oswaldo Aranha: Um Estadista Brasileiro”, organizado por Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias.

Revista Cadernos de Política Exterior - n.º 6.

Livro “Estatísticas” 2017. Trata-se de uma compilação realizada pelo apoio técnico do IPRI de um grande número estatísticas relevantes para o estudo e análise das relações internacionais, envolvendo diversos países do globo.





Página web do IPRI

Em 2017, seguiram-se as atividades normais de manutenção da página web do IPRI, além da sua modernização. Nesse sentido, avançou-se na alimentação da página, com a inclusão de novos conteúdos.





Repertório de Política Externa Brasileira

O IPRI deu seguimento, durante o primeiro semestre do ano, à elaboração e divulgação, em sua página web, do seu “Repertório de Política Externa”. Trata-se de uma compilação, organizadas por temas, de trechos selecionados de manifestações públicas de altas autoridades brasileiras no campo da política externa e das relações internacionais. As citações são retiradas de discursos, artigos e entrevistas do presidente da república, do vice-presidente, do chanceler e do Secretário-Geral das Relações Exteriores e outras altas autoridades do Itamaraty, além de notas à imprensa.





Banco de teses e dissertações (BTD-IPRI)

O IPRI prosseguiu com o mapeamento da produção acadêmica brasileira na área de relações internacionais. Mediante a utilização de ferramentas já disponíveis para a comunidade acadêmica, a equipe do IPRI segue elaborando e atualizando listas que permitem apresentar de forma simples e fácil um mecanismo de consulta de informações sobre teses e dissertações defendidas por área temática, bem como sobre os grupos de pesquisa estabelecidos em universidades brasileiras. Da mesma forma, elaborou-se, para cada área mapeada, uma lista dos grupos de pesquisa atualmente cadastrados junto ao CNPq dedicados àquela área específica.





Participação em eventos e contatos externos

O Diretor do IPRI participou, como palestrante, dos seguintes eventos de natureza acadêmica:

22/03: Palestra "O que esperar de 2017", na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.

25/03: Palestra para os inscritos no curso de especialização em Diplomacia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Goiás.

24/04: Palestra "A política externa e a diplomacia brasileira no século XXI", para os alunos de Direito da Faculdade São Francisco – USP.

25/04: Palestra sobre “Roberto Campos” para os jornalistas participantes do Curso Agenda Brasil, na FAAP-SP.

25 a 28/05: Curso para os alunos do Curso de Especialização em Direito Internacional da UNIFOR em Fortaleza.

27/06: Palestra no “Estoril Political Forum”, painel sobre o Brasil, promovido pela Universidade Católica Portuguesa em Estoril-Portugal.

27/07: Palestra no 6º Encontro da ABRI, na Mesa Redonda “Perspectivas da política externa brasileira em um mundo em redefinição”, realizado em Belo Horizonte.

21/08: Palestra na XVII Semana de Relações Internacionais do UniCeub, em Brasília.

16/10: Palestra na VI Semana Jurídica do curso de Direito da Universidade Positivo, Faculdade Arthur Thomas, em Londrina-Paraná.

07/11: Palestra no "V CIRIPE - Congresso Internacional de Relações Internacionais de Pernambuco", promovido pela Faculdade Damas em Recife.





O Diretor do IPRI recebeu as visitas de representantes das seguintes instituições afins:

14/02: Ministra Isabella Thomaz, da Embaixada da Áustria em Brasília.

06/03: Sr. Henrique Sartori, secretário-executivo do Conselho Nacional de Educação (CNE).

06/03: Sr. André João Ripl, Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional (ACI).

09/03: Dr. Maurício Prazak, Presidente do Instituto Brasileira de Relações Empresariais Internacionais (IBREI).

07/04: Senhor Olivier de France, Diretor de Pesquisa do Instituto Francês de Assuntos Internacionais e Estratégicos, em companhia do presidente da FUNAG.

12/05: Conselheiro Alan Bourdon, Embaixada da França em Brasília.

17/05: Ministro-conselheiro Stefan Simosas, Delegação da União Europeia.

22/05: Recebe a visita de equipe de Oficias da FAB.

21/06: Embaixador Jeong Gwan Lee, Embaixada da República da Coreia do Sul em Brasília.

24/07: Delegação de Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS).

26/07: Pesquisador Gabriel Castilho, Sciences Po.

21/08: professora Hildete Vodopives, Sorbonne-Paris.

23/08: Representantes da oposição democrática da Venezuela.

04/09: Procurador do TCE, Marcílio Toscano.

06/09: Ministro Felipe Fortuna, MCTIC.





