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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Encontros com Roberto Campos, em meus próprios escritos - Paulo Roberto de Almeida

Encontros com Roberto Campos, em meus próprios escritos

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Registrando meus escritos sobre o grande diplomata e economista.

  

Uma das primeiras atividades que empreendi, no final de 2016, depois que tinha sido oficialmente empossado como diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, da Fundação Alexandre de Gusmão, do Itamaraty, foi a de preparar diversos artigos sobre Roberto Campos, em previsão do centenário de seu nascimento, no Mato Grosso, por acaso no mesmo ano em que meu pai nasceu, em 1917. Ele tinha sido o meu “inimigo ideológico”, nos meus tempos de marxista precoce, logo após o golpe militar de abril de 1964, justamente porque encarnava o entreguismo pró-imperialismo americano e era um dos responsáveis pelo “arrocho salarial”. Ainda estudante secundarista, comecei a participar das manifestações estudantis contra a ditadura: no começo éramos reprimidos apenas pela Guarda Civil de São Paulo, com aqueles cassetetes de borracha de no máximo 30 centímetros. Depois, avançando a resistência, a repressão passou a receber ajuda da Polícia do Exército, cujos cassetetes eram de madeira, de pelo menos 70 cm.

Nessa altura, em meados de 1966, li num jornal que o ministro do “arrocho salarial” faria uma conferência na Faculdade Mackenzie, a dos direitistas amigos da ditadura, sobre o Plano de Ação Econômica do Governo, o PAEG. Eu era apenas um simples office boy, numa grande empresa multinacional do centro da cidade, e decidi não voltar para casa ao final do expediente, e seguir andando para a Faculdade, temendo não conseguir entrar. Entrei, sentei-me, esperando uma defesa das políticas econômicas da ditadura e o que ouvi foi um histórico da economia brasileira desde os anos 1950, as dificuldades e crises do início da década e uma exposição muito clara e sincera do tipo de política econômica que estava sendo implementada para combater a inflação, até contrária a certas recomendações do FMI, que chamávamos, seguindo Otto Maria Carpeaux, de Fome e Miséria Internacional. 

Desde aquele momento passei a estudar seriamente economia, inclusive por meio dos artigos semanais de Bob Fields nas páginas do Estadão, o velho jornal reacionário. Nunca mais parei, a despeito de ter me encaminhado, por deficiências em matemática, para as Ciências Sociais, em cujo curso, na Fefelech da USP comecei a estudar, na primeira turma dos “barracões” da Cidade Universitária, justamente logo depois da famosa batalha da Maria Antônia, contra os fascistas do Mackenzie. Fiquei pouco tempo no curso, abandonando para não ser preso na grande repressão dos anos 1969-70, preferindo ir estudar na Europa. Continuei lendo Roberto Campos durante toda a minha vida, a despeito de lê-lo com raiva, nos primeiros tempos, pois não conseguia rebater seus argumentos muito bem articulados e brilhantemente expostos.

Só fui conhecê-lo pessoalmente muitos anos depois, já como diplomata, servindo na Assessoria de Relações com o Congresso, ao ter levado uma correspondência que lhe chegara pela mala diplomática de Londres. Ele então autografou-me uma de suas coletâneas de artigos, que eu tinha comigo naquele momento. Deve ter sido em meados dos anos 1980. Dois anos depois de sua morte escrevi o seguinte artigo: “Roberto Campos: dois anos sem bons combates de ideias”, Washington, 2 outubro 2003, 3 p. Artigo em homenagem a Roberto Campos, por ocasião da passagem do segundo aniversário de sua morte, em 9/10/2001. Publicado no Jornal do Brasil (6/10/2003, Seção Opinião). Republicado em 6/01/2017 no Blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/01/e-por-falar-em-roberto-campos-fazendo.html).

No seguinte, reincidi com um novo artigo: “O que Roberto Campos estaria pensando da política econômica?”, Brasília, 30 set. 2004, 4 p. Ensaio colocando RC em conversa com Keynes, Hayek e Marx, no limbo, a propósito do terceiro ano de sua morte. Preparada versão reduzida, sob o título de “O que Roberto Campos pensaria da política econômica”, publicada no O Estado de São Paulo (sábado, 9/10/2004, caderno Econômico, p. B2). Reproduzido in totum no blog Diplomatizzando (6/01/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/01/ainda-roberto-campos-com-marx-e-hayek.html). Dois anos depois, por ocasião da morte de Milton Friedman, imaginei um encontro dos dois em alguma parte da galáxia: “Milton Friedman meets Bob Fields: O reencontro de dois grandes economistas”, Brasília, 20 novembro 2006, 5 p. Diálogo imaginário entre os dois economistas. Publicado no site do Instituto Millenium (Rio de Janeiro, 26/11/06). Readaptado em 27/08/2009 e publicado sob o título de “Milton Friedman conversa com Roberto Campos no limbo econômico” em Via Política (30/08/2009); divulgado no blog Diplomatizzando (22/01/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/01/milton-friedman-meets-bob-fields-o.html).

