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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O capitalismo nunca foi rentista; comportamentos podem ser - Forum de Davos

Discordo, não do jornalista, mas dos organizadores de uma das sessões do Fórum de Davos.
O capitalismo é um “modo de produção”, correto?
Então ele não pode ser rentista.
Se é capitalismo de verdade, ele se organiza em torno da produção e venda de bens e serviços para mercados de massa, correto?
São determinados comportamentos humanos grupais que podem ser rentistas, geralmente com a ajuda de governos, no capitalismo em si.
Se existe rentismo numa economia de mercado, isso não faz parte da estrutura mesma do modo de produção, e sim das formas de apropriação final ou intermediária dos ganhos produzidos pelo capitalismo.
 Ponto. Os organizadores de Davos precisam deixar esse populismo barato, como essa rendição idiota  a temas como igualdade e equidade. Um sistema econômico, se for eficiente e aberto, será necessariamente equânime e até mesmo igualitário, ao dar oportunidades a todos de se inserir nos mercados globais. São os governos, com suas regulações restritivas, que abrem a via para o rentismo de pessoas e grupos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de janeiro de 2018

Maioria no G-20 não retomou PIB pré-crise

Por Daniel Rittner | De Zurique
 Valor Econômico, 22/01/2018


Quase dez anos após a quebra do Lehman Brothers, que se tornou símbolo de um dos piores momentos do capitalismo global, 12 das 20 principais economias do planeta ainda têm PIB per capita inferior ou praticamente igual ao nível pré-crise.

O sentimento de "década perdida" afeta a maioria dos países que compõem o G-20. Canadá, Rússia, Japão e todos os europeus do clube não conseguiram mais atingir o patamar verificado antes da crise de 2008. O maior tombo ocorreu na Itália: queda de 22%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

África do Sul, Arábia Saudita, México e Turquia tiveram variação mínima do indicador no período. Nessa comparação, o Brasil escapa de pertencer ao grupo dos países que estão em ponto morto ou deram marcha à ré apenas por uma ilusão de ótica: a recessão começou mais tarde no caso brasileiro, mas o PIB per capita é 24% menor do que o pico registrado em 2011, segundo os números do Fundo.

A 48ª edição do Fórum Econômico Mundial, que começa amanhã em Davos, marca uma virada de capítulo na agenda da crise de 2008: há expectativa de aceleração da economia americana, crescimento em praticamente toda a Europa, um pouso forçado da China ou um colapso nos preços do petróleo saíram do radar de curto prazo, os emergentes receberam prognósticos melhores dos organismos internacionais neste ano.

Apesar disso, prevalece a sensação de estranhamento. Sensação destacada por Ian Bremmer, fundador da consultoria Eurasia e pupilo de Davos, onde foi escolhido com um dos "jovens líderes globais" ainda no início de sua carreira. "Sim, os mercados estão em alta e a economia não está mal, mas os cidadãos estão divididos", afirmou Bremmerem relatório, na primeira semana de janeiro, sobre 2018.

"A escala de ameaças políticas no mundo é desanimadora. Democracias liberais têm menos legitimidade do que em qualquer época desde a Segunda Guerra, e muitos dos problemas estruturais parecem não ter conserto. Os líderes mais fortes da atualidade demonstram pouco interesse na sociedade civil ou valores comuns", diz.

Ciberataques, terrorismo, o vácuo de poder deixado por Donald Trump e a crescente influência do chinês Xi Jinping, tensões na relação EUA-Irã, a erosão das instituições, o fortalecimento do protecionismo e até incertezas eleitorais são mencionados. Conclusão anunciada pelo consultor: há duas décadas, desde que começou a exercitar o mapeamento de riscos, sempre aparecem altos e baixos. "Mas, se tivermos que apontar um ano para uma grande crise inesperada - a equivalente geopolítica ao colapso financeiro de 2008 -, a sensação é de que vai ser 2018."

O economista Marcello Estevão, secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda, lembra que a história do capitalismo indica mesmo uma recuperação lenta das grandes crises financeiras. O elemento de incerteza é como as novas tecnologias - automação industrial, inteligência artificial, impressões 3D - vão se refletir na produtividade. "Uma dúvida entre os países do G-20 é por que isso ainda não gerou crescimento mais rápido da produtividade."

Com sessões como "A próxima crise financeira?", "O nosso mundo está fraturado?" e "Como o capitalismo rentista está agravando a desigualdade?", Davos mapeará os riscos diante de 1,9 mil empresários, executivos, líderes da sociedade civil e em torno de 70 governantes. Entre eles, Donald Trump - é a primeira ida de um presidente americano para Davos desde 2000 -, Emmanuel Macron (França), Theresa May (Reino Unido) e Narenda Modi (Índia).

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