Quadro de Funcionários

Em 2017, o IPRI realizou suas atividades com o seguinte corpo de funcionários:

Diretor do IPRI - Paulo Roberto de Almeida

Coordenador-Geral de Estudos e Pesquisas - Marco Túlio Scarpelli Cabral

Coordenadora - Valeria Figueiredo Ramos

Especialista em Políticas Públicas e Gestão – Rogério de Souza Farias

Administrador - Marco Antonio Soares de Souza Maia

Analista de Relações Internacionais - Renata Nunes Duarte

Economista - Márcia Costa Ferreira

Pesquisador Associado – Pedro Henrique Rodrigues Magalhães

Recepcionista – Barbara Terezinha Nascimento Cunha

Recepcionista - Patrícia Nogueira Teodoro

Recepcionista – Guilherme Feierabend Engracia Garcia

Recepcionista – Kamilla Sousa Coelho

Supervisor de Tráfego Editorial - Rafael de Souza Pavão



Durante o ano de 2017, o IPRI contou com a participação dos seguintes estagiários:



Danilo de Castro Barbriere - Informática

Bárbara Graça Schuina da Silva – Relações Internacionais

Maria Luiza Rodrigues dos Anjos - Relações Internacionais

Rafael da Gama Chaves - Relações Internacionais

Sabrina Dutra da Silva - Relações Internacionais



Participou igualmente de diversas atividades do IPRI, o ministro Antonio de Moraes Mesplé.





Brasília, 23 de janeiro de 2018


A "candidatura" Lula: uma farsa contra a democracia - Rubens Barbosa, Paulo Roberto de Almeida

O título da postagem não corresponde ao título do artigo do embaixador Rubens Barbosa, abaixo transcrito, no Estadão desta terça-feira 23/01/2018.
Embora esteja de acordo com vários dos argumentos, não concordo com a tese principal: a da candidatura e "derrota" subsequente do grande meliante nas eleições de outubro.
Por um motivo muito simples: ninguém tem o direito, sobretudo os atores políticos, de interferir no processo e no curso normal da Justiça, pois isso representaria uma aberração anti-democrática e anti-constitucional.
Por mais que a "lógica política" – não a reconheço como tal – recomende esse "derrota", para acabar com o mito (supondo-se que isso seja possível, num ambiente contaminado pelo fundamentalismo salvacionista dos neobolcheviques), isso significaria desviar o curso da Justiça, que deveria seguir o seu caminho, como deve ocorrer em qualquer país minimamente democrático, ou simplesmente se guiando by the rule of Law.
Considero essa tese, portanto, errada, como considero LAMENTÁVEL a postura do ex-presidente FHC, que continua sustentando politicamente o grande meliante, sabe-se lá porque exatamente.
Essa "tese" – altamente duvidosa – de que é importante deixar o grande transgressor da democracia e da decência registrar sua candidatura, apenas para depois tentar provar que ele pode ser derrotado nas urnas – por uma candidatura responsável, de centro, ou seja tucana – é não só infeliz, mas contrária a um regime democrático decente, onde a LEI DEVE VALER PARA TODOS.
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 23 de janeiro de 2018


A CANDIDATURA LULA
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 23 de janeiro de 2018, p. A-2.   
                    