Pois, muitos anos depois, ao final de 2016, aproximando-se o seu centenário, recebi convite para colaborar com um dos livros em sua homenagem. Escrevi, então, um primeiro ensaio sobre sua vida e obra que permaneceu inédito, mas que foi aproveitado depois para o livro que coordenei sobre ele: “A importância da dimensão diplomática no pensamento econômico e na atividade pública de Roberto Campos”, Brasília, 19 novembro 2016, 6 p. Notas de caráter ensaístico sobre o grande estadista diplomático, elaboradas a pedido do embaixador Rubens Antônio Barbosa, para livro coletivo em homenagem ao centenário de nascimento do homem público brasileiro, sob a coordenação de Paulo Rabello de Castro e do jurista Ives Gandra Martins: A lanterna na proa: o Brasil que Roberto sonhou: ensaios sobre a vida e a obra de Roberto Campos (em publicação pela Editora Resistência Cultural). Aproveitado para compor o trabalho 3008/2017, como introdução ao livro que organizei sobre a trajetória intelectual de Roberto Campos. Divulgado no blog Diplomatizzando(15/08/2017: link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-dimensao-diplomatica-no-pensamento.html).

O livro acima projetado saiu sob outro título e num outro estilo, com o qual pude colaborar com uma sequência de três artigos: 

1) “Roberto Campos: receita para desenvolver um país”, Brasília, 1 janeiro 2017, 3 p. Colaboração a obra coletiva sobre Roberto Campos, organizada por Paulo Rabello de Castro e Ives Gandra Martins. Publicado no livro organizado pela Resistência Cultural Editora e reproduzido no blog Diplomatizzando (05/01/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/01/roberto-campos-receita-para-desenvolver.html) Publicado in: Ives Gandra da Silva Martins e Paulo Rabello de Castro (orgs.), Lanterna na Proa: Roberto Campos ano 100(São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, 344 p; ISBN: 978-85-66418-13-2), p. 245-248.

2) “Bretton Woods: o aprendizado da economia na prática”, Brasília, 7 fevereiro 2017, 4 p. Colaboração a obra coletiva sobre Roberto Campos. Publicado in: Ives Gandra da Silva Martins e Paulo Rabello de Castro (orgs.), Lanterna na Proa: Roberto Campos ano 100 (São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, 344 p; ISBN: 978-85-66418-13-2), p. 52-56. Reproduzido no blog Diplomatizzando (05/08/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/bretton-woods-o-nascimento-da-atual.html).

3) “Fundando um banco de desenvolvimento: o BNDE”, Brasília, 8 fevereiro 2017, 3 p. Colaboração a obra coletiva sobre Roberto Campos. Publicado in: Ives Gandra da Silva Martins e Paulo Rabello de Castro (orgs.), Lanterna na Proa: Roberto Campos ano 100 (São Luís, MA: Resistência Cultural Editora, 2017, 344 p; ISBN: 978-85-66418-13-2), p. 71-74. Reproduzido no blog Diplomatizzando (05/08/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/fundando-um-banco-de-desenvolvimento-o.html).

 

Paralelamente, organizei o “meu” próprio livro em homenagem a ele: O homem que pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos, Brasília, 28 fevereiro 2017, 279 p.; revisão: 360 p. em 20/03/2017. Livro composto a partir dos trabalhos setoriais, publicado pela Editora Appris (Curitiba). Meus capítulos foram os seguintes: “Roberto Campos: uma vida a serviço do progresso do Brasil”, Brasília, 28 fevereiro 2017, 7 p. Introdução ao livro sobre Roberto Campos; “Roberto Campos: uma trajetória intelectual no século XX”, Brasília, 28 fevereiro 2017, 140 p. Colaboração a livro organizado por mim em torno da vida, da obra e do pensamento do diplomata-economista que se tornou um dos maiores estadistas do Brasil. Revisão ampliada a 144 p. em 2/03/2017. Publicado in: Paulo Roberto de Almeida (org.), O Homem Que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0), p. 203-356.

Foi com base nessas duas publicações que organizei, quando diretor do IPRI-Funag, um seminário no Palácio do Itamaraty do Rio de Janeiro, no próprio dia do aniversário dos cem anos de Roberto Campos, ao qual convidei um número significativo de colaboradores, amigos e admiradores de Roberto Campos, entre eles seu editor, em especial de suas memórias, José Mário Pereira, que ofereceu uma tocante homenagem ao grande economista e diplomata, rememorando como se desenrolaram, passo a passo, a preparação e a publicação de Memórias na Popa.

