O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Aliança pela Liberdade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aliança pela Liberdade. Mostrar todas as postagens

domingo, 10 de março de 2019

Aliança pela Liberdade: jovens estudantes liberais me prestam homenagem

Gostaria de agradecer imensamente, enfaticamente, o grande elogio que recebo nesta postagem, que me deixou verdadeiramente sensibilizado, e não é pela solidariedade em função de minha mesquinha defenestração no IPRI, um episódio menor em minha vida, e que aliás me deixa ainda mais livre para continuar minha obra didática, pedagógica, em favor da liberdade de pensamento.
A razão pela qual expresso minha gratidão por esta mensagem, e pelo quadro e frase dos quais já me tinha esquecido, é que constato agora que meu combate solitário de muitos anos realmente encontrou eco entre os muitos jovens que me leram ao longo de minha longuíssima travessia do deserto, o exílio funcional aplicado contra mim, pelas mentes canhestras que dominaram o Itamaraty durante o lulopetismo, e que parecem se reproduzir novamente agora. Esse meu combate foi justamente no sentido de oferecer aos mais jovens uma outra perspectiva que o marxismo vulgar – digo isso sem constrangimento, pois ainda me considero marxista, uma vez que é impossível ser sociólogo sem ser também um pouco marxista –, que o gramscismo do baixo clero – isto é, de pessoas que nunca leram Gramsci –, que o esquerdismo míope, ignorante, que a arrogância acadêmica de certos mandarins da torre de marfim, enfim, que a mediocridade e a miséria intelectual de nossos meios universitários (com minhas desculpas a todos aqueles que não se deixam enredar nesse ambiente lamentável de sub-intelectualidade muito pouco produtiva).
Sempre fiz de meus escritos instrumentos de combate: em primeiro lugar, pela liberdade de expressão – e tive vários dissabores no Itamaraty, por nunca eximir de ser contrarianista –, em segundo lugar pelo exame sem preconceitos de todos os problemas práticos com os quais nos defrontamos no serviço público, e na vida civil; em terceiro elevar, pela consciência de que era preciso elevar o nível, melhorar a qualidade do ensino em geral, das humanidades em especial.
Sinto-me, portanto, gratificado por esta homenagem.
Grato, rapazes. A luta continua, como diriam alguns...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de março de 2019
Aliança pela Liberdade
Na segunda-feira desta semana, em pleno carnaval, tivemos notícia da exoneração do Embaixador e Professor Paulo Roberto de Almeida da Presidência do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI).
Dono de uma invejável trajetória acadêmica e profissional, Almeida foi empurrado ao ostracismo durante os governos Lula e Dilma, em razão de suas idéias liberais e de sua profunda honestidade intelectual. A manobra, no entanto, só lhe deu mais força: durante esses anos, o professor foi responsável pela formação e florescimento de uma multidão de estudantes, que encontrou em sua figura uma referência para a defesa racional e consistente dos valores democráticos e de liberdade.
Recentemente, a Aliança pela Liberdade teve a honra de promover o lançamento de seu livro “A Constituição contra o Brasil”, onde reuniu e apresentou uma série de ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988. Na ocasião, também estavam presentes o professor de Economia da UnB Roberto Ellery e o diplomata Arthur César Naylor.
À frente do IPRI desde 2016, Almeida foi responsável pela organização de uma série de relevantes eventos acadêmicos, além de publicações de livros e composição de debates, sempre atentando para a diversidade temática e para a qualidade de conteúdo. Sua saída é, sem dúvidas, uma perda institucional para o Itamaraty, e deixa um gosto amargo para aqueles que valorizam o verdadeiro debate de idéias, tanto nos temas de política externa, quanto sobre o Brasil de forma mais ampla.
Desejamos que estas palavras possam ecoar nossa admiração pelo mestre que sempre foi e, também, o agradecimento por nunca ter deixado de enriquecer o debate público no Brasil, mesmo quando isso lhe implicou sanções profissionais e pessoais. Estamos certos de que poderemos contar com sua coragem, seu brilhantismo, e com sua a dedicação incansável na defesa da democracia e da liberdade, por muitas e muitas obras, debates, e anos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Estudantes que estudam: ENORME novidade (na UnB, pelo menos...)

Transcrevendo, não apenas, subscrevendo, também, e reforçando, sobretudo, cada um e todos os argumentos deste pequeno ensaio sobre o renascimento de uma ideia muito simples: estudantes decentes, esclarecidos, ou simplesmente sensatos, precisam deixar de ser massa de manobra de seitas esclerosadas que pregam ideias estapafurdias para um Brasil que nem deveria estar discutindo o besteirol que essas seitas propagam.
O Renascimento, enfim...
Paulo Roberto de Almeida


A vitória de um grupo como a Aliança pela Liberdade dentro de uma instituição de ensino como a UnB possui um simbolismo claro: os estudantes da universidade estão fartos da hegemonia esquerdista dentro da academia brasileira.
POR FELIPE MELO 