 A decisão do Tribunal de Porto Alegre sobre a manutenção ou não da condenação do ex-presidente Lula, a ser conhecida amanhã, não coloca um ponto final em uma das incertezas políticas do quadro eleitoral. Pelo contrário, começa um longo processo de judicialização que não deverá terminar antes das eleições de outubro. Segundo vozes experientes e abalizadas nas tecnicalidades processuais, apesar da confirmação da condenação, Lula - sempre amparado por decisões judiciais - poderá ser indicado como candidato na convenção do PT, ser registrado pelo TSE em agosto e estar com seu nome nas urnas eletrônicas. Comitês populares, que se atribuem a defesa da democracia e o direito de Lula ser candidato, criados pelo PT, somados às declarações radicais de lideranças petistas poderão estimular um clima de insegurança e violência no pais.
            A partir do resultado do julgamento, o Brasil viveria uma situação paradoxal. Um candidato condenado pela justiça, com registro eleitoral obtido por decisões judiciais, poderá ser votado e eventualmente eleito, não podendo, contudo, ser empossado, por força da lei das inelegibilidades (ficha limpa), a menos que haja decisão do STF em contrário.
            Sempre fui favorável a que Lula pudesse ser candidato em 2018 de modo a evitar que o líder petista tenha sua imagem de mito reforçada e continue com seu discurso de vítima de um golpe e impedido de disputar a eleição presidencial pelas forças de direita.  E possa repetir a mantra da ilegitimidade do novo governo eleito porque este teria ganho no tapetão por pressão das elites rentistas contra os pobres e oprimidos, abrindo espaço para mais quatro anos de paralisia do governo e do Congresso.
            Nesse contexto, a entrevista concedida por Lula no dia 20 de dezembro, apesar da grande repercussão na mídia escrita, passou sem uma análise mais detida.  Em duas horas de conversa com a imprensa, dizendo-se não radical, criticou fortemente ex-aliados que votaram pelo impedimento de Dilma Rousseff e, em especial, as novas políticas do governo Temer. Populista, Lula defendeu a valorização do salário mínimo, o forte papel do estado investidor e indutor do crescimento, a expansão do crédito, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos e a federalização do ensino médio, como se sua politica econômica não fosse novamente quebrar o país. Acusou o programa de privatização pela venda irresponsável do patrimônio público, condenou duramente a reforma trabalhista e não apoiou as da previdência e a tributária, como estão sendo discutidas agora. Criticou sem muita convicção o combate à corrupção, dizendo que o dinheiro no exterior não foi recuperado, foi apenas legalizado, e defendeu a tese bolivariana do referendo revocatório. Na política externa, propôs retomar todas as “iniciativas altivas e ativas” que isolaram o Brasil e fizeram com que a voz do país deixasse de ser ouvida nos organismos internacionais. Em linhas gerais, defendeu de forma enfática as políticas dos 15 anos dos governos petistas e apresentou-se mais uma vez como o salvador da pátria com uma prometida carta aos brasileiros com as mesmas políticas dos últimos anos.
            Minha convicção de que Lula deve ser candidato foi reforçada por essa entrevista, verdadeira plataforma e programa de governo. Alguns viram nessas declarações, muito radicais para uma eleição presidencial, o reconhecimento de que sua candidatura deverá ser impedida e que se trataria de plataforma política para eleger uma bancada petista no Congresso. Não creio que suas declarações tenham sido uma jogada tática, sinalizando ter jogado a toalha para a eleição presidencial. Minha percepção é a de que quis, mais uma vez, delimitar seu campo de ação, confiando na estratégia do “nós contra eles” e mostrando aos seguidores que, apesar das acusações de corrupção, ele e o PT mantém todas as políticas que, na visão do partido e do candidato, deram certo.
            Será importante que Lula possa concorrer para que a sociedade brasileira se manifeste sobre seu programa de forma definitiva. São inegáveis os avanços ocorridos nos governos petistas na área social, mas, sobretudo no segundo mandato de Lula e no governo Dilma, políticas econômicas equivocadas foram responsáveis pela profunda crise econômica e social em que o Brasil foi colocado. Não se pode ignorar os 14 milhões de desempregados, a grave crise fiscal e a maior recessão da história.  Derrotadas politicamente, as propostas e atitudes divisivas de Lula ficarão superadas de forma legítima e não abrirão nenhuma possibilidade de contestação. O espectro petista que ronda o pais poderá ficar afastado de vez. Se Lula ganhar, poderemos ter uma nova e excitante experiência petista de governo e o Brasil estará comprando uma passagem direta para a Grécia (onde, aliás já chegou o Rio de Janeiro).
            Ganhando um candidato de centro com uma agenda de reformas, o Brasil poderá voltar a olhar para frente, com uma agenda de modernização que passe pelo aprofundamento das reformas e da revisão do papel do Estado, e com o enfrentamento das desigualdades e dos privilégios para tornar o pais mais justo, mais democrático e mais sustentável, ou seja, justamente melhor e de forma mais permanente para os desfavorecidos. Com isso, o pais se tornará melhor preparado para enfrentar as rápidas transformações em todos os campos do cenário internacional, que desafiam as instituições, os trabalhadores e os empresários.
            As eleições de outubro de 2018 serão um divisor de águas para as futuras gerações. O voto definirá a volta às políticas do lulopetismo ou a visão do futuro. O Brasil terá de optar entre dois caminhos bastante distintos. Esse é o dilema que deve ser enfrentado para que o Brasil possa definir um rumo claro a ser seguido.
 
Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e de Comércio Exterior (IRICE).

