Creio já haver postado este artigo, deprimente para todos nós, acadêmicos brasileiros, mas provavelmente só no Facebook, e isso se perdeu pois o FB não tem um sistema de indexação e de busca para recuperar antigas postagens (a menos que eu me engane, como sempre, nessas questões de funcionamento de softs).
Mas, voltando ao artigo, ele só reforça minha percepção -- mas fundamentada no que observo em contato com esse meio bizarro -- de que as universidades brasileiras são basicamente IMPRODUTIVAS, com muito poucas exceções.
Alguém vai me contestar?
Apresente dados, como esses do cientista da UniCamp, aliás sempre muito simpático aos gramscianos da academia (pode ser que tenha mudado nos últimos tempos).
Paulo Roberto de Almeida
Produção científica e lixo acadêmico no Brasil
Rogério Cezar de Cerqueira Leite
Folha de S.Paulo, 06/01/2015
Dois artigos publicados recentemente pela revista britânica "Nature", especializada em ciência, deixam o Brasil e, em especial, a comunidade acadêmica brasileira, profundamente envergonhados.
A "Nature" nos acusa, em primeiro lugar, de produzir mais lixo do que conhecimento em ciência. Nas revistas mais severas quanto à qualidade de ciência, selecionadas como de excelência pelo periódico, cientistas brasileiros preenchem apenas 1% das publicações.
Quando se incluem revistas menos qualificadas, porém, ainda incluídas dentre as indexadas, o Brasil se responsabiliza por 2,5%. O que a "Nature" generosamente omite são as publicações em revistas não indexadas, que contêm número significativo de publicações brasileiras, um verdadeiro lixo acadêmico.
O segundo golpe humilhante para a ciência brasileira exposto pela revista se refere à eficiência no uso de recursos aplicados à pesquisa. Dentre 53 países analisados, o Brasil está em 50º lugar. Melhor apenas que Egito, Turquia e Malásia.
Tomemos um exemplo. O Brasil publicou 670 artigos em revistas de grande prestígio, enquanto no mesmo período o Chile publicou 717, nessas mesmas revistas. O dado profundamente inquietante é que enquanto o Brasil despendeu em ciência US$ 30 bilhões, o Chile gastou apenas US$ 2 bilhões.
Quer dizer, o Chile, que aliás não está entre os primeiros em eficiência no mundo científico, é 15 vezes mais eficiente que o Brasil. Alguma coisa está errada, profundamente errada. A academia brasileira, isto é, universidades e institutos de pesquisas produzem mais pesquisa de baixa do que de boa qualidade e as produz a custos muito elevados. Há certamente causas, talvez muitas, para essa inadequação.
A primeira decorre de um "distributivismo" demagógico. É evidente que seria desejável que novos centros de pesquisas se desenvolvessem em regiões ainda não desenvolvidas do país. Mas é um erro crasso esperar que uma atividade de pesquisas qualquer venha a desenvolver economicamente uma região sem cultura adequada para conviver com essa pesquisa.
Seria desejável que investimentos maciços fossem aplicados em pesquisas em instituições localizadas em regiões pouco desenvolvidas, mas cujo meio ambiente é capaz de absorver os benefícios dessa inserção.
O segundo mal que é causa inquestionável da diminuta e dispendiosa produção de conhecimento é o obsoleto regime de trabalho que regula a mão de obra do setor de pesquisas em universidades públicas e na maioria dos institutos.
O pesquisador faz um concurso –frequentemente falsificado– no começo de sua carreira. Torna-se vitalício. Quase sempre não precisa trabalhar para ter aumento de salário e galgar postos em sua carreira. Ora, qual seria, então, a motivação para fazer pesquisas?
O terceiro problema é o sistema de gestão de universidades públicas e instituições de pesquisa, cuja burocracia soterra qualquer iniciativa dos poucos bem-intencionados professores e pesquisadores que ainda não esmoreceram.
Pois bem. Há uma fórmula que evita todos esses males e que já foi experimentada com sucesso em algumas das instituições científicas do Brasil: a organização social. A resistência dos medíocres e parasitas e a falta de coragem política de algumas de nossas autoridades impedem a solução desse problema.
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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segunda-feira, 30 de maio de 2016
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Brasil: o grande desperdicio economico, e uma sociedade que caminha para tornar-se inviavel
Quando o setor público -- QUE NÃO PRODUZ RIQUEZA, RECORDE-SE -- cresce mais do que o setor privado -- que é, como sabemos, o ÚNICO QUE CRIA RIQUEZAS -- a sociedade passa a transferir um volume maior de recursos de atividades produtivas para atividades meramente intermediárias, quando não improdutivas.
A matéria abaixo retrata um país a caminho de se tornar inviável.
Como me escreve um amigo, Roque Callage, "É o Estado improdutivo tomando o lugar da sociedade e arrogantemente, pagando os maiores salários, tirando dinheiro de quem produz. O País está começando a chegar ao fundo do poço, cobrando impostos cada vez maiores."