O movimento estudantil foi concebido, desde sua origem, como uma ponta-de-lança da revolução gramsciana. Louis Althusser, em seu opúsculo “Aparelhos Ideológicos de Estado”, postula que a escola deve ser o alvo primário dos esforços subversivos para a criação de um ambiente social propício à revolução. Paulo Freire, o “pedagogo” responsável pela aplicação das teorias althusserianas na educação brasileira, transportou o conceito da luta de classes para dentro das escolas, transformando-as em campos de luta ideológica e solapando os valores sobre os quais o ensino foi constituído. Florestan Fernandes, outro dos grandes “intelectuais” idolatrados pela esquerda estudantil, declarou, convicto: “Ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, como ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo e, nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo.”
Antes, estudante era o status (por vezes temporário) de uma pessoa em busca de formação técnica e intelectual. Após a introdução dessas idéias, sobretudo durante o Maio de 1968, estudante passou a designar uma “classe” oprimida -- e, como tal, devia desenvolver uma peculiar “consciência classista” e lutar por seus “interesses de classe”, o que só podia ser alcançado através do processo revolucionário. É dentro desse contexto que surge o movimento estudantil da atualidade, e esse espírito está mais forte do que nunca.
O dia 27 de outubro de 2011, entretanto, marcou um ponto de inflexão nesse paradigma. A Universidade de Brasília, que foi concebida por Darcy Ribeiro especificamente para ser o grande laboratório acadêmico da esquerda no País, testemunhou a eleição de um grupo de estudantes que é a antítese do movimento estudantil como ele é. Pela primeira vez na história da universidade, um grupo não-esquerdista venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE), órgão máximo do movimento estudantil dentro da UnB. O discurso que ganhou os corações da maioria silenciosa dos estudantes da universidade defende bandeiras diametralmente díspares daquelas pertencentes aos tradicionais estudantes profissionais da militância de esquerda: excelência acadêmica, não-ideologização da representação estudantil, policiamento constante dos campi, presença de instituições privadas de fomento à pesquisa científica, dentre outros.
A Aliança pela Liberdade, grupo que venceu as eleições para o DCE da UnB (e do qual, até bem pouco tempo, fiz parte), surgiu em 2009 como uma reação ao imobilismo ideológico e à truculência autoritária e intolerante do movimento estudantil na universidade. Em seu estatuto, estão elencados os valores e princípios nos quais o grupo se alicerça:
I - A liberdade de expressão, pensamento e manifestação;
II - O estudo diligente e disciplinado;
III - A reflexão e o debate;
IV - O respeito às minorias;
V - A contestação ordeira e respeitosa;
VI - A crença na supremacia dos direitos e liberdades individuais;
VII - O pluralismo político;
VIII - A igualdade de todos perante a lei;
IX - O Estado Democrático de Direito;
X - O direito inalienável de cada indivíduo em escolher seu próprio destino.

A vitória de um grupo como a Aliança pela Liberdade dentro de uma instituição de ensino como a UnB possui um simbolismo claro: os estudantes da universidade estão fartos da hegemonia esquerdista dentro da academia brasileira. As tergiversações falaciosas da esquerda, travestidas de rigor intelectual e acadêmico, que há décadas têm dominado as universidades no Brasil já não mais encontram eco no corpo discente. O universitário médio está interessado em melhorias de infra-estrutura, não na luta contra o “Estado de apartheid” judeu contra os “pobres” palestinos; ele quer livros recentes na biblioteca, não receber lições de eco-socialismo de Leonardo Boff; ele quer participar da economia de mercado capitalista, não destruí-la.
O resultado das eleições para o DCE da UnB representa não apenas uma esperança, mas a real possibilidade de transformar a universidade em um espaço de debate intelectual honesto, de excelência científico-acadêmica, de liberdade -- não só de ensinar, mas principalmente de aprender. É evidente que esse resultado provocou uma grande agitação na escumalha esquerdista da instituição -- que, após chorar sua forçosa viuvez, chegou até mesmo a cogitar um golpe, forçando um segundo turno não-previsto pelo regimento eleitoral aprovado em assembléia geral dos estudantes.
Essa virada ocorrida na Universidade de Brasília não é, de modo algum, uma possibilidade exclusiva da instituição. Durante as vergonhosas (para não dizer criminosas) invasões da administração da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e da reitoria da USP, a tirania da esquerda estudantil foi duramente questionada pelos estudantes uspianos sérios. A ridícula greve geral (pura manifestação da “consciência classista” estudantil) convocada pelo DCE da USP também tem sido alvo de enfrentamentos-- um exemplo disso foi o esquema de piquetes na FFLCH, desfeito pelos universitários que querem exercer seu direito de estudar. A chapa Reação USP, formada pelo grupo Liberdade USP (que tem apoio da Aliança pela Liberdade), está concorrendo às eleições para o DCE daquela universidade e representa, de modo claro, a possibilidade de uma virada positiva.
Pouco a pouco, surgem sinais de que os estudantes dedicados, aqueles que realmente fazem valer o seu ingresso na universidade com “estudo diligente e disciplinado”, cansaram de ter suas instituições de ensino reduzidas a campos de treinamento da intelligetsia revolucionária. A universidade brasileira pode deixar de ser uma imensa usina de lixo ideológico e se transformar em um lugar onde o mérito, a honestidade e a dedicação venham a ser artigos não tão raros. A reação necessária exige, entretanto, que os alunos tomem posição e defendam, juntos, o verdadeiro ideal de universidade.
Isso só será alcançado através de uma grande aliança: uma aliança pela liberdade.
 Felipe Melo edita o blog da Juventude Conservadora da UNB.