Paulo Kramer: uma aula sobre patrimonialismo e corrupcao petista

Eu já tinha postado esta "aula" na versão WhatsApp, mas aqui o texto foi revisto por meu amigo Paulo Kramer.
Paulo Roberto de Almeida

PATRIMONIALISMO


Um amigo me perguntou: "Mas, afinal, qual a diferença entre o PT e os outros partidos?" Respondi assim:
Oi, meu caro! Grato pela oportunidade, e vamos lá:
1) Ao contrário da maioria dos meus amigos e conhecidos que ficaram decepcionados e indignados quando começaram a vir à tona os primeiros podres do governo lulopetista, não fiquei nem uma coisa, nem outra, porque já estava cansado de saber, por estudo e observação própria, que a esquerda não democrática É, SEMPRE FOI, NUNCA DEIXARÁ DE SER P-A-T-R-I-M-O-N-I-A-L-I-S-T-A: aqui, em Cuba, na antiga União Soviética e nos seus satélites do Leste europeu, na China, na Venezuela, enfim, em qualquer lugar do mundo seja qual for a época. E, se alguém ainda nutria dúvidas sobre isso, foi porque nunca se deu o trabalho de perceber quais os países que a petralhada sempre teve como modelos.
2) O lulopetismo inventou o patrimonialismo? Claro que não, assim como Ayrton Senna não foi o inventor do automobilismo... Aliás, patrimonialista (i. e., predadora dos recursos públicos para engordar o patrimônio pessoal ou familiar) é toda a nossa cultura política. Patrimonialismo significa sempre e necessariamente atraso e miséria? Não, o patrimonialismo apresenta versões modernizadoras (Marquês de Pombal, em Portugal; Getúlio Vargas e regime militar no Brasil; Pedro, o Grande na Rússia etc., etc., etc.). Agora, corrupto, sempre; base de um regime político e econômico em que o Estado é mais forte que a sociedade, fazendo da segunda refém do primeiro, sempre também.
3) TODOS OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS SÃO PATRIMONIALISTAS, porque patrimonialista é essa matriz socioeconômica e política comum a cada um deles. Mas, então, em que o lulopetismo se distingue deles? Tentarei esclarecer: os outros partidos que formam a 'base parlamentar aliada' de qualquer governo agem como quadrilhas relativamente independentes (é o grupo do deputado X na previdência, é a panelinha do senador Y no setor elétrico, é o 'esquema' do ministro ou governador Z nesta ou naquela estatal... Enfim, cada quadrilha roubando para enriquecer os clãs familiares e políticos encastelados nas cúpulas dos diferentes partidos, mas que, em razão desse mesmo caráter descentralizado da roubalheira, jamais teve força suficiente, muito menos projeto consistente, para substituir o regime democrático (com todos os defeitos e limitações deste) por um sistema mais monopolizador do poder, de tipo ostensivo (regimes de partido único, a exemplo de Cuba, URSS etc) ou disfarçado (como os governos do PRI mexicano durante sete décadas a fio -- uma única legenda com efetivo controle das alavancas do poder [na mão direita, o Diário Oficial; na esquerda, os sindicatos e movimentos sociais corrompidos e domesticados ], em torno da qual gravitam partidecos sustentamos pelas migalhas caídas da mesa do banquete da sigla hegemônica).
4) O lulopetismo foi o único a atrever-se a um projeto centralizado, tentacular, onipresente de corrupção a serviço da eternização no poder. Nas condições atuais do mundo e do Brasil, o modelo mais viável não seria o despotismo de partido único, mas sim o hegemonismo à la PRI mexicano. 
Entendem a diferença? Para os outros clãs partidários e eleitorais, a corrupção era/é um fim em si; para o PT, um meio de eternizar-se no poder.
5) Liberais no Ministério da Fazenda, conforme o script esboçado na Carta ao Povo Brasileira (que prefiro chamar de documento sossega-banqueiro) que Lula divulgou em plena campanha de 2002, com texto de Antonio Palocci. Lembrar que, naquele momento,  a tensão pré-eleitoral estava nas alturas, com o dólar encostando em 4 reais, justamente pelo temor do mercado de que Lula e PT, se/quando chegassem ao poder cumpririam tudo aquilo que prometiam desde a fundação do partido, isto é, a implantação de um regime socialista à la Cuba, ou Angola, ou qualquer outro modelo acalentado por amantes do totalitarismo como Zé Dirceu. Por isso, depois de ganhar aquela primeira eleição, a política econômica do primeiro mandato de Lula seria impecavelmente ortodoxa, fincada no tripé câmbio flutuante, metas inflacionárias e responsabilidade fiscal. Atribuo a manutenção do Meirelles durante oito anos à frente do Banco Central como fruto da superior compreensão do ex-pobre Lula de que as maiores vítimas da inflação são os pobres, que, ao contrário das classes média e alta,  não podem se refugiar em aplicações financeiras indexadas; para o assalariado ou biscateiro pobre, num contexto de inflação alta, o dinheiro vira pó assim que é recebido...
6) No fundo, os lulopetistas jamais se converteram à economia de mercado, permanecendo fiéis ao besteirol intervencionista e estatizante que nem ao menos chega ser original, já que herdado das ditaduras estado-novista e militar. O disfarce liberal ortodoxo da política econômica do primeiro mandato não tardaria a ser abandonado, sob o estímulo de três fatores conjunturais: a maré de prosperidade ensejada pelo boom internacional dos preços das commodities agropecuárias e minerais; o advento da Grande Recessão mundial em 2008/2009, que reanimou as velhas e nunca preenchidas expectativas da esquerda de um colapso planetário e final  do capitalismo; e a descoberta do pré-sal, que, na cabecinha dessa gente, soou como senha para mandar às favas a responsabilidade fiscal e todo aquele receituário econômico 'de direita'.  E vamos enfiar cada vez mais grana no rabo de Joesleys e Eikes, que aventureiros como eles eram os grandes financiadores das campanhas do PT, além de fontes aparentemente inesgotáveis de propina. A esse trinômio, eu acrescentaria uma quarta  eventualidade decisiva para compreender a regressão da política econômica na passagem do 1º para o 2º mandato de Lula: a derrocada do Palocci com o escândalo caseiro-gate. Ele era um dos únicos da cúpula lulopetista a compreender a superioridade infinita da economia de mercado sobre todos os modelos alternativos e, se tivesse a coragem e a lucidez  de livrar-se do abraço sedutor, paralisante e delinquente do patrimonialismo, estaria em condições de liderar a transição do PT do socialismo populista, atrasado, para-bolivariano etc., rumo à socialdemocracia moderna, respeitadora das cláusulas pétreas da economia de mercado e do regime representativo.
Quem quiser saber mais, deve ler, do meu mestre e amigo ANTONIO PAIM, um dos maiores pensadores brasileiros vivos: Momentos Decisivos da História do Brasil; Marxismo e Descendência; O Liberalismo Contemporâneo (3ª edição); A Querela do Estatismo (2ª edição) e O Relativo Atraso Brasileiro e sua Difícil Superação; do saudoso diplomata, humanista e psicólogo junguiano José Osvaldo de Meira Penna: Em Berço Esplêndido e O Dinossauro; e, do historiador das ideias Ricardo Vélez Rodríguez (o mais brilhante discípulo de Antônio Paim): A Grande Mentira.
Um última observação sobre POPULISMO e PATRIMONIALISMO: nem todo patrimonialismo é populista, mas todo populismo é patrimonialista. Demagogos inescrupulosos como Lula exploram as fragilidades intelectuais e a imaturidade cívica de culturas políticas como a nossa, nas quais o entroncamento da herança contra-reformista ibérica com o positivismo de cunho religioso (ração ideológica da qual se fartaram o pensamento militar republicano e o caudilhismo gaúcho de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Getúlio Vargas e Leonel Brizola) e o marxismo mais rastaquera formaram o caldo de cultura do coitadismo mais nocivo. Esses falsos messias sabem que, no Brasil e em Nuestra América de maneira geral, basta afetar e exibir esse falso sentimento de compaixão pelos pobres para receber de amplas parcelas da opinião pública, a começar pelos estamentos intelectuais e artísticos um amplo salvo conduto para saquear o erário é enriquecer à custa do suor do contribuinte. 