De fato é isso, e não parece que os brasileiros tenham tomado consciência dessa realidade.
Ao contrário, todos querem viver à custa dos demais, fazendo concursos públicos para terem estabilidade e ganhar mais.
Essa mentalidade, que corresponde exatamente ao governo que temos, e ao tipo de hegemonia cultural que prevalece atualmente em toda a sociedade, vai inviabilizar o país, tornando-o cada vez menos avançado, pois que investindo pouco e consumindo recursos escassos.
O Brasil está a caminho da sua decadência e ainda não tomou consciência disso.
Paulo Roberto de Almeida
A matéria abaixo retrata um país a caminho de se tornar inviável.
Como me escreve um amigo, Roque Callage, "É o Estado improdutivo tomando o lugar da sociedade e arrogantemente, pagando os maiores salários, tirando dinheiro de quem produz. O País está começando a chegar ao fundo do poço, cobrando impostos cada vez maiores."
De fato é isso, e não parece que os brasileiros tenham tomado consciência dessa realidade.
Ao contrário, todos querem viver à custa dos demais, fazendo concursos públicos para terem estabilidade e ganhar mais.
Essa mentalidade, que corresponde exatamente ao governo que temos, e ao tipo de hegemonia cultural que prevalece atualmente em toda a sociedade, vai inviabilizar o país, tornando-o cada vez menos avançado, pois que investindo pouco e consumindo recursos escassos.
O Brasil está a caminho da sua decadência e ainda não tomou consciência disso.
Paulo Roberto de Almeida
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Governo paga quase 30% dos salários do pessoal ocupado no Brasil, diz IBGE
Embora represente apenas 0,4% das organizações, a administração pública absorveu 19,9% do pessoal ocupado assalariado e pagou 29,8% dos salários em 2012
Daniela Amorim
Agência Estado, 28 de maio de 2014
RIO - O governo é responsável por pagar quase 30% dos salários do País, segundo o Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora represente apenas 0,4% das organizações do cadastro, a administração pública, incluindo as três esferas do governo (Federal, Municipal e Estadual), absorveu 19,9% do pessoal ocupado assalariado e pagou 29,8% dos salários e outras remunerações em 2012.
O governo também pagou os salários médios mensais mais elevados, R$ 2.723,29, contra uma média de R$ 1.842,09 das entidades sem fins lucrativos e R$ 1.722,71 das entidades empresariais.
No ano, as empresas representavam 89,9% das organizações do País, com 76,3% do pessoal ocupado total (que inclui sócios e proprietários), 73,4% dos empregados assalariados e 63,9% dos salários e outras remunerações pagos em 2012.
Já as entidades sem fins lucrativos, que equivaliam a 9,7% das organizações existentes, detinham 6,7% do pessoal ocupado assalariado e 6,3% dos salários pagos no ano.
Em relação ao porte, as grandes empresas ainda são responsáveis por mais da metade dos postos de trabalho no País. Apesar do predomínio das companhias de menor tamanho, as organizações com 250 pessoas ou mais respondiam por 53,7% do pessoal ocupado assalariado e 69,1% dos salários e outras remunerações.
Comércio. O comércio manteve a liderança pelo terceiro ano seguido na absorção de pessoal ocupado assalariado. A atividade chamada "Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas" contava com 8,9 milhões de pessoas em 2012, 19,1% dos empregados assalariados do País.
O setor deteve ainda o maior número de empresas (41,8% do total) e de pessoal ocupado total, que inclui sócios e proprietários (22,2%).
No entanto, a folha de salários e outras remunerações deteve apenas 12,1% do total pago no ano, atrás da folha da administração pública (23,7%) e das indústrias de transformação (19,1%).
Trabalho formal.
As empresas e outras organizações formais instaladas no País criaram 7,8 milhões de novos postos de trabalho assalariado entre 2008 e 2012. O número de empregados saltou de 38,4 milhões para 46,2 milhões no período.
Quase metade das novas vagas (49,4%) foi gerada em apenas três atividades: no Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (23,1% delas), na Construção (13,2%); e nas Atividades administrativas e serviços complementares (13,1%).
Em relação à instrução, 82,3% do pessoal assalariado não tinham nível superior. No entanto, na passagem de 2011 para 2012, o pessoal assalariado com nível superior cresceu 6,0%, enquanto o pessoal assalariado sem nível superior cresceu 1,6%.
Os trabalhadores com nível superior receberam, em média, R$ 4.405,55, 215% a mais que os empregados sem curso superior, que tinham salário médio de R$ 1.398,74.
Nas empresas, a participação dos assalariados sem nível superior recuou, mas ainda é expressiva: passou de 90,7% em 2009 para 89,5% em 2012.
A administração pública tem o maior percentual de empregados com nível superior: aumentou de 35,8% em 2009 para 41,3% em 2012. Nas entidades sem fins lucrativos, a fatia de trabalhadores com nível superior subiu de 25,9% em 2009 para 27,3% em 2012.
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