Como todo acadêmico, procuro ler tudo e de tudo (ou pelo menos tento, embora não tenha certeza de que todos os acadêmicos sejam assim...).
Além dos "x" boletins diários que recebo, tenho vários conceitos para busca organizada. (Desculpem o "x", mas realmente não sei quantos são; precisaria contar: NYTimes, WPost, Le Monde, WSJ, Foreign Policy, Economist, Der Spiegel, e muitos outros mais, sem contar os think tanks, os bancos multilaterais, os centros de pesquisa, etc. etc. etc.; um dia vou tentar contar, mas tenho certeza de que vou esquecer os mensais, os que entram irregularmente...).
Minha busca organizada, obviamente, é ampla, em Português e Inglês, e aí chovem os links para identificar o que houve de relevante em diversos campos do conhecimento humano -- economia, política externa brasileira, China, etc. --, com seus links preparados.
Ainda tenho de fazer um artigo em homenagem ao Google, mas não só ele, pois tenho os newsfeeder também, os assembladores de notícias, vários deles.
Enfim, cedendo ao narcisismo, também tenho um identificador para o meu nome, que na verdade foi feito mais para detectar algum plágio eventual do que self-contemplation, ou busca de notoriedade. Sei que sou copiado por aí, mas os aluninhos querem só aprender, suponho...
De vez em quando a gente se surpreende ao ser citado em coluna de jornal, que foi o que ocorreu recentemente com este jornalista do jornal O Povo, do Ceará.
O meu artigo a que ele se refere em seu artigo é este aqui:
Miséria da ‘oposição’ no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política?,
revista Interesse Nacional (n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36
link: http://interessenacional.uol.com.br/artigos-integra.asp?cd_artigo=103).
Relação de Originais n. 2242; Publicados n. 1028.
Divirtam-se com a oposição no Ceará.
Paulo Roberto de Almeida
Dilma com compostura
Fábio Campos
O Povo online (Fortaleza, CE), 20.04.2011
O drama da oposição brasileira tem um nome: Dilma Rousseff. Apesar da popularidade nunca antes vista nesse País, era menos difícil fazer oposição a Lula. Um presidente que falava pelos cotovelos, abria constantemente o flanco para os ataques dos opositores de plantão. A julgar pelos cem dias de Dilma no poder, essa tarefa se tornou mais complicada. A presidente Dilma é circunspecta. Adota compostura adequada a um chefe de Governo. Fala somente o necessário. Tem gosto pelo trabalho e não usa membros da equipe como muletas, atitude que reforça a sua liderança. Melhor: Dilma tem demonstrado apego ao que nos acostumamos a chamar de Estado de Direito. Em cem dias, vimos a presidente defendendo a democracia além fronteiras, mantendo distância de ditadores e assumindo a defesa dos valores democráticos. É evidente que, aqui e alhures, a economia continua dando os rumos da política. Enquanto a economia estiver aquecida, a oposição permanecerá perdida.
DESERTO DE OPOSITORES
A oposição à Dilma é diminuta do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Mas, não é uma circunstância que ocorre apenas no âmbito nacional. Em boa parte dos estados e capitais, o fato se reproduz com a mesma força. Atentem para o que acontece no Ceará. Aqui, nem sequer há oposição. E o que há não é capaz de assumir com ênfase e clareza as grandes responsabilidades de sua condição. Recentemente, o PSDB do Ceará ocupou espaços partidários na televisão. Frases soltas e sem rumo. Tasso Jereissati balbuciou algo, mas não se mostra com energia política para seguir. Do ponto de vista político-partidário, um deserto. Todos os maiores partidos estão no Governo. A linguagem é única. É só consenso. Por cá, uma ou outra manifestação, geralmente escrita nas páginas de jornal, de descontentamento com o rumo das coisas. Tais manifestações não partem da política. Representam somente a opinião individual de articulistas. A academia? Ora, a academia não consegue escalar seus muros e raramente produz pensamento crítico acerca do Ceará.
A OPOSIÇÃO QUE SE PREZA
Em Fortaleza, a oposição é um arremedo. Despreparada, nutre-se de ódio e acha que fazer oposição é visitar o PV e mostrar que uma mureta vai atrapalhar a visão de alguns torcedores. Outro se entrega à tarefa de fotografar ruas encharcadas pela chuva e distribuir panfletos e adesivos. Um terceiro faz pregações virulentas na TV. Não há projetos de poder confiáveis na oposição. Não há uma ideia sólida de cidade. Apenas mercadores de plantão. Tanto no Estado quanto na Capital há imensos flancos abertos para a atuação de uma oposição digna no nome. Oposição que se preza precisa se constituir como alternativa de poder que vá além do que está posto. Adaptando um trecho de um artigo assinado pelo diplomata e cientista social Paulo Roberto de Almeida, oposição de respeito é a que trabalha com vigor no diagnóstico dos problemas, no oferecimento de respostas sólidas aos mesmos problemas, e na sua própria organização interna, colocando-se numa posição de governo “virtual”, ou potencial, com base em propostas aceitáveis, sem ceder a populismos ou à demagogia habitual nesses meios.
OS 96 DE BRASÍLIA
A propósito, vejam texto assinado pelos repórteres Eduardo Bresciani e Denise Madueño, no O Estado de S.Paulo de ontem: “A criação do PSD fará com que a oposição à presidente Dilma Rousseff seja reduzida a menos de cem deputados, um cenário inédito nos últimos 16 anos. Com a debandada de deputados para o partido que abrirá as portas para a adesão ao governo Dilma, a oposição representada por PSDB, DEM e PPS terá somente 96 deputados. Proporcionalmente, a oposição brasileira é menor do que em países vizinhos, como a Venezuela e a Bolívia. Desde a retomada das eleições diretas, em 1989, somente o presidente Itamar Franco, atual senador pelo PPS de Minas Gerais, teve uma Câmara tão dócil”.
Fábio Campos
fabiocampos@opovo.com.br
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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Um comentário:
Confesso que efetuo buscas de meu nome dessas que chegam por e-mail o google alerts.
Professor costumo transcrever seus textos sempre com link para o original e algum comentário meu que realmente deixa claro que não sou o autor do texto. Mais ou menos como o senhor faz aqui.
Mas, uma só palavra e paro. Confesso que detesto ser roubado em meus textos e gosto de tê-los disseminados. Vaidade ou não. O que custa colocar o nome.
Perdão. Acabei por não comentar o texto publicado.
Abs,
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