Paulo Kramer é cientista político.
Este texto reproduz conversa do autor no WhatsApp.

O capitalismo nunca foi rentista; comportamentos podem ser - Forum de Davos

Discordo, não do jornalista, mas dos organizadores de uma das sessões do Fórum de Davos.
O capitalismo é um “modo de produção”, correto?
Então ele não pode ser rentista.
Se é capitalismo de verdade, ele se organiza em torno da produção e venda de bens e serviços para mercados de massa, correto?
São determinados comportamentos humanos grupais que podem ser rentistas, geralmente com a ajuda de governos, no capitalismo em si.
Se existe rentismo numa economia de mercado, isso não faz parte da estrutura mesma do modo de produção, e sim das formas de apropriação final ou intermediária dos ganhos produzidos pelo capitalismo.
 Ponto. Os organizadores de Davos precisam deixar esse populismo barato, como essa rendição idiota  a temas como igualdade e equidade. Um sistema econômico, se for eficiente e aberto, será necessariamente equânime e até mesmo igualitário, ao dar oportunidades a todos de se inserir nos mercados globais. São os governos, com suas regulações restritivas, que abrem a via para o rentismo de pessoas e grupos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de janeiro de 2018

Maioria no G-20 não retomou PIB pré-crise

Por Daniel Rittner | De Zurique
 Valor Econômico, 22/01/2018


Quase dez anos após a quebra do Lehman Brothers, que se tornou símbolo de um dos piores momentos do capitalismo global, 12 das 20 principais economias do planeta ainda têm PIB per capita inferior ou praticamente igual ao nível pré-crise.

