O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador BNFB. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador BNFB. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Movimentos de massa na história do Brasil: quantos tivemos? - Paulo Roberto de Almeida

Movimentos políticos de massa na História do Brasil

Paulo Roberto de Almeida
[Objetivodebate sobre o futuro do Brasilfinalidadepalestra no BNFB]

Quantos movimentos políticos de massa teve o Brasil que lograram mudar o país? 
Eu não vejo muitos. Vou elencar, cronologicamente, aqueles movimentos, de todos os tipos, que me parecem mais significativos em nossa história: os progressistas (marcados SIM, se obtiveram sucesso), aqueles que podem ser considerados como conservadores, ou de “direita”, que podem ter sido tipicamente oligárquicos (marcados NÃO), assim como os movimentos que foram de massa, mas que não conseguiram transformar a “política dos políticos” (marcados Frustrados, o que envolve tanto os primeiros, quanto os segundos). Alguma simplificação pode resultar, em virtude da própria natureza dos movimentos, inclusive devido à sua concentração no tempo, ou sua extensão como dinâmica.
Tentativamente são os seguintes os que poderiam ser identificados, sendo que alguns sequer são de massa, como o tenentismo, mas que corresponde, neste caso, a uma aspiração da classe média pela mudança na política: 
1)       Sim: 1880-88: Abolicionismo
2)       Não: 1889: República
3)       Frustrado: 1910: campanha civilista de Rui Barbosa
4)       Frustrado: 1920s: tenentismo
5)       Não: 1930: revolução liberal
6)       Frustrado: 1932: Revolução constitucionalista de SP
7)       Frustrado: 1935: ANL (Frente Popular)
8)       Sim: 1942-43: Entrada do Brasil na IIGM
9)       Não: 1945: Retirada de Vargas
10)    Sim/Parcial: 1953: Petróleo É Nosso!
11)    Frustrado: 1961: A vassoura de JQ
12)    Frustrado: 1961-64: reformas de base
13)    Sim/Não/Frustrado: Golpe de 1964
14)    Frustrado: 1968-69: Marcha dos 100 Mil; AI-5; Junta Militar
15)    Frustrado: 1984: Diretas Já 
16)    Sim/Frustrado: 1985: Tancredo
17)    Sim: 1992: Impeachment de Collor
18)    Sim/Parcial: 2002: Vitória de Lula
19)    Sim/Divisão País: 2013-16: Fora PT
20)    Sim/Não/Frustrado: 2018 Bolsonaro

Os bem sucedidos:
1) 1888: Abolição; 
2) 1943: Entrada do Brasil IIGM; 
3) 1953: Petrobras; 
4) 1964: Movimentos Pró/Contra Golpe;
5) 1992: Impeachment de Collor; 
6) 2002: Lula; 
7) 2013-2018: Fora PT;

Por natureza política:
Progressistas: 1888, 1943, 1992, 2002
De Direita: só 1964 e 2013-18

Problema atual: 
Reversão conservadora na política pelas frustrações acumuladas com os movimentos progressistas (PT/PSDB), basicamente por muita corrupção, insegurança civil e péssimos serviços estatais. 

Vai reverter?
Pode, mas para isso o projeto da Direita precisa fracassar (na economia e na corrupção, em termos) e os progressistas precisam se unir numa Frente Democrática, mas apresentando perspectivas econômicas e sociais melhores das que existem hoje.

O que é novo no país?
Pela primeira vez, a extrema-direita chegou ao poder, porque a Direita, os Conservadores e os Liberais se uniram, e por um conjunto de circunstâncias excepcionais, que não devem se reproduzir em 2022 (Fora PT; esgotamento das bondades estatais, crise de 2015/16; facada em Bolsonaro); 

O que vem pela frente?
Essas circunstâncias NÃO vão se reproduzir em 2022, mas se não aparecer nada melhor, os eleitores ficarão com o que já existe e conhecem.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6/09/2020