Pouco depois da publicação do meu livro, escrevi um artigo de jornal apresentando-o, assim como o livro de artigos sobre Roberto Campos editado por Ives Gandra da Silva Martins e Paulo Rabello de Castro: “Roberto Campos, 100 anos: sempre atual”, Brasília, 9 abril 2017, 3 p. Artigo para a página de Opinião do Estado de S. Paulo, falando dos dois livros sendo lançados dia 17/04: O Homem que Pensou o Brasil, e Lanterna na Proa. Publicado no jornal O Estado de S. Paulo (ISSN: 1516-2931; 15/04/2016; link: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,roberto-campos-100-anos-e-sempre-atual,70001738944); republicado no blog Diplomatizzando (22/01/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/01/roberto-campos-100-anos-sempre-atual.html). Em seguida, fui convidado para uma sessão em homenagem a ele, tendo preparado um texto lido de forma entrecortada na ocasião, mas cujo teor figura no registro abaixo: 

“Sessão especial no Senado em homenagem a Roberto Campos”, Brasília, 10 abril 2017, 3 p. Texto lido na sessão especial do dia 17/04/2017. Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (16/04/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/roberto-campos-sessao-especial-no.html). Vídeo da sessão disponível no YouTube (26/04/2017; link: https://youtu.be/4z8Dz4Ul0nI; link de minha intervenção: (YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=XobuvjMuy7k&t=189s). Notas no Jornal do Senado (ano XXIII, n. 4680, 18/04/2017, p. 1, 6-7). Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/roberto-campos-materia-no-jornal-do.html).

Novamente convidado para falar do ilustre “centenário”, preparei mais um texto: “Roberto Campos, 100 anos: atualidade de suas ideias”, Brasília, 21 abril 2017, 5 p. Texto para servir de apoio a palestra na FAAP, no quadro de Curso “Agenda Brasil”, para jornalistas. Resumo das propostas para o governo Castello Branco e apresentadas no discurso inaugural de Roberto Campos em junho de 1983 no Senado, retomadas em diversas outras ocasiões. Divulgado no Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/roberto-campos-atualidade-de-suas.html).

Finalmente, encerrando as comemorações do centenário e novamente convidado para falar sobre ele, preparei ainda este trabalho: “Liberalismo e o Brasil de Hoje: Lições de Roberto Campos”, Brasília, 7 maio 2017, 7 p. Notas para palestra a convite do LIDE-Mato Grosso, em Cuiabá, em 9 maio 2017, acompanhado de slide com as obras de Roberto Campos. Divulgado no blog Diplomatizzando (10/05/2017, link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/05/o-homem-que-pensou-ao-brasil-de-volta.html).

Um ano depois, recebi convite para participar de uma outra obra coletiva, sobre a postura de Roberto Campos em relação à Constituinte de 1987-1988 e à Constituição de 1988, preparei este trabalho: Roberto Campos e a utopia constitucional brasileira”, Brasília, 23 julho 2018, 36 p. Ensaio sobre os temas constitucionais na obra de Roberto Campos, com destaque para suas antologias e o livro de memórias. Para publicação coletiva em volume compilando os artigos de Roberto Campos sobre o tema. Integrado em formato ampliado ao livro composto para essa finalidade: trabalho n. 3315. Formato original incorporado ao livro: Gilmar Ferreira Mendes e Ives Gandra da Silva Martins (coords.): Roberto Campos: diplomata, economista e político – o constituinte profeta (São Paulo: Almedina, 2021, 391 p.; ISBN: 978-65-5627-192-7; p. 81-122).

A partir dessa revisão de seus discursos e artigos, preparei este livro: A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988, Brasília, 3 agosto 2018, 370 p. Livro constante de dois trabalhos meus e de 65 artigos de Roberto Campos sobre temas da Constituinte e da Constituição de 1988, publicado pela LVM, em 2018. O texto introdutório, “Roberto Campos e a utopia constitucional brasileira”, foi disponibilizado em Academia.edu (link: http://www.academia.edu/38422710/3414RobertoCamposUtopiaConstitucional.pdf) e anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/roberto-campos-e-utopia-constitucional.html).

Retomando meus muitos trabalhos sobre ele, preparei novo ensaio: Roberto Campos, um humanista da economia na diplomacia” (Brasília, 18 setembro 2018, 32 p.), que deveria servir para a 3a. edição do livro O Itamaraty na Cultura Brasileira (edição original: 2001), nunca publicado. Permitiu-me preservar esse texto para um livro ainda não publicado: Intelectuais na diplomacia brasileira, sob minha organização (oferecido à Funag, ainda não definida sua publicação. Paralelamente, elaborei um capítulo sobre ele no meu livro: Construtores da Nação: projetos para o Brasil, de Cairu a Merquior (São Paulo: LVM Editora, 2022, 304 p.; prefácio de Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy). Divulgado via blog Diplomatizzando (25/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/construtores-da-nacao-projetos-para-o25.html).

Existem várias outras notas sobre e com referência a Roberto Campos em trabalhos esparsos ao longo de todos esses anos, mas eu teria de buscar em escritos sobre economia e diplomacia do Brasil. O que elaborei sobre ele e a partir dele oferece um testemunho sobre minha própria trajetória intelectual.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4565, 22 janeiro 2024, 6 p.

Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/01/encontros-com-roberto-campos-em-meus.html).

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