O sentimento de "década perdida" afeta a maioria dos países que compõem o G-20. Canadá, Rússia, Japão e todos os europeus do clube não conseguiram mais atingir o patamar verificado antes da crise de 2008. O maior tombo ocorreu na Itália: queda de 22%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

África do Sul, Arábia Saudita, México e Turquia tiveram variação mínima do indicador no período. Nessa comparação, o Brasil escapa de pertencer ao grupo dos países que estão em ponto morto ou deram marcha à ré apenas por uma ilusão de ótica: a recessão começou mais tarde no caso brasileiro, mas o PIB per capita é 24% menor do que o pico registrado em 2011, segundo os números do Fundo.

A 48ª edição do Fórum Econômico Mundial, que começa amanhã em Davos, marca uma virada de capítulo na agenda da crise de 2008: há expectativa de aceleração da economia americana, crescimento em praticamente toda a Europa, um pouso forçado da China ou um colapso nos preços do petróleo saíram do radar de curto prazo, os emergentes receberam prognósticos melhores dos organismos internacionais neste ano.

Apesar disso, prevalece a sensação de estranhamento. Sensação destacada por Ian Bremmer, fundador da consultoria Eurasia e pupilo de Davos, onde foi escolhido com um dos "jovens líderes globais" ainda no início de sua carreira. "Sim, os mercados estão em alta e a economia não está mal, mas os cidadãos estão divididos", afirmou Bremmerem relatório, na primeira semana de janeiro, sobre 2018.

"A escala de ameaças políticas no mundo é desanimadora. Democracias liberais têm menos legitimidade do que em qualquer época desde a Segunda Guerra, e muitos dos problemas estruturais parecem não ter conserto. Os líderes mais fortes da atualidade demonstram pouco interesse na sociedade civil ou valores comuns", diz.

Ciberataques, terrorismo, o vácuo de poder deixado por Donald Trump e a crescente influência do chinês Xi Jinping, tensões na relação EUA-Irã, a erosão das instituições, o fortalecimento do protecionismo e até incertezas eleitorais são mencionados. Conclusão anunciada pelo consultor: há duas décadas, desde que começou a exercitar o mapeamento de riscos, sempre aparecem altos e baixos. "Mas, se tivermos que apontar um ano para uma grande crise inesperada - a equivalente geopolítica ao colapso financeiro de 2008 -, a sensação é de que vai ser 2018."

O economista Marcello Estevão, secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda, lembra que a história do capitalismo indica mesmo uma recuperação lenta das grandes crises financeiras. O elemento de incerteza é como as novas tecnologias - automação industrial, inteligência artificial, impressões 3D - vão se refletir na produtividade. "Uma dúvida entre os países do G-20 é por que isso ainda não gerou crescimento mais rápido da produtividade."

Com sessões como "A próxima crise financeira?", "O nosso mundo está fraturado?" e "Como o capitalismo rentista está agravando a desigualdade?", Davos mapeará os riscos diante de 1,9 mil empresários, executivos, líderes da sociedade civil e em torno de 70 governantes. Entre eles, Donald Trump - é a primeira ida de um presidente americano para Davos desde 2000 -, Emmanuel Macron (França), Theresa May (Reino Unido) e Narenda Modi (Índia).

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Visiting professor na Columbia, Tinker Foundation: Applications up to April 8

Oportunidade para "distinguished scholars", na Columbia, NY:

Request for Statements of Interest
Tinker Visiting Professorship 

Deadline: April 8, 2018 for 2019-2020 Academic Year

About the Tinker Visiting Professorship

Columbia University is one of five major universities to have a professorship endowed by the Edward Larocque Tinker Foundation. The goal of the Tinker Visiting Professor program is to bring to the campus pre-eminent scholars and professionals (journalists, writers, artists, public officials, etc.) who are citizens of Latin America or the Iberian Peninsula, and reside in the region, as a means of encouraging contact and collaboration.  Please note that citizens of Canada may apply as long as they are considered Latin Americanists. 

