Assim “caminha” a Humanidade?
A humanidade vive um momento extraordinário desde a unificação do mundo nos Descobrimentos, suas ondas de globalização e de desglobalização ao longo dos cinco séculos de dominação colonial e imperial europeia, até o início do século XX, quando os EUA emergem como o grande Hegemon, mas não como império universal (os fascismos expansionistas dos anos 1930 e depois a URSS obstaram ao domínio universal dos EUA).
O fim da primeira Guerra Fria poderia ter trazido a emergência de um mundo multipolar relativamente pacífico e integrado, não fossem por dois fatores, um estrutural (o renascimento da China como grande potência econômica, o que já tinha sido antecipado no passado recente, em menor escala), o outro puramente contingente e acidental: a irrupção de um ditador eleito pelo voto direto nos EUA e o seu uso errático do enorme poder econômico acumulado pelos EUA para chantagear o mundo de forma disruptiva e sem um projeto definido de retomada racional de seu antigo poderio institucional, ao criar o multilateralismo político e econômico dos últimos 80 anos (agora ameaçado por esse candidato a imperador do mundo.
O momento atual não é de construção de uma nova ordem, mas sim de desconstrução da ordem estabelecida sem colocar nada no lugar.
A humanidade passou por muitas guerras entre impérios regionais, mas nunca um desafio à imperfeita e limitada ordem mundial ocidental criada pelo Hegemon 80 anos atrás.
A humanidade não mais caminha, mas soluça e tropeça, primeiro com Putin, agora com Trump. Os efeitos negativos dos dois ditadores vão persistir por anos, talvez décadas, mas a China vai retirar benefícios da atual ambiente incerto e disruptivo.
O caos vai prevalecer por enquanto, mas Trump tem data certa para sair, Putin só com a morte ou derrocada.
Tempos interessantes diriam os chineses, mas eles podem dizer isso com ironia intelectualoide, ou com real angústia, dado o novo MAD e dois doutores Strangeloves).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9/08/2025