Since the inception of the Tinker program in 1971, Columbia has hosted many distinguished visitors for one-semester periods of residence. These guests have strengthened our curriculum offerings on Latin America, complemented departmental strengths, and contributed to understanding of Latin American issues. 

A Tinker Visiting Professor offers to teach (or co-teach) one course - a mixed graduate/undergraduate class in his/her field of expertise. The visitor is asked to also give two public lectures. The Tinker Professor will be supported by a stipend, office space at the Institute of Latin American Studies, assistance in arranging Columbia housing, roundtrip airfare from home country, and part-time research assistance. Funding can also be made available to support conferences or other events at the University related to the visitor’s fields of interest during or following their semester of residence.

The Institute of Latin American Studies (ILAS) administers the Tinker Professor Program on behalf of Columbia University. For more information, contact Esteban Andrade (eaa2127@columbia.edu). 

Application Process

Applicants are invited to submit a brief statement of interest. The statement should explain the qualifications of the candidate, his or her research concentration and the specific goals of the visit to Columbia University (1-2 pages in total), as well as a current and summarized curriculum vita.  The Executive Committee of the Institute of Latin American Studies will review these proposals by the beginning of May and invite a limited number of candidates to submit a full application.  This application will include a personal statement describing their research and proposed teaching areas, with the description of one course, a complete vita and the names of two references.  Please submit applications to: eaa2127@columbia.edu
  
Esteban Andrade
Program Manager
Institute of Latin American Studies
Columbia University
420 West 118th St, 828-B
New York, NY 10027
P: 212-854-4644
F: 212-854-4607

Fake news, distorted news, bad news: a politica externa massacrada (Google Alerts)

Como sempre, todo começo de semana recebo meu lote de notícias segundo os "alerts" que configurei no sistema do Google.
Política externa do Brasil é um deles.
E, invariavelmente, as notícias da esquerda, deformadas em sua maior parte, sobrepujam as matérias normais...
Paulo Roberto de Almeida


Eu fico com muita pena de ver que não há lideranças na região hoje, certamente não no caso do Brasil, para que esse momento fosse utilizado para fazer aquilo que é essencial, que é a base de toda política externa do Brasil, mas acho que é também de outros países da América do Sul, da América ...
 
O cenário internacional durante a minha gestão à frente do Itamaraty tem sido marcado por desafios importantes para a governança do sistema internacional e, consequentemente, para a definição de prioridades e rumos da política externa brasileira. Vivenciamos um período de crescente ...
 
 
Por Leonardo Attuch e Paulo Moreira Leite – Editor do site Opera Mundi, o jornalista Breno Altman concedeu entrevista exclusiva à TV 247 e falou sobre a guinada da política externa brasileira, desde o golpe de 2016. "O Brasil desistiu de ser cabeça de elefante para se tornar rabo de formiga", diz ele.
 
Eu acho que essa falta de credibilidade em relação ao Brasil e esse fim do glamour começou também no governo Dilma porque ela não tinha o carisma, ela não investiu em política externa. Existiam vários eventos que mobilizavam tudo isso; Copa do Mundo, Jogos Olímpicos. Houve um momento de ...
 
 

Out of a past limbo. Going to a new one? - Paulo Roberto de Almeida

Em 1ro de julho de 2016, às vésperas de deixar um longo limbo de 13 anos — yes, uma travessia do deserto que durou todo o regime companheiro — eu registrava num texto semi-impressionista minhas impressões do período de ostracismo, e o que faria na nova etapa que se abria para mim.
Pois bem, depois de um ano e meio de atividades que me deram imenso prazer intelectual, pode ser que eu tenha novamente de acomodar meus poucos trastes (um laptop, e alguns livros) no dorso de um camelo e empreender nova jornada por areias e oásis, virtuais, claro.
Não me incomodo com isso, pois sempre coloco consciência e liberdade de pensamento e ação acima de quaisquer conveniências.
Por isso mesmo reproduzo abaixo o texto aqui publicado naquele 1ro de julho, talvez novamente apropriado ao momento.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22 de janeiro de 2018

Crônica final de um limbo imaginário?

Paulo Roberto de Almeida 

O que é o limbo? Limbo, segundo os dicionários, representa, na teologia cristã, uma região entre a terra e o inferno, um refúgio para as almas dos homens bons, que viveram antes da chegada de Cristo, ao qual também estavam destinadas as almas das crianças não batizadas. 
Num sentido civil, pode aproximar-se de uma espécie de prisão, ou confinamento. No sentido mais comum do termo, seria um lugar ou a condição de negligência, ou de esquecimento, aos quais seriam relegadas coisas ou pessoas não desejadas. 
Enfim, estas são as definições que retirei do Webster's New Universal Unabridged Dictionary (2nd edition; New York: Simon and Schuster, 1979): podem conferir na p. 1.049.
Entretanto, parece que a própria teologia cristã abandonou esse conceito, que deve ter sido inventado em algum momento especialmente inovador do cristianismo primitivo, para dar conta daquelas situações ambíguas, nas quais o sujeito, ou a criança, nem merecia o fogo do inferno, nem estava habilitada a gozar das delícias do paraíso. Não sei sob qual papa foi adotada essa supressão totalmente inconveniente, pois eu teria vontade de protestar, mesmo a posteriori. Não se faz isso com cidadãos desajustados, filósofos heterodoxos, almas inquietas, contestadores profissionais, como podem ser os anarco-libertários como eu.
Mas, se os teólogos acabaram com o limbo, para onde irão as almas nem tão penadas assim, nem tampouco virtuosas, que ficam sem escolha (ou sem destino) entre o inferno e o paraíso? Situação complicada para seres controversos, como este que aqui escreve, nem tão corporativo para merecer a confiança de colegas de guilda, nem tão contestador para merecer degredo ou banimento. Não se pode planar eternamente na estratosfera, inclusive porque ela é rarefeita (e não tem canal de notícias nem internet, para nada dizer de uma grande biblioteca e de uma boa ducha, sem esquecer café expresso).

Pois bem. Creio que estou chegando ao final de meu limbo institucional, ou seja, uma longa travessia do deserto no qual estive, não necessariamente em prisão fechada, mas numa espécie de confinamento, do mesmo tipo daquele que se reserva a pessoas que atuam, pensam ou reagem de maneira diferente, razão pela qual elas devem ser encaminhadas ao deserto (mas também pode ser uma espécie de cerrado, mato agreste, ou qualquer outra situação denotando uma condição áspera, difícil, de isolamento ou de dificuldade, enfim, ostracismo total). Não foi de todo mau: pelo menos não me colocaram tornozeleira eletrônica, o que por sinal me habilitou a andar por aí, leve, livre e solto (mas com mesada reduzida), podendo falar o que queria, sans Dieu, ni Maître...
Não me decidi ainda, sobre o que vou fazer agora que estou fora do limbo (que confesso nem sei onde ficava, mas ele era uma condição de espírito, não uma situação geográfica), mas, de todo modo e desde já, vou tratar de adotar uma atitude de cautela, pela qual todas as minhas ações serão cientificamente calculadas, e depois registradas, para ver se não volto a cometer alguma bobagem que me habilite a enfrentar um novo limbo, numa nova fase, tanto profissional, quanto acadêmica ou pessoal. Uma coisa é certa, não vou deixar de escrever, ainda que com tinta invisível, como convém em certas situações...
Sempre acreditei que as pessoas são responsáveis, em grande medida (senão totalmente), pelo seu próprio destino, na medida em que fazem escolhas, adotam posturas, assumem atitudes que as colocam em maior ou menor conformidade com o seu meio social, com o seu ambiente profissional, com o seu universo de relacionamentos e de interações. Elas são (eu sou) o resultado de suas (minhas) próprias escolhas, ainda que outras pessoas possam ter contribuído, direta ou indiretamente, para a sua (minha) própria condição. 
Não cabem remorsos, ou lamentações, ainda que exercícios de reflexão e revisões críticas de trajetórias passadas (e presentes) sejam sempre desejáveis, na perspectiva de corrigir o que estava (ou ainda está) errado e impulsionar caminhos mais atrativos, ou interessantes. Cabe, talvez, estabelecer algum plano de trabalho para enfrentar os desafios futuros, não mais os anos de travessia de algum deserto particular, mas as novas planícies e planaltos que convidam a uma serena caminhada. Com GPS é mais fácil chegar, mas vou continuar lendo enquanto caminho.
Terminando, e resumindo, confesso que a palavra limbo talvez não seja adequada, uma vez que nunca deixei de trabalhar, e de socializar meus pensamentos, reflexões, escritos e outras formas de verbalização do que penso (sobretudo numa era na qual os meios de comunicação são tão fartos, tão fáceis, tão baratos). A palavra representa, em todo caso, um conceito útil para definir o fim de uma etapa e o início de outra, esperando que eu não retorne a essas paragens tão desconhecidas quanto imaginárias, em busca de algum destino mais apropriado.
Vale!
Brasília, 1 de julho de 2016.